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quinta-feira, 1 de maio de 2025

NA TRANSIÇÃO PARA O NOVO SISTEMA MONETÁRIO





Enquanto muitas batalhas têm lugar nos mais diversos pontos do globo, seja no sentido físico do termo, seja no sentido figurado, com as guerras comerciais, económicas, mediáticas, tecnológicas, de propaganda e diplomáticas, a batalha discreta - mas decisiva - para moldar o futuro próximo, é aquela pela definição do novo sistema monetário internacional.

Neste contexto, a perigosa e radical separação entre a China e os EUA, do ponto de vista comercial, terá como epílogo a separação correlativa do domínio do dólar e do yuan. Com efeito, ao nível dos grandes negócios, envolvendo grandes montantes, tem sido o dólar a divisa mais utilizada. Porém, com a «guerra tarifária», desencadeada por Trump, as empresas e Estados estão cada vez mais reticentes em usar o dólar, o qual tem sido instrumentalizado, usado como arma de chantagem pelo governo dos EUA, contra quaisquer entitades (estatais ou privadas) que não se conformem com a vontade imperial.

Por exemplo, bancos franceses e suíços foram sancionados por intermediarem trocas com o Irão, algo perfeitamente legal face à legislação dos países-sede destes bancos. Porém, sofreram multas avultadas, decretadas por tribunais americanos, devido a irem contra as sanções (ilegais, aliás) que o governo dos EUA tinha lançado contra o Irão.

No campo dos BRICS, o Yuan (ou Renminbi) será cada vez mais usado, em paralelo com divisas doutros membros dos BRICS ou de membros associados. Neste campo, a utilização de bonds (obrigações) em Yuan será cada vez mais favorecida, tanto mais que estes bonds são trocáveis pelo seu equivalente em ouro na bolsa de Xangai.

Esta propriedade irá permitir que países exportadores de petróleo, como a Rússia, os Emiratos Árabes, a Arábia Saudita, etc. conservem obrigações em Yuan, pois estas são muito líquidas. Qualquer outra entidade estará interessada em receber como forma de pagamento, estes títulos remíveis em ouro.

No novo paradigma de trocas internacionais, as partes poderão efetuar pagamentos e acertos como entenderem: Seja com divisas dos respectivos países, ou com divisas de países terceiros, ou até com a troca direta (barter, em inglês) de matérias-primas ou metais preciosos.

Por exemplo, nos contratos de venda do petróleo angolano, este poderá ser pago em Dólares, em Yuan ou em troca de mercadorias que Angola importa da China. As trocas comerciais, Sul-Sul serão muito agilizadas. Já não será obrigatório usar dólares e passar por intermediário, num dos grandes bancos americanos. Isto envolvia a possibilidade de interferência, que podia ir até ao congelamento e ao confisco de avultadas quantias, pelos EUA.

O sistema de pagamentos internacional dos BRICS, o M-BRIDGE, já foi testado e funcionou perfeitamente entre países árabes e a China. Trará muito maior rapidez e segurança que o sistema SWIFT. Este último, confere o controlo dos EUA sobre as transações internacionais e implica operações entre bancos intermediários nos pagamentos, podendo durar vários dias entre o envio e o recebimento das quantias (além dos custos). Enquanto o M-BRIDGE pode efetuar - graças ao sistema «blockchain» - a mesma operação em segundos, com baixos custos e com inteira transparência. Há quem diga que o motivo próximo para Trump ter desencadeado a «guerra tarifária», terá sido o facto da China e seus parceiros comerciais terem lançado, com sucesso, o sistema M-BRIDGE, concorrente do sistema SWIFT.

A multplicação de trocas sem ter o dólar como intermediário, vai tornar as sanções americanas contra certos países que não se curvam ao seu diktat, praticamente inoperantes. Assim, a arma preferida dos EUA no domínio económico e financeiro, as sanções, perde a sua eficácia. Com efeito, até agora, muitos países e empresas neutros e que pretendiam ter relações comerciais com países aos quais os EUA decidiram impor sanções, também estavam sujeitos a sanções secundárias, caso não parassem o intercâmbio comercial com os países sancionados. Esta pressão tinha eficácia, porque o dólar era obrigatoriamente intermediário nas operações comerciais e financeiras, sobretudo nas de grande volume.

Hoje em dia, rompeu-se o tabú: Os sauditas assinaram um acordo com os chineses, segundo o qual o petróleo será transaccionável em Yuan, por acordo entre as partes (e não somente em dólares). A venda de produtos petrolíferos em dólares, exclusivamente, em troca a «proteção» dos EUA à monarquia saudita (e por extensão, a quaisquer países da OPEC), foi o pilar que manteve o «petrodólar» durante meio-século:

- Qualquer país precisava de dólares para ter acesso aos combustíveis nos mercados mundiais, ou a outras matérias-primas. Esta situação está a modificar-se muito depressa, não apenas pelo enorme volume de combusíveis comprados pela China às monarquias árabes do Golfo, como também ao Irão e à Rússia. As trocas com estes dois últimos países não envolvem o dólar e têm tendência a crescer.

No ano 2000, cerca de 70% das trocas internacionais eram saldadas em dólares, enquanto hoje (25 anos depois), apenas 56% o são. Este processo de regressão do dólar foi recentemente acelerado pela desastrosa política da administração Trump, de erguer barreiras alfandegárias aos produtos dos seus parceiros comerciais. Mas Trump foi obrigado a recuar, face às reacções, que ele não esperava, tanto de amigos como de inimigos: A UE e o Japão tiveram reações muito negativas face à imposição de tarifas, além da China e do Sul Global.

Será necessário reformar os acordos internacionais, para cimentar de novo a confiança no comércio internacional. É certo que tal processo irá levar algum tempo, mas será inevitável, pois nem os mais fiéis aliados dos EUA ficam satisfeitos com um mercado mundial fraccionado. A mundialização das trocas comerciais e financeiras, a chamada «globalização», não é reverstível de uma penada. Os britânicos, por exemplo, querem manter boas relações com a China; a guerra de sanções é contrária aos interesses industriais e financeiros britânicos.

Não podemos pressupor o que trará a nova arquitetura financeira mundial, mas podemos conjecturar que não haverá obrigação de comerciar numa determinada divisa, podendo os pagamentos internacionais ser mais rápidos, através dos sistemas digitais, incluindo «blockchain». Estes, têm a vantagem da transparência, tornando a fraude impossível. Também a especulação com as divisas será, senão impossível, muito menor em volume.

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RELACIONADO:


sexta-feira, 11 de outubro de 2024

CIMEIRA DE KAZAN: MUDANÇA DE MARÉ NAS DIVISAS FIAT (Alasdair Mcload)

Nesta entrevista Alasdair Mcleod esclarece a fundo o que está em jogo, no contexto atual, geopolítico e financeiro. 

Não perca! Ele coloca as questões que ninguém se atreve a colocar!


                                                 



NB: Ao longo dos anos, tenho acompanhado a crise do dólar. Também tenho ponderado quais as respostas que, sobretudo na Rússia e na China, têm sido implementadas, quer dentro dos seus países, quer no seio dos BRICS. Temos agora, em Kazan, o momento da criação dum sistema internacional, adossado ao ouro e graças ao qual as trocas internacionais beneficiarão de estabilidade e segurança.

A nova unidade de troca não pertencerá a nenhuma nação, ao contrário do sistema resultante de Bretton Woods, que instaurou o dólar dos EUA como divisa de reserva mundial, que todos os bancos centrais dos diversos países deviam possuir como reserva.

No mundo de hoje, as relações monetárias são estruturalmente causadoras de inflação. Esta é, na essência, a perda de valor aquisitivo duma divisa. É o que acontece no constante desvalorizar do dólar US. Este, desde 1971 perdeu 98% do poder aquisitivo face ao ouro, arrastando consigo todas as outras divisas.

sexta-feira, 30 de julho de 2021

O QUE SIGNIFICAM OS TRILIÕES DE DÓLARES DESPEJADOS PELA «FED»?


A «ciência económica» que nos é apresentada pela media corporativa, ou mesmo a que é ensinada nas universidades, tem muito pouco de ciência, mas disfarça bem. 

Sabe envolver-se em roupagens muito complicadas para que as pessoas como tu ou como eu, não compreendam nada e acreditem no discurso enviesado de «analistas», «doutores», «especialistas», que fazem apenas o papel de guarda-ventos dos muito poderosos. 

Ninguém (ou quase) nos meios de informação corrente, diz a verdade sobre a inflação. Esta verdade simples é que o fenómeno tem sempre que ser monetário, ou seja, ser devido ao aumento significativo da massa monetária em circulação, relativamente aos bens e serviços presentes nos mercados e que são adquiríveis com essa massa monetária. 

Visto assim, o fenómeno do aumento dos preços, é realmente um epifenómeno, uma consequência do que se passa a montante, ao nível das políticas monetárias.

Esta introdução serve para explicar o interesse do vídeo de Lynette Zang, que consegue desfazer os «mistérios» da política monetária, literalmente diante dos nossos olhos, pondo a nu as falácias dos atores desta charada enorme que tem o nome de QE, «quantitative easing». 

Desde 2008, tem sido a política da FED e de todos os bancos centrais ocidentais. Uma política hiperinflacionária de impressão monetária, em aplicação de doutrinas do «neokeynesianismo» e da «MMT» ( Modern Monetary Theory = teoria monetária moderna). 

Lynette Zang mostra como Jerome Powell, o presidente da FED, mente quando responde aos jornalistas, numa conferência de imprensa recente. Ele desvaloriza o aumento da inflação e «justifica» por que razão a FED considera que ela seja «temporária». 

O vídeo é  muito esclarecedor, mas - infelizmente- não existe tradução simultânea do inglês para outras línguas. Mesmo assim, o que diz Lynette é compreensível, mesmo para pessoas com dificuldade em perceber o inglês, pois ela apoia as suas explicações em gráficos que vai mostrando em simultâneo.

                      

Como complemento à visualização do vídeo acima, encontrei o infográfico seguinte, que dá a noção quantitativa dos biliões de dólares despejados, em contínuo, pela FED. 

Penso que este infográfico ajuda a compreender a loucura e desregulação total do sistema financeiro e monetário (clicar no link abaixo)

                       


Sendo o dólar, ainda, a mais importante moeda de reserva mundial e de trocas comerciais, é evidente que o colapso no valor do dólar vai implicar o colapso económico mundial. Por isso, a minha insistência em acompanhar estes fenómenos. Ela não se deve a qualquer fixação (positiva ou negativa) relativamente ao que seja americano, como se possa superficialmente julgar. É porque a agudização da crise económica mundial está correlacionada com as políticas monetárias da Reserva Federal Americana (FED).

Infelizmente, não existe informação fidedigna ao alcance da maioria, não por ela ser difícil de obter, mas porque a media corporativa, que domina o noticiário económico, faz tudo para ocultar a verdade aos cidadãos.
Eu tenho estudado, desde há cerca de 12 anos, estes fenómenos para salvaguarda própria e da minha família, não por mero interesse «académico».

As coisas encaminham-se a passos largos no sentido do colapso, o que irá viabilizar a completa digitalização do dinheiro (o desaparecimento do dinheiro-papel).
Por sua vez, isto será o ponto decisivo de viragem, do «The Great Reset» e que, afinal é outro nome da «Nova Ordem Mundial» desejada pelos globalistas, desde o tempo da fundação da «Trilateral», nos anos 70, ou antes, tendo por detrás o poderio económico, político e militar.
Obviamente, tudo é feito ao nível dos órgãos de informação, controlados pelos multimilionários globalistas, para que nós não saibamos realmente o que significam as suas manigâncias financeiras.
Estarmos adormecidos, ou iludidos, é condição para instaurarem a ordem mundial DELES, sem que haja levantamentos, insurreições ou revoluções, um pouco por todo o lado!




quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

EMERGÊNCIA DE UM NOVO SISTEMA MUNDIAL BASEADO NO PADRÃO OURO

Reproduzo alguns aspectos essenciais da análise de Jim Willie, que poderão consultar na íntegra, aqui

Jim Willie começa por afirmar que a supressão do preço do ouro está a chegar ao fim. Esta supressão teve como suporte os contratos de futuros em ouro (o mesmo se passa com a prata) que são negociados, como outros derivados, nas bolsas do COMEX e da LBMA, mas que não correspondem a quase nenhum ouro subjacente. Por outras palavras, negoceiam-se títulos de compra e venda de ouro, que não desembocam na entrega do metal, mas apenas são «redimidos» em dólares. Os pedidos de entrega do ouro correspondente a contratos, têm sido - repetidas vezes - negados. Apenas grandes bancos têm - na prática - a possibilidade de obter, desta forma, o ouro físico. 
Pensa-se que a proporção de contratos sobre a quantidade de ouro depositado nos cofres destas instituições, seja de cerca de 1:200 (1 onça de ouro físico para 200 onças de «ouro-papel»). Esta fraude repetida tem permitido a supressão do preço do ouro: Quando a tendência é para uma subida acentuada, os grandes bancos emitem contratos de ouro-papel (vazios, não baseados em barras de ouro subjacentes) que inundam o mercado de futuros do COMEX e LBMA, normalmente em horas de pouca movimentação, para garantir a descida mais acentuada do preço.

Segundo Willie, 3 factores se conjugam para o preço do ouro subir até valores que compensem a impressão monetária, em grande escala, que tem ocorrido.

1- O regresso do QE (Quantative Easing) ou seja, da impressão monetária não contrabalançada por retirada de divisas do mercado. 
Powell deu um claro sinal de que a FED vai fazer uma «pausa» na redução/venda dos activos detidos. A imprensa financeira e Wall Street interpretaram isso como uma inversão da política de Quantitive Tightening (QT) prosseguida desde há dois anos, nos EUA. Por outro lado, os especialistas em obrigações do tesouro (treasuries) e em derivados, asseguram que a compra discreta destas pela FED tem continuado, apesar da sua proclamada retirada. Quanto à subida gradual da taxa de juro, esta ainda está muito longe de atingir a sua média histórica.
A política de QE da FED foi causadora de uma grande subida do ouro, invertendo a tendência de descida, a partir do ano de 2016. Agora, existe um mercado altista no ouro, que a «pausa» no QT ou a retoma do QE, está a estimular.

2- O SGE (Shangai Gold Exchange): a bolsa do ouro de Xangai tem tido um enorme volume de transacção de ouro físico. Há uns tempos atrás, a China lançou uma nota de crédito em Yuan, como instrumento importante nas suas trocas comerciais globais, nomeadamente, com países exportadores de petróleo. Esta nota de crédito em Yuan vem substituir as «treasuries» americanas de curto e médio prazo, que têm sido utilizadas como instrumento corrente de pagamento, em trocas de grande volume. 
Com a maior utilização da nota de crédito em Yuan, conjuga-se a possibilidade de converter esses yuan em ouro no SGE. Necessariamente, a bolsa de Xangai será ainda mais activa e cada vez maior número de instâncias internacionais aceitarão de bom grado esta nota de crédito. Esta nota de credito em Yuan será bem aceite, pois não terá risco e será redimível em ouro (No SGE a compra de ouro é exclusivamente feita em Yuan).

3- As directivas de Basel: Basel é onde se situa a sede do BIS (Bank of Internacional Settlements) o «banco central dos bancos centrais». 
Este banco tem emitido directivas cujos bancos centrais dos vários países fazem cumprir às entidades bancárias sob sua jurisdição. Assim, segundo directiva em vigor partir de 31 de Março, os bancos comerciais vão poder constituir reservas em ouro, visto que este passa a ter o estatuto de «Tier 1» ou seja, a par do dinheiro líquido e das obrigações do tesouro. 
Estas reservas, por sua vez, são muito importantes para os bancos comerciais, pois determinam a sua solidez e quais os montantes estão autorizados a emprestar. 
Esta pequena mudança em relação ao ouro, está a sinalizar uma nova abordagem. O seu intuito claro é salvaguardar a sua utilização como componente do grande «reset», ou seja, da reestruturação do sistema monetário internacional. 
Aliás, várias vozes próximas do FMI têm vindo a propor uma reestruturação baseada na substituição do US dólar  como moeda de reserva (uma das resultantes dos Acordos de Bretton Woods) por um cabaz  (o SDR) de moedas em proporções diversas... dólares, euros, yens, libras e yuans. Propuseram eles que este cabaz seja alargado a metais preciosos (ouro, principalmente) e até matérias-primas (petróleo, etc). 

Estão - por detrás da cortina - a cozinhar a tal transição ou «reset», mas discretamente, para não desencadearem pânico no público. Também estão a tentar uma transição que mantenha o poder dos bancos centrais e da grande banca, ou até o reforce ainda mais. 

Os leitores interessados poderão consultar vários artigos que tenho dedicado, ao longo dos anos, a estes assuntos, ver em particular:

http://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/11/como-e-que-elite-globalista-pretende.html

http://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2019/02/para-compreender-o-mundo-de-hoje.html

http://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/07/o-famoso-reset-ja-estara-ocorrendo.html




sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

SISTEMA MONETÁRIO INTERNACIONAL. LANÇANDO ACHAS PARA A FOGUEIRA...

Lendo um excelente artigo de Charles-Hugh Smith, o autor do blog «OF TWO MINDS», sobre a possibilidade ou não do retorno ao padrão-ouro, fica-se a compreender o paradoxo do sistema monetário usando uma divisa de reserva, o US dollar.
Porém, no mundo de hoje, largamente digitalizado, a existência de reservas de ouro nos bancos centrais não é paradoxalmente «relíquia do passado», como muitos afirmavam, mas «a moeda de reserva em última instância», segundo Alan Greenspan.
Poucos, infelizmente, são os economistas e especialistas monetários de hoje com coragem de pensar, como diz Charles-Hugh Smith, fora do «culto keynesiano».

Afinal, nas condições do presente, um sistema monetário internacional - que preencha as suas funções essenciais - pode existir e funcionar perfeitamente, entre os diversos países, sem que existam reservas de moeda ou de ouro, nos respectivos bancos centrais.

O sistema justo poderia ser algo que funcionasse como o «bitcoin» ou outras moedas digitais (criptocurrencies), as quais são neutras em si mesmas, não são manipuláveis por nenhum banco central, não são sujeitas a manipulações pelos governos de nenhuns países.
Porém, no âmbito do que existe atualmente, verifica-se uma forte ligação de quase totalidade dos sistemas de pagamento baseados em divisas nacionais. No imediato, certamente não prevejo que se possa eliminar estas mesmas divisas, os dólares, os yuans, os euros, as libras, etc. Ora, as divisas nacionais são o alvo preferido da especulação. Isso cria instabilidade e nenhuma riqueza verdadeira. Qualquer sistema que elimine esta especulação, essencialmente danosa para as economias, terá uma vantagem decisiva sobre o presente.

Um sistema monetário internacional estável, neutro e não sujeito a especulação

É simples, no nosso mundo, chegar a acordo sobre um conjunto de matérias-primas, cuja cotação esteja contemplada num «cabaz». Estas matérias-primas podem/devem incluir: os metais preciosos, os metais industriais, os cereais e os combustíveis.
Assim, todas as divisas nacionais se iriam referir a esse «cabaz». Um Dólar, um Yen, um Euro... etc, que fracção deste cabaz de matérias-primas poderia comprar?
Todas as moedas estariam automaticamente cotadas, umas em relação a outras, pois todas se posicionavam pela sua capacidade acquisitiva relativa ao cabaz.

Não haveria necessidade de divisa(s) de reserva ou de uma reserva de ouro (ou de outros valores tangíveis) na posse do Banco Central de cada país.
Aliás, não seria indispensável uma entidade complexa e pesada chamada «Banco Central»: a função histórica do Banco Central emerge com a economia mercantil do início do século XVIII, com as moedas de ouro, prata e outros metais em circulação a serem parcialmente sustituídas por títulos desse mesmo banco central. Logo nos primeiros tempos deste sistema, se verificaram fraudes monumentais, como a de John Law...


Muitos governos, pressionados por diversos fatores, são tentados a aumentar a impressão de moeda, tendo isso um efeito diluidor de seu valor nos mercados monetários, ou seja, cada unidade dessa moeda valendo menos. Ao recorrerem a este mecanismo, põem em risco a credibilidade da própria divisa, podendo mesmo acabar por desencadear hiperinflação. Uma tal inflação monetária não seria impossível de acontecer no novo sistema, porém seria muito menos provável, pois a excessiva presença dessa tal divisa causaria, como reflexo, a subida da cotação das matérias-primas nessa divisa. A descida da capacidade aquisitiva dessa moeda, referente ao cabaz, seria logo detectada.
Com este sistema, muito simples de implementar, cada nação teria fixado, ou estabilizado, o valor da sua respectiva divisa. Não haveria mais crises, desencadeadas por especuladores do tipo de George Soros que fez fortuna especulando contra a Libra esterlina, as moedas nacionais de vários países do Sudeste Asiático, o Rublo... Não haveria campo para especulação grande e pequena no FOREX e nos mercados de «derivativos».
Note-se que a flutuação cambial é - em grande parte - correlacionada com os movimentos especulativos dos capitais ao nível internacional. Essa especulação só retira valor, não tem nenhum efeito global positivo, é uma mera parasitagem do sistema financeiro e económico mundial.
Um sistema sem especulação sobre as divisas não seria perfeito: haveria outros domínios, tradicionais ou novos, em que os especuladores, provavelmente, iriam continuar a actuar.
Porém, como a economia real (produção e troca de bens e serviços) necessita que a moeda seja um instrumento credível, tudo o que reforce a estabilidade da moeda é favorável, em termos económicos. Pelo contrário, a existência dum ataque especulativo sobre dada moeda pode precipitar um colapso e causar desastres económicos como a hiperinflação, em que os mais pobres são as principais vítimas, etc.

Do ponto de vista sistémico, a mudança para uma referência geral das divisas nacionais perante um cabaz de matérias-primas, é uma mudança neutra: tanto pode funcionar num contexto global capitalista como noutro sistema, não-capitalista (chame-se ele como se entender).
O sistema que proponho, de amarrar todas as divisas nacionais a um cabaz de matérias-primas, teria certamente vantagens sobre o presente, ao eliminar as flutuações de divisas, da qual se aproveita a especulação.