sexta-feira, 22 de novembro de 2024
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
terça-feira, 17 de setembro de 2024
FIM DA HEGEMONIA DO DÓLAR: CONSEQUÊNCIAS PARA A ECONOMIA GLOBAL (com o Dr W. Powell )
sexta-feira, 16 de agosto de 2024
A CHINA, COMO NÃO É NOTÍCIADA NO OCIDENTE
https://www.youtube.com/watch?v=PLphverPXMc
Na competição capitalista internacional, a importância de proteger e promover os produtores do próprio país, face à competição internacional, são pedras de toque para um vigoroso e autónomo desenvolvimento. Igualmente, a possibilidade de comerciar com quem estiver disponível para fazê-lo, sem interferência de terceiros, será a chave para uma expansão do comércio e relações bilaterais.
A política imperialista raivosa dos EUA, que se aperceberam - um bocado tarde! - de que o seu favorecimento da China, enquanto «fábrica global», estava a permitir o desenvolvimento dum competidor que iria em breve arrebatar os primeiros lugares na competição industrial, tecnológica e no comércio global, é de uma imbecilidade (dos dirigentes ocidentais), que não tem paralelo. Esta política foi de curto prazo e continua a sê-lo; enquanto a política industrial da China é de desenvolvimento, no longo prazo.
Nesta guerra pelo controlo dos mercados, o que sobressai é a transformação em «arma de guerra» do dólar o qual, enquanto moeda de reserva global, deveria ser essencialmente um veículo neutro. Mas ele foi transformado no veículo para tornar eficazes as sanções económicas. Estas são outra arma de guerra económica, totalmente ilegítima, que os EUA se habituaram a colocar aos que punham em causa a hegemonia americana.
Mas, a resposta, por parte da Rússia e da China (e numa certa medida, também do Irão), fez com que os efeitos dessas sanções fizessem «boomerang»: As sanções apenas aguçaram o engenho de contorná-las nos mercados financeiros (ver o vídeo, AQUI), e sobretudo, pelo desenvolvimento da produção nacional, em substituição de artigos importados.
No caso da Rússia, sobressai a rapidez e eficácia com que - perante as sanções - soube desenvolver a sua agricultura, ao ponto de que em vez de ser importadora líquida de produtos alimentares, passou a ser largamente autónoma e, mesmo, exportadora de cereais.
No caso da China, o que mais sobressai, na repercussão da ultrapassagem das sanções colocadas pelos EUA, são os enérgicos desenvolvimentos, com consequências nos setores da indústria chinesa mais avançados tecnologicamente, como (AI) Inteligência Artificial, indústrias eletrónicas (semicondutores ou «microchips») com aplicações militares, ou ainda os carros EV (veículos elétricos).
Uma visão da China dominada por um regime comunista, em que as pessoas estão essencialmente oprimidas pelo mesmo, é o que a propaganda ocidental tem feito passar. Uma pessoa não motivada pela ideologia e que não partilhe os pressupostos sobre os quais assenta o regime chinês, deveria, porém, em nome do realismo, compreender o que está a passar-se:
Deveria ver a China como outra civilização, que usou e assimilou um certo número de valores e técnicas do «Ocidente», mas adaptadas às circunstâncias da sua multimilenar civilização. Não tem sentido projetarmos nossos medos, nossas frustrações, no povo chinês. Isto traduz-se por racismo e cedência perante o que existe de mais opressor, nos nossos países ocidentais.
Daí a dizer que tudo corre bem no «Império do Meio», é outra coisa. Não creio que nenhuma sociedade, seja ela qual for, está isenta de problemas internos, de problemas que são fruto da sua História, ou que resultam dos caminhos tomados no seu desenvolvimento.
O capitalismo foi promovido na China, durante 40 anos. Uma série de magnates surgem, neste contexto, com bom relacionamento com a hierarquia do Partido Comunista. O povo chinês, somente, é que terá de resolver as contradições que se vão desenvolvendo. Toda a ingerência neste domínio tem como origem, de facto, a tentativa de domínio (territorial e populacional). Nada de bom se pode esperar de tais tentativas desesperadas do imperialismo EUA, em declínio.
Se ele conseguisse seus intentos, iria ter mais força para oprimir o povo chinês e outros povos, pelo Globo fora. Se ele falha (como parece ser o caso), a guerra híbrida está deixando marcas que só dificultam o advento da cooperação entre nações e povos.
O que é cada vez mais premente é construir a paz em torno de objetivos realistas, baseada em princípios universalmente reconhecidos: As vantagens mútuas nas relações; a resolução de diferendos pela diplomacia, não pela guerra; a não ingerência de potências nos assuntos internos de um país; a cooperação em relação a desafios globais da humanidade (ex.: ecossistemas, saúde, exploração espacial).
quarta-feira, 19 de junho de 2024
CRÓNICA (Nº29) DA IIIª GUERRA MUNDIAL: UM ANIMAL É MAIS PERIGOSO SE ESTÁ FERIDO DE MORTE
Os imperialistas estão furiosos; a «ordem emergindo do caos», saiu-lhes furada. Estão como animais feridos de morte, que sabem que vão morrer; batem-se com o desespero de quem já não tem hipóteses de ganhar.
Mas, repetem a ficção de que Ucrânia pode ganhar aos russos: A OTAN, recentemente, pela voz de Stoltenberg (seu Secretário-geral), reafirmou o compromisso em admitir a Ucrânia como membro da OTAN.
Só que este país precisava de satisfazer um requisito imprescindível: tinha de vencer a guerra contra os russos. Ora, aqui está um exemplo de hipocrisia e maldade, eternizando o que os dois povos (Ucraniano e Russo) já sofreram. Os próprios estatutos da OTAN proíbem a adesão de um candidato, se este estiver em guerra. Portanto, a OTAN aposta na guerra «eterna» com a Rússia, usando a Ucrânia.
Entretanto, o petrodólar já recebeu a sua sentença de morte. E foi MBS que veio dar a estocada final. Lembrem-se do caquético e servil Biden vir, há um ano atrás, pedinchar ao príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, que este se juntasse ao embargo do petróleo russo e - ainda por cima - fizesse baixar substancialmente os preços, inundando de petróleo saudita o mercado mundial.
https://www.youtube.com/watch?v=IVijYJlMf_8 LENA PETROVA
A «cimeira» da Suíça foi um enorme fiasco e a prova provada da incapacidade dos súbditos do Império em fazerem a política da paz (verdadeira) . Para eles, a paz significa a capitulação da Rússia. Isto não está sequer remotamente dentro dos possíveis.
Como alguém que «busca encarecidamente a paz», apressaram-se a fazer afronta atrás de afronta, roubando as reservas russas em divisas à guarda dos bancos ocidentais e entregando esses ativos, pertencentes ao povo russo, ao regime criminoso e mafioso de Kiev.
Não satisfeitos com isso, assumem armar a junta resultante do golpe fascista de 2014, com mísseis de cruzeiro, capazes de alcançar qualquer ponto dentro da Rússia. Para quem quer fazer figura de «pacificador», não está mal, não senhor!
https://www.youtube.com/watch?v=hJGsRBdFMpA NEUTRALITY STUDIES
O pânico dos poderes dominando o Ocidente, ou seja, as chefias dos países vassalos do imperialismo e que já foram - no seu tempo - potências de primeira-grandeza, possuidoras de vastos domínios coloniais, mostra como são totalmente desapiedados, em relação à população civil palestiniana, que eles olham como se «não fosse em seu poder parar esses massacres imediatamente».
Como estão, aliás, muito preocupados com os ucranianos; Têm-se esmerado em prolongar a guerra, uma guerra com zero hipótese do regime de Kiev vencer, com ou sem armas estrangeiras, com ou sem tropas «mercenárias» (militares que despiram a farda, mas que continuam a ser pagos pela OTAN).
Dizem fontes insuspeitas que, pelo menos, morreram 500 mil soldados ucranianos nesta guerra de atrição («meat grinder» = moedor de carne).
Muitos mais irão morrer inutilmente, para satisfazer a gula insaciável do complexo militar-industrial (principalmente dos EUA) e não menos insaciável gula de Blackrock, Vanguard, Monsanto e congéneres. Desde o princípio desta guerra, têm sido aqueles, os grandes compradores de terras ucranianas de primeira qualidade, para somar aos seus avultados investimentos em muitas áreas, desde os fundos financeiros aos terrenos agrícolas, nos EUA e um pouco por todo o lado.
A característica saliente neste fim de império e de novo milénio, é que as guerras imperiais constantes não são lançadas para serem ganhas, são guerras "eternas", ou seja duram muito para melhor encherem os bolsos dos contratadores, das empresas abutres, grandes bancos «sistémicos», fundos de investimento financeiro e, claro está, das fábricas de armamento. Eles sabem que não podem vencer, então vão provocando os seus adversários que entretanto se organizaram.
Como? Como fazem eles o «cerco a 5 dimensões» à hidra imperial?
- Monetária-financeira (divisa dos BRICS usando «blockchain»)
-Desenvolvimento em infraestruturas e tecnologias (BRICS);
-Integração dos sistemas de defesa;
-Aumento da capacidade nas tecnologias de ponta (ex.: semicondutores);
- Trocas comerciais com todo o mundo, numa base de reciprocidade e interesse mútuo.
Face a estas iniciativas estratégicas, o que tem o Ocidente para oferecer?
-Mais neocolonialismo;
-mais «revoluções coloridas»;
-mais ameaça de invasão aos recalcitrantes;
- mais sanções
-mais propaganda
https://strategic-culture.su/news/2024/06/18/hegemon-orders-europe-bet-on-war-and-steal-russia-money/ PEPE ESCOBAR
quarta-feira, 29 de maio de 2024
EFEITO BOOMERANG: PROÍBIÇÃO DE EXPORTAÇÃO DE "CHIPS" DOS EUA PARA CHINA
domingo, 5 de maio de 2024
FRACASSO COMPLETO DAS POLÍTICAS AMERICANA E EUROPEIA EM RELAÇÃO À CHINA
Jacques Baud é um experiente analista, que esteve ao serviço da contraespionagem da Suíça. Ele está muito preocupado com a deriva bélica e «infantil» dos principais atores da política estrangeira dos EUA (o judeu, Secretário de Estado dos EUA por engano, Anthony Blinken) e dirigentes da UE (o odiado e desprezado Chanceler Olav Scholz ).
Tem uma visão das relações internacionais onde considera que as atitudes mostradas pelo Ocidente não tiveram um efeito positivo para o mesmo. Ele não tem especial simpatia pela a China comunista, mas considera que a questão de Taiwan está a ser empolada pelos EUA. Washington adotou uma estratégia completamente fora e em violação da legalidade internacional. Ele prevê, tal como aconteceu com as sanções contra a Rússia, que a política de sanções contra a China seja, afinal, incentivo para ela se modernizar ainda mais e para ser capaz de fabricar componentes que antes tinha de importar.
As sanções só são consideradas legais, se forem decretadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Em todos os outros casos, são consideradas atos de guerra económica e de ingerência nos assuntos internos dos países sancionados. Nos últimos tempos, o «Ocidente» tem descartado completamente os instrumentos tradicionais da diplomacia, para exercer pressão através destas sanções.
Por isso, Jacques Baud considera que os EUA e a UE deixaram de ter qualquer capacidade de diálogo com potências rivais, para apenas exercerem pressão com sanções e mesmo ameaça ou efetivação de intervenção. O que resulta com países fracos, embora odioso, não resulta com grandes potências, que possuem armamento nuclear e têm a capacidade de viver sem comerciar com o Ocidente; casos tanto da Rússia, como da China.
[Nota: na entrevista abaixo, podeis ligar as legendas automáticas em inglês para melhor compreensão do diálogo]
domingo, 17 de setembro de 2023
JOHN HELMER: ANGLO-AMERICANOS REPETEM ERRO FATAL DE NAPOLEÃO*
Oiça o podcast (ver link em baixo) de «Gorilla Radio» (Chris Cook), com John Helmer e Dave Lindorf.
Compreenda as analogias e diferenças: O resultado é semelhante. É essencialmente o mesmo erro estratégico, apesar das diferenças de pormenor.
John Helmer é o mais antigo correspondente ocidental em Moscovo. Ele é o autor do blog «Dances With Bears»
(*) Comentário de Manuel Banet:
Alguns leitores poderão achar insólito o título, pois pensam que quando os autores se referem ao erro fatal de Napoleão, estão a evocar a invasão pelas tropas imperiais francesas, da Rússia em 1812. Sem dúvida, que esse foi um grande erro, mas «motivado» pelo fracasso do (grande) erro anterior, a saber, «o sistema continental». Tratava-se de um bloqueio ao comércio britânico que tinha de ser cumprido por todos os aliados e «neutros», obrigados a rejeitar a entrada nos portos dos navios de comércio britânicos, inviabilizando toda a espécie de comércio de bens manufaturados e matérias-primas, muitas vindas do ultramar (Ásia, América, África...). Este «diktat» de Napoleão sobre todas as potências europeias continentais, cedo se tornou um fracasso. O comércio continuou sob forma ilegal, com explosão do contrabando, especialmente, nas zonas costeiras mais propícias. Os russos, apesar de batidos repetidas vezes pelos exércitos imperiais e assinarem a «paz de Tilsit», na qual o Czar Alexandre I aceitava o «sistema continental», a verdade é que o volume de contrabando de mercadorias inglesas era imenso. Napoleão, vendo que tinha decretado algo impossível de fazer cumprir, tomou este «desrespeito» do bloqueio das mercadorias inglesas, como pretexto para a invasão da Rússia.
A analogia com os dias de hoje é que os anglo-americanos queriam forçar um banimento de toda a frota comercial russa, assim como um severo controlo e limitação nos preços do petróleo russo exportado, mas não conseguiram nada disso. Logo que as sanções foram decretadas, os russos desenvolveram novas rotas, por vias marítimas seguras, bordejando o mar Ártico, a Coreia do Norte e a China, de forma a escoarem e receberem toda a espécie de mercadorias, incluído as suas exportações de petróleo. De tal maneira a situação se tornou favorável, que os preços do petróleo têm subido muito acima do «teto» imposto pelas potências da OTAN, aos países amigos ou inimigos. Quem tem beneficiado muito são vários potentados petrolíferos do Golfo, os quais compram discretamente petróleo russo, com desconto, para o venderem depois, como se fosse deles e realizando um confortável lucro. Também a Índia tem beneficiado dos descontos, que lhe permitem sustentar a sua economia, tal como muitos outros países em desenvolvimento.
No caso presente, não existe uma guerra naval (ainda), nem houve um «Trafalgar», a vitória naval britânica que destruiu para sempre as ambições de domínio francês nos mares. Porém, os anglo-americanos falharam redondamente nas sanções e bloqueios que queriam impor, não só aos russos, como a quaisquer países que desejassem comerciar com eles. Dois anos depois, os resultados estão à vista: foi um imenso fiasco, que só desorganizou e debilitou os países da OTAN, subjugando inteiramente a UE à vontade imperialista americana.
domingo, 10 de setembro de 2023
SANÇÕES AMERICANAS, GUERRA ECONÓMICA E POR PROCURAÇÃO CONTRA A RÚSSIA E CHINA
As sanções americanas e ocidentais contra os gigantes euro-asiáticos foram um fracasso, que hoje até as entidades oficiais e os media corporativos, reconhecem. Mas, a extensão do fracasso tem sido tão grande, que se pode dizer, em relação a várias instâncias, que tiveram um efeito boomerang. Ou seja, os países sancionados, boicotados, tornaram-se mais fortes, mais resilientes, mais capazes de desenvolvimento autónomo. Quanto aos países europeus, tornaram-se mais dependentes dos EUA, tanto na energia, como no armamento, fazendo com que a política europeia se tenha transformado de um jogo de vassalos (os chefes de estado e de governo, em relação aos EUA) para uma posição de servidão (= impossibilidade de escapar à subordinação). É este o único resultado «positivo» para o Império Yankee.
Visione-se estes dois documentários abaixo, falados em francês. São muito completos e rigorosos nos dados e permitem ver - por contraste - como a media corporativa ocidental tem ocultado ao público, minimizado, distorcido esses factos para manter a narrativa favorável aos governos belicistas da OTAN.
domingo, 16 de julho de 2023
CRÓNICA ( Nº15) DA IIIª GUERRA MUNDIAL - FIM DE REINO DO DÓLAR
Temos de aceitar uma vez por todas que, apesar da guerra na Ucrânia ser uma carnificina como não houve muitas, o cenário principal desta Terceira Guerra Mundial joga-se em planos muito diferentes do mero confronto militar. É um confronto total: Nada mais óbvio, a meu ver, que a luta de uns (BRICS e associados) para arrancarem a hegemonia do dólar, por um lado. Por outro, os EUA e seus aliados, a fazerem tudo para guardar essa hegemonia, incluindo - mas não exclusivamente - através da guerra «cinética» ou dita convencional, fazendo pairar a ameaça de guerra nuclear.
(Ver minhas crónicas anteriores: Crónica Nº13 da IIIª GUERRA MUNDIAL)
Li alguns artigos (ver links em baixo) e tentei resumir, neste escrito, o que aprendi com eles.
Alasdair Macleod chama-nos a atenção para o anúncio - feito pela Rússia - de que estaria para breve uma nova divisa, da responsabilidade dos BRICS, que seria apoiada no ouro. Os media ocidentais, tentaram - como de costume - ignorar ou minimizar a importância deste passo, anunciado para ser oficializado dentro de tempo muito breve, na cimeira dos BRICS de Johannesburg. Os BRICS, entretanto, vão-se alargando, a sua estrutura está a fazer a junção com outras instituições da globalização «alternativa», a Organização de Cooperação de Xangai e a União Económica Euroasiática. Trata-se - nada menos - da maioria da Ásia (incluindo países do Médio-Oriente), além de países de África e América Latina. Ao todo, serão uns 61 países (se a minha contagem está certa), a formarem este novo bloco, em torno do núcleo inicial dos BRICS.
A segunda peça, é de autoria de Marcel Salikhov, o diretor do Centro de Peritagem Económica da Escola Superior de Economia de Moscovo, inicialmente publicada no Valdai Discussion Club: Este documento lê-se como sendo uma planificação estratégica para acabar com a hegemonia do dólar. O autor di-lo, sem esconder os objetivos, com a segurança de alguém que sabe ter apoio e colaboração dum conjunto de especialistas monetários de vários países. Estes países constituíram a «Grande Aliança Informal» que se alargou e consolidou, perante a constatação de que os EUA e seus vassalos não hesitavam em deitar pela borda fora as «regras internacionais», como as do FMI e do Sistema Monetário Mundial (Por ex.: O estatuto especial dos bancos centrais e dos seus ativos), ou a utilização de sanções unilaterais como meio de chantagem política sobre regimes não afetos aos senhores hegemónicos (Aliás, indo contra o espírito e a letra dos tratados da ONU e da OMC).
Quem quiser, pode compreender -pela leitura do artigo - quais os passos propostos para a derrota do dólar enquanto instrumento bélico, usado para subjugar os Estados, exercendo sobre eles uma chantagem permanente, com o abuso do seu estatuto de «moeda de reserva».
Finalmente, o artigo do jornal on-line britânico Off-Guardian, por Riley Waggaman, correspondente em Moscovo. O rublo digital nasceu oficialmente, tendo a Duma (o parlamento russo) votado a lei na Terça-feira passada (a 11 de Julho de 2023). Note-se - de passagem - o silêncio, a falsa indiferença da media corporativa.
O que me parece importante fazer sobressair é que este lançamento do rublo digital não é desgarrado, mas coordenado com o lançamento sob forma digital duma divisa própria dos BRICS. A China, por sua vez, já possui instrumentos técnicos para lançar o Yuan digital em grande escala. Já o fez, a nível experimental, em várias províncias.
Quem está imbuído de conceitos keynesianos, ou deles derivados, tem tendência a desprezar o papel monetário do ouro. Porém, agora, o ouro surge «em todo o seu esplendor». Qualquer país que queira aderir ao «novo clube», quer use um nome novo, ou o nome tradicional da sua divisa própria, precisa de ter um certo grau* de cobertura em ouro nas suas reservas bancárias. Isto tem a sua lógica: Os países podem fazer comércio entre si usando moedas nacionais respetivas; mas, as trocas deverão ser periodicamente ajustadas pois, por coincidência somente, o valor das exportações dum país, cobriria exatamente o valor das importações do outro.
[* Não se trata de convertibilidade automática em ouro, dum padrão-ouro como existiu no séc. XIX, até à Iª Guerra Mundial (1914-1918): Nessa época, as notas de banco eram literalmente certificados de ouro. O seu possuidor tinha direito de as trocar pela quantidade correspondente em ouro ao balcão dum banco comercial.]
O resultado de os membros, e da própria organização dos BRICS alargada, terem a sua divisa comum e as divisas digitais dos vários países (rublo, yuan, ...) com o «backing» do ouro, é que esvaziam as moedas digitais que os países ocidentais pretendem lançar como versões digitais das divisas «fiat». Estas últimas, não são garantidas por nada, a não ser pela «confiança» nos bancos centrais e nos governos que as emitem!
ARTIGOS EM QUE ME BASEEI:
https://www.goldmoney.com/
https://www.informationclearinghouse.info/57678.htm
https://off-guardian.org/2023/
PS1 : Nomi Prins, em entrevista ao KWN, reforça os aspetos da mudança tectónica, referida no meu artigo acima. Veja e leia:
https://kingworldnews.com/nomi-prins-just-warned-what-is-about-to-be-announced-will-shock-the-world/
quinta-feira, 6 de julho de 2023
PRIGOZHIN E A SECUNDARIZAÇÃO DA EUROPA por Alastair Crooke
O artigo abaixo, de Alastair Crooke vale a pena ser lido na íntegra:
https://strategic-culture.org/news/2023/07/03/prigozhin-and-the-diminishment-of-europe/
Traduzi algumas frases em português, abaixo, para dar aos leitores uma ideia do seu conteúdo. Porém, tem muito mais reflexões interessantes:
A Europa, em resumo, colocou-se a si própria como vassala – uma vassala voluntária e submissa. Quando a UE seguiu os EUA e adotou as sanções contra a Rússia, os líderes da UE anteciparam um rápido colapso financeiro da Rússia. Estavam enganados. Quando a UE - sem cuidar dos seus interesses próprios - negou a si mesma a compra de combustíveis russos, calcularam que a Rússia não conseguiria aguentar-se economicamente - na ausência do mercado da UE - e que iria capitular rapidamente. Estavam enganados. Quando a OTAN lançou a guerra sobre a Rússia (via Ucrânia), a UE esperava a rápida derrota das forças russas e das milícias do Don. Estavam enganados. Quando Prigozhin desencadeou a sua 'insurreição', os líderes da UE esperaram ansiosos que se seguisse uma imediata guerra civil. De novo, estavam enganados.
Agora, a UE encontra-se arramada a sanções, sem fim à vista, contra a Rússia (e com sanções contra a China a seguir); um subsídio eterno a Kiev; um eterno ciclo da militarismo da OTAN; e uma economia em vias de desindustrialização, elevados custos energéticos e dificuldades de abastecimento.
domingo, 16 de abril de 2023
CASO ASSANGE: AUTORIDADE MORAL DOS EUA ESTÁ MORTA E ENTERRADA
https://caitlinjohnstone.com/2023/04/16/us-moral-authority-is-dead-and-buried/
Excerto do artigo de Caitlin Johnstone
« A questão não é que a perseguição movida a Assange faz os EUA parecerem mal, mas antes que a perseguição prova que os EUA são o mal.
E, claro, não precisávamos da perseguição a Assange para chegarmos por nós próprios a esta conclusão. Os EUA são o único governo na Terra que gastou o século 21 a matar pessoas aos milhões em guerras pelo domínio geoestratégico, que tem condenado populações à fome em consequência das sanções e bloqueios, em todo o mundo. A única potência que envolve o Planeta com centenas de bases militares, com o objetivo de domínio global e tem estado a aumentar constantemente o risco de catástrofe nuclear com a escalada das suas agendas, orientadas para manter sua hegemonia unipolar. O caso de Assange, apenas faz com que a completa ausência de moral do governo dos EUA sobressaia muito mais claramente.»
Leia o artigo completo AQUI:
sábado, 11 de fevereiro de 2023
A DESDOLARIZAÇÃO ACELERA-SE
Segundo as últimas notícias, veiculadas por Pepe Escobar, os sistemas de pagamento bancário do Irão e da Rússia estarão em direta interação, em breve, formando uma plataforma imune às intervenções de guerra económica, que os EUA - pretensos «donos do mundo» - quiseram impor.
Outro sinal claro de desdolarização, é o acordo firmado entre o Banco central da China e o do Brasil: Estas instituições assinaram um memorando de cooperação permitindo a utilização do RMB (renminbi, o «dinheiro do povo» ou yuan). Isto vai fazer com que avancem significativamente e na prática, os acordos de investimento e cooperação. Mais um passo para a internacionalização do RMB, com a diminuição correlativa da fatia de trocas comerciais efetuadas em dólares.
Como eu tenho afirmado aqui, nestas páginas, o processo da guerra global que podemos chamar a IIIª Guerra Mundial, ocorre em vários planos, desde a parte propriamente militar, até À RÁPIDA TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM MONETÁRIA, ENTRE OS PAÍSES NÃO TOTALMENTE DEPENDENTES DOS EUA. Note-se, que isto inclui países como a Arábia Saudita e as monarquias do Golfo.
Mesmo países com fortes laços com os EUA, como a Coreia do Sul, são obrigados - em função do contexto global no qual estão inseridos - a não alinharem com os EUA no que toca às sanções, pois isso iria afetar diretamente a sua indústria.
Não me surpreendem nada estes desenvolvimentos, tenho escrito sobre eles, em várias ocasiões. O que me surpreende é miopia dos poderosos, desde banqueiros até aos generais que, no centro do dispositivo imperial, dispõem de todas as informações e podem fazer uma avaliação realista da situação que eles próprios criaram. Não acredito que eles tenham uma ideia clara do que têm estado fazer.
De facto, têm estado a dar múltiplos tiros pela culatra (ou no pé). Penso que perceberam já a acumulação de erros estratégicos, que têm levado o Império do Dólar à situação presente. Acredito que, perante este panorama, decidiram fazer «como se», perante as massas dos países que controlam, a começar pelos próprios cidadãos americanos.
Os povos do chamado «Ocidente» têm sido sujeitos a uma dose de propaganda impressionante. Alguém que acredite integralmente na paisagem política, económica e militar que é veiculada pela media ocidental, é como se estivesse num universo paralelo. Haverá alguns ainda sob essa ilusão, mas muitos outros, embora já tenham descolado do tecido de mentiras propalado pelas fontes nas quais confiavam, estão ainda desprovidos de instrumentos conceptuais para perceberem realmente o que se está a passar.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2023
OURO REGRESSA AO CENTRO DO SISTEMA FINANCEIRO
segunda-feira, 2 de janeiro de 2023
CRISE ENERGÉTICA; SUA ORIGEM E A QUEM BENEFICIA
domingo, 1 de janeiro de 2023
FUNDO SOBERANO RUSSO AUTORIZADO A SUBIR PERCENTAGEM DE YUAN ATÉ 60%
terça-feira, 20 de dezembro de 2022
ENTREVISTA COM O PROF. MICHAEL HUDSON (PARTE II)
quinta-feira, 1 de dezembro de 2022
Causas da inflação: Pelo lado da procura ou pelo lado da oferta?
Quando observamos a situação atual da economia e mercados nos países ocidentais, depara-se-nos uma situação estranha.
As causas da inflação podem ser esquematicamente atribuídas a um excesso da procura (quando há mais dinheiro disponível do que bens consumíveis); ou a uma escassez da oferta, quando a produção não consegue satisfazer a procura dos consumidores (há menos produtos do que compradores dos mesmos).
Todos nós sabemos que a «crise do COVID» desencadeou uma resposta coordenada mundial de lockdown (confinamento) durante o mês de Março de 2020, tendo havido uma redução muito grande de toda a espécie de atividades económicas e de trocas comerciais, no mundo inteiro. As restrições draconianas supostamente necessárias para combater o vírus, foram muito pouco eficazes* no combate à epidemia. Porém, foram «eficazes» em perturbar gravemente a logística, o aprovisionamento das cadeias de produção, montagem e distribuição, de toda a espécie de bens manufaturados.
Quem conhece o funcionamento de quaisquer empresas industriais sabe que elas - mesmo as maiores - tiveram imensas dificuldades. Algumas tiveram de interromper a produção - por exemplo, nalguns modelos de eletrodomésticos ou de carros - porque tinham esgotado os stocks de «chips» e de outras componentes essenciais e não facilmente substituíveis. Isto passou-se nos anos de 2020-2021.
O sistema de produção industrial montado nos últimos decénios, adoptou a estratégia industrial do «Just In Time», ou seja, as componentes são produzidas à medida das necessidades de incorporação destas no produto final. Assim, os fabricantes evitam a existência de grandes stocks de componentes, a sua gestão complexa, os espaços de armazém a que obrigam, etc. Mas, por outro lado, é um sistema muito frágil, suscetível de ficar paralisado por causa de uma secção da empresa, ou de um fornecedor externo, que estejam a funcionar mal, ou estejam paralisados, por qualquer razão.
As ruturas nas cadeias de produção foram um dos fatores que levaram a uma situação inédita, nos tempos recentes: Haver nítida escassez da oferta dos bens, em relação à procura.
Depois, a situação não voltou inteiramente ao normal, pois as estruturas mais frágeis tiveram imensas dificuldades, que não foram colmatadas pelas ajudas dos Estados. Estas ajudas foram canalizadas para dois setores: a banca e as grandes empresas e o «dinheiro de helicóptero», as ajudas diretas para as pessoas, numa espécie de antevisão de um «rendimento universal» em certos países. As repercussões desta rutura ainda hoje se notam na estrutura produtiva, principalmente nos países do Ocidente, pois houve demasiados elos da cadeia de produção que foram interrompidos. Como sabemos, há muita externalização de serviços no funcionamento concreto das economias dos países afluentes. São estas, em geral empresas pequenas ou médias, as mais afetadas pela crise desencadeada pela resposta ao COVID. Quantas ficaram debilitadas? Quantas acabaram por fechar? Todos estes casos vão traduzir-se numa «escassez da oferta», que - muitas vezes - tem efeitos de desorganização noutros setores. Ao nível dos preços, houve uma subida não motivada pelo aumento da massa monetária em circulação (ou independente disso).
Por outro lado, criou-se um ambiente de «Guerra Fria nº2», com as sanções drásticas contra a Rússia e a criação de dificuldades nas relações com a China. As consequentes dificuldades dos países ocidentais, no abastecimento de gás natural e de petróleo, fizeram com que houvesse - a partir de Março de 2022 - uma subida muito grande dos preços da energia. Esta inflação também é causada pela «falta de oferta», por escassez dos combustíveis: Aqui, trata-se de escassez autoinfligida, pois a Rússia não utilizou a «arma do petróleo» como contraposição às sanções muito duras dos países da NATO, em consequência da invasão da Ucrânia, em Fevereiro de 2022. Temos aqui uma segunda causa, muito importante, de inflação. O preço da energia não descerá facilmente para níveis semelhantes aos que vigoravam há apenas três anos atrás. O efeito direto é no consumo das famílias, afetadas pelas faturas bruscamente crescentes do gás, da eletricidade e de gasolina. Porém, muitas atividades económicas são severamente castigadas pelo aumento da componente energética nos seus custos de produção: A maior parte das empresas fica no dilema de aumentar os preços dos seus produtos devido ao aumento da fatura energética, ou de manter os preços para não perder clientes e ficar afetada no seu rendimento, podendo mesmo ter de decretar falência.
Uma subida das taxas de juro vai encarecer o crédito e logo, em muitos casos, vai «arrefecer» a procura. Por exemplo, juros mais altos = menos crédito à habitação = menos compradores de casas. Mas, tais subidas de taxas de juros funcionam para situações em que haja maior disponibilidade das empresas e dos particulares para consumirem mais. Ou seja, a subida da taxa de juros, só tem efeito se e somente se houver um excesso de capital disponível no sistema. Não se trata disso, no caso atual, mas da escassez ao nível da produção, da oferta de produtos. Logo, os «remédios» que os bancos centrais - a pedido dos governos - aplicam, são totalmente ineficazes para minorar a crise. Pior: são prejudiciais, pois limitam o crédito à produção das empresas, quando justamente, era preciso aumentar tal produção. As medidas levadas a cabo pelos governos e bancos centrais ocidentais não servem, porque é a capacidade produção em variados setores que está a ser afetada. As economias ocidentais sofreram uma retração - brutal nalguns casos - da oferta: A única política económica eficaz passará por criar condições materiais, concretas, para acabarem os estrangulamentos artificiais da produção.
Um levantamento das sanções absurdas contra a Rússia impõe-se. Aliás, estas sanções são causadoras do maior dano aos próprios países que as decretaram. A Rússia tem-se mostrado capaz de lhes fazer frente. Tem mostrado possuir uma economia muito mais resiliente do que os políticos do ocidente julgavam. Sobretudo, não sofreu de isolamento ao nível internacional, como aqueles esperavam. Tem alargado as relações a todos os níveis com a China, a Índia e os países da Ásia do Sul e do Médio Oriente.
Há quem pense que a política monetária e financeira seguida no Ocidente está a precipitar os países para o colapso. Porém, será um colapso desejado, procurado, pois vem tornar possível, aquilo que em circunstâncias «normais» não o era. Refiro-me à digitalização a 100%, ou seja, os únicos instrumentos monetários legais seriam as divisas digitais emitidas pelos bancos centrais. A economia seria mais controlável pelos governantes, mas isso não implica melhorias para as pessoas comuns, antes pelo contrário. Mas, tal como na saga da pandemia de COVID, uma psicose de medo pânico pode levar as pessoas a fugirem para «soluções» que vão ao contrário da sua autonomia. As pessoas trocam, com demasiada facilidade, as parcas liberdades de que AINDA gozam, pela segurança (FALSA) que lhes promete um Estado todo poderoso, em união com as grandes corporações**.
A definição do fascismo - segundo o próprio Mussolini - está a ser realizada, agora, em frente dos nossos olhos, pela plutocracia e governos «ocidentais»: A união do Estado com as corporações.
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(*) sabemos que as poucas nações (como a Suécia, mas não é caso único) que não entraram numa política mais estrita de confinamentos, tiveram taxas de morbilidade e de mortandade causadas pelo vírus Sars-Cov-2, da mesma ordem de grandeza e não superiores, às que fizeram confinamentos estritos.
(**) pense-se nos setores de AI, robótica, comunicação massificada, redes sociais cujos proprietários são magnates, redes de distribuição mundiais, etc.
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Para saber mais sobre o assunto, consultar:
https://www.goldmoney.com/research/winter-in-central-europe-and-for-the-dollar
https://goldswitzerland.com/in-the-end-the-goes-to-zero-and-the-us-defaults/
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/11/crise-sistemica.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/09/colapso-progrmado.html