Mostrar mensagens com a etiqueta Ocidente. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Ocidente. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 11 de junho de 2025

OS ÚLTIMOS DIAS DE GAZA (POR CHRIS HEDGES)

 

Chris Hedges publica no Substack esta crónica (ver abaixo), que é um veredicto: A «civilização» ocidental está morta. Morreu, não de exaustão material, de esgotamento de recursos, ou de uma invasão por povos rivais, mas antes pela sua própria decadência moral. 

Chris Hedges faz aquilo que qualquer homem ou mulher dignos, que tenham o conhecimento hoje dos tão largamente espalhados relatos e imagens do genocídio dos palestinianos às mãos do governo sionista e das suas forças armadas, tem de fazer: Tem de concordar que a monstruosidade destes atos continuados, planeados, executados friamente, nada ficam a dever à horrorosa política de limpeza étnica/genocidária dos nazis, no século passado. 

Porém, lamentavelmente, as pessoas não aprenderam nada com o holocausto das populações judias, ciganas, de resistentes de vários povos e etnias, sacrificadas pelos nazis. Foram erigidos monumentos às vítimas, abertos museus, lembrados em palavras escritas ou faladas, mas... O horror de tudo isso que a humanidade viveu, volta agora: cerca de oitenta anos após o desmoronamento final do III Reich, vencido pelas forças aliadas. 

Eu tenho de confessar que o escrito abaixo de Chris Hedges me horripila. Não por ser exagerado, não por ser  alarmista, não por hipertrofiar certos aspectos da realidade... mas, antes pelo contrário.

O que isto significa é que a chamada «civilização ocidental» já estava morta por dentro, apodrecida, como árvore que se conserva erguida, com o tronco principal, os ramos, as folhas (embora secas), mas cuja seiva deixou de correr, definitivamente. Qualquer vendaval irá abatê-la, pois ela já não desenvolve atividade vital, já não é ativa no ecossistema, as suas raízes permanecem, mas são estruturas ocas, serão aproveitadas por fauna, flora e microorganismos, que reciclam os materiais das árvores mortas. 

Para mim, e para muitas pessoas que raciocinam sobre estas coisas, a civilização ocidental poderá dar ainda aparência de vida, durante anos ou até (sabe-se lá...) decénios. Mas, não será uma verdadeira vida; a pseudo-vida será como dos zombies, que se mexem, andam, gesticulam, mas sua vontade e alma não lhes pertencem mais. 

Gaza assinala o crime coletivo sem perdão possível; não apenas para os israelitas, que segundo sondagem recente, «aprovam maioritariamente» o genocídio dos palestinianos. Igualmente, não poderá haver perdão para todos os que se calaram, que viraram a cara, que ficaram quietos; nem para os que tinham poder para mudar o rumo das coisas: Se tivessem feito um gesto, tomado uma posição, teriam contribuído para salvar vidas, vidas inocentes. 

Mas o comportamento dos poderosos «não choca» a imensa maiora dos cidadãos. Muito mal vai a gente que, na tal «civilização» ocidental, se baseia na fruição do instante, na ilusão da publicidade, no consumo hedónico, na indiferença a tudo o que não sejam seus próprios interesses mesquinhos. 

Creio que são estas pessoas, essencialmente, já estavam preparadas para aprovar, pela passiva, qualquer ato, desde que este não pusesse em causa o seu interesse mesquinho. Esta maioria, «ensinada» a viver na passividade está - com certeza pronta - para se comportar dum modo semelhante, perante nova situação de holocausto de outro povo distante. Mas, também estará pronta a reagir assim com seus vizinhos, cidadãos que falam a mesma língua, trabalham e consomem como eles,  e são portadores dos mesmos documentos de identidade.

 Muitos, nos países do chamado «Terceiro Mundo», anseiam pela sua derrocada definitiva. Eu estou ansioso pelo mesmo que eles: Não me interessam mais os falsos juramentos, as elaboradas «defesas dos direitos humanos» e os discursos com relentos de colonialismo e de imperialismo. Seja como for, a queda desta «civilização» está traçada; as únicas incógnitas são o «quando» e o «como» acontecerá.

 Gente cobarde e chafurdando na lama moral que nutre os seus cérebros apodrecidos, não tem real futuro: A morte da civilização que produz estes monstros já ocorreu. O horror de Gaza foi a constatação do facto já consumado, uma «autópsia», uma «certidão de óbito».


The Last Days of Gaza

We Will Remember by Not Remembering

Guest post
 
READ IN APP
 
Palestinians mourn over the bodies of their relatives who were killed in an Israeli military strike on Gaza at Al-Shifa Hospital in Gaza City, Wednesday 4 June 2025. Photo credit: Jehad Alshrafi

This is the end. The final blood-soaked chapter of the genocide. It will be over soon. Weeks. At most. Two million people are camped out amongst the rubble or in the open air. Dozens are killed and wounded daily from Israeli shells, missiles, drones, bombs and bullets. They lack clean water, medicine and food. They have reached a point of collapse. SickInjuredTerrifiedHumiliatedAbandonedDestituteStarvingHopeless.

In the last pages of this horror story, Israel is sadistically baiting starving Palestinians with promises of food, luring them to the narrow and congested nine-mile ribbon of land that borders Egypt. Israel and its cynically named Gaza Humanitarian Foundation (GHF), allegedly funded by Israel’s Ministry of Defense and the Mossad, is weaponizing starvation. It is enticing Palestinians to southern Gaza the way the Nazis enticed starving Jews in the Warsaw Ghetto to board trains to the death camps. The goal is not to feed the Palestinians. No one seriously argues there is enough food or aid hubs. The goal is to cram Palestinians into heavily guarded compounds and deport them.

What comes next? I long ago stopped trying to predict the future. Fate has a way of surprising us. But there will be a final humanitarian explosion in Gaza’s human slaughterhouse. We see it with the surging crowds of Palestinians fighting to get a food parcel, which has resulted in Israeli and US private contractors shooting dead at least 130 and wounding over seven hundred others in the first eight days of aid distribution. We see it with Benjamin Netanyahu’s arming ISIS-linked gangs in Gaza that loot food supplies. Israel, which has eliminated hundreds of employees with the United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees in the Near East (UNRWA), doctors, journalists, civil servants and police in targeted assassinations, has orchestrated the implosion of civil society.

I suspect Israel will facilitate a breach in the fence along the Egyptian border. Desperate Palestinians will stampede into the Egyptian Sinai. Maybe it will end some other way. But it will end soon. There is not much more Palestinians can take.

We—full participants in this genocide—will have achieved our demented goal of emptying Gaza and expanding Greater Israel. We will bring down the curtain on the live-streamed genocide. We will have mocked the ubiquitous university programs of Holocaust studies, designed, it turns out, not to equip us to end genocides, but deify Israel as an eternal victim licensed to carry out mass slaughter. The mantra of never again is a joke. The understanding that when we have the capacity to halt genocide and we do not, we are culpable, does not apply to us. Genocide is public policy. Endorsed and sustained by our two ruling parties.

There is nothing left to say. Maybe that is the point. To render us speechless. Who does not feel paralyzed? And maybe, that too, is the point. To paralyze us. Who is not traumatized? And maybe that too was planned. Nothing we do, it seems, can halt the killing. We feel defenseless. We feel helpless. Genocide as spectacle.

I have stopped looking at the images. The rows of little shrouded bodies. The decapitated men and women. Families burned alive in their tents. The children who have lost limbs or are paralyzed. The chalky death masks of those pulled from under the rubble. The wails of grief. The emaciated faces. I can’t.

This genocide will haunt us. It will echo down history with the force of a tsunami. It will divide us forever. There is no going back.

And how will we remember? By not remembering.

Once it is over, all those who supported it, all those who ignored it, all those who did nothing, will rewrite history, including their personal history. It was hard to find anyone who admitted to being a Nazi in post-war Germany, or a member of the Klu Klux Klan once segregation in the southern United States ended. A nation of innocents. Victims even. It will be the same. We like to think we would have saved Anne Frank. The truth is different. The truth is, crippled by fear, nearly all of us will only save ourselves, even at the expense of others. But that is a truth that is hard to face. That is the real lesson of the Holocaust. Better it be erased.

In his book One Day, Everyone Will Have Always Been Against This, Omar El Akkad writes:

Should a drone vaporize some nameless soul on the other side of the planet, who among us wants to make a fuss? What if it turns out they were a terrorist? What if the default accusation proves true, and we by implication be labeled terrorist sympathizers, ostracized, yelled at? It is generally the case that people are most zealously motivated by the worst plausible thing that could happen to them. For some, the worst plausible thing might be the ending of their bloodline in a missile strike. Their entire lives turned to rubble and all of it preemptively justified in the name of fighting terrorists who are terrorists by default on account of having been killed. For others, the worst plausible thing is being yelled at.

You can see my interview with El Akkad here.

You cannot decimate a people, carry out saturation bombing over 20 months to obliterate their homes, villages and cities, massacre tens of thousands of innocent people, set up a siege to ensure mass starvation, drive them from land where they have lived for centuries and not expect blowback. The genocide will end. The response to the reign of state terror will begin. If you think it won’t you know nothing about human nature or history. The killing of two Israeli diplomats in Washington and the attack against supporters of Israel at a protest in Boulder, Colorado, are only the start.

Chaim Engel, who took part in the uprising at the Nazis’ Sobibor death camp in Poland, described how, armed with a knife, he attacked a guard in the camp.

“It’s not a decision,” Engel explained years later. “You just react, instinctively you react to that, and I figured, ‘Let us to do, and go and do it.’ And I went. I went with the man in the office and we killed this German. With every jab, I said, ‘That is for my father, for my mother, for all these people, all the Jews you killed.’”

Does anyone expect Palestinians to act differently? How are they to react when Europe and the United States, who hold themselves up as the vanguards of civilization, backed a genocide that butchered their parents, their children, their communities, occupied their land and blasted their cities and homes into rubble? How can they not hate those who did this to them?

What message has this genocide imparted not only to Palestinians, but to all in the Global South?

It is unequivocal. You do not matter. Humanitarian law does not apply to you. We do not care about your suffering, the murder of your children. You are vermin. You are worthless. You deserve to be killed, starved and dispossessed. You should be erased from the face of the earth.

“To preserve the values of the civilized world, it is necessary to set fire to a library,” El Akkad writes:

To blow up a mosque. To incinerate olive trees. To dress up in the lingerie of women who fled and then take pictures. To level universities. To loot jewelry, art, food. Banks. To arrest children for picking vegetables. To shoot children for throwing stones. To parade the captured in their underwear. To break a man’s teeth and shove a toilet brush in his mouth. To let combat dogs loose on a man with Down syndrome and then leave him to die. Otherwise, the uncivilized world might win.

There are people I have known for years who I will never speak to again. They know what is happening. Who does not know? They will not risk alienating their colleagues, being smeared as an antisemite, jeopardizing their status, being reprimanded or losing their jobs. They do not risk death, the way Palestinians do. They risk tarnishing the pathetic monuments of status and wealth they spent their lives constructing. Idols. They bow down before these idols. They worship these idols. They are enslaved by them.

At the feet of these idols lie tens of thousands of murdered Palestinians.


Originally produced for Scheerpost

quinta-feira, 5 de junho de 2025

O OCIDENTE E A SÍNDROMA DE NEGAÇÃO DA REALIDADE

Na guerra híbrida que os países da OTAN têm constantemente levado a cabo contra a Rússia, sobressaem as ações desestabilizadoras nos países  fronteiriços. Esta desestabilização conduziu à situação presente da Ucrânia. Esta ingerência antecedeu de 8  anos, pelo menos, a invasão russa de 2022. Desde o golpe de «Maidan» em 2014 (e até muito antes), a OTAN tem fomentado a guerra contra a Rússia. Não esqueçamos que os países da OTAN promoveram a «revolução colorida» em 2005, a qual levou ao poder Julia Timochenko, chefe do governo mais fanaticamente anti-russa. As raízes deste ódio são complexas e têm que ver com a história conturbada da Ucrânia no século passado. Mas, a situação foi aproveitada por agentes da CIA e do MI6, para a desestabilização deste país, na era pós-soviética. 

Este fanatismo anti-russo não é um mero «nacionalismo», como é designado por muitos, na media corporativa: Tem muita relação com  os elementos «banderitas». Lembremos que Stepan Bandera foi erigido em herói pelo atual regime de Kiev. Durante a IIª Guerra Mundial, o movimento que ele liderou foi aliado das tropas hitlerianas que invadiram a URSS. Ele ordenou chacinas de dezenas de milhares de judeus, polacos e russos. Vários elementos banderitas mantiveram-se ativos, na clandestinidade ou no exílio, durante o período pós IIª Guerra Mundial. Vários trabalharam para a Rádio Voz da América, ou Rádio Liberdade, ou enquanto agentes da CIA. 

O «sonho molhado» dos imperialistas anglo-americanos e dos políticos europeus alinhados com os neoconservadores de Washington, é o de desmebrar a Federação Russa. Supostamente, ela seria uma «ameaça para os ex-Estados soviéticos», que se tornaram independentes após a dissolução da URSS em 1991. Não existe o menor desejo de Putin ou de qualquer força política atual na Rússia, de «reconquista» das ex-repúblicas soviéticas. É mais uma das falsidades repetidas nos media ocidentais apostados em diabolizar o presidente russo e o seu governo. Todos sabem, na Rússia, que uma tal expansão só traria problemas, e sem qualquer vantagem. Mas, pelo contrário, a Rússia está perante uma longa guerra híbrida, levada a cabo pelo Ocidente, de conquista e «balcanização» da Rússia, para se apoderar dos recursos naturais abundantes, que ela encerra. 

Estes políticos do Ocidente estão na origem da guerra russo-ucraniana e do seu prolongamento. Eles servem-se de Zelensky como de um fantoche. Hoje, é claro para todos que a continuação desta guerra não favorece a população ucraniana. Aliás a guerra, desde o início, recebeu o apoio de toda a ordem (financiamento, equipamentos, armas, apoio logístico, treinos, tropas especiais no terreno para operarem mísseis...) dos governos Norte-Americanos e Europeus, da OTAN. 

Mas, estes não souberam avaliar a situação concreta. Talvez tenham acreditado na sua própria propaganda: De que o governo de Putin estava numa situação frágil, que ele iria confrontar-se com o descontentamento popular crescente, perante as dificuldades económicas originadas pelas sanções e guerra económica levadas a cabo pelos países do Ocidente coletivo. 

De facto, as coisas não se passaram como tinham previsto os atlantistas.  Os governos dos países da OTAN são os máximos responsáveis pelas desgraças do povo ucraniano. São os piores inimigos deste povo. Eles não querem saber do futuro da Ucrânia e da sua população; só lhes interessa que ela desempenhe o papel de «ariete» contra a Rússia, como eles próprios afirmam. Mas, a realidade, queiram ou não, é totalmente outra. 

As referências abaixo, ajudam-nos a compreendeer o enorme atoleiro em que foram metidos os países da OTAN e da U.E. pelos seus belicosos dirigentes.

Leia o artigo abaixo:

https://www.moonofalabama.org/2025/06/the-defeat-of-the-west-and-its-dislocation.html#more 

 E consulte os links com análises por Emmanuel Todd,  John Mearsheimer   Alastair Crooke 



(Caricatura de 1812, ilustrando a retirada da Rússia de Napoleão, em que este dita um boletim completamente fantasista da situação)


PS1: O embaixador Chas Freeman é reformado, mas muito lúcido: infelizmente, o establishment - tanto de Joe Biden , como de Donald Trump - não o ouve, não o compreende. Estamos num momento de «não-diplomacia», na altura mais perigosa das relações internacionais, com um crescendo de risco de deriva nesta IIIª Guerra Mundial. Pode haver uma generalização incluindo a guerra nuclear: https://www.youtube.com/watch?v=9t2zZBKOmcU&t=2421s

domingo, 6 de abril de 2025

REFLETINDO SOBRE CULTURA, SABEDORIA E SABER TÉCNICO-CIENTÍFICO

 

Se fosse tão fácil medir a concentração de sabedoria, como a concentração de riqueza num país, veríamos que certos países, desprezados como «atrasados», estão muito melhor equipados nesta qualidade - a sabedoria - que outros.

 Infelizmente, a dissociação entre sabedoria e saber, entre sabedoria e poder, tem vindo a aumentar. 

As zonas europeias, cujo desenvolvimento científico e técnico se adiantou ao resto do Mundo, a partir do Século XVI, formando o núcleo da modernidade, com suas descobertas, invenções e aplicações técnicas,  produziram a 1ª Revolução Industrial (desde cerca de 1700, até ao presente). 

Igualmente, produziram armamento mortífero em quantidade e qualidade superiores às doutros povos, incluíndo civilizações florescentes e requintadas, como a China ou a Índia. 

A partir daqui e até agora, a dominação económica, política e militar foi mantida pelo chamado «Ocidente». Este, passou a incluir países que - embora na órbita geopolítica anglo-americana (como a Austrália, a Coreia do Sul, o Japão) - não são ocidentais do ponto de vista da Geografia.  

Porém, em termos de civilização, os países ocidentais possuem uma enorme fragilidade. Apesar de traços muito negativos, como a colonização, o tráfico de escravos e sua exploração, manifestavam-se outros traços, como a abertura, modernidade, tolerância relativa, os avanços científicos e tecnológicos, que foram e são ainda o motivo principal para outros povos  - mesmo não aceitando o seu domínio - reconhecerem e admirarem vários dos seus frutos. Igualmente, verificou-se que elites governantes em nações não-ocidentais, foram educadas com valores semelhantes ou idênticos aos das elites do Ocidente. 

A incapacidade de muitas pessoas comuns - e mesmo dos intelectuais - nos países ocidentais, se elevarem acima de uma visão do mundo centrada nas suas próprias raízes, tradições e valores, deve-se a uma arreigada visão racista do que seja a cultura, o valor do intelecto, da espiritualidade, etc. É frequente pensarem em termos semelhantes aos de seus antepassados, quando estes colonizavam povos e nações noutros continentes (África, Ásia, América Latina), sendo a extensão desses impérios coloniais múltiplas vezes a da área geográfica da própria metrópole colonial. Depois destes países terem perdido as suas colónias, alguns ficaram com uma espécie de «orgulho ferido», por terem «sido roubados» esses territórios coloniais à sua nação. No caso de Portugal, a incapacidade em compreender a inevitabilidade da independência das colónias africanas (Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angol, Moçambique) e asiáticas (Macau, Timor-Leste), constatei-a em contactos tidos com várias pessoas. 

É surpreendente que Portugal, um país tão atrasado, tão cheio de analfabetos, tivesse tanto orgulho em «possuir» estes territórios, que supostamente lhe pertenciam porque os «conquistou»... Na verdade, o espírito do colonialismo mais atrasado, mais retrógado, que sacrificou o próprio desenvolvimento da metrópole para manter essas colónias durante a longa guerra colonial, sem qualquer esperança de ser ganha pelo exército colonial, não desapareceu inteiramente de certos indivíduos, incluindo de membros de gerações que não conheceram o tempo da guerra colonial. 

A perpetuação desta visão, completamente distorcida da realidade, tem permitido que uma extrema-direita autóctone, com óbvios laivos racistas, se pavoneie nas ruas (e agora também no parlamento), na indiferença dos «democratas» arrumados, endinheirados, que hoje e amanhã são capazes de fazer coligações com esta extrema-direita. Isto, porque existe muita incultura, mesmo nas pessoas com diplomas universitários: Existe um vazio enorme - um quase silêncio - sobre o que foram, verdadeiramente, para os povos colonizados, os séculos em que Portugal foi a potência colonial. Há mesmo (falsos) intelectuais que se dedicam a branquear a imagem do colonialismo português, supostamente «mais brando» que o dos outros potentados europeus. 

Este complexo colonial tem efeitos graves na mentalidade de muitas pessoas. Estas, não são cultas mesmo que o aparentem: Exibem um complexo de superioridade racial, óbvio ou semi-disfarçado; uma ignorância total das contribuições dos outros povos e das personalidades notáveis destes outros povos para o desenvolvimento espiritual, científico e artístico, da humanidade no seu todo; incapacidade prática em dialogar com pessoas oriundas doutras culturas; o desprezo pela humanidade dos 4/5 da população mundial; uma total contradição com a matriz espiritual do cristianismo, a religião e berço cultural da qual esses indivíduos, quase todos, se reivindicam.  

A persistência deste complexo tem relação com a forma deturpada como lhes é ensinada a História do seu país, assim como das regiões colonizadas pelos portugueses. Tem também relação com o dogmatismo característico dos ignorantes; aqueles que menos sabem sobre um assunto, são os que falam mais sobre ele, que dão a ilusão (aos ingénuos) de possuírem uma vasta cultura e de terem estudado aprofundadamente o assunto! 

É minha convicção de que será necessário as gerações mais jovens descolarem das narrativas efabuladas e enganadoras sobre o passado do seu país, que aprendam os factos, buscando em boas e diversas fontes.  Só assim estes jóvens podem ter um papel construtivo no Mundo de hoje/amanhã. 

Os que estiverem bem equipados cientificamente, mas não do ponto de vista da sabedoria, terão menos hipóteses de ser aceites e apreciados, em trabalhos de equipa. Pelo contrário, os que tiverem abertura maior às outras culturas, a outras espiritualidades, todas elas dignas e representativas da riqueza da humanidade, não serão marginalizados, serão bem acolhidos e terão experiências gratificantes, como muitos de nós tivemos. 

sexta-feira, 4 de abril de 2025

QUANTO MAIS GRAVES AS ATROCIDADES EM GAZA, MAIS SILENCIOSA É A BBC [JONATHAN COOK]


The graver Israel’s atrocities in Gaza, the quieter the BBC grows
Once again the UK state broadcaster goes missing in action – this time at the discovery of a mass grave of emergency workers executed by Israel                           

https://substack.com/@jonathancookOs nossos políticos têm consentido com tudo o que tem sido feito pelo Estado de Israel, e não apenas em Gaza, nos últimos 18 meses. Este genocídio tem sido cometido ao longo de decénios.


_______________________________
PS1: Acumulam-se mais provas de que as alegadas violações em massa de mulheres israelitas pelo Hamas, no 7 de Outubro, eram uma completa fabricação de propaganda. Veja aqui: 



quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

O Dr Abu Safiya simbolizava a humanidade em Gaza. Israel e o Ocidente estão a destrui-la [Jonathan Cook]

 

El Dr. Abu Safiya simboliza la humanidad en Gaza. Israel y Occidente lo están destruyendo

Israel no está erradicando a "los terroristas". Está convirtiendo a Gaza en un páramo, un infierno, donde los médicos ya no existen, los trabajadores humanitarios son un recuerdo y la compasión un lastre.

Middle East Eye – 8 de enero de 2025

Si hubo una imagen de 2024 que capturó las noticias del año, fue esta:  el Dr. Hussam Abu Safiya , con una bata de laboratorio blanca, abriéndose camino entre los escombros del hospital Kamal Adwan que dirigía, el último centro médico importante superviviente en norte de Gaza, hacia dos tanques israelíes que le apuntaban con los cañones de sus armas.

El año pasado estuvo dominado por la muerte y la destrucción que Israel ha causado en todo el pequeño enclave.

Ha estado marcado por la matanza de decenas de miles de palestinos –las muertes que conocemos– y la  mutilación  de al menos 100.000 más; el  hambre  de toda la población; la nivelación del paisaje urbano y agrícola; y el borrado sistemático de los hospitales y el sector sanitario de Gaza, incluido el asesinato, el arresto masivo y la tortura de médicos palestinos.

El año 2024 también estuvo dominado por un creciente consenso de las autoridades jurídicas y de derechos humanos internacionales de que todo esto equivale a genocidio.

Aquí había una imagen, de los últimos días del año, que lo decía todo. Mostraba a un médico operativo solitario –uno que había arriesgado su vida para mantener su hospital mientras estaba asediado por las fuerzas israelíes, atacado por proyectiles y drones israelíes, y con su personal abatido por francotiradores israelíes– dirigiéndose valientemente hacia él y a los de su pueblo. , exterminadores.

Había pagado un precio personal, tanto como el de sus pacientes y su personal. En octubre, su hijo Ibrahim, de 15 años, fue  ejecutado  durante una incursión israelí en el hospital. Un mes después, él mismo resultó  herido  por la metralla de un ataque israelí contra el edificio.

El 27 de diciembre, el hospital ya no podía resistir el salvaje ataque de Israel. Cuando un altavoz exigió que Abu Safiya se acercara a los tanques, se puso en camino sombríamente entre los escombros.

Fue el momento en que la lucha del hospital Kamal Adwan por proteger la vida llegó a un final repentino; cuando la maquinaria de guerra genocida israelí constató una victoria inevitable contra el último puesto avanzado de la humanidad en el norte de Gaza.

Retenido en un campo de tortura

La imagen fue también la última conocida de Abu Safiya, tomada minutos antes de su llamado “arresto” –su secuestro– por soldados israelíes y su desaparición en el sistema de campos de tortura de Israel.

Después de días de afirmar que no sabían su paradero, el ejército israelí finalmente  confirmó  que lo mantenía incomunicado. La admisión parece deberse únicamente a una  petición presentada  ante los tribunales israelíes por un grupo local de derechos médicos.

Según un número creciente de informes, Abu Safiya se encuentra ahora en la más famosa de las instalaciones de tortura de Israel,  Sde Teiman , donde el año pasado unos soldados fueron captados en vídeo violando a un recluso palestino con una porra hasta que le reventaron las entrañas.

La esperanza es que Abu Safiya no corra la suerte de su colega, el doctor Adnan al-Bursh, ex jefe de ortopedia del hospital al-Shifa de Gaza. Después de cuatro meses de abuso en la prisión de Ofer, los guardias abandonaron a Bursh en su patio, desnudo de cintura para abajo, sangrando y sin poder mantenerse en pie.  Murió  poco tiempo después.

Informes  de agencias de derechos humanos y de las  Naciones Unidas  –así como  testimonios  de guardias de campos denunciantes– hablan de palizas sistemáticas, hambrunas, abusos sexuales y violaciones de prisioneros palestinos.

Israel ha acusado a Abu Safiya, el pediatra más conocido de Gaza, de ser un “terrorista” de Hamás. Ha secuestrado a otras 240 personas del Hospital Kamal Adwan que, según afirma, son “sospechosos de terrorismo” (presuntamente principalmente entre ellos pacientes y personal médico) y se encuentran  retenidas  en condiciones igualmente espantosas.

Lógica psicótica

Según la lógica psicótica de Israel, cualquiera que trabaje para el gobierno de Hamas en Gaza –es decir, cualquiera como Abu Safiya empleado en una de las principales instituciones del enclave, como un hospital– cuenta como terrorista.
 

Por extensión, cualquier hospital –porque cae bajo la autoridad del gobierno de Hamás– puede ser tratado como un “bastión terrorista de Hamás”, como Israel ha denominado a Kamal Adwan. Ergo, todas las instalaciones médicas deberían ser destruidas, todos los médicos deberían “arrestarse” y torturarse y todos los pacientes deberían ser “evacuados” por la fuerza.

En el caso de Kamal Adwan, a los heridos, los enfermos graves y los que estaban a punto de dar a luz se les permitió  15 minutos  para desenganchar sus goteros, salir de sus lechos de enfermos y dirigirse al patio destrozado. Luego el ejército israelí prendió  fuego al hospital .

Una “evacuación” de este tipo sólo significa una cosa: dejar que los pacientes mueran a causa de sus heridas, enfermedades o desnutrición, y cada vez más también de frío.

Un número creciente de bebés han estado muriendo de hipotermia mientras sus familias  se acurrucan durante  las noches de invierno bajo lonas, sin mantas ni ropa adecuada, en los campamentos de tiendas de campaña que se han convertido en el hogar de la mayor parte de la población de Gaza.

La fotografía de la rendición de Abu Safiya dejó muy claro quién es David y quién Goliat; quién es el humanitario y quién el terrorista.

Sobre todo, demostró cómo las clases políticas y mediáticas de Occidente han pasado los últimos 15 meses promoviendo una gran mentira sobre Gaza. No han buscado poner fin al derramamiento de sangre, sino encubrirlo, excusarlo.

Esto podría explicar por qué la imagen más definitoria de 2024 apenas fue visible en los medios de comunicación del establishment, y mucho menos en sus portadas, cuando Abu Safiya fue secuestrado por Israel y su hospital destruido.

La mayoría de los editores y editores de fotografías extranjeros, que dependen de los salarios de sus propietarios multimillonarios, parecían preferir pasar por alto la fotografía periodística del año. Las redes sociales, sin embargo, no lo hicieron. Los usuarios comunes lo difunden por todas partes. Entendieron  lo que mostraba  y lo que significaba.

'Guerra de la conciencia'

A fines del mes pasado, Israel anunció que el próximo año gastaría 150 millones de dólares adicionales en lo que denominó “guerra de conciencia”.

Es decir, Israel está aumentando su presupuesto 20 veces para mejorar sus campañas de desinformación en los medios,  para blanquear  su imagen mientras continúa la matanza en Gaza.

Israel ha matado a muchos de los periodistas de Gaza y ha prohibido a los corresponsales extranjeros la entrada a sus “zonas de exterminio” no declaradas. Pero en una era de transmisiones en vivo por teléfono, ocultar un genocidio está resultando mucho más difícil de lo que Israel imaginaba. Al parecer, no basta con que el establishment occidental venda su desinformación.

A Israel le preocupan especialmente los jóvenes –como los estudiantes en las universidades– que no consumen noticias filtradas a través de la BBC o la CNN y, por tanto, tienen una comprensión mucho más clara de lo que está sucediendo. Sus sentidos y sensibilidades no se han visto embotados por años de publicidad corporativa occidental.

Es mucho menos probable, por ejemplo, que caigan en las noticias falsas israelíes –recicladas y a las que los medios occidentales han dado crédito– que han justificado durante los últimos 15 meses la destrucción total de los hospitales de Gaza, o el tipo de desinformación que alberga la idea de que un médico estimado como Abu Safiya es secretamente un terrorista.

La génesis de la campaña de Israel para borrar el sector sanitario de Gaza  comenzó  pocos días después del ataque de Hamás del 7 de octubre de 2023. Menos de dos semanas después, Israel disparó un potente misil contra el patio del  hospital al-Ahli de la ciudad de Gaza ; Docenas de familias palestinas que habían huido allí en busca de protección del ataque militar de Israel quedaron atrapadas en la explosión.

Pero los medios blanquearon este primer disparo en la guerra contra los hospitales de Gaza haciéndose eco crédulamente de la absurda afirmación de Israel de que un cohete palestino fallido, y no un misil israelí, había causado el daño.

El ataque a Al Ahli estableció el plan de genocidio de Israel, un plan que Israel ha seguido de cerca durante los últimos 15 meses. Dejó claro a los palestinos que ningún lugar estaría a salvo del ataque de Israel, ni siquiera los lugares santuario establecidos como hospitales, mezquitas e iglesias. No habría  lugar para escapar de  su ira.

Y dejó claro a los líderes y medios occidentales que Israel estaba dispuesto a violar todos los preceptos conocidos del derecho internacional humanitario. No hubo atrocidad ni crimen de guerra que no cometiera, incluida la destrucción del sistema médico de Gaza. Se esperaba que los patrocinadores de Israel dieran su pleno respaldo a la guerra,  por muy lejos que  llegara Israel.

Y eso es exactamente lo que hicieron.

pistas falsas

Mirando hacia atrás, el breve  furor  sobre si Israel fue responsable del ataque a al-Ahli parece ahora espantosamente pintoresco. Al no haber respuesta alguna, Israel intensificó su “guerra de concientización”, creando una burbuja de noticias falsas para conectar los hospitales de Gaza con el terrorismo de Hamás.

En cuestión de semanas, Israel afirmaba haber descubierto una base terrorista de Hamas debajo del  hospital infantil Al-Rantisi de Gaza, con escondites de armas y una ruta de guardia en árabe para los rehenes israelíes, pero rápidamente se demostró que la ruta no era más que un calendario  inocuo  . .

El mayor objetivo de Israel era el hospital al-Shifa, el centro médico más importante de Gaza. Israel publicó un vídeo generado por CGI   que lo muestra sentado encima de un “centro de comando y control de Hamas” subterráneo. Las afirmaciones fueron una vez más crédulamente difundidas por los medios occidentales, aunque el búnker de Hamás nunca fue encontrado.

Sin embargo, estas mentiras cumplieron su propósito. Incluso cuando Israel destruyó los hospitales de Gaza y negó la entrada de ayuda médica, dejando a Gaza sin forma alguna de tratar a los hombres, mujeres y niños mutilados por los implacables bombardeos de Israel, los medios de comunicación desviaron su atención de estos crímenes demasiado obvios contra la humanidad.

En cambio, como esperaba Israel, los periodistas gastaron sus energías persiguiendo pistas falsas, tratando de verificar cada mentira individual.

La premisa de trabajo de los medios parecía ser que, si se confirmara el más mínimo indicio de complicidad entre Hamás y un solo hospital o médico en Gaza, la campaña de Israel para borrar todas las instalaciones médicas en el enclave y negar atención médica a 2,3 millones de personas atrapadas en su los campos de exterminio estarían justificados.

Masa severa

En particular, ninguno de los médicos occidentales de alto nivel que se ofrecieron como voluntarios en Gaza informó al regresar a casa haber visto  alguna señal  de los “terroristas de Hamas” armados que se arrastraban de manera prominente por todos los hospitales en los que habían trabajado.

Estos médicos occidentales rara vez fueron entrevistados por los medios de comunicación como contrapunto a la interminable desinformación de Israel, que creó la racionalización para que Israel arrasara los hospitales y centros médicos de Gaza con total abandono.

Los soldados invadieron los hospitales uno tras otro, destruyendo las salas, los quirófanos y las unidades de cuidados intensivos.

Cada “evacuación” forzosa creó su propio rastro de miseria. Los bebés prematuros   eran dejados morir de hambre o congelados dentro de sus incubadoras. Los enfermos críticos fueron obligados a levantarse de sus camas.  Las ambulancias  que intentaban recogerlos volaron por los aires. Y en cada ocasión, el personal médico de Gaza   fue detenido, despojado de sus ropas y desaparecido.

Los periodistas occidentales también mostraron poco interés en el descubrimiento de cadáveres no identificados en fosas comunes en terrenos hospitalarios después de que los soldados israelíes terminaron sus ataques:  cuerpos que habían sido  decapitados o mutilados, o que mostraban indicios de haber sido enterrados vivos.

Por estas razones y más, la Oficina de Derechos Humanos de la ONU  concluyó  la semana pasada que los hospitales de Gaza, “el único santuario donde los palestinos deberían haberse sentido seguros, de hecho se convirtieron en una trampa mortal”.

De manera similar, el funcionario de la Organización Mundial de la Salud, Rik Pepperkorn,  observó : “El sector de la salud está siendo desmantelado sistemáticamente”. La OMS está buscando en el extranjero tratamiento urgente que salve la vida de más de 12.000 personas, añadió. "Al ritmo actual, se necesitarían entre cinco y diez años para evacuar a todos estos pacientes críticos".

En otra  declaración  la semana pasada, dos expertos de la ONU advirtieron que la detención arbitraria de Abu Safiya era “parte de un patrón de Israel de bombardear, destruir y aniquilar por completo continuamente la realización del derecho a la salud en Gaza”.

Señalaron que, además de las redadas masivas, hasta el momento al menos 1.057 profesionales médicos y de salud palestinos habían sido asesinados.

Trayectoria hacia el genocidio

La verdad es que la nueva campaña de desinformación de Israel, mejor financiada, no resultará más eficaz que las existentes.

Avi Cohen-Scali, jefe del Ministerio de Israel para combatir el antisemitismo, dijo que una década de programas de este tipo contra lo que Israel llama su "deslegitimación" -es decir, la exposición de su apartheid y ahora carácter genocida-  había dado  "resultados casi nulos".

Dijo  a los medios israelíes : "Esta actividad ha fracasado en todos los parámetros imaginables".

Será imposible borrar la realidad de un genocidio. En los próximos meses, saldrán a la luz más atrocidades israelíes, nuevas e históricas. Más organizaciones y académicos legales y de derechos humanos concluirán que Israel ha cometido un genocidio en Gaza.

La Corte Penal Internacional (CPI) emitirá más  órdenes de arresto  por crímenes de guerra, tras las dictadas contra el primer ministro israelí, Benjamín Netanyahu, y su exministro de Defensa, Yoav Gallant.

El fin de semana, un soldado israelí que estaba de vacaciones en Brasil se vio obligado a huir del país después de que le advirtieran que estaba  bajo investigación .

Pero hay más. Las principales organizaciones y académicos de derechos humanos tendrán que reformular su comprensión histórica tanto de Israel como de su ideología fundadora, el sionismo. Tendrán que reconocer que este genocidio no surgió de la nada.

La trayectoria comenzó cuando el sionismo se estableció como un movimiento colonial hace más de un siglo. Continuó cuando se creó Israel mediante una operación de limpieza étnica masiva contra la población palestina nativa en 1948. Y cobró velocidad en 1967 cuando Israel formalizó su sistema de apartheid, diseñando derechos separados para judíos y palestinos y obligando a los palestinos a vivir en guetos cada vez más reducidos.

Si no se controlaba, el destino final de Israel siempre fue el genocidio. Es una compulsión ideológica arraigada en las nociones israelíes de supremacía étnica y de ser elegido.

Visión de Mad Max

Incluso después de que la CPI emitiera órdenes de arresto contra Netanyahu y Gallant en noviembre, los líderes israelíes continuaron con su incitación explícita al genocidio.
 

La semana pasada, ocho legisladores del comité de asuntos exteriores y defensa del parlamento israelí escribieron al nuevo ministro de defensa, Israel Katz,  exigiéndole  que ordenara la destrucción de las últimas fuentes de agua, alimentos y energía en el norte de Gaza.

Fue precisamente la actual hambruna de la población de Gaza por parte de Israel lo que llevó a que Netanyahu y Gallant fueran acusados ​​de crímenes contra la humanidad.

Mientras tanto, la destrucción del hospital Kamal Adwan despeja el terreno para una nueva política en el norte de Gaza: lo que Israel llama escalofriantemente “ chernobilización ”.

La política, que lleva el nombre del reactor nuclear soviético de Chernobyl, considera la presencia palestina en Gaza como una amenaza comparable a la fuga radiactiva de 1986. El objetivo del ejército es borrar toda la infraestructura palestina sobre y bajo tierra,  haciéndose eco de  los esfuerzos de emergencia soviéticos para contener la radiación de Chernobyl.

¿A dónde lleva esto?

Louise Wateridge, oficial superior de emergencias de la agencia de la ONU para los refugiados palestinos,  señaló  el fin de semana que Israel estaba acelerando el colapso social total de Gaza al expulsar a la Unrwa del enclave.

La legislación israelí que entrará en vigor a finales de este mes impedirá que la agencia para los refugiados opere en Gaza para proporcionar a las familias los pocos alimentos y refugio disponibles, dado el bloqueo de ayuda de Israel.

Además, ante la falta de hospitales, privará a Gaza de sus últimos servicios de salud significativos. Wateridge señaló: “La Unrwa realiza unas 17.000 consultas de salud al día en la Franja de Gaza. Es imposible que otra agencia reemplace eso”.

El peligro que ella subraya es que Gaza se vuelva completamente anárquica. Las familias se enfrentarán no sólo a las bombas, los drones asesinos y el programa de hambruna de Israel, sino también al gobierno distópico de las bandas criminales.

Esto es exactamente lo que Israel pretende para Gaza. Como reveló un  informe  publicado en Haaretz la semana pasada, tras la “Chernobilización” del norte de Gaza, Israel está reflexionando sobre planes para permitir que dos grandes familias criminales palestinas gobiernen el sur. Es probable que sean las mismas bandas que están saqueando los pocos  camiones de ayuda  que Israel permite entrar a Gaza, ayudando a Israel a privar a la población de alimentos y agua.

La visión de Israel para el futuro de Gaza es un cruce post-apocalíptico entre la franquicia cinematográfica Mad Max y la novela  The Road de Cormac McCarthy .

Artículo de portada

La trayectoria hacia el genocidio podría haber estado integrada en la codificación del sionismo, pero ha sido tarea de los líderes occidentales, los medios de comunicación, el mundo académico, los grupos de expertos e incluso las organizaciones de derechos humanos pretender lo contrario.

Han pasado décadas manteniendo la línea en lo que hace mucho tiempo debería haber sido una narrativa occidental completamente desacreditada: que Israel fue siempre sólo un santuario para los judíos contra el antisemitismo, que es "la única democracia en el Medio Oriente", que su ocupación es en gran medida benigno y sus asentamientos ilegales una medida de seguridad necesaria, y que el ejército israelí es “el más moral del mundo”.

Esas ficciones se están deshaciendo más rápido de lo que la desinformación de Israel puede esperar para volver a unirlas.


Entonces, ¿por qué hacer más? Porque la “guerra de la conciencia” de Israel no está dirigida principalmente a usted y a mí. Está dirigido a los líderes occidentales. Esto no es para persuadirlos de nada; El primer ministro británico, Keir Starmer, sabe muy bien que se  está produciendo un genocidio  en Gaza, al igual que Donald Trump, el presidente entrante de Estados Unidos.

Simplemente no les importa, sobre todo porque no se puede alcanzar la cima de un sistema político occidental a menos que se esté preparado para pensar sociopáticamente sobre el mundo. Hay un complejo industrial militar occidental que se estanca y corporaciones occidentales a las que dar servicio y que esperan mantener su dominio sobre la extracción global de recursos.

Por eso, en los últimos días de su presidencia, sin votos que ganar, Joe Biden abandonó la intención de “trabajar incansablemente por un alto el fuego” o exigir que Israel envíe al menos 350 camiones de ayuda por día. En cambio, ha  anunciado  como regalo de despedida a Israel otros 8.000 millones de dólares en armas, incluidas municiones para aviones de combate y helicópteros de ataque.

No, el objetivo de la campaña de desinformación de Israel es proporcionar una tapadera. Es enturbiar las aguas lo suficiente como para oscurecer el apoyo de los líderes occidentales al genocidio; darles una excusa para seguir enviando armas y ayudarlos a evadir un juicio por crímenes de guerra en La Haya.

El objetivo es una “negación plausible”: poder afirmar que lo que era obvio no lo era demasiado, que lo que era conocido por los espectadores comunes no estaba claro para quienes participaban directamente.

Los líderes occidentales saben que Israel ha arrastrado a Abu Safiya –uno de los grandes curanderos de Gaza– a uno de sus campos de tortura, donde es casi seguro que lo matarán de hambre, lo golpearán intermitentemente, lo humillarán y lo aterrorizarán, como a los demás reclusos.

El trabajo de Israel ahora es debilitar y destruir su resiliencia física y mental, del mismo modo que ha desmantelado los hospitales de Gaza.

El objetivo de Israel no es erradicar a “los terroristas”. Es convertir Gaza en un páramo, en un infierno, en el que nadie bueno, nadie a quien le importe, nadie tratando de aferrarse para que su humanidad pueda sobrevivir. Un lugar donde los médicos no existen, los trabajadores humanitarios son un recuerdo y la compasión es una carga; un lugar donde gobiernan los tanques y las bandas criminales.

El trabajo de la clase política y mediática occidental es hacer que todo esto parezca lo más rutinario y normal posible. Su trabajo es adormecernos por dentro, vaciar nuestra capacidad de preocuparnos o resistir, dejarnos entumecidos. Debemos demostrar que están equivocados, por el bien del Dr. Abu Safiya y por el nuestro.