A propaganda de guerra faz-nos pensar que os russos estão numa postura de ataque, de ofensiva. Na realidade, são as forças da OTAN e desde há muitos anos, que estão em situação de ameaçarem permanentemente os interesses vitais e mesmo a sobrevivência física da Rússia.
Em violação de tratados assinados, os EUA e as forças da OTAN, colocaram sistemas de lançamento de mísseis junto das fronteiras da Rússia, na Polónia e na Roménia.
Estes mísseis tinham sido colocados (oficialmente) para proteger a Europa de ataques por parte do Irão. Sim, leu bem; do Irão. Uma desculpa tão estúpida, que é - na verdade - apenas uma forma de negar o óbvio. Estes mísseis, que podem ser dotados de cabeças nucleares, estão - desde há vários anos, muito antes de guerra com a Ucrânia - apontados à Rússia.
Compreende-se que estes dados sejam omitidos nos discursos políticos e na média, que apenas funciona como arma de propaganda de guerra. Esta pode ser dirigida para confundir e diminuir o moral do inimigo, mas também e até, sobretudo, para anestesiar a cidadania dos próprios países do Ocidente e neutralizar os seus sectores críticos.
Os dados que esta entrevista nos fornece são de grande importância para compreendermos os factos no terreno. Com efeito, por detrás de uma postura dos estadistas ocidentais simulando «responsabilidade», eles estão levando as suas populações para uma guerra mundial.
Na minha visão, esta Terceira Guerra Mundial já está em curso, pelo menos há 25 anos, desde a agressão da OTAN à Sérvia, em 1999 e tem continuado no século XXI, com guerras de conquista e agressão, ou com golpes de Estado (as «revoluções coloridas») para impedir que essas nações se vejam livres do imperialismo global, que apostou na hegemonia sobre todo o globo.
Se lhe parece demente, eu dou-lhe razão; é de facto demência e da mais perigosa. Mas, não se engane; o demente não é quem escreve estas linhas, mas os que estão nos lugares de poder, em cargos de governo e de comando militar em Washington, Londres, Bruxelas e etc., do Ocidente.
A parte da Humanidade que constitui o «Sul Global», as pessoas que não estão no chamado «Ocidente» percebem muito bem que os países Europeus e da América do Norte estão - desde há bastante tempo - nas mãos de uma casta apenas interessada em manter-se no poder e defender os privilégios dos multimilionários, que os financiam.
Oiça e veja esta entrevista do Prof. economista e ex-embro do governo dos EUA. Oxalá que contribua para que tenha uma visão mais crítica das narrativas geopolíticas enganadoras da media convencional!
Para se combater um inimigo, é preciso saber-se como é que ele raciocina. Conhecer o inimigo por dentro, é condição para poder derrotá-lo. Ora, muitas vezes, os globalistas revelam os seus pensamentos, as suas conceções do mundo e as suas estratégias.
É o caso do site do Fórum Económico Mundial, onde se afirma claramente o seguinte: «A paisagem geopolítica está a sofrer uma profunda transformação, dando origem a uma ordem mundial que é, não só multipolar, como multiconcetual.»
Esta ideia de uma transformação profunda é central na tese do «Grande Reset», defendida por Klaus Schwab e os multimilionários globalistas.
Há uma narrativa, que reza assim:
- O Ocidente decadente procura impedir o agrupamento dos países, colonizados no passado, em torno de potências em ascensão, a China e a Rússia, capazes de colocar em xeque o domínio das potências (essencialmente da Europa e América do Norte), que foram responsáveis por longos séculos de colonialismo e a partir das quais se desenvolveu o capitalismo ocidental.
Esta narrativa, por muito sedutora que seja, omite alguns aspetos essenciais, nomeadamente: As nações outrora colonizadas, são governadas por frações da burguesia autóctone, que se guindaram ao poder, para logo venderem todas as riquezas e privilégios que os tais capitalistas dos ex-impérios coloniais ou neocoloniais, poderiam desejar.
Além disso, os grandes motores da multipolaridade, a Rússia e a China, não hesitam em adotar políticas tipicamente capitalistas, como seja (entre outras), a agressiva penetração e domínio dos mercados de países inteiros, se isso for no sentido de reforçar o seu poderio.
Não existe na História qualquer exemplo de imperialismo «benévolo», nem aliás de capitalismo «defensor dos direitos humanos», pois estas máscaras caem, assim que os interesses das superpotências e das oligarquias que beneficiam delas, estejam em risco.
Estamos realmente numa situação semelhante à das últimas décadas do séc. XIX até ao eclodir da Iª Guerra Mundial, num aspeto: Novas potências sobem em competência industrial e militar, para disputar os mercados e também as alavancas políticas globais, às potências até então dominantes, possuidoras de impérios coloniais.
Nos finais do século XIX, as potências ascendentes eram a Alemanha imperial, os Estados Unidos e o Japão imperial; as potências imperiais/coloniais ameaçadas eram a Espanha, a França, o Reino Unido, o império Otomano e a Rússia czarista.
Não se repete nunca a História, não veremos, de novo, a ascensão de potências imperiais típicas. O domínio unipolar dos EUA foi transitório e apenas possível por um conjunto de circunstâncias, que não voltarão a realizar-se com as mesmas formas e moldes, para originar uma situação idêntica.
Mas a História por vezes «rima», ou seja, podemos ver um conjunto de grandes e médias potências que, de forma bélica ou diplomática, acabam por engendrar uma nova configuração de esferas de poder, abrangendo zonas do Globo que elas consideram interessantes.
A nova ordem mundial, ou como a queiram chamar, não é um «comunismo», nem é uma ordem de nações respeitosas umas das outras, capazes de interagir, comercialmente e noutros domínios, através da estratégia «win-win» tão cara à direção do PC Chinês.
Tudo o que uns e outros desenvolvem como retórica, é apenas retórica, destinada a encobrir (dos ingénuos) a verdadeira natureza das suas jogadas de poder.
Dizer que a humanidade ficará mais resguardada numa «ordem multipolar», em relação à «unipolar», é uma grande ilusão, uma miragem que nos querem fazer engolir.
É fácil de engolir, tanto mais que detestamos e tememos o imperialismo decadente dos EUA. Este, ainda possui o maior arsenal de armas nucleares, a maior rede de bases espalhadas pelo globo, a maior economia (embora financeirizada) e o controlo de instituições multilaterais e regionais, o que lhes permite impor a sua «rules based order».
Mas, não desejo ver, no futuro, uma interminável sequência de guerras localizadas, seguidas de conferências para estabelecer novos equilíbrios instáveis. Nestas guerras, pequenas ou grandes, os sacrificados são sempre as classes despossuídas. Estas financiam diretamente essas matanças com o dinheiro dos seus impostos e com o sangue dos soldados (seus filhos e parentes).
Não creio porém que a humanidade em geral - e em particular, as pessoas aparentemente mais instruídas em cada nação - tenha a lucidez para compreender o que se está a passar. Esta compreensão é necessária para se conectarem e agirem, com vista a bloquearem os poderosos, porque estes têm como objetivo conservar ou alargar o seu próprio poder. Aos que herdaram o poder, ou que o tomaram pela força, como dizia Maquiavel, é mais vantajoso dominar os povos pela astúcia, pelo engano (demagogia) e sempre que necessário, através de violência e de crueldade.
Os «príncipes» do presente, não são diferentes - no essencial- dos príncipes do Renascimento, que Maquiavel serviu e observou. Todas as lutas pelo poder político, pela conservação hegemónica do poder, acabam por «obrigar», mesmo os mais idealistas, a cometer crimes para conquista ou manutenção do poder. O conhecimento da História dos séculos passados confirma-o.
Não está na natureza intrínseca do ser humano, ser «bom» ou «mau»; são as circunstâncias que o fazem «bom» ou «mau». Um mundo onde a força predomina sobre o mútuo acordo, onde a ganância é erigida em lei, onde a justiça é um apêndice da máquina de oprimir, um mundo assim não pode originar sociedades pacíficas, onde o melhor de cada um possa vir ao de cima, onde as pessoas estejam realmente livres e seguras, pois os seus direitos são respeitados. As pessoas deveriam autoeducar-se para compreender o mundo real onde vivem e sairem da «Matrix». Só assim conseguirão encetar a construir, no seu entorno, relações recíprocas e sem imposições, ou seja, um mundo verdadeiramente humano.
Estou convencido de que a natureza humana não é imutável; que as pessoas são determinadas pelas relações reais em que se encontram mergulhadas. As sociedades e os indivíduos, têm a faculdade de aprendizagem, não apenas das técnicas, como dos comportamentos e respetivos valores implícitos.
Se a natureza humana fosse imutável, não teria sido possível a evolução histórica, com todas as suas contradições e até com catástrofes (naturais ou causadas pelos humanos) e a saída das mesmas, graças à criatividade humana.
Na competição capitalista internacional, a importância de proteger e promover os produtores do próprio país, face à competição internacional, são pedras de toque para um vigoroso e autónomo desenvolvimento. Igualmente, a possibilidade de comerciar com quem estiver disponível para fazê-lo, sem interferência de terceiros, será a chave para uma expansão do comércio e relações bilaterais.
A política imperialista raivosa dos EUA, que se aperceberam - um bocado tarde! - de que o seu favorecimento da China, enquanto «fábrica global», estava a permitir o desenvolvimento dum competidor que iria em breve arrebatar os primeiros lugares na competição industrial, tecnológica e no comércio global, é de uma imbecilidade (dos dirigentes ocidentais), que não tem paralelo. Esta política foi de curto prazo e continua a sê-lo; enquanto a política industrial da China é de desenvolvimento, no longo prazo.
Nesta guerra pelo controlo dos mercados, o que sobressai é a transformação em «arma de guerra» do dólar o qual, enquanto moeda de reserva global, deveria ser essencialmente um veículo neutro. Mas ele foi transformado no veículo para tornar eficazes as sanções económicas. Estas são outra arma de guerra económica, totalmente ilegítima, que os EUA se habituaram a colocar aos que punham em causa a hegemonia americana.
Mas, a resposta, por parte da Rússia e da China (e numa certa medida, também do Irão), fez com que os efeitos dessas sanções fizessem «boomerang»: As sanções apenas aguçaram o engenho de contorná-las nos mercados financeiros (ver o vídeo, AQUI), e sobretudo, pelo desenvolvimento da produção nacional, em substituição de artigos importados.
No caso da Rússia, sobressai a rapidez e eficácia com que - perante as sanções - soube desenvolver a sua agricultura, ao ponto de que em vez de ser importadora líquida de produtos alimentares, passou a ser largamente autónoma e, mesmo, exportadora de cereais.
No caso da China, o que mais sobressai, na repercussão da ultrapassagem das sanções colocadas pelos EUA, são os enérgicos desenvolvimentos, com consequências nos setores da indústria chinesa mais avançados tecnologicamente, como (AI) Inteligência Artificial, indústrias eletrónicas (semicondutores ou «microchips») com aplicações militares, ou ainda os carros EV (veículos elétricos).
Uma visão da China dominada por um regime comunista, em que as pessoas estão essencialmente oprimidas pelo mesmo, é o que a propaganda ocidental tem feito passar. Uma pessoa não motivada pela ideologia e que não partilhe os pressupostos sobre os quais assenta o regime chinês, deveria, porém, em nome do realismo, compreender o que está a passar-se:
Deveria ver a China como outra civilização, que usou e assimilou um certo número de valores e técnicas do «Ocidente», mas adaptadas às circunstâncias da sua multimilenar civilização. Não tem sentido projetarmos nossos medos, nossas frustrações, no povo chinês. Isto traduz-se por racismo e cedência perante o que existe de mais opressor, nos nossos países ocidentais.
Daí a dizer que tudo corre bem no «Império do Meio», é outra coisa. Não creio que nenhuma sociedade, seja ela qual for, está isenta de problemas internos, de problemas que são fruto da sua História, ou que resultam dos caminhos tomados no seu desenvolvimento.
O capitalismo foi promovido na China, durante 40 anos. Uma série de magnates surgem, neste contexto, com bom relacionamento com a hierarquia do Partido Comunista. O povo chinês, somente, é que terá de resolver as contradições que se vão desenvolvendo. Toda a ingerência neste domínio tem como origem, de facto, a tentativa de domínio (territorial e populacional). Nada de bom se pode esperar de tais tentativas desesperadas do imperialismo EUA, em declínio.
Se ele conseguisse seus intentos, iria ter mais força para oprimir o povo chinês e outros povos, pelo Globo fora. Se ele falha (como parece ser o caso), a guerra híbrida está deixando marcas que só dificultam o advento da cooperação entre nações e povos.
O que é cada vez mais premente é construir a paz em torno de objetivos realistas, baseada em princípios universalmente reconhecidos: As vantagens mútuas nas relações; a resolução de diferendos pela diplomacia, não pela guerra; a não ingerência de potências nos assuntos internos de um país; a cooperação em relação a desafios globais da humanidade (ex.: ecossistemas, saúde, exploração espacial).
A verdadeira causa do desmoronar do poderio do Ocidente, é dupla:
Por um lado, está fortemente associada a fatores intrínsecos ao sistema, tais como a forma como o próprio sistema foi «moldando» a opinião pública e auto convencendo as elites da propaganda que segregava.
Mas, por outro lado, é consequência inevitável de forças exteriores ao seu controlo, à sua vontade. Nomeadamente, o desejo de emancipação da maioria das nações e povos do Mundo, que não querem mais ser colónia ou neo-colónia dum império como os houve no século XIX, nem do atual império dos EUA, com as nações vassalizadas ao mesmo.
Penso que se trata, em grande parte, de uma autodestruição, onde os atos dos poderosos e das forças obscuras que os influenciam, acabam por ter o efeito precisamente oposto ao desejado. O aspeto trágico nisto, é que os mais destituídos, os que têm sido oprimidos durante séculos, vão ser (estão a ser) mais uma vez, as principais vítimas dos delírios hegemónicos da casta no poder.
O vídeo acima com a reflexão aprofundada de Michael Brenner sobre os conflitos na Ucrânia e em Gaza, foi publicado em 22 de Março deste ano. Não envelheceu nada, antes pelo contrário, pois os acontecimentos posteriores à conversa com Pascal Lottaz (Neutrality Studies), vêm acentuar a justeza dos pontos de vista do prof. universitário Michael Brenner*
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(*) Professor Emeritus of International Affairs at the University of Pittsburgh and a Fellow at the Center for Transatlantic Relations at John Hopkins
Um grande historiador , Jeffrey Rich, explica o livro do mais importante sociólogo francês, Emmanuel Todd.
Muitas pessoas continuam em denegação, talvez pela influência de preconceitos e de forte influência da media, quase sempre refletindo a visão da «elite», da oligarquia ocidental.
Com a reprodução desta extensiva análise, pretendo alargar a divulgação do texto aos leitores do blog «Manuel Banet, Ele Próprio». O texto de Manuel Raposo merece leitura atenta e debate aprofundado.
As forças políticas que têm dominado as instituições da União Europeia deram-se por muito satisfeitas por terem conseguido manter a maioria no parlamento nas recentes eleições de 6 a 9 de junho. Mas não podem mascarar o rebuliço político resultante do crescimento, em países fulcrais como a França ou a Alemanha, de partidos que se opõem à linha seguida por Bruxelas, nomeadamente no que respeita à condução da guerra na Ucrânia e à subordinação da UE aos ditames dos EUA.
Tudo indica que se entrou num período de viragem política com consequências profundas. Recuar às origens da União Europeia, lembrar os conflitos por que tem passado, poderá ser útil para avaliar a dimensão da mudança. Tanto mais quanto tal mudança não se resume à Europa, mas resulta de uma transformação que se está a dar no campo imperialista e nas suas relações com o resto do mundo.
Na origem, a reconstrução necessária
A União Europeia viveu sempre – desde os seus primeiros dias, nos anos imediatos à segunda guerra mundial – numa contradição que tendeu a dilacerá-la.
Por um lado, a reconstrução económica de um território destruído pela guerra impunha-se a todos os países sem excepção como uma necessidade absoluta e de primeira urgência. A constituição de uma primeira Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Bélgica, Alemanha, França, Itália, Luxemburgo e Holanda, 1951) correspondia a esse esforço.
Ao mesmo tempo, e a par da recuperação económica, a constituição da Europa como um bloco político era imprescindível ao Ocidente imperialista, já então capitaneado pelos EUA, para fazer frente aos desafios que a divisão do mundo em dois blocos iriam colocar.
A NATO – reunindo regimes democráticos e fascistas e inclusive recrutando quadros nazis, mas fazendo-se paladino do “mundo livre” – constituiu-se como o guardião militar desta recuperação europeia o que implicava ser a arma de combate à Europa de Leste e à URSS.
O desenvolvimento europeu, sob impulso do capital norte-americano (saído reforçado da guerra), seria um escudo contra as veleidades socialistas e revolucionárias que pudessem fazer curso na Europa e um importante braço dos EUA na sua busca de hegemonia no campo imperialista.
Nos vinte anos seguintes à guerra, com efeito, o novo imperialismo que ganhava forma sob batuta norte-americana iria ter de enfrentar a vitória da revolução chinesa, as guerras da Coreia e da Indochina, as revoluções cubana e argelina, as lutas de independência das colónias africanas e asiáticas. O desenvolvimento económico impetuoso e a coesão política e militar conseguidos pelo capitalismo ocidental foram a base da constituição do bloco imperialista formado pelos EUA, pela Europa Ocidental e pelo Japão.
A ambição imperialista da Europa
Por outro lado, no entanto, o reerguer do capitalismo europeu, a coesão política que se forjava entre os principais dos seus países, encerravam uma ameaça para a hegemonia norte-americana. O natural expansionismo do grande capital europeu, que se procurava consolidar nas diferentes etapas percorridas pela UE,desafiava o domínio norte-americano, na medida em que o “projecto europeu” tendia a gerar um imperialismo concorrente dos EUA.
Quando, nos anos 60, o presidente de Gaulle retirou a França do comando unificado da NATO (dominada em absoluto pelos EUA) e falou de uma Europa do Atlântico aos Urais; e quando o chanceler Willy Brandt, na então Alemanha Federal, lançou a Nova Política a Leste (Neue Ostpolitik) ficou claro que as duas principais potências da então CEE encaravam a relação com os EUA não apenas em termos de colaboração, mas também, quanto possível, em termos de autonomia política e de competição.
Ambos viam a Europa de Leste e a URSS, mesmo em plena guerra-fria, como territórios situados na esfera de influência da Europa, para os quais a CEE poderia desenvolver políticas próprias – não apenas no plano diplomático, mas sobretudo económico e político.
A continuidade geográfica entre a Europa e o território russo jogava a favor desta ambição, dando como “natural” a tentativa do capital europeu de beneficiar dos imensos recursos (industriais, agrícolas, minerais, energéticos) que se estendiam desde a “cortina de ferro” ao Extremo Oriente.
Os EUA contra a Europa
Os EUA sempre trataram de combater por todos os meios as ambições próprias das potências europeias. As suas principais armas foram, e continuam a ser, de natureza económica, tecnológica e militar. À medida, porém, que o poderio económico dos EUA decaía e que as vantagens tecnológicas deparavam com concorrentes à altura, o domínio militar ganhava preponderância, tornando-se o meio principal não só para enfrentar os inimigos, mas também para manter coeso, sob sua alçada, o campo imperialista. Os últimos 30 anos demonstram-no.
A aventura do imperialismo alemão nos Balcãs em 1991 (acolitado pela Áustria e pelo Vaticano) no sentido de fragmentar a Jugoslávia, teve como resultado a entrada em força dos EUA e da NATO na região para derrotar a resistência da Sérvia e mostrar quem manda nestas coisas da geopolítica. A maior base militar norte-americana fora dos EUA foi constituída por essa via no Kosovo e uma outra, da NATO, instalada na Albânia. As ambições imperiais alemãs, impulsionadas pelo processo de reunificação, tiveram de contentar-se com as estâncias de férias nas costas do Adriático.
Com as duas Guerras do Golfo (1991 e 2003) os EUA afrontaram directamente o chamado eixo franco-alemão. Tomando conta do petróleo do Médio Oriente, pretendiam condicionar o crescimento económico e sujeitar politicamente todo o mundo – mas também a Europa, o Japão e demais “amigos”. Uma última resistência da Europa foi então protagonizada pelo presidente francês Chirac e pelo chanceler alemão Schröder que se opuseram à invasão do Iraque, sem a conseguir travar. França e Alemanha resignaram-se, que remédio, à preponderância dos EUA.
A machadada definitiva na “autonomia estratégica” europeia – económica, política ou militar – foi dada recentemente, já com a guerra na Ucrânia em curso. Primeiro, foi a chantagem para a imposição de sanções à Rússia, o que significou afundar a economia europeia numa crise sem precedentes e sem fim à vista. Depois, foi o golpe de misericórdia na economia alemã com a destruição pelos serviços secretos norte-americanos do gasoduto North Stream 2 sem que os dirigentes alemães ousassem piar.
Finalmente, depois de porem em pleno andamento a guerra na Ucrânia, os EUA tratam de empurrar para a Europa e para a UE os custos humanos e materiais dela decorrentes, degradando as condições de vida das populações europeias e conduzindo à liquidação do Estado Social europeu. Por via da guerra – seja no plano militar, político ou económico – os EUA transformaram a Europa num vassalo, em grau que nunca antes tinha sido conseguido.
Um passo mais esboça-se nos dias que correm com as pressões dos EUA para que a Europa siga os interesses norte-americanos no seu afrontamento com a China e corte laços económicos com Pequim.
O fim da contradição original
À vista dos sinais dados pelas últimas décadas, a contradição que marcou o nascimento e o crescimento da unidade europeia tende pois a ser resolvida pela submissão absoluta do capitalismo europeu ao capitalismo norte-americano. As ambições do (sub) imperialismo europeu perdem assim base para se afirmarem. A Europa e a UE são reduzidas à condição de peças do imperialismo norte-americano.
Mesmo se os conflitos de interesses entre o capitalismo europeu e norte-americano não desaparecem, a sua manifestação política – que se tem traduzido na tentativa de criar um bloco europeu com identidade própria – é esmagada pelo amarramento da Europa e da UE aos estritos interesses hegemónicos dos EUA.
Novas contradições, novos conflitos
Os poderes até agora instalados na generalidade dos países europeus têm na sua maioria seguido como carneiros por este trilho, particularmente desde o início da guerra na Ucrânia. As instâncias dirigentes da UE, por seu lado, são hoje mandatárias da política definida em Washington. A desconsideração a que são votadas pelas populações dos países membros mede-se pela maciça abstenção sistematicamente verificada nas eleições para o parlamento europeu (50% nas deste ano).
Não é sem conflitos e dissensões que este caminho se tem feito. A UE, nomeadamente, tem sofrido abalos sucessivos mal mascarados pela aparente unidade exibida pelas suas instituições. Nacionalistas na forma, estes movimentos centrífugos dão sinal da desagregação interna do campo imperialista constituído na segunda metade do século XX.
UE, uma casca vazia
Cabe portanto perguntar se o propósito que, do lado europeu, alimentou a criação da União nas suas diversas etapas ainda tem pés para andar. A elite dirigente da UE faz tudo para parecer que sim, mas a realidade mostra que as divisões entre países membros se acentuam à medida que se agravam os conflitos de interesses causados pela perda de autonomia do capital europeu.
É no patente domínio absoluto dos EUA, nas suas imposições ditatoriais – não apenas resultantes da guerra na Ucrânia, mas decorrentes do esforço para manter a hegemonia sobre todo o mundo – que em última análise tem de ser procurada a razão das divisões crescentes entre os países europeus que dilaceram e ameaçam partir a UE. A UE, em larga medida, já hoje é uma casca vazia. Os sinais são vários.
Adeus prosperidade, adeus paz
Desde logo, é evidente o descalabro económico e político causado pela guerra. As promessas de prosperidade e de paz eterna que alimentaram o “projecto europeu”, irremediavelmente comprometidas, transformaram-se no seu contrário: apelo ao sacrifício material e mentalização para a guerra.
Mesmo não havendo, por enquanto, uma opinião pública disposta a bater-se pelo fim do conflito, a pioria visível das condições de vida, o receio de alastramento da guerra, a pressão para o aumento das despesas militares, a ameaça às políticas sociais europeias que tudo isto encerra alarmam as populações.
Estes têm sido motivos suficientes para que governos como o da Hungria ou da Eslováquia (membros da UE) ou da Sérvia (candidata à UE) tenham levantado fortes obstáculos às determinações da NATO e da subserviente camarilha dirigente de Bruxelas. Independentemente da cor política de cada um, o que marca a posição destes governos é a tentativa de assumir uma posição soberana face a uma UE enfeudada aos EUA e alheia aos interesses das populações europeias.
Renasce o nacionalismo
Não admira que, de forma mais geral, o nacionalismo (no sentido imediato de reforço de soberania para defesa de interesses nacionais) renasça e ganhe apoio em vários países. Com isto, é o sonho de uma federação europeia, alimentado pelas maiores potências, que cai por terra. Os resultados das recentes eleições para o parlamento europeu mostram um crescimento acentuado daquelas correntes, não apenas em países de segunda linha, mas em potências centrais como a França, a Alemanha, a Itália ou a Holanda.
Não é apenas o nacionalismo de direita (“populista”, como os barões da UE gostam de dizer, como se fosse crime defender interesses populares!) que encarna essa resistência. O exemplo, embora solitário, da Eslováquia e da Sérvia mostra que o mesmo comportamento pode vir a ser personificado por outras forças políticas.
O “eixo” quebrado
Mas não apenas o nacionalismo divide a UE. A própria acção directa dos EUA e mesmo das cúpulas da UE se volta contra a pretendida coesão da União. A constituição, em 2016, da Iniciativa dos Três Mares (Báltico, Adriático, Negro), reunindo doze países situados na frente leste da Europa, desde logo se tornou uma arma dos EUA no afrontamento da Rússia – longe dos propósitos anunciados de criação de uma mera “cooperação em questões económicas”.
Os três países bálticos, a Polónia e a Chéquia, por exemplo, têm sistematicamente tomado posições ultramontanas a respeito da guerra, constituindo pontas de lança da NATO quando é necessário espicaçar outros membros da UE no apoio à Ucrânia, como sucedeu em dada altura com a Alemanha.
A cautela que até certo momento se pôde ver na posição francesa ou alemã a respeito da guerra (por exemplo, nas restrições ao fornecimento de armas) foi gradualmente derrotada pelos falcões da NATO e por forças internas dos próprios países.
O chamado eixo franco-alemão, apontado como o motor da UE – quer no plano económico, quer no plano da sua definição política – simplesmente já não existe, e o que se vê hoje é uma rasteira disputa entre Macron e Scholz para ganhar os favores dos EUA como seus representantes na Europa.
A batalha vital do imperialismo
O imperialismo norte-americano trava a sua batalha vital contra a China e a Rússia. Defronta cada vez mais a desconfiança e a oposição dos países do mundo dependente. Não pode dar-se ao luxo de ter aliados inseguros ou que ambicionem seguir uma política movida por interesses próprios; precisa de os ter ferreamente amarrados para os colocar ao serviço do único desígnio que o norteia: travar a queda da sua hegemonia sobre o mundo.
Neste sentido, estamos a assistir ao processo que levará ao fim do imperialismo formado no pós-guerra tal como o conhecemos até agora.
A submissão de todos os, até aqui, aliados é condição para isso. “Que se foda a UE”, disse Victoria Nuland em 2014 quando comandava o golpe de estado em Kiev. Biden disse praticamente o mesmo quando anunciou publicamente, diante de um chanceler alemão aparvalhado, o fim próximo do North Stream 2.
Tal submissão, de sentido estratégico, dá-se em todos os campos – económico, político, militar, diplomático – assumindo os contornos de uma ditadura voluntariamente aceite pelos ditos “aliados”. Esta ditadura norte-americana sobre o campo imperialista leva ao inevitável esvaziamento (possivelmente à desagregação) da UE como potência económica e como entidade política.
O fim de uma época
O enfeudamento do capitalismo europeu ao imperialismo norte-americano (algo semelhante se passa a respeito do Japão) tem consequências notáveis.
a) Aquilo a que se tem chamado a Tríade Imperialista (EUA-UE-Japão) tende a tornar-se um bloco imperialista com uma única cabeça e com uma única estratégia: garantir a sobrevivência da hegemonia norte-americana de que a Europa e o Japão, sem campo para se afirmarem por si próprios, se tornam inteiramente dependentes.
b) Uma certa divisão de tarefas e uma certa divisão de espaços de influência que existiu até recentemente entre os três pólos da Tríade tende a apagar-se em favor de um domínio exclusivo dos EUA.No entanto, o declínio económico e o crescente descrédito político não conferem aos EUA nem tempo nem capacidade para assumir tamanha missão. Os riscos de guerra generalizada crescem na medida em que o imperialismo norte-americano, confiado no seu potencial militar, possa tentar correr contra o tempo numa fuga para a frente.
c) O corte de relações comerciais com a Rússia, nomeadamente a perda das suas fontes de energia barata, sujeita a Europa à condição de cliente obrigatório dos EUA a preços muito mais elevados. No imediato, isto representa um óptimo negócio para as companhias norte-americanas, mas, a prazo, quer dizer que o capitalismo ocidental, todo ele, vai ficando privado de recursos do resto do mundo, muito mais abundantes e baratos – na rapina dos quais, lembremos, se baseia a sua condição de capitalismo imperialista. Se a isto se juntar a demarcação comercial com a China, como pretendem os EUA, e ainda a resistência de países dependentes a cederem os seus recursos como até aqui, será certo que a saúde económica do imperialismo irá de mal a pior.
d) Ao submeterem a UE e a Europa, os EUA ganham um vassalo obediente, mas deixam de ter um aliado com vontade e capacidades próprias. O mesmo se pode dizer a respeito do Japão. Em certo sentido, o imperialismo corta o ramo em que tem estado sentado desde há 80 anos.
e) Perde sentido a ideia de que relações privilegiadas do chamado Terceiro Mundo com a UE poderiam ser alternativa ao domínio dos EUA, o que torna os países dependentes menos propensos a miragens de “neutralidade” nas relações internacionais. Estreita-se o campo para não-alinhados, tende-se para a divisão do mundo em dois blocos antagónicos.
f) O resto do mundo procura organizar-se por si, fora da órbita imperialista, em função de interesses nacionais ou regionais (BRICS, Organização para a Cooperação de Xangai, associações de âmbito regional) buscando apoio em potências como a China e a Rússia. Este caminho tornou-se possível pelo desenvolvimento industrial ocorrido em muitos dos países ditos subdesenvolvidos, que assim puderam dar passos para sair do atraso ancestral em que foram mantidos pelo colonialismo e pelo imperialismo. A globalização capitalista, impulsionada pelo Ocidente imperialista com o final da guerra-fria, gerou no resto do mundo condições materiais que agora põem em causa o domínio imperialista.
g) A contradição maior do mundo de hoje, entre o imperialismo e os povos dependentes, ganha uma dimensão nunca antes atingida.
Novos desafios para a esquerda
À esquerda anticapitalista depara-se uma situação com novos contornos que ainda há dois-três anos não se colocava.
Neste momento, na Europa, a oposição às forças no poder é encabeçada pela direita e pela extrema-direita. O nacionalismo que arvoram, no entanto, mostra a estreiteza dos seus propósitos políticos, uma vez que os problemas que se colocam – resultantes das transformações que se dão na própria orgânica do imperialismo, no crescente papel dos países dependentes e na divisão do mundo em dois – não têm solução no âmbito nacional de cada país.
O êxito da extrema-direita decorre, portanto, de encontrar campo aberto para a sua demagogia nacionalista. Para isto contribui o facto de a esquerda institucional ter desertado da luta anti-imperialista, e de a esquerda anticapitalista não ter nem programa coerente nem presença política para assumir a liderança de um movimento popular, necessariamente inter-nacional, que tome a tarefa em mãos.
A nova realidade aponta para a necessidade de identificar sem reticências o imperialismo norte-americano como o inimigo a combater; de apoiar os povos de todo o mundo sem excepção na sua luta de rejeição do imperialismo; de encarar a UE como um serventuário sem vontade própria destinado a sucumbir sob o mando dos EUA; de combater a ilusão estúpida de querer “reformar”, “renovar” ou “democratizar” uma UE que o próprio interessado, o grande capital monopolista, já não mostra ter meios ou vontade para defender.
Reerguer a luta popular anticapitalista e anti-imperialista é condição para não dar livre trânsito às forças fascistas, de direita ou burguesas nacionalistas na resistência contra os desmandos de um imperialismo em fim de vida.
Os imperialistas estão furiosos; a «ordem emergindo do caos», saiu-lhes furada. Estão como animais feridos de morte, que sabem que vão morrer; batem-se com o desespero de quem já não tem hipóteses de ganhar.
Mas, repetem a ficção de que Ucrânia pode ganhar aos russos: A OTAN, recentemente, pela voz de Stoltenberg (seu Secretário-geral), reafirmou o compromisso em admitir a Ucrânia como membro da OTAN.
Só que este país precisava de satisfazer um requisito imprescindível: tinha de vencer a guerra contra os russos. Ora, aqui está um exemplo de hipocrisia e maldade, eternizando o que os dois povos (Ucraniano e Russo) já sofreram. Os próprios estatutos da OTAN proíbem a adesão de um candidato, se este estiver em guerra. Portanto, a OTAN aposta na guerra «eterna» com a Rússia, usando a Ucrânia.
Entretanto, o petrodólar já recebeu a sua sentença de morte. E foi MBS que veio dar a estocada final. Lembrem-se do caquético e servil Biden vir, há um ano atrás, pedinchar ao príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, que este se juntasse ao embargo do petróleo russo e - ainda por cima - fizesse baixar substancialmente os preços, inundando de petróleo saudita o mercado mundial.
A «cimeira» da Suíça foi um enorme fiasco e a prova provada da incapacidade dos súbditos do Império em fazerem a política da paz (verdadeira) . Para eles, a paz significa a capitulação da Rússia. Isto não está sequer remotamente dentro dos possíveis.
Como alguém que «busca encarecidamente a paz», apressaram-se a fazer afronta atrás de afronta, roubando as reservas russas em divisas à guarda dos bancos ocidentais e entregando esses ativos, pertencentes ao povo russo, ao regime criminoso e mafioso de Kiev.
Não satisfeitos com isso, assumem armar a junta resultante do golpe fascista de 2014, com mísseis de cruzeiro, capazes de alcançar qualquer ponto dentro da Rússia. Para quem quer fazer figura de «pacificador», não está mal, não senhor!
O pânico dos poderes dominando o Ocidente, ou seja, as chefias dos países vassalos do imperialismo e que já foram - no seu tempo - potências de primeira-grandeza, possuidoras de vastos domínios coloniais, mostra como são totalmente desapiedados, em relação à população civil palestiniana, que eles olham como se «não fosse em seu poder parar esses massacres imediatamente».
Como estão, aliás, muito preocupados com os ucranianos; Têm-se esmerado em prolongar a guerra, uma guerra com zero hipótese do regime de Kiev vencer, com ou sem armas estrangeiras, com ou sem tropas «mercenárias» (militares que despiram a farda, mas que continuam a ser pagos pela OTAN).
Dizem fontes insuspeitas que, pelo menos, morreram 500 mil soldados ucranianos nesta guerra de atrição («meat grinder» = moedor de carne).
Muitos mais irão morrer inutilmente, para satisfazer a gula insaciável do complexo militar-industrial (principalmente dos EUA) e não menos insaciável gula de Blackrock, Vanguard, Monsanto e congéneres. Desde o princípio desta guerra, têm sido aqueles, os grandes compradores de terras ucranianas de primeira qualidade, para somar aos seus avultados investimentos em muitas áreas, desde os fundos financeiros aos terrenos agrícolas, nos EUA e um pouco por todo o lado.
A característica saliente neste fim de império e de novo milénio, é que as guerras imperiais constantes não são lançadas para serem ganhas, são guerras "eternas", ou seja duram muito para melhor encherem os bolsos dos contratadores, das empresas abutres, grandes bancos «sistémicos», fundos de investimento financeiro e, claro está, das fábricas de armamento. Eles sabem que não podem vencer, então vão provocando os seus adversários que entretanto se organizaram.
Como? Como fazem eles o «cerco a 5 dimensões» à hidra imperial?
- Monetária-financeira (divisa dos BRICS usando «blockchain»)
-Desenvolvimento em infraestruturas e tecnologias (BRICS);
-Integração dos sistemas de defesa;
-Aumento da capacidade nas tecnologias de ponta (ex.: semicondutores);
- Trocas comerciais com todo o mundo, numa base de reciprocidade e interesse mútuo.
Face a estas iniciativas estratégicas, o que tem o Ocidente para oferecer?
Tenho acompanhado, com angústia, a evolução da minha sociedade, deitando também uma olhadela ao que vejo pelo mundo fora, através dos media (tanto «mainstream», como «alternativos).
Não gostei nada, mas mesmo nada, da estupidez da campanha de massas para fazer as pessoas temerem uma infeção banal, por coronavírus, como se fosse o fim do mundo. Esta foi uma campanha de medo, de coerção (com máscaras - sem efeitos de proteção demonstrados - para servir de símbolo da servidão). Pior, verificou-se a perseguição de sumidades médicas e científicas que realizaram terapêuticas com ivermectina ou hidroxi-cloroquina. Foram brutalmente difamados por «jornalistas» ao serviço dos globalistas. Isto tinha uma (má) razão de ser: O facto da tão desejada, pelas multinacionais farmacêuticas, autorização especial de colocação no mercado das vacinas que tinham fabricado. Ela só era possível, caso não existisse já um medicamento eficaz para combater a epidemia. Daí a criminalização do uso daqueles dois fármacos, para obterem a autorização de «urgência» e a colocação no mercado das "vacinas" mortíferas.
Mas, o cenário não se ficou por aqui: A clique globalista conseguira fazer passar despercebido um crash do sistema através dos «lockdown» (confinamentos). Estes serviram para a operação de colapso programado de grande parte das empresas, sobretudo, as que tinham intervenção na economia real, como fornecedoras de bens e serviços. Em contraste, foram favorecidos o grande capital financeiro (bancos sistémicos, fundos especulativos) e as grandes empresas tecnológicas (Microsoft, Apple, Facebook, Google, etc.), as quais tiveram um boom, graças aos confinamentos e à «nova economia», instalada ou reforçada por ocasião dos «lockdown», em muitos sectores de serviços.
Porém, uma tomada de controlo parcial da economia nunca seria considerada suficiente para os poderosos deste mundo. Eles estavam cientes da necessidade da falência completa do sistema, seguida pela «Nova Ordem», à maneira deles. Isto só poderia ser disfarçado com uma «boa guerrinha», das que causam imensos mortos, feridos e destruição. A sua preferência era ser longe das sedes de Wall Street, do Pentágono, da City de Londres e da OTAN, em Bruxelas.
Durante todo o ano de 2021, na Ucrânia, a guerra não declarada, mas guerra de extermínio da população civil russófona, teve rédea larga. Os ocidentais estavam a armar e treinar o exército da Ucrânia, ao nível de serem considerados tão eficazes como os da OTAN (os ucranianos foram persuadidos que iriam abrir-lhes as portas da OTAN e da UE...). No Ocidente «não viam» o sofrimento nestes anos todos (8 anos de guerra civil), apesar de um número estimado de vítimas civis de 15 000, nas populações do Donbass.
Finalmente, a Rússia invadiu a Ucrânia com uma força militar destinada a proteger os russos étnicos, habitantes das duas repúblicas separatistas do Donbass. O governo de Moscovo sentia-se obrigado a vir em auxílio a estes russos, para evitar um banho de sangue (o «dever de proteger», reconhecido pela ONU). Mas, logo foram desencadeadas sanções e mais sanções (longamente planeadas), com ataques histéricos de políticos americanos e europeus ocidentais, assim como da media ao serviço dos grandes interesses.
Claro que a manobra de isolar a Rússia lhes saiu furada. A situação era tal, que a Rússia se tinha longamente preparado para as sanções. Por um lado, a sua economia era muito mais saudável do que os ocidentais imaginavam e por outro, não existiu isolamento da Rússia, devido à recusa do «Sul Global» e dos BRICS em se alinhar numa guerra económica contra a Rússia.
Os ocidentais mostraram que estavam fora da realidade e que, de facto, estavam a proporcionar a criação doutro bloco rival (e maior) da OTAN e amigos. Ou talvez não, talvez estivessem cientes das realidades e - no entanto - convencidos de que a globalização à sua maneira e gosto, era impossível de ser alcançada. Terão decidido acabar com ela, criando uma situação de guerra mista ou híbrida, para «segurar» os países Ocidentais e seus Estados-clientes, ao nível mundial.
Mas, a rutura Ocidente/Sul Global, como estamos a assistir em relação a Israel/Palestina, não podia ser pior. Pior para os povos sujeitos à brutalidade de massacres sobre civis, perante a indiferença dos países aliados de Israel, o que afinal não é senão disfarce para a aprovação discreta dos desmandos que o exército de Israel tem cometido: O genocídio da população de Gaza, indefesa, sob nossos olhos, 24 h por 24, 7 dias da semana, mês após mês, durante 7 meses.
Quais as motivações dos poderes ocidentais em apoiar Israel, de modo incondicional, nesta matança cruel e indisfarçável?
- Eles mostram assim que se um povo, uma nação, se rebelar contra a ordem mundial que eles instituíram, será tratado sem contemplações, nem direitos humanos, nem leis da guerra, nem haverá a mínima consideração em relação às decisões da ONU e das instâncias jurídicas internacionais.
- Mostram aos seus próprios povos que eles não são protegidos por quaisquer garantias, direitos e liberdades. Que serão reprimidos à bastonada e com prisões as manifestações contra o genocídio, dos estudantes e de todos os que têm conservado sua consciência humana. As cliques políticas dão rédea livre à perseguição contra quaisquer dissidências, passando «leis» inconstitucionais, que instauram o Estado totalitário. Daqui para a frente, irão servir-se dessas leis entretanto criadas, para esmagar qualquer resistência cívica e pacífica dos seus próprios cidadãos.
Não sei a causa exata do que acontece com a generalidade das pessoas e com o seu comportamento, mas parece-me que estão amedrontadas e sobretudo equivocadas acerca do que se está a passar. Nos países ocidentais, as campanhas, primeiro psicológicas e em seguida militares, só podem ser entendidas pela lógica de uma tomada de poder totalitária, com a «capa» habitual de que o fazem para proteger a democracia liberal que, entretanto, eles desfiguram, não restando sequer a aparência de uma ordem democrática.
Existem forças políticas, media alternativos e personalidades, que dizem mais ou menos o que eu digo, acima. O problema, é o efeito maciço sobre os povos da propaganda mediática, conjugada com a brutalidade do poder e sobretudo, a ausência de uma forte oposição institucional (estão quase todos dentro mesmo saco). Por isso, os próximos decénios não vão ser fáceis: Será uma era de guerras «eternas» e com a separação do Mundo em dois.
A globalização será coisa de passado: Haverá circuitos separados para o comércio, tal como o intercâmbio científico, artístico e intelectual, em geral. Será bem pior de a «Guerra fria nª1» e também será diferente. Porque não será uma «guerra fria», mas uma «guerra híbrida» e constante, sem acalmias, sem períodos de negociações intensas entre os dois blocos, será uma espiral descendente em direção à barbárie e ao militarismo, dentro e fora de fronteiras.
Em definitivo, o olhar desapaixonado de alguém que vê as coisas objetivamente, levaria esse observador a garantir que não há qualquer hipótese que a Ucrânia, mesmo com apoio logístico e pessoal especial da OTAN (embora disfarçados de voluntários) possa ganhar a guerra com a Rússia. Nem mesmo obter uma espécie de «empate», em que seria possível o governo de Kiev negociar, de um modo que possa colocar algumas condições.
A «negociação» segundo o governo russo, será apenas relativa às condições concretas da rendição. É este o resultado desastroso que a OTAN e os governos mais belicistas têm estado persistentemente a negar, como se não soubessem que - agora, pelo menos - este é um dado adquirido.
A sua preocupação é manterem-se no poder nos seus respetivos países, não o de salvar o povo da Ucrânia. Este povo foi ludibriado e depois atirado para um «caldeirão infernal», em que a maioria dos homens em idade de serviço militar foram «gastos», mortos ou feridos com gravidade, perante o exército russo, muito melhor organizado, mais bem equipado, com armas muito mais avançadas, que os sistemas de vária origem fornecidos por países da OTAN ao exército da Ucrânia.
Para mim, não é apenas questão militar como, sobretudo, política e mesmo civilizacional.
A questão é a seguinte:
- A razão de ser para continuar uma guerra, quando os recursos humanos e outros de uma nação estão quase exaustos, só pode existir na circunstância dessa população estar disposta a lutar, custe o que custar, para preservar a independência.
Mas, a realidade é o oposto do cenário acima delineado, de um levantamento da população para preservar a sua independência. Na realidade, os agentes da divisão, separando a etnia russófona ucraniana com perseguições e atos terroristas contra civis, são os mesmos que efetuaram o golpe de Maidan. Foi um golpe violento, com pleno apoio dos EUA, da Alemanha, da França do Reino Unido e da OTAN, em 2014.
Rapidamente, o regime golpista perdeu o apoio popular, sobretudo em regiões de maioria russófona. Realmente, o regime de Kiev é uma ditadura duríssima. Este regime, que proibiu todas as atividades e suspendeu todos os partidos de oposição, já não tem sequer «legitimidade formal»: Zelenski entrou - a partir de dia 21 de Maio passado - numa situação de ilegalidade face à própria constituição. É por ordem deste «democrata» que a polícia política faz caça ao homem nas ruas: os que são apanhados e arrastados à força para camiões, vão para a frente de combate como carne para canhão (literalmente!). Os homens que restam são de idade acima dos 50 anos! Agora, o governo de Zelensky tenta fazer com que governos vizinhos entreguem refugiados ucranianos masculinos que fugiram da carnificina. Estes ucranianos têm a lei internacional do lado deles, como refugiados legítimos. Mas, não me espantaria que governos ocidentais ignorassem o direito de asilo, um direito humano fundamental! Além disso, o regime de Kiev quer tornar obrigatória a incorporação das mulheres no exército, em postos de combate.
É muito clara a utilização do povo ucraniano para satisfazer a ambição hegemónica de políticos ocidentais, que sonham com a derrota da Rússia, como aliás Napoleão sonhou (e muito caro lhe custou) e Hitler também (e foi-lhe fatal, como sabemos).
Mais uma vez, o povo russo está a ser confrontado com uma imensa coligação hostil que - na realidade - não representa a vontade dos povos, cujas bandeiras são desfraldadas à frente das sedes da OTAN. Esta, tem sido interveniente direta e principal no solo da Ucrânia, servindo-se dos seus recursos e da sua população.
Os governos ocidentais querem mostrar que são muito firmes e que não negoceiam com os russos. Os dirigentes dos EUA e da OTAN arrogantemente rejeitaram todas as propostas de negociações feitas pela diplomacia russa, em variadíssimas ocasiões, desde 2007, pelo menos, quase até à data da entrada das forças russas na Ucrânia, em Fevereiro de 2022.
É absurdo e revelador da enorme cobardia política dos dirigentes ocidentais, incentivarem a continuação das hostilidades, sabendo-se que - a cada dia que passa - mais milhares de soldados ucranianos serão mortos ou feridos, não havendo uma saída militar; a continuação destes combates é sem sentido. A conclusão de que o exército ucraniano está derrotado é sem apelo. Alguém que tenha respeito e compaixão pelas vidas humanas de ambos os lados do conflito, tem de apelar para o cessar-fogo imediato e negociações de paz, sem pré-condições.
Tudo o que se passou nestes dois anos e meio, torna muito urgente que forças políticas, correntes cívicas, grupos de cidadãos e personalidades, se reúnam e procurem estratégias que possam, a prazo, conduzir ao desmantelamento da OTAN em benefício das próprias populações dos países membros, assim como de outros povos.
Note-se que muitos povos têm sido vítimas da utilização da OTAN como instrumento do imperialismo: Não apenas na Ucrânia, como no Afeganistão, no Iraque, na ex-Jugoslávia, na Síria, na Líbia e vários Estados africanos, nomeadamente, do Sahel.
A questão colocada no título, deveria ter resposta pelos dirigentes políticos e militares do «Ocidente». Mas, nem os jornalistas dos media mainstream se atrevem a colocá-la: Não os deixam sair do «script» acordado, aquando das entrevistas.
Na verdade, a resposta é muito simples: A Ucrânia e sua população foram instrumentalizadas numa guerra por procuração dos países da OTAN (sobretudo, os mais poderosos) contra a Rússia.
Ao nível do parlamento europeu, as questões pertinentes e a realidade da situação são abordadas (que eu saiba) somente por uma deputada e um deputado irlandeses. Tirando estes, não vejo nenhuma outra força parlamentar ou individualidade.
A mordaça tem sido cada vez mais apertada, para que não haja debate contraditório de qualquer espécie. A ascensão do autoritarismo e do militarismo fazem-se sempre a expensas da democracia. Por outras palavras, verificou-se sistematicamente no passado e verifica-se no presente, que as situações de guerra fabricadas pelas «elites» oligárquicas são o oposto da democracia.
As eleições europeias servem para mostrar que a União Europeia é democrática ... uma vez que ela organiza eleições. Claro, este Parlamento não tem de forma alguma os atributos dos parlamentos nacionais. Na realidade, ele não serve para quase nada… salvo para ser eleito. Ele custará durante o seu mandato entre 750 e 900 mil milhões de euros, sem contar o custo da eleição.
Trata-se de um assunto sobre o qual os eleitores nada compreendem. Podem pensar que « a União faz a força », mas não percebem aquilo que o desaparecimento dos Estados-membros iria significar para eles. A União já não é de todo uma organização democrática, o Estado Europeu sê-lo-ia ainda menos.
Mesmo que Mario Draghi possa não se candidatar, a questão central, e na verdade escondida, é esta : « Devem as populações da União Europeia, ou não, formar um Estado único, embora até à data não constituam um povo único ? ». Por outras palavras, aceitarão que as decisões lhes sejam impostas por uma maioria de « regiões » (já não se falaria mais de Estados-Membros) das quais não fazem parte ?
Esta problemática tinha já sido explicitamente colocada, em 1939, pelo Chanceler alemão Adolf Hitler. Ele pretendia formar uma Grande Alemanha, composta por todos os povos falantes de alemão, colocada no centro de uma constelação de pequenos Estados europeus, todos com base numa etnia. Após a queda do Reich, em 1946, o Primeiro-Ministro britânico, Winston Churchill, desejava assistir à criação dos Estados Unidos da Europa, ao qual o seu país não deveria de forma alguma pertencer [1]. Tratava-se, para o «Império onde o sol nunca se punha», de poder lidar com um único interlocutor que nunca poderia competir com ele. Este projecto jamais foi concretizado, em seu lugar surgiu um « mercado comum ». É a ele que voltamos agora.
Em matéria económica, a União dirige-se para uma especialização do trabalho : por exemplo, na Alemanha o automóvel, em França os produtos de luxo e na Polónia os produtos agrícolas. Mas, o que vão pensar os agricultores alemães e franceses que serão sacrificados ou os fabricantes de automóveis polacos que também o serão ?
Em matéria de política estrangeira e de defesa, a União está já numa linha atlantista. O que quer dizer que ela defende as mesmas posições de Washington e de Londres. Mas esta linha seria imposta a todos, aí incluídos os Húngaros que recusam se tornar Anti-Russos ou os Espanhóis que recusam apoiar os genocidas israelitas. Segundo os Tratados, é a OTAN que é responsável pela Defesa da União. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exigia que esta defesa não custasse nada aos Estados Unidos e, portanto, que os Europeus aumentem seus orçamentos militares para o nível de 2% do PIB. Até ao momento, apenas 8 Estados em 27 o fizeram. Se a UE se tornasse um Estado único, este desejo de Washington iria tornar-se uma obrigação para todos nós. Para certos Estados, como a Itália, a Espanha ou o Luxemburgo, isso implicaria uma punção súbita nos seus programas sociais. É pouco provável que as populações em causa apreciem isso.
Além disso, há o caso particular da França, que dispõe de um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas e da Bomba Atómica. Ela teria que pôr esses trunfos ao serviço do Estado único, correndo o risco que a maioria do Conselho Europeu os utilize contra as opiniões francesas. Mais uma vez, as populações em causa, os Franceses na ocorrência, não o aceitarão.
Por outro lado, o Estado-Europa (sem relação com o continente europeu que é muito mais vasto) seria, portanto, um Império, muito embora uma parte do seu território (Chipre-Norte) esteja ocupado pela Turquia desde 1974 e ao qual ele se acomoda tranquilamente.
Nenhum destes problemas é novo. Foi por causa deles que certos políticos, entre os quais o General Charles De Gaulle, aceitaram o «mercado comum» e recusaram a «Europa Federal». Agora, voltam ao centro das preocupações dos dirigentes europeus atlantistas, mas não dos seus povos. É por isso que esses dirigentes tudo farão para os esconder durante estas eleições. Este é o assunto central e é também o que realmente incomoda.
A estes problemas políticos acrescenta-se um problema organizacional. A era industrial deu lugar à da informática e da inteligência artificial. As organizações verticais do início do século XX, seja na economia ou na política, deram lugar a outras organizações horizontais, em rede. O modelo vertical do Estado-Europa está, pois, ultrapassado antes mesmo de ver a luz do dia. Além disso, todos os que a conhecem perceberam já o vazio desta enorme máquina administrativa que apenas leva, no fim de contas, ao abrandamento do crescimento que ela devia estimular. Agora a União está muito atrás da China, da Rússia e dos Estados Unidos. O projecto federal não só não lhe permitirá recuperar, mas irá fazê-la recuar mais diante das potências emergentes.
Poder-se-ia pensar que os partidários do Estado-Europa têm interesse em suscitar uma ampla participação afim de legitimar o seu projecto. Mas não é esse o caso, uma vez que não se fala do projecto federal nesta campanha; o qual se reserva para o dia seguinte com Mario Draghi. Por isso, fazem tudo o que está ao seu alcance para realçar que a instituição realiza eleições – o que supostamente bastaria para a tornar democrática — e garantir que participe o menor número possível de pessoas. Assim, a participação em toda a UE poderia ficar abaixo da metade dos eleitores.
Being an “ally” with the USA does not guarantee immunity against economic interference, subversion and sabotage, quite the opposite.
The Chinese foreign minister, Wang Yi, once said that the formula used by the European Union to manage its relations with China is “impractical”, “it’s like driving a car to an intersection and looking at the traffic light and seeing the yellow, green and red lights on at the same time”. I would say more… In addition to the confusion with the traffic light indications, the driver — for the Chinese only — still has to watch out for nails, oil and potholes in the road, which can lead to a crash or damage to the vehicle.
And who would cause such dangers along the way? Given the desperation of the actors involved and the unidirectional nature of the actions… Consequently, the exasperated and catastrophic tone that we find in the Western press, as opposed to a more triumphalist tone that was still in force six months ago (maybe even less than that), tells us everything we need to know. It’s incredible how Western emotions run riot, going from one extreme to the other in very short periods of time. From certain victory in Ukraine against Russia, we move on to widespread panic, in which Sullivan, Biden, Borrell or Macron, who as recently as September were already bathing in the good waters of Crimea, have now moved on to the certainty that Russian troops will not stop at the Dnepr and perhaps not even at the Danube, Rhine or Elbe.
During 2023 we all watched the unstoppable succession of predictions of the fall of the Chinese economy — remember, the Russian one was already “in taters — only now to be panicked by the flood of high-quality, low-cost products that the lazy West can’t even dream of competing with. It’s happening in cars, as well as semiconductors and agricultural machinery, and we’re gradually discovering, from the hysterical tone of Janet Yellen and Blinken, that if anything is falling, it’s American hegemony, whose containment strategies have so far only resulted in even stronger and more capable opponents. After all, it’s hard work that shapes character. The rentier capitalist elite of the West is too used to the easy money of royalties to be able to compete with those who have never abandoned industry, agriculture and truly productive activities.
The fact is that, in the Washington Post, David Ignatius, a researcher linked to the U.S.’s largest think thank, based on work by the Rand Corporation itself, says that analysts say the U.S. is entering a decline from which few powers have recovered; it is also RAND that provides us with an article entitled “U.S.-China rivalry in a new middle age”, pointing to the need for decision-makers to develop a neo-medieval mentality, namely by having to wage war in the knowledge that the “public” doesn’t want it; Borrell says that the U.S. is no longer hegemonic and that China has already become a superpower, something that Brzezinski had promised would never happen again; or the statistics on the U.S. economy, which say that it grew by only 1.6% in the first quarter of 2024, which shows a slowdown compared to the forecast. A big slowdown, considering the 2.7% predicted by U.S. broadcasting networks such as the IMF.
Curiously, it is from RAND itself that the best advice comes. In its study “The Fates of Nations”, two reflections are suggested which, considering their content and topicality, have no other destination than the political power based in Washington: 1. When nations stand between victory in war or national collapse (between the sword and the wall, I say), the punitive and coercive imposition of conditions is not an adequate path to success in rivalries; 2. Excessive ambition and oversized strategic scope contribute to many types of failure.
These reflections are the current portrait of the U.S.: wanting to extend itself everywhere, it is beginning to open cracks in the center, because the larger the surface, the thinner the cover; taking positions of strength in all situations — threatening all contenders with sanctions — causes those involved and those who might be the target of these actions to flee and become averse. If we add to this the fact that, according to various sources, Trump’s team of advisors has proposed that he impose penalties on countries that want to reduce their dependence on the dollar, we can already see that 2024 is going to be a terrible year for the world’s largest reserve currency. For now, gold has never been higher and almost 1/3 of the oil traded in 2023 was in currencies other than the dollar. If I were president of any country, I would do everything I could to reduce dependency until Trump takes office, considering that the prospects for Biden re-election are not the most enthusiastic.
Confronted with this reality, what is Washington doing? Failing to situate itself in this multipolar world in the making and failing to adopt a cooperative and respectful approach towards other states, preferring to focus on “a competition of great superpowers”, contrary to what, e.g., the Carnegie Endowment for International Peace proposes, in its report “The United States Policy Challenge”, the administration headed by Biden operates as if it still had all the power on its side and, lacking the strength it normally relied on, adopts the stance of sabotage, disruption and causing instability in the “business environment” of its own “allies”, when they are in the way between China and U.S.’s “national security” needs.
In Mexico, threats have been made — no one has confirmed them — against the López Obrador government if it persists in its intention to allow BYD factories to be set up so that they can make use of the exemption from customs duties applicable to the USMCA free trade agreement. The U.S. itself is unilaterally saying that the rules agreed between the three countries no longer apply to Mexico, without Mexico, supposedly a party to the agreement, having any say in the matter. If this situation isn’t proof of who’s really in charge when a country signs an “agreement” with the U.S…
This process of disruption, which aims to make it impossible for Chinese companies to set up shop, is taken so seriously that even a country like Portugal could be caught in the net and see its economy profoundly affected by U.S. intervention and interference.
Take the case of the oil company GALP, a privatized company with 51% of its capital held by U.S. “institutional investors”. First, we saw the news that the 8th largest oil well in the world, located in East Africa, more specifically off the coast of Namibia, had been awarded “to Portugal”. Specifically, the oil well had been awarded, not “to Portugal”, but to GALP, it would have been “to Portugal”, if the company were still public (only 8% are). The company is run by a Portuguese oligarch family, whose holding company “Amorim Energia”, which holds 35.8% of the capital, is based in the Netherlands.
It should be said that it would be more accurate to say that, 80% of the exploration, of the 8th largest oil well in the world, was awarded, not “to Portugal”, but “to the Netherlands”. And although the Amorim family manages the company, the capital is held by an overwhelming majority of North American, English and Canadian capital (75.2% in all). You can see who’s really in charge.
This same GALP, whose transition program towards sustainable energies and sectors envisaged a gradual move away from fossil fuels, has now announced that it has abandoned the proposal to set up a lithium refinery in southern Portugal. GALP, a profit-driven private company, is abandoning a lithium refining business, largely financed by European and Portuguese funds and with a guaranteed market?
Let’s not forget that the ultimate aim would be, with taxpayers’ money, to guarantee GALP entry into a strategic sector from the point of view of “sustainable” industries, and with guaranteed profitability, since the lithium would be explored also in Portugal, refined in Portugal and installed in batteries in Portugal. An extremely lucrative business guaranteed and with the development of important know-how. This explains why GALP accessed the 8th largest well in the world and why it has now come to say that, after all, the decarbonization objectives will have to be postponed. What do these people care about “climate change”?
For Portugal, this project was fundamental, as it would close the cycle of production and electric vehicles within its borders. From lithium mining to the production of electric cars, everything would be done in Portugal. However, there was a catch to this ambitious project. This project, which is one of the most important to be financed under the European Union’s Recovery and Resilience Plan in the country, was based on the production of batteries through the installation of a Chinese enterprise factory named CALB, which has already been approved by the previous government, which curiously suffered a judicial coup of “lawfare”, after which another government was elected, supposedly with different ideas on this matter. Let’s see how the differ.
Once again, we will have to listen to what the U.S. ambassador to Portugal said about the businesses in which Washington would not welcome China’s entry. Wouldn’t welcome is an understatement, as we know. Lithium, personal data, ports and 5G.
This is how a small country like Portugal was caught in the middle of a tectonic dispute between superpowers, in which the still hegemonic power developed a process of destroying the “business environment” applicable to its competitor. As we know, history doesn’t say much about those who are always on the defense, and so they have become increasingly closed. But that’s another story.
This example contains all the complexity, fallacy and aggressiveness of the “decoupling” strategy, which, when translated by Ursula von der Leyen into the “language of the EU”, became “derisking”. It also shows how, in the EU, it is the U.S. that calls the shots and how being anchored to the European Union, and everything it stands for, is in fact a serious brake on development. Portugal, like Mexico, like Germany, Spain, France and the whole of Europe, is seeing investment projects that could keep Europe industrialized closed down, boycotted and destroyed. Just because they are projected with Chinese companies.
Perhaps even then the Chinese company CALB won’t give up on its factory in Portugal. However, this foreseeable foreign interference will not fail to diminish the company’s expectations of future profitability and, above all, create a brake on its competitiveness for better prices. Symptomatically, this continued sabotage of the European economy and that of the “allied countries” is based above all on technologies that the U.S. wants to dominate. In this context, we should also have conscience that Volkswagen has signed an agreement with China’s Xpeng, and that a factory for the German brand is also located in Portugal. We can’t help but get a whiff of the traditional U.S. persecution of the German economy, which suffered a severe setback with the destruction and closure of Nord Stream and what was left of it. It all ties together again.
What this case proves is that today, in the West, and especially in territories that are in some way controlled by the tentacles of U.S. monopoly power (the Portuguese case proves the importance of the public nature of companies like GALP), they are limited to businesses that they are unable or unwilling to sabotage or destroy.
If the Think Thank and research institutes themselves suggest to the U.S. political elite that the best approach would be cooperation, respect for the sovereignty of others and, above all, not trying to get everywhere, it is not for lack of informed knowledge that these elites behave so savagely. Their objective is very clear, and consists of creating such an insecure, unpredictable and erratic environment for Chinese companies that they should abandon their desire to set up and trade with Europe and Latin America, without it being possible to say that it was the U.S. itself that sabotaged the economic development of countries that claim to be “allies”.
The means used range from unilaterally changing the rules, their own rules, promoting agendas such as “decoupling” or “derisking”, or, if necessary, and as Nord Stream proves, directly destroying supporting infrastructures, subverting democracies by organizing judicial coups and color revolutions, threatening sanctions and other penalties. In the last resort, war is even promoted, as was done in Ukraine and is now being attempted in Taiwan.
And this is how everything that has been said before, about open markets that close when at a disadvantage or open when there is a guarantee that only the hegemonic power wins; climate agendas that are a priority but are soon abandoned when the defined accumulation cycles are at stake; respect for the sovereignties of other countries that are protected when it comes to getting closer to rivals and are unprotected when it comes to defending U.S. dominance.
The terms under which the “national security” of the USA is defined, its protection grows at the pace of the destruction of the sovereignty, economy and freedom of its “allies”. Being an “ally” with the USA does not guarantee immunity against economic interference, subversion and sabotage, quite the opposite. It guarantees that this interference is carried out more easily, as the traditional defenses that result from national sovereignty do not exist. To be a friend of the USA today is to watch its own destruction and remain silent.