Mostrar mensagens com a etiqueta UE. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta UE. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 27 de março de 2025

NEUTRALITY STUDIES: «ENCALHADOS NO REINO DA FANTASIA»

 

British MP, Lord Skidelsky


Pascal Lottaz de Neutrality Studies traz-nos  mais uma notável entrevista, de um membro da Câmara dos Lords, que exprime o hiato que se tem alargado nos últimos tempos, entre a realidade e as fantasias, daí o título desta peça: «Struck in Fantasyland» . 
Na minha opinião, o que diz Lord Skidelsky não é somente uma evidência que eu já tinha percebido, ao compulsar nestes últimos anos, materiais para as minhas crónicas neste blog; é sobretudo um apelo - implícito - à ação, das pessoas com sentido do real, para que retomem as coisas em mãos, para que acabe esta deriva «histérica» em relação à guerra Russo-Ucraniana, sobretudo na Europa da U.E. e no Reino Unido.

PS1 (28/03/2023): Martin Armstrong, no seu blog, mostra que os dirigentes dos principais países europeus da OTAN estão perfeitamente alinhados com o regime de Kiev. Estão dispostos a desencadear uma guerra directa OTAN - Rússia. Não hesitarão perante nada, desde ataques de «falsa bandeira», até à entrada em força de soldados da OTAN, combatendo ao lado da Ucrânia, a pretexto de serem «tropas de interposição», obrigando os russos a lutar contra eles. 
Segundo Martin Armstrong, vários dirigentes europeus da OTAN estão «na cama» com os neocons.

segunda-feira, 24 de março de 2025

PORTUGAL, «O COLAPSO EM CÂMARA LENTA»

 No vídeo seguinte são apontadas algumas das graves disfunções, que têm sido responsáveis pela crise. Esta tem sido mais longa e mais profunda que noutros países europeus. Na realidade, conjugam-se três crises, ou três componentes de uma mesma crise estrutural: demográfica, económica e social.

Na realidade, as raíses do fenómeno português podem ser procuradas bem longe, na História. Porém, no relativo curto prazo, situo a deriva agravada a partir do ano de 2015 quando, saído de uma grave recessão e com num processo anémico de crescimento, o país foi governado pelo centro-esquerda, tendo antes estado entregue ao centro-direita. 

Na realidade, trata-se de duas versões da classe dominante. Esta burguesia local tem estado vassalizada - principalmente - aos senhores da UE, à Comissão Europeia e aos governos dos países mais fortes (Alemanha e França sobretudo). 

A opção do governo P«S» de Carlos Costa, foi de  dar rédea larga à exploração de curtíssimo prazo resultante da bonança momentânea com o turismo, criando condições para uma enganadora retoma económica. Enganadora, pois não se baseava em desenvolvimento estratégico, como seria o caso, se houvesse real investimento em infraestruturas e em formação. Mesmo nos sectores «dos ovos de ouro», turismo e imobiliário, não havia real estratégia. O imobiliário foi entregue a empreendores exclusivamente virados para a construção ou reabilitação de elevados custos finais, destinada à fina camada de portugueses endinheirados e -sobretudo - aos muitos estrangeiros, principalmente da UE, mas também dos EUA, do Brasil, da China, etc. Estes superricos viam a compra de imobiliário em Portugal, como sendo um investimento com boas hipóteses de valorização. Era também avaliado este país como sendo «seguro», em termos de proteção da propriedade capitalista. 

Com a crise do COVID primeiro e depois com a deterioração do clima económico na UE, entrou-se em recessão. Esta, tem sido negada pelas estatísticas enviesadas. Mas, as condições precárias dos não-beneficiários com o «mini-boom» turístico, foram tornando-se cada vez piores. Muitos partiram para o estrangeiro, sobretudo jovens, como está documentado no vídeo. Mas, esta emigração em massa só trouxe prejuízo ao país, pois acentuou a condição de país exportador de mão-de-obra e cuja juventude - altamente qualificada- por falta de emprego adequado, é obrigada a fazer carreira no estrangeiro (a «drenagem dos cérebros» ou «brain drain»). 

A dependência estrutural de Portugal não é uma fatalidade, porém:

 Portugal possui boas condições naturais, climáticas e geográficas, para arrancar para um desenvolvimento autónomo. Mas, para isso, seria necessário que a camada dirigente dos partidos de governo tivesse uma perspectiva patriótica. Ora, esta camada é totalmente o oposto: sofre dum complexo de inferioridade face ao estrangeiro, em todos os setores do espectro político: de direita, de centro e de esquerda. O mais frequente, é digladiarem-se para arrancar mais benesses ao Estado, através do controlo da media de massas. 

A casta governante está inteiramente devotada aos interesses corporativos; sua sujeição canina ao imperialismo e à OTAN, são outro sinal claro disso.




sábado, 22 de março de 2025

CRÓNICA DA IIIº GUERRA MUNDIAL, Nº41: O EUROPEÍSMO DESCONCERTADO REVELA SUA VERDADEIRA FACE

Uma interessante discussão sobre o militarismo, por Michael Roberts:  

https://thenextrecession.wordpress.com/2025/03/22/from-welfare-to-warfare-military-keynesianism/



Meu comentário:

Tenho ideia de que o «Keynesianismo de guerra» foi positivo na altura da 2ªGuerra Mundial, sobretudo para os EUA, pois ajudou a derrotar os poderes do Eixo e simultaneamente foi a saída para a longa e terrível depressão na economia americana e mundial, que durou de 1929 a 1941, mais de uma década.

Mas, em consequência do Mundo resultante do fim da IIª Guerra Mundial, nomeadamente, a formação do bloco soviético, o império americano quis manter as suas indústrias de guerra intactas para derrotar os soviéticos e seus aliados...Assim, nos anos 50 e 60 as despesas de guerra continuaram, não havendo reconversão significativa das indústrias de guerra (sobredimensionadas, mesmo para o contexto da então nova guerra-fria). Depois, o Complexo Militar Industrial foi tomando mais e mais poder na política, na administração, no Pentágono, na CIA, etc, até que, definitiva e totalmente, tomou conta dos assuntos correntes (a última tentativa para derrotá-lo, foi devida a JFK…).

Nos dias de hoje, não existe possibilidade prática, num lapso de tempo inferior a dez anos, das indústrias militares - presentes e futuras - da UE atingirem um nível remotamente semelhante ao que possuem, tanto a China, como a Rússia (e estes são dois aliados de facto). Este atual entusiasmo militar é baseado em tomar seus desejos pela realidade (wishful thinking), por pessoas que estavam tão seguras do apoio americano, que nunca encararam a possibilidade deste apoio acabar, como está acontecendo agora.
Porém, uma despesa «furiosa» de rearmamento, a ter lugar, irá arruinar todos os países da UE; será um suicídio económico e social. Sendo assim, cabe aos povos europeus acordarem, verem como foram enganados e tomarem seu destino em suas próprias mãos, varrendo a clique militarista, parasitária e oligárquica que domina a UE.

quinta-feira, 6 de março de 2025

[jornal popular MUDAR DE VIDA] O TAMANHO DA DERROTA (por Manuel Raposo)

 

                                      Foto: Tratados como inúteis pela nova gerência de Washington

O tamanho da derrota

«Tudo se torna mais simples de entender se admitirmos o seguinte: o imperialismo perdeu a guerra na Ucrânia. Todos os propósitos amplamente anunciados pela equipa de Biden que a Europa seguiu cegamente - desgastar militarmente a Rússia, arruiná-la economicamente, isolá-la do resto do mundo, derrubar o regime para abrir portas a uma segunda era Ieltsin -  fracassaram.»

sábado, 22 de fevereiro de 2025

As crises não caem do céu!!!

 Veja este vídeo de ELUCID sobre a exploração do capitalismo neoliberal, hoje em dia na Europa: porque continua a descer o NÍVEL DE VIDA DAS CAMADAS MAIS POBRES enquanto os lucros das (grandes) empresas sobem em flecha e dos CEOs correspondentes, também. 

A não perder!



(CQFD)

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

A GUERRA ECONÓMICA DOS EUA CONTRA OS SEUS «ALIADOS» EUROPEUS

              Aeroporto de Frankfurt, no coração da província europeia do império U.S.


Nos últimos anos, temos vindo a observar a acentuação de uma tendência que, no final da sua vida, o ex-presidente francês François Mitterand nos tinha avisado, numa célebre entrevista: A existência do inimigo não declarado, mas poderoso da Europa, os EUA.

 Desde a invasão russa da Ucrânia, o cenário tornou-se muito mais explícito, tal como o papel das «elites» políticas dos mais fortes países da UE. 
Os EUA revelaram a sua verdeira face, ao destruírem o gazoduto submarino no Mar do Báltico (Nord Stream) e forçando os alemães - e em particular, o governo do Chanceler Olaf Scholtz - a fazer como se não soubesse de nada, como se isso fosse possível; logo, a desacreditar-se completamente perante os seus eleitores. A partir deste ponto, a Alemanha e muitos outros países da UE, não  teriam outra opção viável, senão adquirir o gás americano, comprimido e enviado através do Atlântico em navios especiais e quatro vezes mais caro que o gás natural russo, veículado por uma rede de gazodutos.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (representante da ala mais belicosa da oligarquia), advoga a necessidade do aumento substancial das despesas militares dos países da OTAN; apoiando inclusive a meta irrealista, não de 2% do PIB, mas de 5%. Esta exigência é uma sentença de morte para a capacidade de sobrevivência da UE, enquanto potência económica autónoma. É evidente que este esforço de despesas militares irá ser canalizado - em quase exclusivo - para aquisições em proveniência da indústria armamentista dos EUA, o que os salva da falência. Ou seja, nós vamos à falência, graças à cobardia, subserviência e estupidez dos dirigentes europeus. 
 Para cúmulo, os eurocratas e quase toda a casta política da Europa, estão comprometidos com Washington em impor mais sanções contra a Rússia (ainda mais) e contra a China. Ambos são dos mais importantes parceiros comerciais: A Rússia e China têm sido os melhores mercados para produtos agrícolas e industriais da Europa, além de que temos necessidade - no imediato - de importar destes países produtos que deixámos de fabricar, ou que não fabricamos em quantidade suficiente. 
Nossos «amigos americanos»* têm preparado o terreno para acolher as indústrias (sobretudo, as de ponta) que os capitalistas europeus planeiam deslocalizar para os EUA, onde encontrarão um ambiente fiscal muito mais favorável e com incentivos para a instalação, energia a muito mais baixo preço e um vasto mercado para os produtos.  Quer dizer, os americanos estão a convidar as mais promissoras indústrias europeias a deslocalizarem-se para os EUA e os governos europeus, vassalos, estão dispostos a satisfazer os desejos de seus senhores feudais!

-----------------------------
*Com amigos assim, para que precisamos de inimigos?


sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

FIM DO IMPÉRIO: VIRAGEM PARA UMA TOMADA DE CONSCIÊNCIA DOS POVOS

Os povos do mundo (incluindo os americanos) estão a acordar. 

Estamos a assistir em direto ao primeiro capítulo da queda do Império USA:

- A derrota militar na Ucrânia, a retaliação da oligarquia europeia contra os «recalcitrantes» dirigentes da Eslováquia e Hungria, a ilusão da democracia desmascarada com o que se passa na Roménia com anulação das eleições com base em «suspeitas» de ingerência, a histeria na Alemanha, que apresenta um partido nacionalista como se fosse nazi, na Geórgia as ingerências dos países «fortes» da UE são descaradas, etc.

O mundo está a evoluir aceleradamente, mas a media ocidental tem mantido a ilusão, jogando também com o medo, a denegação, como serviçais que são do capital monopolista. 

Oiça com atenção as análises (em francês) sobre a atualidade:


RELACIONADO:

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2024/10/uniao-europeia-manipulou-referendo-na.html


https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2025/01/apos-derrota-militar-zelensky-decide.html



segunda-feira, 11 de novembro de 2024

PLANO DRAGHI: SUPER ESTADO EUROPEU

 

Numa recente reunião de chefes de Estado e de governo da UE, Mário Draghi expôs o seu plano de revitalização da economia da Europa, tendo insistido no completar do mercado único, que implica uma planificação comum, uma integração total e uma centralização, que fariam da UE não mais a união de Estados independentes mas um super Estado.

Esta ideia de que, face a dificuldades, se deva acentuar o caráter centralista, irá favorecer o domínio - a todos os níveis - das partes mais fortes, as principais economias. A Alemanha, a França, a Itália e a Holanda ficarão ao leme, com as restantes nações ainda mais dependentes. 

No fundo, trata-se de um modelo neocolonial e não federal ou confederal. 

 Macron e Van der Leyen têm pressionado fortemente para que tal plano seja implementado após "discussão" no parlamento europeu. Esta fuga para a frente foi justificada, como era de esperar, com "ameaças " externas: A eleição de Trump, a Rússia de Putin e os BRICS+ .

Parece loucura querer reformar profundamente a estrutura económica, financeira e política da UE, no momento presente; mas tem sido este o comportamento das forças dominantes, ao longo da história da UE: Veja-se o lamentável caso da constituição europeia, rejeitada em referendo pela França e a Holanda, reintroduzida - com outro nome - enquanto «Tratado de Lisboa».

 Porém, as condições para realizar esta centralização, já seriam difíceis, mesmo num contexto bem menos tenso. A subida contínua de correntes do euro-cepticismo, relaciona-se de perto com a profunda crise económica associada à destruição do Estado Social durante mais de três décadas, com a imposição aos países mais fracos da moeda única e favorecendo as economias do Norte (Alemanha, Holanda e Escandinávia), o sobre-endividamento, a manutenção da política de "austeridade", mas só para as classes trabalhadoras.

Esta tentativa de consolidar o "barco" da UE, através de mais centralização, mais burocracia e maiores assimetrias sociais e regionais, vai ter um dos dois desfechos seguintes: 

- Ou falha, logo à partida, porque não obtem apoio suficiente para ser implementada;

- Ou, caso seja implementada, vai ser mais um fator de discórdia, precipitando a saída de vários países e a explosão social nos outros.

Até agora, as populações dos países mais poderosos não sofriam, de forma acentuada, com as crises económicas. Mas, já se vê que estes povos estão a ser fortemente atingidos pela crise mundial económica e financeira que já começou.

 As pessoas mais revoltadas são - em geral - as que possuíam algum bem-estar, que perdem o seu emprego. São as classes trabalhadora e média, reduzidas à pobreza, que irão revoltar-se contra os governos que elas apoiaram, ativa ou passivamente.

------------------------


Relacionado:


https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2024/10/o-naufragio-da-uniao-europeia-frederic.html


 https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2024/09/draghi-propoe-mutualizacao-da-divida-da.html


https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2019/02/o-colete-de-forcas-da-uniao-europeia.html

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

O NAUFRÁGIO DA UNIÃO EUROPEIA [Frédéric Farah]

 

https://www.youtube.com/watch?v=ZpxX0EPPJCc&t=2849s

COMENTÁRIO:

A União europeia tornou-se - a partir de Maastricht - numa modalidade de dominação neocolonial dos países nórdicos sobre os países do Sul. 

Apesar de todo o chinfrim e lamúrias feitas por alemães e outros, os países do Sul (os «PIGS»= Portugal, Itália, Grécia, Spain), foram sistematicamente arredados da competição nos domínios mais tecnológicos, embora à partida devessem ser os favorecidos, isto se a «fábula» da aproximação dos níveis de desenvolvimento e de vida, fosse mais do que a forma de «embrulhar» os povos na ilusão, para aceitarem o desaparecimento de uma parte considerável da sua soberania, ou seja, a renúncia a cunhar moeda própria. 

A incapacidade de desvalorizar a moeda nacional (visto não existir mais este instrumento de soberania) obriga a que a desvalorização do trabalho assalariado seja a única variável possível - em regime de mercado único - para conseguir aguentar a competição com países concorrentes comerciais mais fortes. 

Assim, de forma institucional, os governos do Sul foram «convidados» a implementar políticas de austeridade, que significam estagnação e sofrimento económico e social para os respetivos povos: Basta comparar os níveis de desemprego no Norte da UE e no Sul, no período considerado, nos anos entre 1992 e 2022.  

Durante algum tempo, as pessoas dos países do Sul foram iludidas e julgaram que realmente iriam alcançar os padrões de bem-estar dos países do Norte. Mas, as sucessivas políticas de austeridade, além da enorme fuga de capitais, fizeram com que - numa proporção maior que os ricos - fosse a classe trabalhadora (operariado + classe média) a sustentar a maior parte das despesas do Orçamento, com os seus impostos. 

- Na ausência de significativo investimento nos domínios tradicionais suscetíveis de crescerem numa primeira fase (por exemplo, as indústrias alimentares, as confeções, etc.) houve uma invasão dos produtos do Norte. 

- Não só a viabilidade de pequenas e médias empresas industriais dos países do Sul ficou posta em causa, com o desemprego correlativo, como também foram destruídos muitos postos de trabalho a montante e a jusante, na agricultura  e nos serviços. 

O balanço destas 3 décadas de União Europeia pós-Maastricht, para os países pobres, não poderia ser mais triste. 

- Perderam a possibilidade de desenvolver aquelas áreas onde possuíam reais vantagens, em relação aos concorrentes europeus e mundiais. 

- Houve destruição de sectores inteiros, como as pescas em Portugal, por exemplo.

- Agravou-se a miséria, que somente foi minorada com o renovo de fluxos migratórios em direção às economias do Norte. 

- As indústrias do Norte europeu ficaram com um vasto mercado cativo, não apenas em relação a automóveis e outros produtos industriais, mas também em relação a produtos antes fabricados no Sul, cujas empresas agrícolas e industriais foram liquidadas. 

- Parte da classe política (incluindo à «esquerda») em Portugal, continua a alimentar o mito do sucesso do projeto da UE. Trata-se daquela pequena casta, muitíssimo beneficiada com prebendas e privilégios da UE e suas agências, mas sem qualquer contributo positivo para este país.


Frédéric Farah é autor de um artigo recente, sobre como se originou e quais as consequências da bolha no imobiliário em Portugal:

 https://elucid.media/economie/flambee-immobiliere-portugal-malheurs-deregulation-europeenne-frederic-farah

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

NÃO EXISTEM IMPÉRIOS BENÉFICOS

 A ideia que é mais difundida, é que a União Europeia seria a consequência de uma vontade de paz, de bom entendimento entre povos diversos, mas partilhando uma cultura comum, com valores comuns e, portanto, que poderiam ser vertidos dentro de um mesmo molde, para produzir uma harmoniosa síntese, «uma cidadania europeia».

 «A Europa», é uma construção, sem dúvida, muito presente no discurso de políticos (de praticamente todos os quadrantes), mas sem outro fim senão o de fazer com que os eleitores, os povos, continuem a oferecer mandatos periódicos e incondicionais à oligarquia europeia, a «dona» dos chefes políticos das nações mais poderosas. Estes políticos europeístas apoiam e são apoiados pela grande burguesia dos respetivos países.  Sobretudo, todos eles fizeram vassalagem ao suserano americano. 

A «diversidade política» é apenas aparente, não reflete uma real contradição de projetos de seus atores, antes pelo contrário: Os partidos, os que formam governos em cada país, as assembleias de deputados nacionais, os grupos políticos artificiais no parlamento europeu, todas estas instâncias estão bem controladas, para que o interesse comum seja entendido como o da oligarquia europeia. Por isso, quase não existe contestação no seio do Parlamento Europeu, às políticas europeias. Tudo é feito para que se mantenha o simulacro de unidade dos povos, quando apenas existe unidade de uns lacaios que fazem o frete (muito bem pago) de "representar" os povos.

Quem, de facto, beneficia com esta pseudo União europeia, é a grande burguesia europeia. Ela tem tudo a ganhar em se manter subordinada ao poderio imperial americano. Ela foi colocada e mantida no poder por esse mesmo complexo político-militar-industrial dos EUA, após a IIª Guerra Mundial.

A propósito disto, quando na Europa se discutia (entre as elites políticas e empresariais), como se deveria implementar o projeto do Euro, quais os efeitos na Europa e no Mundo dessa moeda transnacional, pan-europeia, lembro-me ter visto na TV, uma entrevista ao Presidente Bill Clinton. Perguntava o entrevistador, «Não se tornará o Euro uma ameaça para o Dólar e portanto para os EUA?», ao que Bill Clinton respondeu, em substância: «Aquilo que é benéfico para a Europa, é também para os EUA». Esta pequena frase generosa, à primeira vista, poderia ser interpretada como se o presidente dos EUA aceitasse que os seus aliados formassem um império rival, mas tendo os mesmos princípios gerais que o dos EUA e portanto, benéfico para os EUA também. Mas poderia ser a resposta, ambígua, do presidente que sabia que a unificação monetária da parte ocidental do continente europeu iria principalmente beneficiar os EUA. Estes, poderiam fazer com que os produtos e as empresas estadunidenses mais facilmente penetrassem e dominassem o mercado europeu unificado. Já não ter que adaptar os seus produtos e estratégias a 27 diferentes realidades nacionais (pequenas, médias ou grandes) que complicavam muito, era - em si mesma - uma vantagem estratégica considerável para os EUA: Desde logo, económica, devido ao desaparecimento de tarifas diversas e à uniformização de legislações comerciais e laborais nos diversos países do Euro.

Mas também, política, pois haveria -de ora em diante- uma Europa tendente à unificação das políticas económicas (a partir de Maastricht). Igualmente favoráveis iriam ser as consequências da adoção da moeda comum, desde a uniformização de impostos, à política monetária do (futuro) Banco Central Europeu.
Nestas circunstâncias, era tudo diferente (para melhor), do ponto de vista dos EUA: Os lucros das empresas transnacionais americanas, mais fortes que as concorrentes europeias, iriam decuplicar-se. Haveria igualmente uma real expansão e maior interpenetração do capital financeiro e industrial, dos dois lados do Atlântico.

É no contexto da crise do sistema burocrático e tecnocrático da União Europeia que vem crescendo - no público europeu - a consciência de que a U.E., afinal, não é mais do que a federação de vassalos europeus dos EUA. Esta «união de vassalos», é conduzida por uma Comissão Europeia que somente responde aos interesses dos grandes grupos económicos europeus e transnacionais.
A Comissão e a União Europeia, com todos os seus órgãos são, ao fim e ao cabo, a parte civil da OTAN.
Esta aliança (a OTAN) manteve a Europa dividida desde a sua fundação, tendo mantido o seu papel de domínio militar-estratégico sobre os territórios que «protegia». Mas, deixou de ter razão de ser, desde que ruiu o Pacto de Varsóvia e a URSS (afinal, apenas um pretexto conveniente). Já lá vão trinta e três anos, que a OTAN deixou de poder proclamar-se «aliança defensiva». Mas tem, evidentemente, mantido o seu papel, de conservar a Europa ocidental e central, sob tutela americana.
A constatação óbvia da forte dependência da União Europeia ao império americano, desde as origens, foi posta entre parêntesis ou omitida, pela esquerda, incluindo o movimento sindical.

Nesta conversa abaixo, entre Olivier Berruyer e Olivier Delorme, dizem-se verdades amargas, que poucas vezes temos oportunidade de escutar.

(pode ativar as legendas automáticas em francês para facilitar a compreensão)




segunda-feira, 2 de setembro de 2024

LYNETTE ZANG: «NÃO VAI HAVER ATERRAGEM SUAVE, ELES PRECISAM DUMA CRISE»

 


A entrevistadora de Lynette é Michelle Makory de Kitco NEWS. 

Lynette diz que os donos do sistema financeiro global precisam de uma crise para fazerem passar a transição para os CBDC (divisas digitais emitidas pelos bancos centrais).

Lynette está em posição de compreender as jogadas que estão a levar o Mundo para o caos. Eles precisam desse caos. Precisam também de fabricar falsas esperanças no público, para este se agarrar a «salva-vidas» irrisórios. Segundo ela, existe um «documento branco» publicado em 1996 pela NSA, onde são delineadas as características do futuro sistema monetário. Quem ler este documento, diz Lynette, verá que existem muitas coincidências com as cripto-divisas e com um mundo sem dinheiro físico (dinheiro-papel).

Faz notar que o artigo que lançou o Bitcoin, surgiu apenas meses depois do grande crash de 2008. Nessa altura, interessava fazer crer que a salvação eram símbolos imateriais, supostamente independentes de poderes políticos e bancários. Não lhes interessava, obviamente, que as pessoas se refugiassem no ouro e na prata, com a posse direta dos seus compradores; esta seria a melhor maneira de preservar o valor dos ativos.  

Lynette está convencida de que o momento em que foi lançado o Bitcoin não foi por acaso, mas antes «um Cavalo de Tróia», para o grande público aceitar o desaparecimento do dinheiro material, ficando apenas com o dinheiro digital. Este, afinal é muito controlável pelos bancos centrais e pelo poder político. Além disso, tem muitas vantagens, para os que controlam o jogo: O CBDC é programável, como o descreveu o diretor do BIS há uns cinco anos atrás. 

Não seria necessário ilegalizar a posse do Bitcoin ou doutras cripto-divisas. Bastaria limitar sua utilização às transações estritamente particulares.  Assim, os detentores de Bitcoin, etc. ficavam com cripto-divisas que já pouco valeriam, face às divisas digitais emitidas pelos bancos centrais. 

Para a aceitação generalizada das CBDC, é preciso uma valente crise para as pessoas, em pânico, aceitarem converter tudo o que têm em cripto-divisas, centralmente emitidas. 

Estas cripto-divisas têm a possibilidade efetiva de transportar o registo de qualquer ativo ou objeto de valor (tokenization). Depois, esses «valores digitalizados» serão transportáveis no teu «porta-moedas digital»: O título de propriedade do teu apartamento, ou o valor da roupa que vestes, ou outra coisa qualquer. Podes transacioná-los, dá-los em fiança num empréstimo, etc.

Esta manobra pode ser descodificada em três etapas:

- problema (como passar ao novo sistema monetário sem afetar os privilégios da oligarquia?) ---> 

---> crise (como gerir o caos para a demolição controlada do sistema existente?)

----> solução (os bancos centrais emitem as divisas digitais, todas as pessoas terão o seu porta-moedas digital, com o seu dinheiro digital. Este seria usado para guardar ativos financeiros, ou certidões de bens materiais, como imobiliário, objetos de valor, etc.).


É assim que a classe oligárquica no poder, opera. Fazendo com que as pessoas se submetam às suas «soluções» as quais, em regra, só beneficiam realmente aquela mesma classe. 

--------------------

NB: Existe neste blog "Manuel Banet, ele próprio", muita informação sobre estes assuntos: 

Por exemplo...

crónica nº15 da IIIª Guerra Mundial, publicada a 31 de Julho de 2023  

DESTRUIÇÃO SISTEMÁTICA DAS POUPANÇAS a 7 de Setembro de 2021

CRIPTOMANIA: INSUFLADA PELOS BANCOS CENTRAIS ? de 5 de Janeiro de 2018



quinta-feira, 29 de agosto de 2024

CISJORDÂNIA / PALESTINA: NAKBA 2.0 + INDIFERENÇA DO OCIDENTE

  Na Nakba de 1948 750000 palestinos forçados a abandonar suas casas por ação de milícias sionistas


Não sei o que me causa mais revolta, se os atos bárbaros executados friamente pelo governo e forças armadas de Israel ou a indiferença (ou aprovação dissimulada?) dos órgãos de poder ocidentais, que têm também responsabilidade, por conivência ativa - fornecendo armas - e passiva, nada fazendo para impedir estes grosseiros crimes de guerra, as violações deliberadas e ostensivas, do direito humanitário

Ambos - governo e autoridades de Israel e os coniventes governos ocidentais - são exemplo do que há de pior no ser humano.

Veja também a notícia relacionada: 

https://thecradle.co/articles/west-bank-in-flames-as-resistance-confronts-vast-israeli-offensive

Transcrevo integralmente, abaixo, o artigo de «Consortium News» traduzido  para português:

https://consortiumnews.com/pt/2024/08/28/Israel-realiza-o-maior-ataque-%C3%A0-Cisjord%C3%A2nia-em-d%C3%A9cadas/


Israel realiza o maior ataque à Cisjordânia em décadas

Israel Katz, ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, indicou que se tratava de uma escalada planeada, dizendo que os militares estavam a operar com “força total”.

Sede das FDI em Tel Aviv. (Justin LaBerge, Flickr, CC BY 2.0)

By Eduardo Carver
Sonhos comuns

IAs forças israelenses conduziram na quarta-feira uma série de ataques mortais na Cisjordânia, matando pelo menos 10 palestinos no maior ataque ao território ocupado em mais de duas décadas. 

Em ataques coordenados a quatro cidades no norte da Cisjordânia, Israel empregou centenas de tropas terrestres, bem como aviões de combate, drones e escavadeiras.

Israel Katz, ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, indicou que se tratava de uma escalada planeada, dizendo que os militares estavam a operar com “força total”.

He chamado para evacuações na Cisjordânia, como em Gaza, e “quaisquer medidas necessárias”, explicando que “esta é uma guerra para tudo e devemos vencê-la”.

A incursão surge na sequência de um recente aumento da violência israelita na Cisjordânia – cinco palestinianos, incluindo duas crianças, foram mortos num ataque aéreo na segunda-feira – e ocorreu no mesmo dia em que o Gabinete dos Direitos Humanos das Nações Unidas divulgou um comunicado. afirmação condenando-o. 

Vozes humanitárias e pró-Palestina denunciaram a ofensiva de quarta-feira. Aida Touma-Suleiman, membro árabe-israelense do Knesset, chamado trata-se da “gazaficação de todas as terras palestinas” e parte de um plano para “limpar etnicamente a Cisjordânia”.

Dr. Mustafa Barghouti, médico e político palestino, disse Democracy Now! que os líderes israelitas, alguns dos quais ele chamou de “fascistas”, estão “a tentar repetir a Nakba”.

“Eles estão tentando repetir a mesma limpeza étnica, o mesmo genocídio que está sendo cometido em Gaza”, acrescentou.

Os progressistas nos EUA, principal aliado diplomático e fornecedor de armas de Israel, argumentaram que a incursão de quarta-feira foi o resultado direto das escolhas da política externa americana. 

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Katz, segundo a partir da direita, reunido com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, à esquerda, em Tel Aviv, em janeiro. (Departamento de Estado, Chuck Kennedy)

“Este é o culminar previsível das ações de um regime israelita que foi totalmente capacitado, armado, apoiado e encorajado pela administração Biden-Harris na sua guerra genocida”, disse Jeremy Scahill, cofundador da A Interceptação que recentemente formou um novo veículo investigativo chamado Soltar notícias do siteescreveu nas redes sociais. 

“Israel recebeu a mensagem de Biden e Harris em alto e bom som durante quase 11 meses: não há escala de crimes de guerra demasiado grande para que a administração tome quaisquer medidas significativas para impedir as operações de massacre em massa de Israel”, Scahill adicionado, referindo-se ao presidente dos EUA, Joe Biden, e ao vice-presidente Kamala Harris, que é o candidato presidencial democrata.

Os ataques israelenses às cidades de Jenin, Nablus, Tubas e Tulkarem começaram na manhã de quarta-feira. Al Jazeera relatado que foi a maior incursão israelita na Cisjordânia desde 2002. 

Os militares israelitas afirmaram que os palestinianos mortos na Cisjordânia eram “terroristas armados que representavam uma ameaça para as forças de segurança”. Relatos da mídia israelense indicaram que os ataques deverão continuar por vários dias.

A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino disse em um comunicado transmitido a Al Jazeera na quarta-feira que as forças israelenses interromperam os serviços médicos e de emergência em vários locais da Cisjordânia. As forças israelitas invadiram o campo de refugiados de Al-Far'a, detiveram a equipa do PRCS e cortaram as suas comunicações, de acordo com PRCS. 

Israel ocupa a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental e Gaza desde 1967. O Tribunal Internacional de Justiça emitido um parecer consultivo no mês passado declarando ilegal a ocupação destes territórios palestinianos, afirmando que esta deve terminar “o mais rapidamente possível”. 

A maioria das nações do mundo há muito declara que os assentamentos israelenses na Cisjordânia são ilegal sob o direito internacional, uma posição que Israel contesta. A violência dos colonos aumentou acentuadamente desde 7 de Outubro, sob a cobertura da carnificina ainda maior em Gaza, onde as forças israelitas mataram mais de 40,000 mil palestinianos.

O Hamas e grupos militantes aliados mataram mais de 1,100 israelenses num massacre brutal em 7 de outubro. 

Na Cisjordânia, onde os ataques noturnos se tornaram comuns, as forças israelenses e os colonos mataram 646 pessoas nos últimos 11 meses, incluindo 148 crianças, segundo autoridades de saúde palestinas. 

Além do ataque militar que matou cinco pessoas na segunda-feira, um ataque de um colono israelense ou de um reservista na aldeia de Wadi Rahal teria levado um homem palestino a ser baleado nas costas, de acordo com serviço de notícias das Nações Unidas. 

Omar Baddar, analista político do Médio Oriente, argumentou que a incursão de quarta-feira fazia parte de um plano israelita de longa data.

“Acho que vale a pena notar o contexto disso, que é o fato de que Israel tem a intenção de anexar e limpar etnicamente grandes partes da Cisjordânia há muito, muito tempo”, disse Baddar. Al Jazeera.

Na sua condenação da agressão israelita na Cisjordânia, o Gabinete dos Direitos Humanos da ONU escreveu que a situação “poderia piorar dramaticamente se [as forças de segurança israelitas] continuassem a utilizar sistematicamente a força letal ilegal e a ignorar a violência perpetrada pelos colonos”.

A agência alertou para “execuções extrajudiciais e outros assassinatos ilegais e destruição de casas e infra-estruturas palestinas” e disse que a violência dos colonos foi possível graças ao apoio político da liderança de Israel. 

“O Gabinete de Direitos Humanos da ONU tem relatado durante anos sobre colonos que atacam comunidades palestinas nas suas terras na Cisjordânia com impunidade”, diz o comunicado.

“Esta tendência de longa data intensificou-se dramaticamente desde 7 de Outubro, à medida que o movimento dos colonos, com apoio político aos mais altos níveis do governo israelita, aproveitou a oportunidade para intensificar os ataques contra os palestinianos, forçando-os a abandonar as suas terras e a expandir os colonatos e o controlo de Israel. sobre a Cisjordânia.”

O ataque à Cisjordânia não impediu Israel de continuar o seu ataque a Gaza. As forças israelenses mataram oito moradores de Gaza em um ataque a uma escola transformada em abrigo no leste de Deir el-Balah, Al Jazeera relatado.

Edward Carver é redator da Common Dreams.

Este artigo é de Sonhos comuns.

As opiniões expressas neste artigo podem ou não refletir as de Notícias do Consórcio.