terça-feira, 28 de novembro de 2023
OS EUNUCOS UNIDOS DA EUROPA* por Laura Ruggeri
sexta-feira, 17 de novembro de 2023
ONU VOTA CONTRA OCUPAÇÕES ILEGAIS DE ISRAEL NA PALESTINA
sábado, 2 de setembro de 2023
TRÊS MOMENTOS HISTÓRICOS DO «NEOLIBERALISMO»
É preciso, de uma vez por todas, desmascarar o «neoliberalismo», como teoria económica e sobretudo, como teoria política dos Estados.
I) A existência de uma corrente forte designada como neoliberalismo, pode atribuir-se - na origem - à «Escola de Chicago» e economistas do chamado «reaganismo», nos anos 1980.
Mas, ainda antes disso, os «meninos de Chicago» (Chicago boys) estiveram associados à subversão do regime socialista de Allende, no Chile em 1973, com a contestação orquestrada na sombra pela CIA, conduzindo ao golpe sangrento e fascista de Pinochet, em 11 de Setembro de 73. Foi a partir desse 11 de Setembro, que os arautos do neoliberalismo tiveram oportunidade de aplicar as suas teses de privatização radical das grandes empresas estatais, de privatização da segurança social e saúde (entregando-a às empresas seguradoras), com um pano de fundo de ditadura violenta. No Chile de Pinochet havia quotidianamente «desaparecidos», a tortura e os assassinatos pela polícia política e polícia militar eram comuns, apesar da censura férrea a toda a informação impedir que se soubesse a maior parte do que se passava. Grande parte da população, em especial a mais pobre, ficou na miséria. A «lei» do livre mercado, significou que as condições de exploração se tornaram muito semelhantes às do século XIX. O lucro das grandes corporações subiu, graças à exploração sem vergonha das pessoas e dos recursos naturais (como o cobre, outros minérios, pescas, agricultura...). Há pessoas suficientemente estúpidas para dizerem que «as reformas» orientadas pela escola de Chicago, no Chile de Pinochet, foram um sucesso. Claro que esta narrativa é uma afronta às dezenas de milhares de mortos e às centenas de milhares de presos políticos. Este regime de terror, sob a proteção dos EUA, durou bem mais que um decénio e a transição para a democracia foi muito condicionada pelos próprios termos que Pinochet e seus acólitos impuseram.
II) Um outro dos «triunfos» do neoliberalismo foi o desmantelamento do chamado «Estado Social» ou «Welfare State». Não houve viragem política verdadeira dos eleitores, mas antes corrupção de governos social-democratas e socialistas, em toda a Europa. As hostes neoliberais penetraram profundamente o «socialismo reformista» e a IIª Internacional. Esta influência, teleguiada pelo Estado profundo dos EUA e os interesses corporativos que ele serve, permitiu que se tornasse «doutrina» a ideia segundo a qual o sector público é mal gerido e sujeito a clientelismos partidários, enquanto o setor privado (ou privatizado) tem a «propriedade mágica de rentabilizar as empresas, é muito mais eficiente, tem uma gestão rigorosa, o capital não tolera que os recursos sejam desbaratados » etc.
Como sabemos, a canalização de ajudas e de benesses que acompanharam a entrega de setores rentáveis à «iniciativa privada», enquanto se deixavam em mãos estatais os setores não rentáveis, torna esta narrativa «num conto de fadas», ou numa ladainha que não prova nada, mas que esconde uma coisa importante: A intensificação da exploração dos trabalhadores, pela via direta nas empresas privatizadas e indireta, pois são-lhe retirados muitos direitos sociais legitimamente adquiridos.
III) Finalmente, o chamado neoliberalismo é a expressão na teoria económica, política e geoestratégia do imperialismo americano. Isso implicou a cedência total dos referidos social-democratas e socialistas europeus e, num âmbito global, do chamado «Ocidente». Os governos da UE, muitos destes considerados de centro-esquerda, têm mostrado a sua subordinação total à política belicista dos EUA, em especial no que toca à guerra levada a cabo pelos EUA em solo europeu via OTAN, e usando o Estado falido e fascistoide da Ucrânia como ariete. Esta, insere-se na guerra sem tréguas contra a Rússia: Os neocons, que dominam a política externa e «de defesa» dos EUA desde há mais de 2 décadas, querem ver a Rússia destruída, reduzida a uma série de «bantustões», incapazes de fazer frente aos EUA. O público dos países da UE é inundado de propaganda de guerra, que distorce completamente a realidade e impede que ele se coloque como protagonista. O seu interesse natural seria de tomar um claro partido contra a guerra, mas ele tem-se deixado manipular.
A guerra anunciada contra a China, a pretexto de um território que é reconhecido por todos formalmente como pertencente à China, é ilustrativa da agressividade imperialista, dos que se designam de «neoliberais». Taiwan está internacionalmente reconhecida sob soberania chinesa. A constante provocação contra a China pode despoletar a IIIª Guerra Mundial, ou o alargamento da Guerra Mundial já existente. Os «neoliberais» imperialistas estão a fazer correr o risco de generalização e escalada de conflito entre potências nucleares.
Concluindo: O «neoliberalismo» não tem nada de novo, nem tem nada de liberal no sentido da corrente nascida no século XVIII
Os verdadeiros liberais do passado, não apenas propunham a liberdade do comércio, como eram defensores da liberdade política, dum governo representativo, com câmaras eleitas, representantes dos cidadãos e dos seus interesses, defensores de constituições promovendo a liberdade de opinião e de organização da oposição.
Os que usam abusivamente a etiqueta «liberal», os neoliberais, apenas querem que o capital e seus detentores reinem sem entraves, que os poderosos esmaguem os fracos... Nem sequer resta no pensamento deles a «liberdade de comércio», constantemente espezinhada pelas sanções unilaterais contra as nações que não se dobram ao seu diktat.
Na verdade, os neoliberais são defensores duma liberdade sem limites, para exploração dos trabalhadores, dos fracos e dos povos do Terceiro Mundo, às mãos das grandes corporações. Usam o termo «liberalismo» para melhor enganarem as pessoas.
sábado, 26 de agosto de 2023
Tempos Conturbados (refletindo sobre intervenções do professor Jeffrey Sachs)
quarta-feira, 31 de maio de 2023
ARTIGO: «A EXTORSÃO DOS PAÍSES DEPENDENTES»
Retirado do jornalmudardevida.net , com autorização dos editores. Um muito obrigado de Manuel Banet.
A extorsão dos países dependentes
Editor / Xin Ping — 28 Maio 2023
O “mistério” da pobreza recorrente dos países dependentes, ou das suas sucessivas insolvências, fica mais claro quando se entende o mecanismo de extorsão sistemática praticada contra eles pelo capital imperialista. A grande finança tem neste processo um papel determinante. Debaixo da designação respeitável de “fundos de investimento” abrigam-se verdadeiras equipas de profissionais do crime organizado (dotadas de especialistas de toda a natureza: jurídica, financeira, política…) que avaliam as presas e decidem quando e como as atacar. Merecem por isso a designação mais justa de fundos abutres.
Conhecemos o caso da falência do BES e da entrega (uma compra a preço zero) do Novo Banco ao fundo de investimento Lone Star. Neste negócio, consumado em 2018, a Lone Star apoderou-se de 75% do capital do Novo Banco, ficando o Estado com 25%.
Mas, enquanto a Lone Star se comprometeu a financiar o NB com mil milhões de euros, o Estado português — pela mão do então primeiro-ministro Passos Coelho, da ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, do governador do Banco de Portugal Carlos Costa e do ex-secretário de Estado dos Transportes Sérgio Monteiro, contratado pelo Banco de Portugal para operacionalizar a transacção — obrigou-se a injectar no NB até 3,9 mil milhões de euros. Isto, depois de outro tanto ter sido enterrado em 2014 aquando da falência do BES. Como se sabe, todos aqueles milhões foram reclamados pela Lone Star até ao último cêntimo e pagos sem piar pelo Estado.
Disse então Carlos Costa que a operação era “um marco importante para o sistema financeiro português”. A garantia de Coelho e de Albuquerque de que a resolução do BES não teria custos para os contribuintes foi, obviamente e esperadamente, letra morta.
Em países ainda mais vulneráveis que o nosso, a manobra dos fundos abutres tem outros contornos e consequências ainda mais desastrosas, abeirando da falência os próprios Estados. Foi o que aconteceu nos casos da Argentina e do Peru que o artigo de Xin Ping, publicado na Global Times, descreve em pormenor.
Curiosidade: a Elliott Capital Management referida no artigo é a mesma que intentou, em 2015, uma acção judicial contra o Banco de Portugal alegando perdas em consequência da resolução do BES, consumada em 2014. A causa foi defendida junto dos tribunais portugueses pelo escritório de advogados PLMJ, de que é sócio José Miguel Júdice — co-fundador, em maio de 1975, do MDLP, com Spínola e Alpoim Calvão, agora reconvertido em comentador político com assento televisivo semanal. Procurando dar uma imagem digna da Elliott, disse então a PLMJ que se tratava de “clientes institucionais que investem por conta de pensionistas, contribuintes e outros beneficiários”. Com sede em Nova Iorque, a ECM gere fundos no valor de 25 mil milhões de dólares.
A FOICE DA DÍVIDA: COMO O OCIDENTE CEIFA O MUNDO
Xin Ping, Global Times, 22 fevereiro 2023
“Foi uma situação de extorsão!”, queixou-se o então ministro argentino da Economia, Axel Kicillof.
A Argentina, que não pagou a sua dívida soberana a tempo à Elliott Capital Management, um fundo de investimento (hedge fund) dos EUA, foi levada à justiça em 2014. A Elliott, que adquirira cerca de 170 milhões de dólares em títulos do governo argentino por muito menos do que o seu valor original, exigiu um reembolso total de mais de 1,5 mil milhões de dólares [lucro superior a 780%]. As negociações entre a Elliott e o governo argentino acabaram por fracassar.
O fracasso de um acordo com a Elliott levou ao incumprimento da Argentina pela segunda vez desde 2001, resultando num duro golpe para a sua economia.
O mesmo aconteceu com o Peru. A mesma Elliott Investment Management comprou 11,4 milhões de dólares em títulos do governo peruano em 1996, depois rejeitou o acordo de reestruturação da dívida do governo peruano e avançou com uma acção legal. Em 2000, a empresa norte-americana ganhou o caso e recebeu 58 milhões de dólares, com um retorno sobre o investimento de mais de 400% [em apenas quatro anos].
Como disse Joseph E. Stiglitz, professor de economia da Universidade de Columbia, “temos tido muitas bombas lançadas pelo mundo fora, mas isto é a América a lançar uma bomba no sistema económico global”.
O fundo de investimentos Elliott e outros do tipo ganharam o título de “abutres” e são atacados pelos países em desenvolvimento como “financeiros sem escrúpulos”.
Em grande medida, o problema da dívida dos países em desenvolvimento resulta da “colheita” sistemática feita pelo Ocidente. Ou seja, os EUA e outras economias desenvolvidas têm usado a sua hegemonia económica para onerarem os países em desenvolvimento com pesados fardos de dívida através de vendas a descoberto mal intencionadas e empréstimos massivos.
Uma pesquisa do Eurodad [1] mostra que as instituições financeiras ocidentais detêm 95% dos títulos soberanos do mundo, totalizando mais de 300 mil milhões de dólares, tornando-as a maior fonte de pressão de pagamento da dívida para os países em desenvolvimento.
O ministério das Finanças da Zâmbia diz que a dívida dos credores comerciais ocidentais representa 46% da sua dívida externa. Em abril de 2021, a dívida externa total do Sri Lanka era de quase 35 mil milhões de dólares, dos quais cerca de 50% têm origem na Europa e nos EUA, de acordo com uma reportagem da Radio France Internacional.
Os credores comerciais ocidentais cobram taxas de juros mais altas e, na sua maioria, flutuantes. De acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento, as taxas de juro das obrigações do Estado a 10 anos dos países africanos dominados pelo Ocidente variam entre 4% e 10%. Em comparação, como revelou o Debt Justice [2], a taxa média de juros dos empréstimos oficiais e comerciais da China à África é de 2,7%, muito abaixo das dos países ocidentais.
Os repetidos aumentos das taxas de juros do Fed [banco central dos EUA] e o rápido fortalecimento do dólar norte-americano levaram a um aumento no custo do serviço da dívida para títulos denominados em dólares, colocando enorme pressão sobre os países em desenvolvimento para pagarem as suas dívidas. Além disso, à medida que as altas taxas de juros atraem grandes quantidades de dólares de volta para os EUA, os países em desenvolvimento viram as suas moedas desvalorizarem-se, aumentando ainda mais os seus custos de serviço da dívida.
Uma economista americana nascida na Zâmbia, Dambisa Moyo, argumenta que, em vez de mudar a vida dos povos africanos, a atitude dominadora e paternalista dos países ocidentais em relação à ajuda à África colocou as sociedades africanas num status quo sem desenvolvimento, deixando os países africanos mergulhados na armadilha da dependência da ajuda externa.
De facto, o financiamento dos países ocidentais à África concentra-se principalmente em áreas não produtivas, e a maioria dos empréstimos inclui pré-condições políticas, como direitos humanos ou reformas judiciais. Infelizmente, tais programas de financiamento não promovem realmente o desenvolvimento económico, nem aumentam a receita tributária do governo ou melhoram a balança de pagamentos.
Além disso, os credores comerciais ocidentais e as instituições multilaterais, que representam a maior parte dos créditos, recusaram-se sistematicamente a participar em importantes acções de redução da dívida sob o pretexto de manterem as suas próprias taxas de crédito.
Nunca esqueceremos que os problemas de endividamento dos países em desenvolvimento são, no essencial, o legado de uma ordem económica e financeira mundial injusta e predatória, dominada pelos EUA e por outros países ocidentais ricos.
A dívida, efectivamente, transformou-se numa foice afiada para eles ceifarem o mundo.
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Tradução MV
Notas da tradução
(1) Eurodad, European Network on Debt and Development (Bruxelas). Rede de organizações não governamentais. Advoga o “controlo democrático” do sistema económico e financeiro.
(2) Debt Justice. Acção desenvolvida pelo Eurodad. Pretende combater os empréstimos “irresponsáveis, exploradores e corruptos, e cancelar dívidas injustas”.
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terça-feira, 2 de maio de 2023
A UCRÂNIA E A CHINA TÊM IMPORTANTES LAÇOS COMERCIAIS
A propaganda ocidental, que tenta criar sua «realidade-paralela» no caos causado pela guerra, tem ocultado - intencionalmente - o papel e o volume das relações económicas entre a Ucrânia e a China.
Com efeito, ambos são parceiros comerciais de peso no âmbito das Novas Rotas da Seda (ou BRI em inglês): Existem projetos e/ou realizações em vários domínios, na agricultura (sementes oleaginosas, cereais), no equipamento e máquinas industriais, no néon (um gás importante no fabrico dos microprocessadores), entre outros.
Pode-se conjeturar que - desde há longa data - um dos objetivos estratégicos dos falcões da OTAN era o de inviabilizar a extensão da BRI aos países da Europa, em especial, os orientais (Polónia, Bulgária, Roménia, Ucrânia) e da Europa Central (sobretudo, Alemanha).
A guerra -infelizmente - é o recurso dos imperialistas com pretensões hegemónicas, quando vêm que as suas presas (neste caso, a parte mais industrializada e mais rica em recursos da Europa) lhes está a escapar das garras. Compreende-se melhor porque tudo fizeram para acirrar a guerra em curso entre a Rússia e Ucrânia. É que antes de mais eles não encontraram outra maneira de contrariar que a China, com as Novas Rotas da Seda, viesse dar uma oportunidade aos europeus de se emanciparem do jugo neocolonial Yankee.
Junto aqui a ligação (clicar no título) para um artigo de Pepe Escobar, que dá detalhes que mais nenhum jornalista mainstream vos irá dar: «Qual É O Papel Que A China Está Realmente A Jogar Na Ucrânia»
sábado, 8 de abril de 2023
QUE ESCOLHAS TEM A EUROPA? MUNDO MULTIPOLAR É DO INTERESSE DA EUROPA
Eurodeputada CLARE DALY:
https://www.youtube.com/watch?v=F5tZ9HS387k
quinta-feira, 6 de abril de 2023
MICHAEL PARENTI: «DESTRUIDORES DE NAÇÕES»
Michael Parenti é um professor universitário americano.
É a exceção na academia, não só dos EUA, como também do chamado «mundo ocidental».
Ele denuncia o imperialismo e desmascara o que significa, na verdade, a «democracia» que o poder imperial tenta implantar em todo o lado. É a destruição programada de tudo o que se opõe à sua hegemonia!
sábado, 18 de fevereiro de 2023
O MITO DA GLOBALIZAÇÃO, HEGEMONIA U.S. E CRISE DO CAPITALISMO
NOVO LIVRO DE Radhika Desai «Capitalism, Coronavirus and War» está disponível para ser baixado grátis no endereço seguinte:
Ben Norton (Geopolitical Economy Report) entrevista a autora, profª universitária e muito interessante.
A partir da posição assumida de marxista, não deixa de verberar os «marxismos» que tomam a globalização capitalista por aquilo que ela não é. Muito interessante sobretudo de centrar as questões na crise geral do capitalismo e fazer a crítica de uma visão da «globalização» como se fosse uma coisa autoevidente, quando na realidade, é apenas uma construção do neoliberalismo. Mas não acreditem em mim: Explorem esta rica entrevista que tem imenso conteúdo, demasiado para eu o sumarizar de forma satisfatória.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2023
[HA-JOON-CHANG] «PORQUE ALGUNS PAÍSES SÃO RICOS E OUTROS, POBRES?»
Why Are Some Countries Rich and Others Poor?
Economics for People with Ha-Joon Chang
segunda-feira, 5 de dezembro de 2022
SÍRIA: SANÇÕES SÃO EFICAZES... PARA MATAR INOCENTES!!
https://www.mintpressnews.com/secret-reason-us-still-syria/282879/
É curioso, várias pessoas que se dizem preocupadas com os direitos humanos, não serem capazes, muitas delas, de levantar a voz e fazer sentir aos poderes que não são coniventes com o morticínio coletivo que «o democrático Ocidente» aplica a muitos países que não se conformam com a SUA ordem. Refiro-me a Cuba, Venezuela, Irão, Síria e outras nações, cuja população é vítima das bárbaras sanções que impendem sobre ela. No caso da Síria, é particularmente nojenta a posição dos americanos e «aliados»: Sabem perfeitamente que estão a roubar o petróleo sírio; sabem que estão a perpetuar sanções injustas, que apenas mantêm a miséria no povo. Será esse o objetivo? As próprias Nações Unidas, através das suas estruturas oficiais, tem denunciado a política de sanções como sendo uma forma de genocídio.
Os responsáveis nazis alemães foram punidos (justamente) após a IIª Guerra Mundial, por tomarem populações de aldeias como reféns e aplicar-lhes castigos coletivos, por elas terem (alegadamente) abrigado resistentes. Estas odiosas formas de castigo coletivo foram decretadas como crimes de genocídio.
Como classificar os crimes de americanos e seus «aliados» na Síria (e noutros países alvo de sanções) que provocaram, segundo as vozes insuspeitas de agências da ONU, muitas dezenas ou mesmo centenas de milhares de mortes?
- A continuada e massiva aplicação de sanções contra populações inocentes, é uma forma de genocídio.
O discurso oficial do governo dos EUA é uma constante demonstração de hipocrisia.
quarta-feira, 9 de novembro de 2022
MICHAEL HUDSON: PORQUE RAZÃO OS EUA TÊM UMA POSIÇÃO ÚNICA NA HISTÓRIA DO IMPERIALISMO?
O Prof. Michael Hudson dá uma entrevista memorável, que não deverá deixar de ouvir/ver! (para melhor compreensão pode acionar as legendas automáticas em inglês)
terça-feira, 27 de setembro de 2022
ITÁLIA E A ETIQUETA «FASCISTA»
ESTA ETIQUETA É DADA PELA MEDIA CORPORATIVA A TUDO O QUE VAI CONTRA A AGENDA GLOBALISTA.
Giorgia Meloni e os Fratelli di Italia podem ser conservadores e anti-imigração, mas estão longe de serem fascistas. O seu sucesso eleitoral resulta da saturação do povo italiano pela destruição do seu modo de vida, pela burocracia globalista que lhes quer impor os seus «não-valores». Este partido conseguiu 26 % dos votos. Sendo o maior partido, pode formar governo com outras duas formações de direita (Forza Italia e Liga Norte ). Conjuntamente, terão uma maioria absoluta nas duas câmaras (deputados e senado).
O principal problema que leva as pessoas a votar nestas formações tem a ver com a sua sensação de que perderam o controlo sobre o seu próprio país, com as imposições da Comissão Europeia. Com efeito há dezenas de anos que tiveram de arcar, sozinhos, com as consequências das vagas sucessivas de migrantes vindos do Norte de África. De facto, o problema não é especialmente italiano, mas sim global.
Imigrantes ao largo das costas italianas
É um problema da responsabilidade de países ditos ricos e democráticos. Deveriam trabalhar sem paternalismos, nem ambições de neocolonialismo, com as instituições dos países de origem, para que haja uma solução para os problemas terríveis que assolam esses países.
Em vez disso, como hipócritas que são, continuam com a sua ingerência permanente e com exploração das riquezas naturais desses países, mas sem os custos de países coloniais (como o foram no passado, muitos deles).
Hipocritamente, aceitam os imigrantes económicos disfarçados em refugiados políticos, porque isso lhes permite ter mão-de-obra barata e precária nos setores desertados pelos trabalhadores de origem dos seus países. Muitas vezes, leis destinadas a acolher perseguidos políticos, servem de cobertura à aceitação indiscriminada de imigrantes económicos. A constante utilização do direito de asilo, em casos que não o são, obviamente acaba por fragilizar os verdadeiros asilados políticos.
As economias de onde vêm os imigrantes, foram pilhadas e exploradas nas épocas colonial e neocolonial. Os problemas estruturais desses países são mantidos ou agravados pelas políticas das chamadas «democracias», que têm participado no processo de manutenção desses países sob tutela. Basta ver o que têm feito no Mali, no Burkina-Faso, na Líbia ou na Síria, e em muitos outros casos.
Quanto aos países que se tornaram pontos de acolhimento dessa migração do desespero, ficam com a estabilidade social, económica e política, postas em causa. A velocidade a que tudo ocorre, impede qualquer assimilação da população imigrada. Esta é mantida em guetos.
As populações de origem, que vivem na proximidade desses guetos, encontram-se confrontadas quotidianamente com pessoas de outras etnias, de outras culturas. Isto faz com que aquelas se sintam acossadas e desenvolvam complexos racistas e xenófobos.
Mas, os que, nos seus condomínios privados de luxo, nos seus bairros da classe alta, tomam as decisões - em Bruxelas, Berlim, Roma, ou Paris - não têm que partilhar o seu espaço com esses imigrantes. Não lhes custa pessoalmente nada mostrarem-se «virtuosos». Não lhes custa impor aos cidadãos do seu país, o acolhimento forçado de outras etnias e culturas.
A verdade é que os imigrantes são um «exército de reserva», ou seja, desempregados, disponíveis para as tarefas mais duras ou menos bem remuneradas, muitas vezes abaixo dos mínimos salariais e em condições de sobre-exploração. O estatuto de «clandestino» ou «ilegal», que aflige muitos, é mais um instrumento de pressão, para a classe patronal e para as autoridades do país em que trabalham.
Tanto na Suécia, como na Itália, estou convencido que os fatores principais da viragem à direita, foram o problema da imigração não-controlada e da agenda globalista, que os respetivos governos anteriores perseguiam. Aliás, os mais prejudicados são os mais pobres da população autóctone, os quais têm de aguentar a concorrência da mão-de-obra do exterior, sobretudo em empregos manuais (construção civil, restauração, etc.).
A incapacidade de lidar com este problema é uma das razões porque a classe trabalhadora, seja na França, na Itália, na Suécia, etc. se tem desviado massivamente dos partidos de esquerda, os quais se reclamam de «origem operária», mas que se tornaram estranhos ao sentir dos trabalhadores. O mesmo se pode dizer dos sindicatos. O resultado, é que o voto na «extrema direita» é - cada vez mais - o voto das classes populares e o voto na «esquerda» é - cada vez mais - o voto das classes médias-superiores, com diplomas universitários e bons empregos.
Tenho visto pessoas ditas de «esquerda» negar a evidência, mostrando-se realmente incapazes de raciocinar. É tal o seu medo de serem consideradas «racistas» ou «fascistas», ou outra etiqueta do género, que são incapazes de pensar objetivamente e de encontrar caminhos para a resolução destes problemas.
De facto, a oligarquia globalista é a única a beneficiar deste estado de coisas. Tem ao seu dispor uma massa de trabalhadores dóceis, não sindicalizados, que não se misturam com os trabalhadores autóctones, fragilizados e incapazes de fazer valer os seus direitos legais.
O fenómeno também toca a Portugal: Veja-se a enorme quantidade de imigrantes vindos do Sul da Ásia, que estão a trabalhar na Costa Alentejana, em propriedades agrícolas e em estufas.
Por outro lado, os oligarcas têm garantido o controlo dos diferentes países, ao nível político, pelas divisões criadas no interior da cidadania: as cidadanias desses países de acolhimento, digladiam-se em lutas fratricidas. Não sabem mais nada, senão chamar nomes de «fascistas» ou de «comunistas»!
Por fim, a média que está sempre ao serviço do grande capital reforça - constantemente - os estereótipos. Ela é propriedade de grandes capitalistas, ou tem necessidade da publicidade, paga por esses mesmos capitalistas.
Chamar fascista a Georgia Meloni e ao seu partido é o adjetivo fácil; mas, se a media em Portugal seguisse os mesmos critérios, seriam «fascistas» dirigentes do CDS-PP e PSD, partidos portugueses onde há /houve elementos das direções que foram fascistas, incluindo ex-membros do último governo fascista, derrubado no 25 de Abril de 74. E, pela mesma lógica, seria fascista o PS, que teve como membro o Prof. Veiga Simão, ex-ministro de Marcelo Caetano*, que aderiu ao PS após o 25 de Abril de 74 e foi membro de governos pós-25 de Abril. O caso do Prof. Veiga Simão não é único - longe disso! - na «democracia portuguesa».
Esta etiquetagem traduz o incómodo dos lacaios do grande capital, face a alguém que sai fora do «consenso» (fabricado por eles). Chamar nomes, como «populista», «extrema-direita» ou «fascista», esconde o facto deste governo se apresentar contra Bruxelas, contra a Comissão Europeia, pelos interesses fundamentais dos italianos.
Resta agora ver se o novo governo italiano está disposto a fazer frente às ingerências (que começaram antes da votação, com declarações de Úrsula von der Leyen), ou se cede perante a pressão conjugada dos globalistas europeus e americanos.
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*Presidente do Conselho de Ministros, que sucedeu a Oliveira Salazar. O seu governo foi derrubado pela revolução de 25 de Abril de 1974