sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

[28-29 /02/2020] A MAIOR CRISE MONETÁRIA/SISTÉMICA DA HISTÓRIA

                     (As fotos abaixo são relativas à grande depressão dos anos 1929-33)

                                 Image result for 1929 depression

Sim, estamos perante o início de uma crise cujas dimensões são tais, que ninguém ou quase, se apercebe do abismo que se está a desenhar em frente «dos olhos financeiros» do mundo inteiro.
Explicação: perante a descida vertiginosa dos mercados de acções e obrigações, maiores do que as descidas da grande crise de 2007/2008 e das outras, de que o sistema guarda memória, qual será a reacção dos bancos centrais? Aposto, com toda a confiança, que estão agora (28-29 Fev. 2020) reunidos, sob a batuta do BIS (Bank of International Settlements) para decidir de uma coordenada política de impressão monetária, com vista a «salvar» a economia da catástrofe.
Evidentemente, não vão salvar nada, pois mesmo que os mercados por magia (falsa) subam vertiginosamente do mesmo modo que desceram, vão fazê-lo com dinheiro impresso e cedido pelos bancos centrais, «resgatando» assim a economia financeirizada em que temos vivido. 
Mas, muitos actores do mundo económico real vão receber os dólares, ou yens, ou euros, etc. suplementares, não com entusiasmo, mas com apreensão, pois todo e qualquer activo que detenham, vai sofrer diluição equivalente do valor. 

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O público em geral vai também ver a aceleração da inflação, inevitável numa situação de inundação dos mercados com divisas que não correspondem a nada, a nenhum valor/trabalho. Como noutras situações históricas conhecidas, desde a Alemanha da República de Weimar (1920-23), à Rússia de Ieltsin (finais dos anos 90), à Argentina (de 2000) ou ainda outros episódios de hiperinflação contemporâneos, como na Venezuela e Zimbabwe, o início parece ser uma inflação apenas um pouco mais intensa, depois haverá uma descida enorme dos salários reais e aí as pessoas começam a entrar em pânico, sendo depois questão de pouco tempo (meses) até o dinheiro deixar de ter qualquer valor.  
Escusado será dizer que as pessoas mais afectadas são as que ficam impossibilitadas de sobreviver neste contexto: em geral, os assalariados, os pensionistas, as pessoas de posses modestas, ficam na miséria. 
O sistema global não poderá continuar neste estado por muito tempo. Daí que as «elites» já tenham preparado um «reset» ou seja, uma forma de mudar o que tem de ser mudado para que tudo (o que é essencial) fique na mesma
É muito provável o lançamento dum sistema monetário baseado em cripto-moedas, mas com emissão estatal ou por bancos centrais. Esta «solução» não será uma verdadeira solução, porque o conteúdo do valor das criptomoedas ou moedas digitais será sempre sujeito a manobra dos governos e bancos centrais, tal como têm sido - até agora - as moedas em papel, as «divisas fiat», que apenas existem porque os Estados obrigam os cidadãos a fazerem todos os seus pagamentos nestas e só nestas divisas, para que as transacções sejam consideradas válidas, para todos os efeitos legais.

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Ora, os Estados estão sempre a desvalorizar suas moedas para conseguirem fazer mais despesas, que não teriam hipótese de fazer, somente com dinheiro dos impostos. Mas fazem-nas, no entanto, devido ao seu endividamento, junto de entidades financeiras, como bancos, fundos especulativos, etc. (os compradores de dívidas estatais ditas «dívida soberana»). 
Uma grande parte do colapso a que começamos a assistir agora, deveu-se a essa arquitectura defeituosa do sistema monetário e do poder político, aproveitando e abusando dessa possibilidade  de endividamento, para se auto-perpetuar à custa do futuro dos seus próprios países e povos. 
Mas, como as populações respectivas não compreendem patavina do esquema de Ponzi que tem sido mantido mundialmente pelos governos e finança, eles têm continuado, ao longo de décadas, o seu comportamento criminoso, de forma continuada, descarada e impunemente.

Só haverá mudança real do sistema monetário se e quando o mesmo não permitir os golpes ou esquemas de Ponzi, que têm sido o apanágio destas castas financeira e governante. 
Quando o trabalhador tiver a garantia da conservação do valor do fruto do seu trabalho, qualquer que seja a unidade em que é pago, ao contrário de hoje, em que o poder de compra dos salários se deteriora mais ou menos rapidamente. 
Hoje em dia, o assalariado não consegue manter o seu poder de compra, simplesmente porque o dinheiro está «desenhado» para ir perdendo valor ao longo do tempo, mas isso ninguém (ou quase) lhe explica! 
Só uma transformação profunda, não violenta, que aborde as questões sem demagogia e no interesse da imensa maioria, poderá resolver as questões... 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

O JOGO DOENTIO, PERVERSO, DA ATRIBUIÇÃO DE PRÉMIOS NOBEL

O interessante site «Off-Guardian» contém um artigo recente, que nos esclarece sobre o que tem sido a atribuição dos prémios Nobel, em espacial os Nobel da Paz. 

Não irei aqui referir em pormenor tudo o que o artigo contém, mas assinalo que ele mostra, com exemplos, até que ponto as escolhas são função de elementos de popularidade mediática, na época em que foram atribuídos e não propriamente pela coragem e rectidão dos personagens quanto à defesa da paz e dos direitos humanos.

Se existem ilustres casos de valentes combatentes pela paz, como Martin Luther King Jr., que pagou com a vida pela sua coragem, também existe o reverso... como Barack Obama, a quem foi concedido um Nobel, apenas com base num discurso (do Cairo) cheio de boas intenções, que depois, na prática, se traduziram pela maior escalada belicista dos EUA. 
Com efeito, o super-imperialismo dos EUA atingiu novo patamar com a presidência de Obama: 
- lembrem-se dos assassinatos com drones (muitas pessoas inocentes foram vítimas desses drones assassinos); 
- da promessa não cumprida de fechar Guantamano; 
- da dissidência de Al Quaida, que veio a designar-se por «Califato do Levante» ou ISIS, uma criação da CIA e das monarquias do Quatar, Arábia Saudita e outros, destinada a derrotar o regime Sírio, etc. 
Tudo isto são alguns dos actos pela paz (sic!) de Obama, durante a sua presidência.

                         

Outro receptor americano do prémio Nobel da Paz, foi Henry Kissinger, o autor da política de genocídio em relação às populações flageladas pela guerra do Vietname, que também atingiu o Laos e o Cambodja... e que ainda mexe muitos cordelinhos.
     
                       File:Henry Kissinger - World Economic Forum Annual Meeting Davos 2008.jpg

Mais recentemente, foi atribuído o Nobel da Paz a Aun Suu Kyi que deu plena cobertura à perseguição impiedosa/genocídio, pelos militares e pelos budistas de Myanmar, contra a etnia muçulmana Rohingya, acusada colectivamente de pertencer à «Al Quaida». 

                      Activists are angry at Aung San Suu Kyi's inaction over alleged atrocities against Rohingya in Rakhine [Dondi Tawatao/Reuters]

Para terminar, lembro que Julian Assange tem sido proposto ao prémio Nobel, em vão. 
Não conheço muitos casos de coragem e sacrifício em prol da paz e dos direitos humanos, que se possam colocar em pé de igualdade com o iniciador de Wikileaks.

                            

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

A PANDEMIA DO MEDO

               

É evidente que o Covid-19 é um vírus diferente dos outros. Não apenas porque tem uma grande transmissibilidade directa, como também pelo facto de ter um tempo de incubação nos organismos infectados, suficientemente longo, para que estes sejam transmissores involuntários pelos meios onde circulam, sem terem a noção de que estejam infectados. 
Dito isto, há algo de insólito e trágico, no facto de haver indícios de que o vírus resulta de manipulação humana, embora não exista nenhum consenso científico em relação a esta hipótese. 
O facto, a confirmar-se, é grave porque revela que as grandes potências, à revelia das convenções internacionais sobre bio-armamento, se têm dedicado a fazer tudo, sob coberto de instalações de alta segurança. 
Wuhan não é excepção. Se houve ou não um acidente no Laboratório de virologia (com um nível 4 de segurança, o mais elevado) desta cidade chinesa, não será fácil provar... 
Só se alguém (de dentro do referido instituto) falar, o que é altamente improvável, mesmo que fosse verdadeira a origem de manipulação pelo referido laboratório: É que a R. P. China não se pode classificar como um regime aberto e qualquer pessoa do referido instituto, que tivesse a ousadia de dizer a verdade, seria sujeita a perseguição e condenação sem apelo.
Infelizmente para a espécie humana, o cenário 'aprendiz de feiticeiro' relativamente a esta situação não pode ser excluído, face a toda uma série de evidências(*): a própria natureza do vírus, a sua sequência genómica, a tentativa inicial de ocultação da gravidade do vírus. Inicialmente, disseram que não tinha perigo, que não era possível a transmissão de humano para humano... e as pessoas de Wuhan acreditaram. 
Claro que um regime, que cultiva o secretismo como o governo chinês, está sempre sujeito a suspeitas. Existem muitas especulações, apenas destinadas a reforçar a desestabilização interna causada pela epidemia, da parte daqueles que desejam ardentemente o derrube do Partido Comunista Chinês.  
Mas, também do lado de pessoas e organizações indefectíveis do campo Russo-Chinês, existem insinuações improváveis e delirantes, como as de imputar aos EUA esta e as outras epidemias (SARS, peste suína) que têm assolado a China e têm tido efeitos devastadores em sectores inteiros da sua economia (além dos muitos mortos). 

             
                (italianos à espera de abertura de supermercado)

A guerra biológica é como a guerra química e atómica, um crime, em si mesmo, contra a humanidade. 
A guerra feita com armas vocacionadas para causar um genocídio na população civil (como Hiroxima e Nagasaki, no final da 2ª Guerra Mundial, quando os americanos recusaram pedidos de rendição, da parte nipónica) é uma monstruosidade ética e moral e nada, nem mesmo a «justeza» dum dos lados, poderá justificar tal crime. 
Os vírus espalham-se em populações pacíficas, que não têm nenhuma culpa dos actos dos seus respectivos governos. 
Hoje em dia, uma guerra biológica usando vírus ou outros agentes, é muito fácil de levar a cabo, do ponto de vista técnico. Isso torna-a ainda mais assustadora. 
A convenção internacional para banir a construção, armazenamento e utilização de armas biológicas proposta pelos EUA na ONU, foi ratificada por muitos países. 
O pretexto que mantém abertos - em todo o mundo - os laboratórios de segurança de nível 4 é falso e cínico. Parte do princípio que estas instalações têm de existir para estudar os antídotos ou vacinas a um eventual ataque por potência inimiga, com armas biológicas e portanto estes laboratórios devem manter-se funcionais. 
Daí a construírem -eles próprios-  tais armas biológicas, em segredo, em contravenção da convenção internacional que eles próprios assinaram, vai um pequeno passo. 
Não me parece muito difícil de imaginar isso, num mundo regido por cínicos, destituídos de qualquer sentido de obrigação moral para com sua própria população, já para não falar da Espécie Humana no seu todo! 

A gestão do medo tem sido o principal instrumento de manutenção no poder tanto de «ditaduras» como de «democracias». Estão entre aspas, pois estes termos são apenas classificações de propaganda, vindas de um ou do outro lado. Os povos, sejam eles de países «amigos» ou «inimigos», são sempre os que pagam a factura.

Com o caso do covid-19, uma série de coincidências infelizes, seja por via natural ou artificial, desencadearam o presente surto epidémico no país mais populoso do mundo, espalhando-se depressa por países limítrofes e agora, disseminando-se ao nível mundial. 
Presentemente, existe uma guerra fria larvar entre os EUA e a RPC. Mas, durante duas décadas suas economias ficaram entrelaçadas, complementares, os americanos comprando tudo à China e exportando as suas fábricas de produtos tecnológicos, para estes serem fabricados nesse país «comunista»; o gigante asiático  exportando maciçamente, para os EUA e «Ocidente», e com os dólares obtidos, comprando dívida, sob forma de obrigações do Tesouro dos EUA, resultado do seu colossal excedente comercial acumulado - ano após ano. 
Por outro lado, o défice colossal dos EUA (comercial e orçamental), ano após ano, não seria possível ser financiado, senão com a abundante compra de «treasuries» pelos regimes amigos e inimigos ... que financiam assim a máquina de guerra do complexo securitário-militar-industrial USA. Exemplo perfeito de ciclo vicioso... 

Mais uma vez, a loucura e sede de poder dos dirigentes, a sua vontade de «militarizar» a biologia, a sua arrogância e negação de responsabilidades, têm como consequência uma das piores ocorrências no campo sanitário, não apenas pelas mortes e devastação económica já existentes, mas também, pelo potencial de continuar a propagar-se, fora de um verdadeiro controlo, especialmente em zonas do mundo onde as estruturas sanitárias são insuficientes ou inexistentes. 

O que seres racionais  [não inclui governantes e seus conselheiros] deveriam fazer, nestas circunstâncias, era deixarem-se de acusações recíprocas e unirem esforços para derrotar a pandemia. 

Se uma pandemia viral mete medo, a «pandemia estrutural» de sede de poder é muito mais assustadora, se reflectirmos dois segundos! 
Por isso, as pessoas deveriam ver onde está realmente o inimigo: «autoridades», «governantes»... estes são, com pouquíssimas excepções, bandos de mafiosos, ora rivais, ora aliados, na empresa criminosa de espoliar e submeter os seus próprios povos. 

(*) Os próprios investigadores chineses reforçam a hipótese aventada pelos investigadores indianos, apontando o facto de haver sequências no Covid-19, idênticas a sequências do HIV. Estas sequências codificam proteínas que têm a função de tornar a ligação do vírus às células humanas cerca de 1000 vezes mais eficaz que a ligação do vírus do SARS: 
https://www.zerohedge.com/health/coronavirus-hiv-mutation-suggests-nearly-1000x-more-likely-sars-infect

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

NÃO CULPEM O CORONAVÍRUS PELA CRISE GLOBAL!

A media corporativa, em Portugal, como nos outros países, toma a atitude preguiçosa e convencional de «culpar» a pandemia do Covid-19 pelo colapso de todas as economias, mesmo das que não estão (por enquanto) afectadas por um número de casos significativo.
Sim, estou de acordo em apontar a crise sanitária desencadeada em Wuhan, como o «Cisne Negro» que fez ruir o castelo de cartas em que se tornaram a economia e finança mundiais. 
                             
             A Itália foi somente o primeiro país europeu a sofrer gravemente com o vírus
Mas o coronavírus NADA tem que ver com o facto de que os EUA estão sobre-endividados a todos os níveis: governo, empresas, famílias.
Nem que a China, o Japão e a União Europeia estejam sobre-endividados ao nível dos governos e das empresas.
Os bancos - nos EUA, como da UE - estão fortemente sob pressão pelos activos «tóxicos» que possuem (empréstimos «suprime» principalmente), os quais são potenciados pelos derivados associados a estes activos. São estes activos que se estão a deteriorar em valor, rapidamente, que ninguém quer, a não ser os bancos centrais que se transformaram, de emprestadores de último recurso, nos únicos e exclusivos compradores de tais activos. 
A recessão começou bem antes das notícias sobre o coronavírus terem começado a aparecer. De facto, podemos datá-la precisamente com o acontecimento anómalo e alarmante do mercado dos empréstimos no muito curto prazo ter atingido juros exorbitantes, da ordem dos 10%, no dia 17 de Setembro de 2019. Foi isso que levou o banco central dos EUA (FED) a intervir neste mercado «repomarket» e com somas altíssimas, fazendo o papel que antes era o dos bancos comerciais. 
                  
O gráfico acima, oriundo do FED, mostra que os bancos começaram a perder as suas reservas excedentárias logo que parou o «QE», porque tinham de atender às más apostas nos empréstimos e derivados a estes associados.
O Covid-19 apenas precipitou o inevitável: a economia mundial já estava a deslizar para uma recessão bem séria, já se estava deteriorando muito depressa. 
O mercado bolsista é como a espuma acima do Oceano. Algumas vezes, indica um substrato forte, uma economia geral em crescimento, mas outras vezes não
Neste caso, estava sendo sistematicamente puxado para cima, com as auto-compras das grandes empresas cotadas, com o constante despejar de divisas, resultante da criação monetária dos bancos centrais, devido também à propaganda dos media e dos governos, apenas interessados em gerir sua imagem, com vista a serem reeleitos, com prejuízo para a saúde económica, de médio e longo prazo, nos respectivos países. 
Por fim, o facto da economia mundial ser incapaz de suportar um impacto exterior que, tudo somado, não é assim tão estranho, pois epidemias existiram em toda a História da Humanidade, mostra como tem sido artificial e desequilibrada a construção dos sistemas económico e financeiro. 
O Covid-19 foi o revelador que pôs a nu a parasitagem do mundo globalizado, em que o capital financeiro é predador da generalidade das pessoas e dos outros capitalismos - agrário, industrial, comercial - que subsistem, mas sob forma subordinada ao sistema da grande banca mundial, que conta com o apoio indefectível dos bancos centrais e dos governos, nos países do Ocidente.
Não podemos saber durante quanto tempo este estado de coisas vai durar. No entanto, parece-me claro que o Covid-19 será derrotado muito mais depressa que esta finança parasita. Com efeito, não tardará muito que seja construída uma vacina e distribuída em larga escala, para derrotar a pandemia mundial. 
Pelo contrário, não existe nada equivalente para estancar ou curar a doença que afecta a economia mundial
O capitalismo globalizado é um parasita interno das sociedades; tornou-se tão invasivo das suas estruturas, que a destruição do parasita arrisca-se a causar uma ruptura do próprio organismo social. 
..................
PS: vejam o artigo de 01 de Abril 2020; corrobora a minha análise de 25 de Fevereiro aqui acima exposta.
https://www.zerohedge.com/markets/covid-19-tripwire

domingo, 23 de fevereiro de 2020

[Thierry Meyssan] «NATO Go Home!»

[REDE VOLTAIRE | DAMASCO (SÍRIA) | 19 DE FEVEREIRO DE 2020


Desde há duas décadas, as tropas norte-americanas impõem a sua lei no Médio-Oriente Alargado. Agora, países inteiros estão privados de Estado que os defenda. Populações inteiras foram vítimas da ditadura dos islamistas. Assassínios em massa foram cometidos. Também imperaram fomes. O Presidente Donald Trump impôs aos seus generais o repatriamento dos soldados, mas o Pentágono entende prosseguir a sua campanha com os soldados da OTAN.

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Chegada ao Conselho Atlântico do Comandante Supremo das Forças norte-americanas para a Europa, e Comandante Supremo da Aliança do Atlântico Norte, o General Tod D. Wolters (Bruxelas, 12 de Fevereiro de 2020).

O Presidente Trump consagrará o último ano do seu primeiro mandato a trazer os Boys (“Rapazes”- ndT) para casa. Todas as tropas norte-americanas estacionadas no Próximo-Oriente Alargado e em África deverão ser retiradas. No entanto esta retirada dos soldados não significará, de forma alguma, o fim da governança dos EUA nestas regiões do mundo. Muito pelo contrário.
A estratégia do Pentágono
Desde 2001 —e é uma das principais razões dos atentados do 11-de-Setembro—, os Estados Unidos adoptaram, em segredo, a estratégia enunciada por Donald Rumsfeld e pelo Almirante Arthur Cebrowski. Esta foi evocada na revista da Infantaria do Exército, pelo Coronel Ralf Peters, dois dias após os atentados [1] e confirmada, cinco anos mais tarde, pela publicação do mapa do Estado-Maior do novo Médio-Oriente [2]. Ela tinha sido mostrada em detalhe pelo assistente do Almirante Cebrowski, Thomas Barnett (Capitão-ndT), num livro para o grande público The Pentagon’s New Map (O novo mapa do Pentágono) [3] [4].

Tratava-se de adaptar as missões dos exércitos dos EUA a uma nova forma de capitalismo, dando o primado à Finança sobre a Economia. O mundo deve ser dividido em dois. De um lado, os Estados estáveis integrados na globalização (o que inclui a Rússia e a China); do outro, uma vasta zona de exploração de matérias-primas. Por isso é que convêm enfraquecer consideravelmente, idealmente arrasar, as estruturas estatais dos países dessa zona e impedir o seu ressurgimento por todos os meios. Este «caos construtor», segundo a expressão de Condoleeza Rice, não deve ser confundido com o conceito rabínico homónimo, mesmo que os partidários da teopolítica tudo tenham feito para isso. Não se trata de destruir uma ordem má para refazer uma ordem melhor, mas, sim de destruir todas as formas de organização humana para impedir qualquer forma de resistência e permitir às transnacionais explorar esta zona sem restrições políticas. Trata-se, portanto, de um projecto colonial no sentido anglo-saxónico do termo (não confundir com a colonização de povoamento).

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Segundo este mapa, extraído de um Powerpoint de Thomas P. M. Barnett, aquando de uma conferência no Pentágono em 2003, todas as estruturas estatais da zona rosada deviam ser destruídas.

Ao iniciar o lançamento desta estratégia, o Presidente George Bush Jr falou de «guerra sem fim». Com efeito, já não se tratava mais de ganhar guerras, e de vencer adversários, mas de as fazer durar o maior tempo possível, «um século» dissera ele. De facto, esta estratégia foi aplicada no «Médio-Oriente Alargado», quer dizer, numa zona indo do Paquistão até Marrocos e cobrindo todo o teatro de operações do CentCom e a parte Norte da do AfriCom. No passado, os GIs garantiam o acesso dos Estados Unidos ao petróleo do Golfo Pérsico (doutrina Carter). Hoje em dia, eles estão presentes numa zona quatro vezes mais vasta e ambicionam derrubar qualquer tipo de ordem, seja ela qual for. As estruturas estatais do Afeganistão desde 2001, do Iraque desde 2003, da Líbia desde 2011, da Síria desde 2012 e do Iémene desde 2015, já não são capazes de defender os seus cidadãos. Contrariamente ao discurso oficial, jamais se tratou de derrubar governos, mas muito mais de destruir Estados e de impedir a sua recuperação. A título de exemplo, a situação das populações no Afeganistão não melhorou com a queda dos Talibã, há 19 anos, antes piora inexoravelmente de dia para dia. O único exemplo contra poderia ser o da Síria que, de acordo com a sua tradição histórica, conservou o seu Estado apesar da guerra, absorveu os golpes e, muito embora arruinada hoje em dia, atravessou a tormenta.

Note-se de passagem que o Pentágono sempre considerou Israel como um Estado europeu e não como sendo médio-oriental. Portanto, ele não é envolvido neste vasto sobressalto.
Em 2001, o Coronel Ralf Peters entusiasmado assegurava que a limpeza étnica «funcionava!» (Sic), mas que as leis da guerra proibiam os EUA de a aplicar eles próprios. Daí a transformação da Alcaida e a criação do Daesh (E.I.) que fizeram por conta do Pentágono, o que ele desejava, mas não podia abertamente empreender.
Para bem captar a estratégia Rumsfeld/Cebrowski, convêm distingui-la da operação das «Primaveras Árabes», imaginada pelos Britânicos seguindo o modelo da «Grande Revolta Árabe». Nessa, tratava-se, então, de colocar a Confraria dos Irmãos Muçulmanos no Poder, tal como Lawrence da Arábia tinha colocado no Poder a dos Waabitas em 1915. 

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Objectivo oficial, mesmo que não assumido publicamente, do Estado-Maior dos EUA: fazer rebentar as fronteiras do Médio-Oriente, destruir os Estados, tanto inimigos como amigos, aplicar a limpeza étnica.

Os Ocidentais, em geral, não têm qualquer visão do Médio-Oriente Alargado como uma região geográfica em si. Só conhecem alguns países e imaginam cada um deles isoladamente dos outros. Deste modo, convencem-se a si mesmos que os trágicos acontecimentos experimentados por esses povos têm todos razões específicas, aqui uma guerra civil, acolá o derrube de um sanguinário ditador. Para cada país, dispõem de uma história bem escrita quanto à razão do drama, mas nunca têm nenhuma para explicar por que é que a guerra dura para além disso e, sobretudo, não querem que alguém os questione quanto a tal assunto. Em cada oportunidade, denunciam «a incúria dos Americanos» que não conseguiriam terminar a guerra, esquecendo que eles reconstruiram a Alemanha e o Japão após a Segunda Guerra Mundial. Recusam constatar que, desde há duas décadas, os Estados Unidos aplicam um plano, enunciado com antecedência, ao preço de milhões de mortos. Jamais se sentem, portanto, como responsáveis por estes massacres.
Os Estados Unidos, esses, face aos seus cidadãos negam aplicar esta estratégia. Assim, o Inspector-Geral encarregado de investigar a situação no Afeganistão redigiu um relatório lamentando-se sobre as muitas ocasiões falhadas pelo Pentágono em conseguir a paz, quando, exactamente, este nunca a desejava.


A intervenção russa
De forma a pulverizar todos os Estados do Médio-Oriente Alargado o Pentágono montou uma absurda guerra civil regional, da mesma maneira como havia inventado a guerra entre o Iraque e o Irão (1980-88). Por fim, o Presidente Saddam Hussein e o Aiatola Khomeini perceberam que se matavam por nada e fizeram a paz contrariando os Ocidentais.
Desta vez, é a oposição entre sunitas e xiitas. De um lado, a Arábia Saudita e os seus aliados, do outro o Irão e os seus. Pouco importa que a Arábia Saudita wahhabita e o Irão khomeinista tenham combatido juntos, sob o comando da OTAN, durante a guerra na Bósnia-Herzegovina (1992-95), ou que inúmeras tropas do «Eixo da Resistência» não sejam xiitas (100% dos Palestinianos da Jiade Islâmica, 70% dos Libaneses, 90% dos Sírios, 35% dos Iraquianos e 5% dos Iranianos).
Ninguém sabe por que é que estes dois campos se confrontam, mas acabam levados a sangrarem-se mutuamente.

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                  Um terço das populações do Eixo xiita da Resistência não é xiita.

Seja como for, em 2014, o Pentágono aprestava-se a fazer reconhecer dois novos Estados de acordo com o seu mapa de objectivos: o «Curdistão livre» (fusão do Rojava Sírio e da província curda do Iraque, ao qual uma parte do Irão e todo o Leste da Turquia deveriam ser posteriormente adicionados) e o «Sunnistão» (composto da parte sunita do Iraque e do Leste da Síria). Ao destruir quatro Estados, o Pentágono pensava abrir a via a uma reacção em cadeia que devia, por ricochete, destruir toda a região.

A Rússia interveio então militarmente e fez respeitar as fronteiras da Segunda Guerra Mundial. Escusado será dizer que estas são arbitrárias, decorrentes dos acordos Sykes-Picot-Sazonov de 1915, e por vezes difíceis de aceitar, mas sendo ainda menos aceitável modificá-las pelo sangue.
A propaganda do Pentágono sempre fingiu ignorar aquilo que estava em jogo. Ao mesmo tempo, porque não assume publicamente a estratégia Rumsfeld/Cebrowski como porque iguala a adesão da Crimeia à Federação da Rússia a um golpe de força.
A “troca de pele” dos partidários da estratégia Rumsfeld/Cebrowski
Após dois anos de luta encarniçada contra o Presidente Trump, os oficiais generais do Pentágono, dos quais quase todos foram pessoalmente formados pelo Almirante Cebrowski, submeteram-se a ele mas sob certas condições.
Assim, eles aceitaram não
criar qualquer Estado terrorista (o Sunnistão ou Califado) ;
modificar as fronteiras pela força ;
manter tropas dos EUA nos campos de batalha do Médio-Oriente Alargado e de África.
Em troca, ordenaram ao seu fiel Procurador Robert Mueller —que já tinham utilizado contra o Panamá (1987-89), a Líbia (1988-92) e durante os atentados do 11-de-Setembro (2001)— para enterrar o seu inquérito sobre o “Russiagate”.
Tudo se desenrolou então como uma pauta musical.
A 27 de Outubro de 2019, o Presidente Trump ordenou a execução do califa Abu Bakr al-Baghdadi, principal figura militar do campo sunita. Dois meses mais tarde, a 3 de Janeiro de 2020, ordenou a do General iraniano Qassem Soleimani, principal figura militar do Eixo da Resistência.
Tendo desta maneira demonstrado que os EUA continuava a ser o mestre do jogo ao eliminar as personalidades mais simbólicas dos dois campos, reivindicando-o e sem incorrer em resposta significativa, o Secretário de Estado, Mike Pompeo, revelou o dispositivo final, a 19 de Janeiro, no Cairo. Este prevê prosseguir a estratégia de Rumsfeld/Cebrowski já não mais com os exércitos dos EUA, mas com os da OTAN, incluindo Israel e os países árabes.
A 1 de Fevereiro, a Turquia oficializava a sua ruptura com a Rússia ao assassinar quatro oficiais do FSB em Idleb. Depois, o Presidente Erdogan dirigiu-se à Ucrânia para gritar em coro a divisa dos Banderistas (os legionários ucranianos do IIIº Reich contra os Soviéticos) junto com a Guarda Nacional Ucraniana e para receber o Chefe da Brigada Islamista Internacional (os Tártaros anti-russos), Mustafa Djemilev (dito «Mustafa Kırımoğlu»).

                       
O Conselho do Atlântico Norte aprova a ida de formadores da OTAN para o Médio-Oriente Alargado (Bruxelas, 13 de Fevereiro de 2020).


A 12 e 13 de Fevereiro, os Ministros da Defesa da Aliança Atlântica tomaram nota da retirada inevitável das forças dos EUA e da próxima dissolução da Coligação Internacional contra o Daesh (EI). Muito embora sublinhando que não destacariam tropas de combate, eles aceitaram enviar os seus soldados para treinar os dos exércitos árabes, quer dizer, supervisionar os combates no terreno.
Os formadores da OTAN serão prioritariamente colocados na Tunísia, no Egipto, na Jordânia e no Iraque. Assim: - A Líbia será cercada a partir do Oeste e do Leste. Os dois governos rivais, de Fayez al-Sarraj —apoiado pela Turquia, pelo Catar e com já 5. 000 jiadistas vindos da Síria, via Tunísia— e o do Marechal Khalifa —apoiado pelo Egipto e pelos Emirados— poderão ir-se matando entre si eternamente. A Alemanha, muito feliz por retomar o papel internacional, do qual estava privada desde a Segunda Guerra Mundial, fará de pregador agitado dissertando sobre a paz para abafar os gemidos dos agonizantes. - A Síria será cercada por todos os lados. Israel é já de facto um membro da Aliança Atlântica e bombardeia o que quer e quando quer. A Jordânia é já o «melhor parceiro mundial» da OTAN.
O rei Abdalla II veio a Bruxelas para conversações muito demoradas com o Secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, em 14 de Janeiro, e para participar numa reunião do Conselho Atlântico. Israel e a Jordânia dispõem já de um gabinete permanente na sede da Aliança. O Iraque receberá também instrutores da OTAN, muito embora o seu Parlamento tenha acabado de votar pela retirada das tropas estrangeiras. A Turquia é já membro da Aliança e controla o Norte do Líbano graças à Jamaa Islamiya. Juntos, eles poderão fazer aplicar a lei «César» dos EUA que interdita qualquer empresa, seja de onde for, de ajudar na reconstrução deste país.
Assim, a pilhagem do Médio-Oriente Alargado, iniciada em 2001, prosseguirá. As populações mártires desta região, cuja única falha é a de estarem divididas, continuarão a sofrer e a morrer em massa. Os Estados Unidos conservarão os seus soldados em casa, no quentinho, como anjinhos de coro, enquanto os Europeus irão carregar com os crimes dos Generais dos EUA.
Segundo o Presidente Trump, a Aliança poderia mudar de nome e tornar-se talvez a OTAN-MédiOriente (OTAN-MO/NATO-ME). A sua função Anti-Russa passaria para segundo plano em favor da sua estratégia de destruição da zona não-globalizada.
Coloca-se a questão de saber como a Rússia e a China reagirão a esta redistribuição de cartas. A China precisa, para se desenvolver, de ter acesso às matérias-primas do Médio-Oriente. Portanto, ela deverá opor-se a este controle ocidental muito embora a sua preparação militar seja ainda insuficiente. Pelo contrário, a Rússia e o seu imenso território são auto-suficientes. Moscovo (Moscou-br) não tem nenhuma razão prática para se bater. Os Russos podem até ficar aliviados com a nova orientação da OTAN. No entanto, é provável que, por motivos espirituais, eles não deixem cair a Síria e talvez apoiem mesmo outros povos do Médio-Oriente Alargado.
Tradução


[1] “Stability, America’s Ennemy”, Ralph Peters, Parameters, Winter 2001-02, pp. 5-20. Reproduit in Beyond Terror : Strategy in a Changing World, Stackpole Books.
[2] “Blood borders - How a better Middle East would look”, Colonel Ralph Peters, Armed Forces Journal, June 2006.
[3] The Pentagon’s New Map, Thomas P.M. Barnett, Putnam Publishing Group, 2004.
[4] The Pentagon’s New Map, Thomas P.M. Barnett, Putnam Publishing Group,

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

MEU TOP TEN DA MÚSICA POP DOS ANOS SETENTA

Claro que esta lista tem a ver comigo, com o meu gosto, com as minhas escolhas... Mas resulta de uma sedimentação e maturação de décadas, como os bons vinhos... 
Agora, é a música que prefiro. Mas, amanhã sou capaz de mudar esta lista de dez, intencionalmente restrita, selectiva e, com certeza, injusta. 
A sequência escolhida não significa preferência crescente ou decrescente. Para mim, são todos nº1, ex-aequo!
Não estou aqui na disposição de distribuir prémios da «melhor» música, ou do «melhor» grupo, ou intérprete. Como disse, é tudo muito pessoal e subjectivo.
Em todo o caso, para os menos jovens, aqui vai o meu piscar de olho. Quanto aos mais jovens, espero que façam a descoberta de algo muito diferente (ou talvez não) do que costumam ouvir

    Meu top ten dos anos setenta:    SEVENTIES

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

A VERDADE SOBRE JULIAN ASSANGE

                             
Uma acusação de violação fabricada e provas fabricadas na Suécia, pressões do Reino Unido para não abandonar o caso, um julgamento faccioso, a detenção numa prisão de máxima segurança, a tortura psicológica e - em breve - a extradição para os EUA onde poderá ter uma condenação de 175 anos de prisão, por ter denunciado crimes de guerra. Pela primeira vez, o relator especial da ONU sobre a tortura Nils Melzer, fala detalhadamente sobre as descobertas explosivas que a sua investigação revelou, no caso do fundador de Wikileaks, Julian Assange.
A entrevista abaixo foi conduzida pelo jornalista suíço Daniel RyserYves Bachmann (fotos) e Charles Hawley (tradução), em 31.01.2020, e foi inicialmente publicada na página de Norman Finkelstein:
http://normanfinkelstein.com/2020/02/03/the-truth-about-julian-assange/
Devido à importância e significado desta entrevista decidi publicar o texto, em inglês, conforme se encontra no site Global Research: 
https://www.globalresearch.ca/truth-about-julian-assange/5703054 
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1. The Swedish Police constructed a story of rape



Nils Melzer, why is the UN Special Rapporteur on Torture interested in Julian Assange?
N.M. That is something that the German Foreign Ministry recently asked me as well: Is that really your core mandate? Is Assange the victim of torture?
What was your response?
N. M. The case falls into my mandate in three different ways: First, Assange published proof of systematic torture. But instead of those responsible for the torture, it is Assange who is being persecuted. Second, he himself has been ill-treated to the point that he is now exhibiting symptoms of psychological torture. And third, he is to be extradited to a country that holds people like him in prison conditions that Amnesty International has described as torture. In summary: Julian Assange uncovered torture, has been tortured himself and could be tortured to death in the United States. And a case like that isn’t supposed to be part of my area of responsibility? Beyond that, the case is of symbolic importance and affects every citizen of a democratic country.
Why didn’t you take up the case much earlier?
Imagine a dark room. Suddenly, someone shines a light on the elephant in the room – on war criminals, on corruption. Assange is the man with the spotlight. The governments are briefly in shock, but then they turn the spotlight around with accusations of rape. It is a classic maneuver when it comes to manipulating public opinion. The elephant once again disappears into the darkness, behind the spotlight. And Assange becomes the focus of attention instead, and we start talking about whether Assange is skateboarding in the embassy or whether he is feeding his cat correctly. Suddenly, we all know that he is a rapist, a hacker, a spy and a narcissist. But the abuses and war crimes he uncovered fade into the darkness. I also lost my focus, despite my professional experience, which should have led me to be more vigilant.
Let’s start at the beginning: What led you to take up the case?
In December 2018, I was asked by his lawyers to intervene. I initially declined. I was overloaded with other petitions and wasn’t really familiar with the case. My impression, largely influenced by the media, was also colored by the prejudice that Julian Assange was somehow guilty and that he wanted to manipulate me. In March 2019, his lawyers approached me for a second time because indications were mounting that Assange would soon be expelled from the Ecuadorian Embassy. They sent me a few key documents and a summary of the case and I figured that my professional integrity demanded that I at least take a look at the material.
And then?
It quickly became clear to me that something was wrong. That there was a contradiction that made no sense to me with my extensive legal experience: Why would a person be subject to nine years of a preliminary investigation for rape without charges ever having been filed?
Is that unusual?
I have never seen a comparable case. Anyone can trigger a preliminary investigation against anyone else by simply going to the police and accusing the other person of a crime. The Swedish authorities, though, were never interested in testimony from Assange. They intentionally left him in limbo. Just imagine being accused of rape for nine-and-a-half years by an entire state apparatus and by the media without ever being given the chance to defend yourself because no charges had ever been filed.
You say that the Swedish authorities were never interested in testimony from Assange. But the media and government agencies have painted a completely different picture over the years: Julian Assange, they say, fled the Swedish judiciary in order to avoid being held accountable.
That’s what I always thought, until I started investigating. The opposite is true. Assange reported to the Swedish authorities on several occasions because he wanted to respond to the accusations. But the authorities stonewalled.
What do you mean by that: “The authorities stonewalled?”
Allow me to start at the beginning. I speak fluent Swedish and was thus able to read all of the original documents. I could hardly believe my eyes: According to the testimony of the woman in question, a rape had never even taken place at all. And not only that: The woman’s testimony was later changed by the Stockholm police without her involvement in order to somehow make it sound like a possible rape. I have all the documents in my possession, the emails, the text messages.
“The woman’s testimony was later changed by the police” – how exactly?
On Aug. 20, 2010, a woman named S. W. entered a Stockholm police station together with a second woman named A. A. The first woman, S. W. said she had had consensual sex with Julian Assange, but he had not been wearing a condom. She said she was now concerned that she could be infected with HIV and wanted to know if she could force Assange to take an HIV test. She said she was really worried. The police wrote down her statement and immediately informed public prosecutors. Even before questioning could be completed, S. W. was informed that Assange would be arrested on suspicion of rape. S. W. was shocked and refused to continue with questioning. While still in the police station, she wrote a text message to a friend saying that she didn’t want to incriminate Assange, that she just wanted him to take an HIV test, but the police were apparently interested in «getting their hands on him.»
What does that mean?
S.W. never accused Julian Assange of rape. She declined to participate in further questioning and went home. Nevertheless, two hours later, a headline appeared on the front page of Expressen, a Swedish tabloid, saying that Julian Assange was suspected of having committed two rapes.
Two rapes?
Yes, because there was the second woman, A. A. She didn’t want to press charges either; she had merely accompanied S. W. to the police station. She wasn’t even questioned that day. She later said that Assange had sexually harassed her. I can’t say, of course, whether that is true or not. I can only point to the order of events: A woman walks into a police station. She doesn’t want to file a complaint but wants to demand an HIV test. The police then decide that this could be a case of rape and a matter for public prosecutors. The woman refuses to go along with that version of events and then goes home and writes a friend that it wasn’t her intention, but the police want to «get their hands on» Assange. Two hours later, the case is in the newspaper. As we know today, public prosecutors leaked it to the press – and they did so without even inviting Assange to make a statement. And the second woman, who had allegedly been raped according to the Aug. 20 headline, was only questioned on Aug. 21.
What did the second woman say when she was questioned?
She said that she had made her apartment available to Assange, who was in Sweden for a conference. A small, one-room apartment. When Assange was in the apartment, she came home earlier than planned, but told him it was no problem and that the two of them could sleep in the same bed. That night, they had consensual sex, with a condom. But she said that during sex, Assange had intentionally broken the condom. If that is true, then it is, of course, a sexual offense – so-called «stealthing». But the woman also said that she only later noticed that the condom was broken. That is a contradiction that should absolutely have been clarified. If I don’t notice it, then I cannot know if the other intentionally broke it. Not a single trace of DNA from Assange or A. A. could be detected in the condom that was submitted as evidence.
How did the two women know each other?
They didn’t really know each other. A. A., who was hosting Assange and was serving as his press secretary, had met S. W. at an event where S. W. was wearing a pink cashmere sweater. She apparently knew from Assange that he was interested in a sexual encounter with S. W., because one evening, she received a text message from an acquaintance saying that he knew Assange was staying with her and that he, the acquaintance, would like to contact Assange. A. A. answered: Assange is apparently sleeping at the moment with the “cashmere girl.” The next morning, S. W. spoke with A. A. on the phone and said that she, too, had slept with Assange and was now concerned about having become infected with HIV. This concern was apparently a real one, because S.W. even went to a clinic for consultation. A. A. then suggested: Let’s go to the police – they can force Assange to get an HIV test. The two women, though, didn’t go to the closest police station, but to one quite far away where a friend of A. A.’s works as a policewoman – who then questioned S. W., initially in the presence of A. A., which isn’t proper practice. Up to this point, though, the only problem was at most a lack of professionalism. The willful malevolence of the authorities only became apparent when they immediately disseminated the suspicion of rape via the tabloid press, and did so without questioning A. A. and in contradiction to the statement given by S. W. It also violated a clear ban in Swedish law against releasing the names of alleged victims or perpetrators in sexual offense cases. The case now came to the attention of the chief public prosecutor in the capital city and she suspended the rape investigation some days later with the assessment that while the statements from S. W. were credible, there was no evidence that a crime had been committed.
But then the case really took off. Why?
Now the supervisor of the policewoman who had conducted the questioning wrote her an email telling her to rewrite the statement from S. W.
What did the policewoman change?
We don’t know, because the first statement was directly written over in the computer program and no longer exists. We only know that the original statement, according to the chief public prosecutor, apparently did not contain any indication that a crime had been committed. In the edited form it says that the two had had sex several times – consensual and with a condom. But in the morning, according to the revised statement, the woman woke up because he tried to penetrate her without a condom. She asks: «Are you wearing a condom?» He says: «No.» Then she says: «You better not have HIV» and allows him to continue. The statement was edited without the involvement of the woman in question and it wasn’t signed by her. It is a manipulated piece of evidence out of which the Swedish authorities then constructed a story of rape.
Why would the Swedish authorities do something like that?
The timing is decisive: In late July, Wikileaks – in cooperation with the «New York Times», the «Guardian» and «Der Spiegel» – published the «Afghan War Diary». It was one of the largest leaks in the history of the U.S. military. The U.S. immediately demanded that its allies inundate Assange with criminal cases. We aren’t familiar with all of the correspondence, but Stratfor, a security consultancy that works for the U.S. government, advised American officials apparently to deluge Assange with all kinds of criminal cases for the next 25 years.
2. Assange contacts the Swedish judiciary several times to make a statement – but he is turned down
Why didn’t Assange turn himself into the police at the time?
He did. I mentioned that earlier.
Then please elaborate.
Assange learned about the rape allegations from the press. He established contact with the police so he could make a statement. Despite the scandal having reached the public, he was only allowed to do so nine days later, after the accusation that he had raped S. W. was no longer being pursued. But proceedings related to the sexual harassment of A. A. were ongoing. On Aug. 30, 2010, Assange appeared at the police station to make a statement. He was questioned by the same policeman who had since ordered that revision of the statement had been given by S. W. At the beginning of the conversation, Assange said he was ready to make a statement, but added that he didn’t want to read about his statement again in the press. That is his right, and he was given assurances it would be granted. But that same evening, everything was in the newspapers again. It could only have come from the authorities because nobody else was present during his questioning. The intention was very clearly that of besmirching his name.
Where did the story come from that Assange was seeking to avoid Swedish justice officials?
This version was manufactured, but it is not consistent with the facts. Had he been trying to hide, he would not have appeared at the police station of his own free will. On the basis of the revised statement from S.W., an appeal was filed against the public prosecutor’s attempt to suspend the investigation, and on Sept. 2, 2010, the rape proceedings were resumed. A legal representative by the name of Claes Borgström was appointed to the two women at public cost. The man was a law firm partner to the previous justice minister, Thomas Bodström, under whose supervision Swedish security personnel had seized two men who the U.S. found suspicious in the middle of Stockholm. The men were seized without any kind of legal proceedings and then handed over to the CIA, who proceeded to torture them. That shows the trans-Atlantic backdrop to this affair more clearly. After the resumption of the rape investigation, Assange repeatedly indicated through his lawyer that he wished to respond to the accusations. The public prosecutor responsible kept delaying. On one occasion, it didn’t fit with the public prosecutor’s schedule, on another, the police official responsible was sick. Three weeks later, his lawyer finally wrote that Assange really had to go to Berlin for a conference and asked if he was allowed to leave the country. The public prosecutor’s office gave him written permission to leave Sweden for short periods of time.
And then?
The point is: On the day that Julian Assange left Sweden, at a point in time when it wasn’t clear if he was leaving for a short time or a long time, a warrant was issued for his arrest. He flew with Scandinavian Airlines from Stockholm to Berlin. During the flight, his laptops disappeared from his checked baggage. When he arrived in Berlin, Lufthansa requested an investigation from SAS, but the airline apparently declined to provide any information at all.
Why?
That is exactly the problem. In this case, things are constantly happening that shouldn’t actually be possible unless you look at them from a different angle. Assange, in any case, continued onward to London, but did not seek to hide from the judiciary. Via his Swedish lawyer, he offered public prosecutors several possible dates for questioning in Sweden – this correspondence exists. Then, the following happened: Assange caught wind of the fact that a secret criminal case had been opened against him in the U.S. At the time, it was not confirmed by the U.S., but today we know that it was true. As of that moment, Assange’s lawyer began saying that his client was prepared to testify in Sweden, but he demanded diplomatic assurance that Sweden would not extradite him to the U.S.
Was that even a realistic scenario?
Absolutely. Some years previously, as I already mentioned, Swedish security personnel had handed over two asylum applicants, both of whom were registered in Sweden, to the CIA without any legal proceedings. The abuse already started at the Stockholm airport, where they were mistreated, drugged and flown to Egypt, where they were tortured. We don’t know if they were the only such cases. But we are aware of these cases because the men survived. Both later filed complaints with UN human rights agencies and won their case. Sweden was forced to pay each of them half a million dollars in damages.
Did Sweden agree to the demands submitted by Assange?
The lawyers say that during the nearly seven years in which Assange lived in the Ecuadorian Embassy, they made over 30 offers to arrange for Assange to visit Sweden – in exchange for a guarantee that he would not be extradited to the U.S. The Swedes declined to provide such a guarantee by arguing that the U.S. had not made a formal request for extradition.
What is your view of the demand made by Assange’s lawyers?
Such diplomatic assurances are a routine international practice. People request assurances that they won’t be extradited to places where there is a danger of serious human rights violations, completely irrespective of whether an extradition request has been filed by the country in question or not. It is a political procedure, not a legal one. Here’s an example: Say France demands that Switzerland extradite a Kazakh businessman who lives in Switzerland but who is wanted by both France and Kazakhstan on tax fraud allegations. Switzerland sees no danger of torture in France, but does believe such a danger exists in Kazakhstan. So, Switzerland tells France: We’ll extradite the man to you, but we want a diplomatic assurance that he won’t be extradited onward to Kazakhstan. The French response is not: «Kazakhstan hasn’t even filed a request!» Rather, they would, of course, grant such an assurance. The arguments coming from Sweden were tenuous at best. That is one part of it. The other, and I say this on the strength of all of my experience behind the scenes of standard international practice: If a country refuses to provide such a diplomatic assurance, then all doubts about the good intentions of the country in question are justified. Why shouldn’t Sweden provide such assurances? From a legal perspective, after all, the U.S. has absolutely nothing to do with Swedish sex offense proceedings.
Why didn’t Sweden want to offer such an assurance?
You just have to look at how the case was run: For Sweden, it was never about the interests of the two women. Even after his request for assurances that he would not be extradited, Assange still wanted to testify. He said: If you cannot guarantee that I won’t be extradited, then I am willing to be questioned in London or via video link.
But is it normal, or even legally acceptable, for Swedish authorities to travel to a different country for such an interrogation?
That is a further indication that Sweden was never interested in finding the truth. For exactly these kinds of judiciary issues, there is a cooperation treaty between the United Kingdom and Sweden, which foresees that Swedish officials can travel to the UK, or vice versa, to conduct interrogations or that such questioning can take place via video link. During the period of time in question, such questioning between Sweden and England took place in 44 other cases. It was only in Julian Assange’s case that Sweden insisted that it was essential for him to appear in person.
3. When the highest Swedish court finally forced public prosecutors in Stockholm to either file charges or suspend the case, the British authorities demanded: “Don’t get cold feet!!”
Why was that?
There is only a single explanation for everything – for the refusal to grant diplomatic assurances, for the refusal to question him in London: They wanted to apprehend him so they could extradite him to the U.S. The number of breaches of law that accumulated in Sweden within just a few weeks during the preliminary criminal investigation is simply grotesque. The state assigned a legal adviser to the women who told them that the criminal interpretation of what they experienced was up to the state, and no longer up to them. When their legal adviser was asked about contradictions between the women’s testimony and the narrative adhered to by public officials, the legal adviser said, in reference to the women: «ah, but they’re not lawyers.» But for five long years the Swedish prosecution avoids questioning Assange regarding the purported rape, until his lawyers finally petitioned Sweden’s Supreme Court to force the public prosecution to either press charges or close the case. When the Swedes told the UK that they may be forced to abandon the case, the British wrote back, worriedly: «Don’t you dare get cold feet!!»
Are you serious?
Yes, the British, or more specifically the Crown Prosecution Service, wanted to prevent Sweden from abandoning the case at all costs. Though really, the English should have been happy that they would no longer have to spend millions in taxpayer money to keep the Ecuadorian Embassy under constant surveillance to prevent Assange’s escape.
Why were the British so eager to prevent the Swedes from closing the case?
We have to stop believing that there was really an interest in leading an investigation into a sexual offense. What Wikileaks did is a threat to the political elite in the U.S., Britain, France and Russia in equal measure. Wikileaks publishes secret state information – they are opposed to classification. And in a world, even in so-called mature democracies, where secrecy has become rampant, that is seen as a fundamental threat. Assange made it clear that countries are no longer interested today in legitimate confidentiality, but in the suppression of important information about corruption and crimes. Take the archetypal Wikileaks case from the leaks supplied by Chelsea Manning: The so-called «Collateral Murder» video. (Eds. Note: On April 5, 2010, Wikileaks published a classified video from the U.S. military which showed the murder of several people in Baghdad by U.S. soldiers, including two employees of the news agency Reuters.) As a long-time legal adviser to the International Committee of the Red Cross and delegate in war zones, I can tell you: The video undoubtedly documents a war crime. A helicopter crew simply mowed down a bunch of people. It could even be that one or two of these people was carrying a weapon, but injured people were intentionally targeted. That is a war crime. «He’s wounded,» you can hear one American saying. «I’m firing.» And then they laugh. Then a van drives up to save the wounded. The driver has two children with him. You can hear the soldiers say: Well it’s their fault for bringing their kids into a battle. And then they open fire. The father and the wounded are immediately killed, though the children survive with serious injuries. Through the publication of the video, we became direct witnesses to a criminal, unconscionable massacre.
What should a constitutional democracy do in such a situation?
A constitutional democracy would probably investigate Chelsea Manning for violating official secrecy because she passed the video along to Assange. But it certainly wouldn’t go after Assange, because he published the video in the public interest, consistent with the practices of classic investigative journalism. More than anything, though, a constitutional democracy would investigate and punish the war criminals. These soldiers belong behind bars. But no criminal investigation was launched into a single one of them. Instead, the man who informed the public is locked away in pre-extradition detention in London and is facing a possible sentence in the U.S. of up to 175 years in prison. That is a completely absurd sentence. By comparison: The main war criminals in the Yugoslavia tribunal received sentences of 45 years. One-hundred-seventy-five years in prison in conditions that have been found to be inhumane by the UN Special Rapporteur and by Amnesty International. But the really horrifying thing about this case is the lawlessness that has developed: The powerful can kill without fear of punishment and journalism is transformed into espionage. It is becoming a crime to tell the truth.
What awaits Assange once he is extradited?
He will not receive a trial consistent with the rule of law. That’s another reason why his extradition shouldn’t be allowed. Assange will receive a trial-by-jury in Alexandria, Virginia – the notorious «Espionage Court» where the U.S. tries all national security cases. The choice of location is not by coincidence, because the jury members must be chosen in proportion to the local population, and 85 percent of Alexandria residents work in the national security community – at the CIA, the NSA, the Defense Department and the State Department. When people are tried for harming national security in front of a jury like that, the verdict is clear from the very beginning. The cases are always tried in front of the same judge behind closed doors and on the strength of classified evidence. Nobody has ever been acquitted there in a case like that. The result being that most defendants reach a settlement, in which they admit to partial guilt so as to receive a milder sentence.
You are saying that Julian Assange won’t receive a fair trial in the United States?
Without doubt. For as long as employees of the American government obey the orders of their superiors, they can participate in wars of aggression, war crimes and torture knowing full well that they will never have to answer to their actions. What happened to the lessons learned in the Nuremberg Trials? I have worked long enough in conflict zones to know that mistakes happen in war. It’s not always unscrupulous criminal acts. A lot of it is the result of stress, exhaustion and panic. That’s why I can absolutely understand when a government says: We’ll bring the truth to light and we, as a state, take full responsibility for the harm caused, but if blame cannot be directly assigned to individuals, we will not be imposing draconian punishments. But it is extremely dangerous when the truth is suppressed and criminals are not brought to justice. In the 1930s, Germany and Japan left the League of Nations. Fifteen years later, the world lay in ruins. Today, the U.S. has withdrawn from the UN Human Rights Council, and neither the «Collateral Murder» massacre nor the CIA torture following 9/11 nor the war of aggression against Iraq have led to criminal investigations. Now, the United Kingdom is following that example. The Security and Intelligence Committee in the country’s own parliament published two extensive reports in 2018 showing that Britain was much more deeply involved in the secret CIA torture program than previously believed. The committee recommended a formal investigation. The first thing that Boris Johnson did after he became prime minister was to annul that investigation.
4. In the UK, violations of bail conditions are generally only punished with monetary fines or, at most, a couple of days behind bars. But Assange was given 50 weeks in a maximum-security prison without the ability to prepare his own defense
In April, Julian Assange was dragged out of the Ecuadorian Embassy by British police. What is your view of these events?
In 2017, a new government was elected in Ecuador. In response, the U.S. wrote a letter indicating they were eager to cooperate with Ecuador. There was, of course, a lot of money at stake, but there was one hurdle in the way: Julian Assange. The message was that the U.S. was prepared to cooperate if Ecuador handed Assange over to the U.S. At that point, the Ecuadorian Embassy began ratcheting up the pressure on Assange. They made his life difficult. But he stayed. Then Ecuador voided his amnesty and gave Britain a green light to arrest him. Because the previous government had granted him Ecuadorian citizenship, Assange’s passport also had to be revoked, because the Ecuadorian constitution forbids the extradition of its own citizens. All that took place overnight and without any legal proceedings. Assange had no opportunity to make a statement or have recourse to legal remedy. He was arrested by the British and taken before a British judge that same day, who convicted him of violating his bail.
What do you make of this accelerated verdict?
Assange only had 15 minutes to prepare with his lawyer. The trial itself also lasted just 15 minutes. Assange’s lawyer plopped a thick file down on the table and made a formal objection to one of the judges for conflict of interest because her husband had been the subject of Wikileaks exposures in 35 instances. But the lead judge brushed aside the concerns without examining them further. He said accusing his colleague of a conflict of interest was an affront. Assange himself only uttered one sentence during the entire proceedings: «I plead not guilty.» The judge turned to him and said: «You are a narcissist who cannot get beyond his own self-interest. I convict you for bail violation.»
If I understand you correctly: Julian Assange never had a chance from the very beginning?
That’s the point. I’m not saying Julian Assange is an angel or a hero. But he doesn’t have to be. We are talking about human rights and not about the rights of heroes or angels. Assange is a person, and he has the right to defend himself and to be treated in a humane manner. Regardless of what he is accused of, Assange has the right to a fair trial. But he has been deliberately denied that right – in Sweden, the U.S., Britain and Ecuador. Instead, he was left to rot for nearly seven years in limbo in a room. Then, he was suddenly dragged out and convicted within hours and without any preparation for a bail violation that consisted of him having received diplomatic asylum from another UN member state on the basis of political persecution, just as international law intends and just as countless Chinese, Russian and other dissidents have done in Western embassies. It is obvious that what we are dealing with here is political persecution. In Britain, bail violations seldom lead to prison sentences – they are generally subject only to fines. Assange, by contrast, was sentenced in summary proceedings to 50 weeks in a maximum-security prison – clearly a disproportionate penalty that had only a single purpose: Holding Assange long enough for the U.S. to prepare their espionage case against him.
As the UN Special Rapporteur on Torture, what do you have to say about his current conditions of imprisonment?
Britain has denied Julian Assange contact with his lawyers in the U.S., where he is the subject of secret proceedings. His British lawyer has also complained that she hasn’t even had sufficient access to her client to go over court documents and evidence with him. Into October, he was not allowed to have a single document from his case file with him in his cell. He was denied his fundamental right to prepare his own defense, as guaranteed by the European Convention on Human Rights. On top of that is the almost total solitary confinement and the totally disproportionate punishment for a bail violation. As soon as he would leave his cell, the corridors were emptied to prevent him from having contact with any other inmates.
And all that because of a simple bail violation? At what point does imprisonment become torture?
Julian Assange has been intentionally psychologically tortured by Sweden, Britain, Ecuador and the U.S. First through the highly arbitrary handling of proceedings against him. The way Sweden pursued the case, with active assistance from Britain, was aimed at putting him under pressure and trapping him in the embassy. Sweden was never interested in finding the truth and helping these women, but in pushing Assange into a corner. It has been an abuse of judicial processes aimed at pushing a person into a position where he is unable to defend himself. On top of that come the surveillance measures, the insults, the indignities and the attacks by politicians from these countries, up to and including death threats. This constant abuse of state power has triggered serious stress and anxiety in Assange and has resulted in measurable cognitive and neurological harm. I visited Assange in his cell in London in May 2019 together with two experienced, widely respected doctors who are specialized in the forensic and psychological examination of torture victims. The diagnosis arrived at by the two doctors was clear: Julian Assange displays the typical symptoms of psychological torture. If he doesn’t receive protection soon, a rapid deterioration of his health is likely, and death could be one outcome.
Half a year after Assange was placed in pre-extradition detention in Britain, Sweden quietly abandoned the case against him in November 2019, after nine long years. Why then?
The Swedish state spent almost a decade intentionally presenting Julian Assange to the public as a sex offender. Then, they suddenly abandoned the case against him on the strength of the same argument that the first Stockholm prosecutor used in 2010, when she initially suspended the investigation after just five days: While the woman’s statement was credible, there was no proof that a crime had been committed. It is an unbelievable scandal. But the timing was no accident. On Nov. 11, an official document that I had sent to the Swedish government two months before was made public. In the document, I made a request to the Swedish government to provide explanations for around 50 points pertaining to the human rights implications of the way they were handling the case. How is it possible that the press was immediately informed despite the prohibition against doing so? How is it possible that a suspicion was made public even though the questioning hadn’t yet taken place? How is it possible for you to say that a rape occurred even though the woman involved contests that version of events? On the day the document was made public, I received a paltry response from Sweden: The government has no further comment on this case.
What does that answer mean?
It is an admission of guilt.
How so?
As UN Special Rapporteur, I have been tasked by the international community of nations with looking into complaints lodged by victims of torture and, if necessary, with requesting explanations or investigations from governments. That is the daily work I do with all UN member states. From my experience, I can say that countries that act in good faith are almost always interested in supplying me with the answers I need to highlight the legality of their behavior. When a country like Sweden declines to answer questions submitted by the UN Special Rapporteur on Torture, it shows that the government is aware of the illegality of its behavior and wants to take no responsibility for its behavior. They pulled the plug and abandoned the case a week later because they knew I would not back down. When countries like Sweden allow themselves to be manipulated like that, then our democracies and our human rights face a fundamental threat.
You believe that Sweden was fully aware of what it was doing?
Yes. From my perspective, Sweden very clearly acted in bad faith. Had they acted in good faith, there would have been no reason to refuse to answer my questions. The same holds true for the British: Following my visit to Assange in May 2019, they took six months to answer me – in a single-page letter, which was primarily limited to rejecting all accusations of torture and all inconsistencies in the legal proceedings. If you’re going to play games like that, then what’s the point of my mandate? I am the Special Rapporteur on Torture for the United Nations. I have a mandate to ask clear questions and to demand answers. What is the legal basis for denying someone their fundamental right to defend themselves? Why is a man who is neither dangerous nor violent held in solitary confinement for several months when UN standards legally prohibit solitary confinement for periods extending beyond 15 days? None of these UN member states launched an investigation, nor did they answer my questions or even demonstrate an interest in dialogue.
5. A prison sentence of 175 years for investigative journalism: The precedent the USA vs. Julian Assange case could set
What does it mean when UN member states refuse to provide information to their own Special Rapporteur on Torture?
That it is a prearranged affair. A show trial is to be used to make an example of Julian Assange. The point is to intimidate other journalists. Intimidation, by the way, is one of the primary purposes for the use of torture around the world. The message to all of us is: This is what will happen to you if you emulate the Wikileaks model. It is a model that is so dangerous because it is so simple: People who obtain sensitive information from their governments or companies transfer that information to Wikileaks, but the whistleblower remains anonymous. The reaction shows how great the threat is perceived to be: Four democratic countries joined forces – the U.S., Ecuador, Sweden and the UK – to leverage their power to portray one man as a monster so that he could later be burned at the stake without any outcry. The case is a huge scandal and represents the failure of Western rule of law. If Julian Assange is convicted, it will be a death sentence for freedom of the press.
What would this possible precedent mean for the future of journalism?
On a practical level, it means that you, as a journalist, must now defend yourself. Because if investigative journalism is classified as espionage and can be incriminated around the world, then censorship and tyranny will follow. A murderous system is being created before our very eyes. War crimes and torture are not being prosecuted. YouTube videos are circulating in which American soldiers brag about driving Iraqi women to suicide with systematic rape. Nobody is investigating it. At the same time, a person who exposes such things is being threatened with 175 years in prison. For an entire decade, he has been inundated with accusations that cannot be proven and are breaking him. And nobody is being held accountable. Nobody is taking responsibility. It marks an erosion of the social contract. We give countries power and delegate it to governments – but in return, they must be held accountable for how they exercise that power. If we don’t demand that they be held accountable, we will lose our rights sooner or later. Humans are not democratic by their nature. Power corrupts if it is not monitored. Corruption is the result if we do not insist that power be monitored.
You’re saying that the targeting of Assange threatens the very core of press freedoms.
Let’s see where we will be in 20 years if Assange is convicted – what you will still be able to write then as a journalist. I am convinced that we are in serious danger of losing press freedoms. It’s already happening: Suddenly, the headquarters of ABC News in Australia was raided in connection with the «Afghan War Diary». The reason? Once again, the press uncovered misconduct by representatives of the state. In order for the division of powers to work, the state must be monitored by the press as the fourth estate. WikiLeaks is a the logical consequence of an ongoing process of expanded secrecy: If the truth can no longer be examined because everything is kept secret, if investigation reports on the U.S. government’s torture policy are kept secret and when even large sections of the published summary are redacted, leaks are at some point inevitably the result. WikiLeaks is the consequence of rampant secrecy and reflects the lack of transparency in our modern political system. There are, of course, areas where secrecy can be vital. But if we no longer know what our governments are doing and the criteria they are following, if crimes are no longer being investigated, then it represents a grave danger to societal integrity.
What are the consequences?
As the UN Special Rapporteur on Torture and, before that, as a Red Cross delegate, I have seen lots of horrors and violence and have seen how quickly peaceful countries like Yugoslavia or Rwanda can transform into infernos. At the roots of such developments are always a lack of transparency and unbridled political or economic power combined with the naivete, indifference and malleability of the population. Suddenly, that which always happened to the other – unpunished torture, rape, expulsion and murder – can just as easily happen to us or our children. And nobody will care. I can promise you that.
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