quarta-feira, 29 de maio de 2024
EFEITO BOOMERANG: PROÍBIÇÃO DE EXPORTAÇÃO DE "CHIPS" DOS EUA PARA CHINA
segunda-feira, 29 de janeiro de 2024
CRÓNICA (Nº23) DA III GUERRA MUNDIAL: Quando os Erros se Sucedem
domingo, 10 de setembro de 2023
SANÇÕES AMERICANAS, GUERRA ECONÓMICA E POR PROCURAÇÃO CONTRA A RÚSSIA E CHINA
As sanções americanas e ocidentais contra os gigantes euro-asiáticos foram um fracasso, que hoje até as entidades oficiais e os media corporativos, reconhecem. Mas, a extensão do fracasso tem sido tão grande, que se pode dizer, em relação a várias instâncias, que tiveram um efeito boomerang. Ou seja, os países sancionados, boicotados, tornaram-se mais fortes, mais resilientes, mais capazes de desenvolvimento autónomo. Quanto aos países europeus, tornaram-se mais dependentes dos EUA, tanto na energia, como no armamento, fazendo com que a política europeia se tenha transformado de um jogo de vassalos (os chefes de estado e de governo, em relação aos EUA) para uma posição de servidão (= impossibilidade de escapar à subordinação). É este o único resultado «positivo» para o Império Yankee.
Visione-se estes dois documentários abaixo, falados em francês. São muito completos e rigorosos nos dados e permitem ver - por contraste - como a media corporativa ocidental tem ocultado ao público, minimizado, distorcido esses factos para manter a narrativa favorável aos governos belicistas da OTAN.
sexta-feira, 7 de abril de 2023
A DESDOLARIZAÇÃO ACELERA-SE
Desde 2016, que o ouro é cotado e transacionado em Yuan, na bolsa de Xangai
https://www.goldmoney.com/research/time-to-trash-triffin
https://goldswitzerland.com/golden-question-is-the-petrodollar-the-next-thing-to-break/
segunda-feira, 16 de maio de 2022
FIM DA HEGEMONIA DO DÓLAR ?
quarta-feira, 2 de março de 2022
INTERESSES ECONÓMICO-FINANCEIROS NAS REVOLUÇÕES E NAS GUERRAS
Sobrevoando a Idade Moderna, podemos dizer que as Guerras de Religião, iniciadas no século XVI com a ruptura teológica entre Lutero e o Papado, foram financiadas por banqueiros, quer do lado católico, quer do lado protestante. Depois, banqueiros judeus ou não, protestantes ou católicos, por igual, foram financiadores de muitas outras guerras: Por exemplo, da guerra de independência dos Estados Unidos. Financeiramente, a França depois de ter ajudado os rebeldes americanos, ficou em situação financeira mais precária. Terá sido um factor relevante para os acontecimentos de 1789? Uma boa pergunta, creio, para os historiadores económicos. Mas, alguns anos depois, a era napoleónica foi bastante ilustrativa da ligação entre grande banca e poder político. O golpe do 18 Brumário 1799, que instalou o Consulado, cujo primeiro-Cônsul era o general Bonaparte, foi levado a cabo com a colaboração de financeiros. Eles garantiram que Bonaparte e seus partidários tivessem pleno sucesso. Não admira que, também nessa época, tenham sido necessárias somas avultadas, para corromper diversos políticos e militares. Mas, pouco tempo depois, com a Europa toda em guerra, os diversos Estados tiveram de pedir emprestado aos banqueiros. A família de banqueiros Rothschild, com sucursais em vários países europeus, teve um sucesso enorme. Eles acabavam sempre por ganhar, quer tivessem apoiado financeiramente o lado ganhador ou o perdedor. Um século depois, poderosos interesses financeiros (Industrialists Round Table, nomeadamente) jogaram a favor do eclodir da 1ª Guerra Mundial e da entrada dos EUA na mesma. O financiamento e o apoio concreto aos bolcheviks, antes e depois de 1917, por vários capitalistas, está hoje bem estabelecido: Trotsky conseguiu obter fundos e armas, junto de banqueiros e magnates nos EUA e no Canadá. Sem isso, o governo bolchevique talvez não tivesse sobrevivido, durante a longa e cruel gerra cvil.
No Ocidente, o fortalecimento do capital monopolista e da grande finança, colocaram as economias sob controlo dum punhado de ultra-ricos, com capacidade para apoiar a subversão do poder instituído. Tal financiamento e apoio foi sempre favorável aos golpes anti-democráticos, totalitários, sempre ao lado de Mussolini, Salazar ou Hitler. Eles desempenharam um papel-chave no derrube violento de governos legítimos, como o da República Espanhola em 1936.
Mas, o pós IIª Guerra Mundial, sobretudo o pós- Guerra Fria nº1, foram momentos de viragem definitiva, de transformação das «democracias liberais» em oligarquias, controladas discretamente por grandes banqueiros e governadas pelos seus homens-de-mão.
Algumas situações imprevistas e desagradáveis - para a oligarquia - acontecem por vezes, visto que o sistema dito democrático implica a existência de sufrágio universal. Os países onde os resultados das eleições não sejam do agrado da elite, recebem duas formas de tratamento: Ou o golpe de Estado, ou a corrução da classe política
- Assim, no primeiro caso foi o que aconteceu, após a ascenção ao poder de Mossadegh no Irão, num golpe orquestrado pela CIA, e instalção do Xá. O triunfo da Frente Popular no Chile, foi seguido poucos anos depois pelo sangrento golpe de Pinochet. A subversão violenta da democracia ocorreu, também, no golpe do «Euromaidan» em 2013 na Ucrânia, golpe fomentado pelos EUA e pela UE.
-Alternativamente, os resultados eleitorais são nulificados pela corrupção e pela traição, anteriores às eleições, mas só visíveis passado algum tempo, dos chefes e dos partidos. A corrupção acaba por ser mais poderosa do que as balas, pois há circunstâncias em que «a bala sai pela culatra», ou seja, os resultados esperados pelo fomentar da subversão violenta, falham (veja-se o caso recente do Casaquistão). No caso da subversão por instrumentos financeiros, é quase garantido o seu sucesso e - cinicamente falando - acaba até por ser menos dispendioso.
Com efeito, a ruptura da vida política dum país, implica fazer correr sangue - embora os financeiros se importem pouco ou nada - mas também, a ruptura do tecido económico. Mas, a gravidade e extensão dessa ruptura é imprevisível. Por isso, o derrube violento do governo às vezes implica que as destruições são tais - pensem no Iraque, na Líbia, no Iémen e noutros Estados - que os golpes deixam de ser «rentáveis»: A economia desse pais deixa de estar em condições de fornecer os rendimentos esperados pelos financiadores do golpe para pagar os custos da operação.
Um efeito da guerra mista que estamos a presenciar, com suas frentes militar e económica, assim como a da informação ou propaganda, tem como resultado evidente, desde logo, que todos os intervenientes perdem.
Basta pensarmos um pouco e observarmos a realidade: Portanto, podemos esperar perdas no domínio económico e financeiro, nos países mais envolvidos do lado Ocidental, nos países da NATO. Claro que a Rússia também irá sofrer perdas severas, mas as sanções possiveis foram, com certeza, avaliadas e foram tomadas as devidas precauções, com muita antecedência.
De momento, é a China que está a «ganhar nos vários tabuleiros»:
- Diplomático: Irá ajudar nas negociações entre as partes em conflito. Isto é uma vitória diplomática importante para a China, pelo facto de ser chamada para ajudar a resolver um conflito na Europa.
- Economia e geoestratégia: A China fica com a Rússia (muito mais) dependente dela. Note-se que, antes, a Rússia podia equilibrar a influência ao nível comercial e económico, do grande parceiro do Oriente, com os parceiros do Ocidente. Agora, há um fosso profundo entre a Rússia e o Ocidente, que dificultará a retoma de relações económicas, mesmo depois desta crise passar.
- Finalmente, os EUA, os inimigos principais da China que, aliás não o escondem, saem diminuídos e desprestigiados. Depois de terem empurrado a Ucrânia, país seu aliado, para uma guerra, faltaram às suas promessas. Portanto, muitos países olham agora com maior prudência as alianças com o Tio Sam. Mesmo os governos dos países europeus, por mais vassalizados que estejam, irão questionar-se: Vão entregar sua defesa coletiva à NATO, recheada de políticos e generais atlantistas, vassalos dos americanos, agressivos e incompetentes? Não seria melhor uma verdadeira estrutura de defesa europeia? Esta hipótese tem sido periodicamente levantada por europeus, desde os anos 1990, pelo menos, mas tem ficado «no papel», pois temem desagradar ao «Big Brother» Yankee.
NB: Alguns links para artigos recentes, abaixo, mostram como a oligarquia, as grandes corporações e bancos influem, discretamente, nos acontecimentos políticos, diplomáticos e militares.
https://www.unz.com/article/jewish-subtexts-in-ukraine/
https://www.zerohedge.com/energy/big-oil-turning-its-back-russia
https://www.zerohedge.com/news/2022-03-06/ukraine-and-ngo-archipelago
quinta-feira, 6 de maio de 2021
UM MUNDO... UNIPOLAR? BIPOLAR? MULTIPOLAR?
ou UM MUNDO FRACTURADO...
Isto já não se pode chamar «guerra fria». Visto que as relações entre países estão ao mais baixo nível, com medidas de agressão económica (sanções, bloqueios, embargos, tarifas, proibições de exportação) que são assimiláveis a guerra (económica) não declarada formalmente, mas com efectivação muito concreta. Os tiros podem não ser de canhão ou míssil, porém, os efeitos directos e colaterais arriscam-se a ser ainda mais destruidores que os de uma guerra com tiros. Note-se que não é lícito dizer-se que «ao menos este tipo de guerra não causa vítimas». Pois é patente que as causa, e as mais inocentes, as crianças são as vítimas principais dos embargos de exportação de alimentos e medicamentos. Trata-se de algo absolutamente repelente, efectuado sem a mínima consideração pelos direitos humanos dos povos que são alvo destas sanções económicas. Estamos a falar de um número assustador de crianças que morrem de fome, de doenças evitáveis, de doenças facilmente tratáveis. No meio da histeria da crise do Covid, os EUA e UE não tiveram vergonha em bloquear a exportação das vacinas para países do Terceiro Mundo, que não são do seu agrado.
Não há justificação pragmática sequer para isto. Eu pergunto; estes embargos e sanções têm efeito sobre os ditadores (ou supostos tais), sobre a elite que os sustenta, nas altas patentes militares? - Não, a verdade é que estes embargos e sanções enfraquecem... mas pela penúria que causam na subsistência da imensa maioria do povo, com exclusão das elites. Estas, estão ao abrigo de tais efeitos.
Para mim, não há nada mais odioso do que uma punição colectiva. Algo que se abate sobre todo um povo ou uma grande parte do mesmo. Um povo, que pode ou não, apoiar os seus líderes. De qualquer maneira, não existe «culpa colectiva».
«Culpa colectiva», eu não aceito isso, em nenhuma circunstância. Nenhuma pessoa com formação humanista (resultante das Luzes de que tanto o Ocidente se envaidece), o aceita. Embargos, que não sejam de armas e material de guerra, são fortemente condenáveis, independentemente das «razões» alegadas para os impor.
No Ocidente existe uma visão enviesada, unilateral, dando como «normal», que os seus governos usem a retórica dos direitos humanos para imporem sanções. Eles estão, na realidade a violá-los, da maneira mais cínica e atroz. Porque sabem perfeitamente que, quem vai efectivamente sofrer, são pessoas indefesas, não culpadas dos males (reais ou fictícios, não importa) dos dirigentes desses países.
Os intelectuais e académicos, os activistas e os políticos que se reclamam de correntes anti-imperialistas, todos eles deveriam erguer bem forte o seu protesto, contra essa violação constante, continuada e deliberada da Carta da ONU, de todas as convenções dos Direitos Humanos, assinadas pelos seus países.
É mesmo absurdo e grotesco que algumas potências aleguem violações dos direitos humanos, em certos países. Desacreditam-se no imediato, ao lhes imporem sanções, pois sabem perfeitamente que (além de ilegais face à lei internacional) são uma punição colectiva, brutal e totalmente imerecida das populações, não dos dirigentes.... E eles sabem-no.
Estou convencido que a guerra económica implacável que os EUA, com seus súbditos (incluindo Japão, Austrália, Nova Zelândia, Israel, Coreia do Sul...além dos países da NATO), estão decididos a levar a cabo contra a Rússia, a China e todos os que desejam emancipar-se das garras imperialistas, vai conduzir a um mundo fraccionado, fracturado:
- Por um lado, um eixo Euro-asiático, com a China e Rússia como locomotivas principais, uma múltipla aliança de povos e nações que têm sido espoliados, explorados e por vezes invadidos e subjugados, tanto na era colonial como na neo-colonial (que se prolonga até hoje).
- Por outro lado, as potências ex-coloniais e também neo-coloniais, mantidas numa aliança sob hegemonia dos EUA e apoiante de regimes bárbaros (como o da Arábia Saudita), mas que estão do «lado bom» e portanto, não são inquietados...
Esta situação é muito menos estável que a «Guerra Fria nº1»:
- Não é raro a passagem de um campo para outro, quando um chefe de Estado deseja tirar vantagem de acordos de ambos os lados, para fazer o seu jogo próprio (por exemplo, a Turquia e outros).
Esta situação, instável, arriscada para a paz mundial, é piorada pela captura dos principais órgãos dependentes da ONU por oligarcas globalistas (a OMS, financiada e controlada, em grande parte, pelos grandes grupos farmacêuticos e pela Fundação Bill e Melinda Gates).
Nem sequer o Secretário-Geral da ONU (António Guterres, neste momento), tem independência - e meios físicos - para impor algo que desagrade ao império e aos neo-conservadores. Estes, têm tomado conta das rédeas do governo americano, e conseguem também dominar a agenda de organizações multilaterais, regionais e mundiais. Por outras palavras, a ONU não pode ser vista como elemento capaz de dissipar os perigos resultantes da guerra-fria cada vez mais quente.
As diplomacias dos países sob ameaça, sob chantagem, sob sanções, sabem-no perfeitamente. Na minha visão, eles tentaram tudo por tudo. Estender a mão a quem se coloca na postura de inimigo é difícil, mas fizeram-no, repetidas vezes. Estão a perder a esperança em conseguir que os seus países tenham paz e boas relações com os mais diversos parceiros, de que tanto necessitam. Renderam-se à evidência; perceberam que era inútil procurar alianças, pactos, acordos ou entendimentos. Porque, do outro lado (dos governos «ocidentais» e poderes não-eleitos que os controlam), essa vontade não existe.
Abaixo, deixo links para notícias, do dia 06 de Maio de 2021, que ilustram alguns dos pontos expostos acima. Infelizmente, notícias deste género têm-se multiplicado nos últimos tempos:
terça-feira, 18 de junho de 2019
SANÇÕES DOS EUA: SABOTAGEM ECONÓMICA MORTÍFERA, ILEGAL E INEFICAZ
Por Medea Benjamin, Nicolas J S Davies
As sanções dos EUA contra o Irão são particularmente brutais. Embora tenham falhado totalmente obter as mudanças de regime desejadas pelos EUA, têm causado tensões crescentes com parceiros comerciais dos EUA pelo mundo fora e têm causado um sofrimento terrível ao povo comum no Irão. Embora os alimentos e os medicamentos estejam tecnicamente isentos das sanções, as sanções dos EUA contra os bancos iranianos como o Parsian Bank, o maior banco não estatal do Irão, tornam quase impossível processar pagamentos para bens importados e isso inclui alimentos e medicamentos. A escassez resultante em medicamentos é responsável por ter causado milhares de mortes no Irão e as vítimas são normalmente pessoas comuns, não os Aiatolas nem os ministros do governo. A media corporativa nos EUA tem sido cúmplice com a pretensão de que as sanções dos EUA são um meio não violento para criar pressão sobre os governos visados com vista a forçá-los a uma determinada mudança de regime democrática. As notícias dos EUA raramente mencionam o seu impacto mortífero sobre as pessoas comuns, antes culpando as crises económicas resultantes apenas nos governos que estão sendo sancionados. O impacto mortífero das sanções é evidente na Venezuela, em que as sanções económicas severas atingiram a economia que já se ressentia da baixa dos preços do petróleo, da sabotagem pela oposição, pela corrupção e pelas más políticas governamentais. Um relatório conjunto anual por três universidades venezuelanas em 2018 mostrou que as sanções dos EUA eram em grande parte responsáveis por pelo menos umas 40 mil mortes adicionais nesse ano. A Associação Venezuelana Farmacêutica noticiou que havia uma carência de 85% dos medicamentos essenciais em 2018. Na ausência de sanções dos EUA, a retoma do nível global dos preços do petróleo em 2018 teria trazido pelo menos uma ligeira subida a economia na Venezuela e mais adequadas importações de comida e de medicamentos. Em vez disso, as sanções financeiras dos EUA impediram a Venezuela de rolar as suas dívidas e privaram a indústria petrolífera de dinheiro fresco para compra de peças, para reparações e para novos investimentos, causando ainda mais dramática quebra na produção de petróleo, relativamente a outros anos em que havia baixos preços de petróleo e depressão económica. A indústria petrolífera fornece 95% das receitas externas da Venezuela, portanto, ao se estrangular a sua indústria de petróleo e cortando a Venezuela do crédito internacional, as sanções previsível e intencionalmente capturaram a população venezuelana numa espiral descendente mortal. Um estudo por Jeffrey Sachs e Mark Weisbrot para o Centro de Investigação de Economia e Política intitulado “Sanctions as Collective Punishment: the Case of Venezuela,” [Sanções como Punição Colectiva; o Caso da Venezuela] relataram que o efeito combinado das sanções de 2017 e de 2019, têm a consequência de um impressionante declínio de 37,4% no PIB real da Venezuela em 2019, no seguimento de um declínio de 16,7% em 2018 e somando-se a uma quebra para lá de 60% nos preços do petróleo em 2012 e em 2016.
Nos dias de hoje, dois Relatores Especiais da ONU, nomeados pelo Conselho da ONU dos Direitos Humanos, entidades sérias e independentes, avaliam o impacto das sanções dos EUA sobre a Venezuela e as suas conclusões gerais aplicam-se igualmente ao caso do Irão. Alfred De Zayas visitou a Venezuela pouco depois dos EUA terem imposto sanções financeiras em 2017 e redigiu um relatório extenso sobre o que viu aí. Detectou impactos significativos devido à dependência de longo prazo da Venezuela em relação às exportações de petróleo, à fraca eficácia governativa e à corrupção, mas também condenou fortemente os EUA pelas suas sanções e «guerra económica». «As sanções económicas e os bloqueios, nos dias de hoje, são comparáveis com os cercos de cidades na idade-média» escreveu De Zayas «As sanções do século vinte e um, tentam por de joelhos não apenas uma cidade, mas países inteiros» O relatório de De Zayas recomendava que o Tribunal Penal Internacional deveria investigar as sanções dos EUA contra a Venezuela, como um crime contra a humanidade.
Um segundo Relator Especial da ONU, Idriss Jazairy, produziu uma declaração vinculativa em resposta ao golpe falhado de Janeiro, apoiado pelos EUA, na Venezuela. Condenou a «coerção» por poderes externos como uma «violação das normas do direito internacional». «Sanções que podem levar à fome em massa e a carências de meios médicos não são a resposta à crise na Venezuela,” disse Jazairy, “…provocar uma crise económica e humanitária … não é um ponto de partida para solução pacífica de disputas.” As sanções também violam o Artigo 19 da Carta dos Estados Americanos, a qual é explícita na proibição de intervenções “seja por que motivo for, nos assuntos internos ou externos de qualquer outro Estado.” Acrescenta que “proíbe não só a intervenção armada mas também qualquer outra forma de interferência ou ameaça tentada contra o Estado ou contra os seus elementos políticos, económicos e culturais.” O Artigo 20 da Carta da OEA é igualmente pertinente: “Nenhum Estado pode usar ou encorajar o uso de medidas coercivas de carácter económico ou político em ordem a forçar a vontade soberana de outro Estado e obter assim quaisquer tipo de vantagens” Nos termos da lei dos EUA, tanto as sanções de 2017 como 2019 contra a Venezuela são baseados em declarações presidenciais não substanciadas de que a situação na Venezuela criou uma «emergência nacional» nos Estados Unidos. Se os tribunais federais dos EUA não tivessem tanto medo de chamar à responsabilidade o ramo executivo em matérias de política externa, tal poderia ser desafiado e posto em causa, muito provavelmente, com ainda mais rapidez do que caso semelhante, o caso da «emergência nacional» na fronteira do México, pelo menos neste caso, estava geograficamente conectado ao território dos EUA.
Enquanto o mundo condena os recentes ataques contra os petroleiros e tenta identificar os responsáveis, as condenações globais deveriam também incidir sobre a nação responsável pela guerra económica mortífera, ilegal e ineficaz, que está no cerne desta crise: Os Estados Unidos da América.
segunda-feira, 29 de abril de 2019
ESTADOS UNIDOS AMEAÇAM A PAZ MUNDIAL
Por fim, está a desenvolver-se também no plano militar, na Síria, ao incluírem as tropas de elite iranianas, os Guardas da Revolução, na categoria de «terroristas», pela administração Trump.
Israel tem efectuado ataques aéreos contra o território sírio, a pretexto de combater o Hezbollah, ou os iranianos. Estes crimes de guerra não têm a mínima legitimidade, nem são, sequer, uma resposta a qualquer movimentação agressiva daqueles contingentes, contra as posições israelitas.
O agravamento do cerco e a tentativa de estrangulamento económico do Irão, significam que Washington está a provocar o adversário, para este cometer actos agressivos, em reacção a uma situação em que vê ameaçados os seus interesses vitais. Assim, os EUA e seus aliados da NATO e os Israelitas teriam um pretexto para desferir um golpe mortífero.
quarta-feira, 13 de março de 2019
SAÍDA DE PESSOAL DIPLOMÁTICO DOS EUA, DA VENEZUELA, É UM MAU SINAL
- Criar uma série de obstáculos através de sanções
económicas e outras, sem porém cortar relações diplomáticas (fase do
processo que tem já mais de uma dezena de anos).
- Estrangular economicamente a Venezuela através de
embargos de todo o género de mercadorias, desde material com uso militar
até artigos de medicina e alimentos.
- Fomentar o mercado negro desses produtos, que
somente poderão ser adquiridos a troco de dólares. Assim, colocam em
ruptura o abastecimento normal do país, infelizmente demasiado dependente
de compras ao exterior, para toda a espécie de bens e mesmo de alimentos.
Por outro lado, o desenvolvimento do mercado negro provoca a descida
acelerada do Bolivar – a divisa do país – e inicia-se a fase de híper
inflação.
- A oposição, constantemente apoiada e financiada,
exige eleições; estas têm lugar, mas a mesma oposição boicota-as, alegando
que não são «democráticas». Isto passou-se assim, apesar dos observadores
declararem que as eleições tinham sido regulares e de – aliás – ter havido
uma candidatura de oposição, que se apresentou a escrutínio.
- Uma campanha internacional insistente para
deslegitimar o governo do presidente Maduro, em paralelo com o fomentar de
manifestações de rua, cada vez mais violentas.
- A declaração, em perfeita coordenação com
Michael Pence, vice-presidente dos EUA, de que Guaidó – que
fortuitamente, era presidente do parlamento- seria, daqui por diante, o
Presidente-interino da Venezuela. Esta manobra tinha como objectivo criar
um movimento de deslegitimação de Maduro, pelos acólitos dos EUA
(dignamente, a Itália recusou).
- A política de sanções e de guerra económica atinge
o cúmulo, com o roubo de mais de 20 biliões de dólares, pertencentes ao
Estado Venezuelano, assim como a recusa pelo Banco de Inglaterra em autorizar
o repatriamento de ouro venezuelano, do qual tem a custódia. Estes actos
são tipicamente pirataria económica, são actos totalmente ilegais face à
lei internacional.
- A recente sabotagem
da rede eléctrica pública da Venezuela, mostra como os
imperialistas dispõem de meios de sabotagem, que poderão ser ainda mais
gravosos e instaurarem o caos. O que fizeram agora tem a seguinte mensagem
explícita: «Ou derrubam Maduro, ou nós fazemos ainda mais e pior, tornando
a Venezuela um inferno ingovernável». Esta mensagem dirige-se sobretudo à
casta militar.
- A ordem de saída de todo o pessoal diplomático da
Venezuela, por Pompeo, surge como preparação para uma invasão ou um ataque
militar aéreo ou algo semelhante, em preparação e na eminência de ser
executado. Retiram o seu pessoal diplomático – também- para evitar que
este possa servir como refém, se a guerra com tiros e bombas rebentar.