quinta-feira, 1 de maio de 2025
NA TRANSIÇÃO PARA O NOVO SISTEMA MONETÁRIO
quarta-feira, 23 de abril de 2025
O colapso do dólar não é uma hipótese; é um processo em curso
Veja e oiça este vídeo com Andy Schctman
terça-feira, 22 de abril de 2025
QUANDO A ÁRVORE ESCONDE A FLORESTA
Desde o famoso dia «da libertação» de 2 de Abril, decretado pelo Presidente Trump, todo o mundo tem estado em sobressalto com a «guerra tarifária». O que não faltam são análises sobre a iniquidade destas tarifas alfandegárias, a sua inadequação, o modo grotesco como são calculados os desequilíbrios comerciais entre os vários países e os EUA.
Também se tem denunciado (com total razão, aliás) a falácia de que um défice comercial revelaria uma «exploração» do país comercialmente deficitário, exercida pelo que tem um superávit. Tudo isto se discutiu até à exaustão.
Porém, as subidas unilaterais das tarifas são uma «enorme bomba malcheirosa», deitada no meio das relações económicas internacionais pela potência em declínio. Os EUA ficaram claramente ultrapassados, em termos de mercado mundial, nas mais diversas categorias de mercadorias, mas sobretudo nas que significam domínio em áreas de ponta:
- Os micro-processadores (os microchips que equipam tudo desde máquinas de lavar a mísseis superssónicos)
- A "IA"(tendo uma pequena empresa chinesa, demonstrado obter sistemas com mais eficiência e com um custo da ordem do centésimo dos americanos),
- A construção de veículos EV (ao nível mundial, as marcas chinesas são as maiores vendedoras no Sul global, embora lhes tenham sido quase barrados - desde antes desta onda de tarifas - os mercados norte-americano e da UE)
- Até mesmo os avanços da Internet de 5ª geração, têm sido protagonizados pela HUAWEI, empresa excluída do mundo ocidental, sob pretextos falaciosos (nunca provados) de servir para espionagem electrónica chinesa (curiosamente, foi a NSA americana que espiou os smartphones de vários dirigentes europeus, incluindo a Chanceler alemã Angela Merkel).
- As chamadas terras raras, são extraídas, refinadas e exportadas pela China, que detém 90% do mercado mundial. Nenhum país tem igual peritagem, nem meios técnicos e industriais montados para realizar isso. Estes elementos são essenciais para incorporar nos chips ou ligas metálicas, funções insubstituíveis, cujo embargo de exportação (pela China) deixa os EUA numa situação desesperada para fabrico dos componentes electrónicos (estes são indispensáveis para as armas mais sofisticadas, mísseis por exemplo).
Á medida que o tempo passa, a dependência da China em relação às exportações para os EUA diminui acentuadamente, assim como diminui o peso relativo no PIB chinês, da contribuição destas exportações. Com cerca de 14 % das exportações, o comércio chinês com os EUA é facilmente substituível pelos chineses, o que não é verdade na recíproca. Enquanto a China fornece items indispensáveis à economia dos EUA, os EUA têm, como principais items de exportação para a China, o petróleo e a soja. Estes podem ser fornecidos por muitos outros países, em parcerias comerciais com a China.
Se nós acreditamos que nossos opositores são «estúpidos», nós é que estamos a ser estúpidos. É evidente que a Administração Trump possui um plano; e que este plano é muito mais vasto e profundo que a «guerra das tarifas». Eu diria mesmo que, se falamos de guerra económica, devemos perguntar-nos qual tem sido o mais precioso trunfo dos americanos?
Desde Bretton Woods - claramente - tem sido «o exorbitante» privilégio do dólar como moeda de reserva mundial e como principal moeda nas trocas comerciais; não esqueçamos que desde 1973 (O pacto entre Nixon/ Kissinger e o Rei da Arábia Saudita) o mundo vive num sistema monetário de divisas flutuantes, em que o dólar se tem mantido através da obrigatoriedade de todos comprarem petróleo em dólares, exclusivamente. O PETRODÓLAR foi rei durante todos estes anos, somente agora estando a ser destronado .
Ora, a subida dos BRICS, o seu alargamento, estão na origem da crescente onda de trocas comerciais bilaterais (muitas, e em grandes volumes) não envolvendo o dólar, mas só as divisas dos respectivos países: Verifica-se a diminuição da utilização global do dólar. Há 25 anos, cerca de 70% das trocas comerciais eram feitas em dólares; esta percentagem desceu para cerca de 57%, no presente, segundo os números a que tive acesso.
Além disso, existe a monstruosa dívida, com um total de 37 triliões de dólares. São dívidas públicas, de Estado, pelas quais o Tesouro americano emitiu obrigações e outros títulos de dívida correspondentes a diversas maturidades. Esta dívida atingiu um nível totalmente fora de controle: Ela perfaz, hoje, cerca de 104 % do PIB dos EUA; apenas os pagamentos de juros, alcançam mais de um trilião de dólares, este ano; a dívida que tem de ser «rolada», neste ano, é de 7 triliões. Isto significa que o Tesouro dos EUA terá de encontrar compradores para este montante. Ora, para já, os juros dispararam, ou seja, não podem os EUA encontrar tomadores dessa dívida, senão com remuneração mais alta, da ordem de 4.3 % para as obrigações do Tesouro a prazo de dez anos.
Embora poucas pessoas saibam destes números catastróficos, reina um grande nervosismo nos investidores tradicionais na dívida americana, que são: Estados, grande banca, grandes fundos de investimento e grupos económicos, sobretudo no exterior dos EUA.
Sem dúvida, o efeito da "onda tarifária" será o de acentuar a recessão em muitos países e o abrandamento do crescimento em todo o Mundo, mesmo nos países com economias mais sustentáveis. Isto significa que a economia mundial será incapaz de satisfazer as exigências de empréstimos sem limites, do colosso americano.Que consequências isso vai trazer?
Os EUA terão um custo acrescido da sua dívida, não só quanto aos juros, como no seu montante total.
Não creio que eles vão deliberadamente provocar o colapso da sua economia e da economia mundial. A fação que apoia financeiramente Trump é constituída por oligarcas. Eles pretendem efetuar um «Great Reset» que lhes seja favorável pessoalmente. Querem ver consolidado o seu domínio monopolístico de ramos inteiros de indústria. Mas, provavelmente, compreendem que a ambição dos neocons duma hegemonia global, não tem qualquer hipótese de se realizar.
Trump e sua Administração ficaram encarregues de salvar aquilo que pode ser salvo do império americano. Por de trás das fanfarronadas do chefe, trata-se de fazer um recuo estratégico, salvando o papel do dólar, já não como a divisa de reserva mundial, mas capaz de assegurar um domínio hegemónico dentro da sua esfera de interesse. Seguindo esta lógica, coloco como hipótese que o plano de Trump e do seu governo, seja o seguinte :
- Aliviar a dívida pela desvalorização forçada do dólar. Com efeito, o dólar está nitidamente hipervalorizado, como vos dirão economistas das mais diversas tendências. Isso deriva do facto de ter sido a moeda de reserva dos bancos centrais em todo mundo e a principal divisa no comércio internacional, pelo que teve sempre uma procura condicionada por isso e não pela produção de bens para exportação ou por investimento direto em países estrangeiros. Seria razoável prever que uma diminuição de procura da dívida soberana dos EUA, no contexto que delineei acima, fosse causadora de um valor mais baixo do dólar, relativamente às outras divisas. Portanto, também irá diminuir o valor global da dívida dos EUA, denominada em dólares, embora ela nominalmente permaneça a mesma.
- Estratégia de concorrência para os produtos americanos. Pode-se prever a contração da área de influência dos EUA, para uma zona onde conseguirão manter a hegemonia, já que não o conseguem ao nível mundial (objetivo dos neocons). No continente americano e na Europa ocidental e central, poderão esperar conservar e reforçar o seu controlo, sua liderança de facto. Para que o dólar continue como moeda preferencial neste espaço económico, convém que seja suficientemente baixo para tornar competitivos os produtos industriais americanos. Estes seriam - a prazo - mais diversificados do que no presente. Atualmente, os produtos industriais de exportação dos EUA, são poucos: As armas, os aviões comerciais e a indústria do «entertainement». Num universo multipolar, o sucesso na competição vai se exprimir pela capacidade de colocação no mercado internacional de produtos industriais a preços baixos. Uma maneira frequente dos países tornarem os seus produtos de exportação mais competitivos é de baixarem o valor da sua moeda.
O que escrevi acima não é mais do que uma hipótese de trabalho, sujeita a confirmação ou invalidação. Não pretendo compreender o «alfa e ómega» da política económica externa dos EUA. Porém, neste curto texto de análise, procurei mostrar que Trump e os que o apoiam, têm objetivos concretos, que onde fazem mais barulho não é sempre o principal motivo da sua intervenção e que, para apreender as linhas de força da sua estratégia, temos de colocar -como elemento central - a mudança do sistema monetário internacional e a concomitante reforma das instâncias reguladoras internacionais.
PS1: Como suplemento, veja este vídeo que explica em pormenor a situação do dólar: https://youtu.be/06mdHuuUhdI?si=kRpLiXJDIECQ_ykQ
quinta-feira, 10 de abril de 2025
PREPARAM RESGATE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO... E A PRÓXIMA GUERRA CONTRA O IRÃO
....PREPARAM A PRÓXIMA GUERRA, DESTA VEZ CONTRA O IRÃO.
(Esclarecimentos nos 2 vídeos abaixo)
sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
O QUE ESTÁ A CHINA A FAZER PARA «DOMESTICAR» O DÓLAR ?
sexta-feira, 16 de agosto de 2024
A CHINA, COMO NÃO É NOTÍCIADA NO OCIDENTE
https://www.youtube.com/watch?v=PLphverPXMc
Na competição capitalista internacional, a importância de proteger e promover os produtores do próprio país, face à competição internacional, são pedras de toque para um vigoroso e autónomo desenvolvimento. Igualmente, a possibilidade de comerciar com quem estiver disponível para fazê-lo, sem interferência de terceiros, será a chave para uma expansão do comércio e relações bilaterais.
A política imperialista raivosa dos EUA, que se aperceberam - um bocado tarde! - de que o seu favorecimento da China, enquanto «fábrica global», estava a permitir o desenvolvimento dum competidor que iria em breve arrebatar os primeiros lugares na competição industrial, tecnológica e no comércio global, é de uma imbecilidade (dos dirigentes ocidentais), que não tem paralelo. Esta política foi de curto prazo e continua a sê-lo; enquanto a política industrial da China é de desenvolvimento, no longo prazo.
Nesta guerra pelo controlo dos mercados, o que sobressai é a transformação em «arma de guerra» do dólar o qual, enquanto moeda de reserva global, deveria ser essencialmente um veículo neutro. Mas ele foi transformado no veículo para tornar eficazes as sanções económicas. Estas são outra arma de guerra económica, totalmente ilegítima, que os EUA se habituaram a colocar aos que punham em causa a hegemonia americana.
Mas, a resposta, por parte da Rússia e da China (e numa certa medida, também do Irão), fez com que os efeitos dessas sanções fizessem «boomerang»: As sanções apenas aguçaram o engenho de contorná-las nos mercados financeiros (ver o vídeo, AQUI), e sobretudo, pelo desenvolvimento da produção nacional, em substituição de artigos importados.
No caso da Rússia, sobressai a rapidez e eficácia com que - perante as sanções - soube desenvolver a sua agricultura, ao ponto de que em vez de ser importadora líquida de produtos alimentares, passou a ser largamente autónoma e, mesmo, exportadora de cereais.
No caso da China, o que mais sobressai, na repercussão da ultrapassagem das sanções colocadas pelos EUA, são os enérgicos desenvolvimentos, com consequências nos setores da indústria chinesa mais avançados tecnologicamente, como (AI) Inteligência Artificial, indústrias eletrónicas (semicondutores ou «microchips») com aplicações militares, ou ainda os carros EV (veículos elétricos).
Uma visão da China dominada por um regime comunista, em que as pessoas estão essencialmente oprimidas pelo mesmo, é o que a propaganda ocidental tem feito passar. Uma pessoa não motivada pela ideologia e que não partilhe os pressupostos sobre os quais assenta o regime chinês, deveria, porém, em nome do realismo, compreender o que está a passar-se:
Deveria ver a China como outra civilização, que usou e assimilou um certo número de valores e técnicas do «Ocidente», mas adaptadas às circunstâncias da sua multimilenar civilização. Não tem sentido projetarmos nossos medos, nossas frustrações, no povo chinês. Isto traduz-se por racismo e cedência perante o que existe de mais opressor, nos nossos países ocidentais.
Daí a dizer que tudo corre bem no «Império do Meio», é outra coisa. Não creio que nenhuma sociedade, seja ela qual for, está isenta de problemas internos, de problemas que são fruto da sua História, ou que resultam dos caminhos tomados no seu desenvolvimento.
O capitalismo foi promovido na China, durante 40 anos. Uma série de magnates surgem, neste contexto, com bom relacionamento com a hierarquia do Partido Comunista. O povo chinês, somente, é que terá de resolver as contradições que se vão desenvolvendo. Toda a ingerência neste domínio tem como origem, de facto, a tentativa de domínio (territorial e populacional). Nada de bom se pode esperar de tais tentativas desesperadas do imperialismo EUA, em declínio.
Se ele conseguisse seus intentos, iria ter mais força para oprimir o povo chinês e outros povos, pelo Globo fora. Se ele falha (como parece ser o caso), a guerra híbrida está deixando marcas que só dificultam o advento da cooperação entre nações e povos.
O que é cada vez mais premente é construir a paz em torno de objetivos realistas, baseada em princípios universalmente reconhecidos: As vantagens mútuas nas relações; a resolução de diferendos pela diplomacia, não pela guerra; a não ingerência de potências nos assuntos internos de um país; a cooperação em relação a desafios globais da humanidade (ex.: ecossistemas, saúde, exploração espacial).
quinta-feira, 30 de maio de 2024
MARTIN ARMSTRONG: CRONOLOGIA DA 3ª GUERRA MUNDIAL E DA FALÊNCIA DOS EUA
Eu encontro muitos pontos de contacto com ele, embora eu esteja numa posição ideológica completamente diferente da dele. É que ele diz as coisas como elas são; não faz cálculos sobre se agrada a fulano, ou sicrano.
O que ele diz essencialmente, é que os grandes poderes políticos, económicos e financeiros estão a empurrar para a guerra, porque estimam que não têm outra saída. Precisam da guerra para se manterem no poder e para manterem o controlo sobre os países e os povos.
Não admira que seja uma voz completamente banida pelo mainstream, embora tenha cada vez mais seguidores que descobrem, com surpresa, a profunda lógica que subjaz à sua previsão dos acontecimentos.
Oiçam a entrevista, ela tem muito conteúdo. É pena que não esteja ativa a legendagem em inglês. Garanto-vos, porém, que vale a pena!
domingo, 12 de maio de 2024
DIVISA DIGITAL DOS BRICS JÁ FOI ANUNCIADA; RESTA IMPLEMENTÁ-LA
No domínio da guerra monetária, que se sobrepõe ou coalesce com a guerra financeira, de sanções económicas e de guerra híbrida, com focos de guerra aberta na Ucrânia e em Gaza, sobressai a crescente de-dolarização.
Este processo carece de explicação para se compreender o significado de uma nova moeda, emitida e garantida pelos BRICS. Com efeito, a existência de uma divisa de um país (os EUA) como detentor da moeda de reserva mundial (o Dólar US) confere a este uma efetiva capacidade de tirar partido (abusivo) deste privilégio. No caso do dólar, o privilégio consistia em que todos os países, fossem eles ricos ou pobres, amigos ou não dos EUA, tinham de possuir em reserva dólares, pois as principais mercadorias, que se têm de negociar ao nível mundial, como combustíveis fósseis ou as matérias-primas estratégicas, são exclusivamente negociadas e transacionadas em dólares. Isto foi permitir que os EUA estivessem - décadas a fio - em défice, nas suas balanças comercial e do orçamento Federal, sem daí ocorrer uma catástrofe em termos de economia interna dos EUA e sem perder a possibilidade de efetuar toda a espécie de trocas comerciais internacionais. Esta situação simplesmente seria inacreditável, para um país - grande ou pequeno - que tivesse muitos anos seguidos de défice comercial e orçamental. Qualquer país, que não os EUA, iria entrar em colapso a breve prazo, pois os capitais internacionais, financeiros e outros, iriam fugir de qualquer negócio com um país tecnicamente falido. É, porém, exatamente este o estado dos EUA, de bancarrota, com 34 triliões de dívida acumulada*, uma soma astronómica que nunca poderá ser paga no futuro.
Ora, o dólar não apenas permitiu a situação constante de défice, ou seja, de dívida que se vai acumulando, perante credores internos ou exteriores à economia dos EUA, como foi utilizado pelo poder político como uma arma, como um instrumento de guerra, para efetuar sanções. Estas sanções são atos de guerra económica, sem qualquer legitimidade. Porém, como os EUA são ainda a potência dominante, podem impor a países terceiros que «cumpram com as sanções», ditadas por eles, americanos. Na ausência de cumprimento, eles podem provocar o estrangulamento económico, quando não uma guerra, contra esse país recalcitrante. Este estado de coisas impulsionou muitos países do Terceiro-Mundo a se aproximarem e a pedirem a adesão aos BRICS, pois nestes não existe exigência de conformidade com o poder mais forte, em termos do sistema económico ou político vigentes. Ou seja, um país, ao aderir aos BRICS, pode continuar a economia que tinha antes, o mesmo regime político, as mesmas instituições, sem que isso seja sujeito a interferência de outros membros, nomeadamente, dos mais fortes.
Por outro lado, a criação de moeda que não seja pertença de nenhum país, como será a dos BRICS, terá como consequência que esta será sobretudo uma intermediária nas trocas, já não necessitando de complexas ponderações entre as divisas do país A e do país B, para determinada transação, ou mesmo, avaliações do valor direto das mercadorias, sendo trocadas sem intermediação de dinheiro, mas com ajustamentos efetuado em metais preciosos, para cobrir o diferencial entre as respetivas divisas desses países. Ambas as modalidades têm sido praticadas, com resultado satisfatório, por países que não desejam estar sujeitos à chantagem do dólar. Com efeito, a troca envolvendo dólares, vai implicar o escrutínio de um banco americano (nomeadamente dos bancos gigantes de Wall Street). Pode, por isso, o poder político dos EUA decretar sanções eficazes (até agora) contra um país (por exemplo, o Irão), pois as trocas, sendo feitas usando o dólar, passam por um processo de controlo e verificação duma empresa financeira americana, situada em solo americano e sob jurisdição americana.
Agora, o tipo da divisa emitida pelos BRICS, ainda ninguém sabe qual será. Tem-se especulado que será um produto inteiramente digital, com as características de Divisa Digital Emitida por Banco(s) Central(ais); é muito provável que esta divisa seja adossada ao ouro, a outros metais preciosos, a combustíveis, e a outras matérias-primas.
A questão da convertibilidade direta em ouro, como existiu no passado, não se irá colocar, creio: Não me parece que os BRICS queiram fazer do ouro (novamente) a garantia de valor das trocas, mesmo que usando uma divisa em papel ou eletrónica, enquanto forma cómoda de substituir o ouro.
Mas, o que é certo, é que esta nova divisa internacional irá satisfazer uma necessidade ao nível das grandes trocas entre os Estados ou entre organizações públicas ou privadas. Com efeito, as trocas usando o dólar como moeda de reserva estão sujeitas a imprevistos, tanto no domínio geopolítico, como económico: Quando um país faz um acordo em dólares num contrato de longo prazo e a sua divisa nacional se desvaloriza de maneira significativa, em relação ao mesmo dólar, esse contrato pode tornar-se muito desfavorável para este mesmo país.
Agora, a estabilidade de longo prazo conferida pela nova moeda dos BRICS, irá com certeza minimizar as hipóteses de tal acontecer. Note-se que a flutuação de divisas, duma em relação às outras, não corresponde necessariamente a um melhor desempenho económico do país A, em relação ao país B: Pode muito bem haver contextos que provoquem a descida acentuada de uma divisa, como fatores económicos ou políticos, ou outras circunstâncias no contexto mundial, que escapam largamente ao controlo dos países em causa.
A existência da nova divisa internacional, embora não assumindo oficialmente o papel de moeda de reserva, irá permitir maior estabilidade nos preços, nos contratos e nas trocas internacionais. Isto, em si mesmo, vai ser muito importante para o desenvolvimento global. Vai haver condições para que as trocas sejam mais favoráveis para os países pobres, que têm como quase único meio de obter divisas a exportação de matérias-primas.
Não se pode deixar de falar do destino do dólar, neste contexto: O dólar será, provavelmente, mantido como divisa dos EUA e, nesta base, será utilizado e trocado de acordo com as necessidades do mercado: Como os EUA não vão deixar de ter uma dimensão considerável no domínio industrial, comercial e da inovação, não será de espantar que o dólar continue a ser usado numa fatia das trocas financeiras e comerciais internacionais. O que vai ser diferente, é que deixará de haver exclusividade: Já não haverá qualquer «obrigatoriedade» em comprar no mercado internacional, em dólares (a países, que não sejam os EUA) os combustíveis ou os cereais, etc.
A libra foi, durante cerca de século e meio (do início do século XIX, a meados do século XX), a moeda de reserva e comercial. Foi destronada pelo dólar, mas continuou a ter um papel nas trocas internacionais.
A nova divisa dos BRICS não será a «panaceia», mas terá a virtude de permitir que as trocas se efetuem de modo mais equilibrado, que não haja nenhum país capaz de impor sua «lei», só pelo facto de ser emissor da moeda com o papel de reserva mundial. Também haverá maior dinamismo no comércio. Em particular, irá desaparecer a flutuação excessiva entre divisas, eliminando assim um risco que pode inviabilizar um negócio que se pensava ser rentável.
O conteúdo do vídeo acima, de Lena Petrova, é muito esclarecedor.
sexta-feira, 17 de novembro de 2023
4 FRAGILIDADES DO IMPÉRIO [parte I]
sábado, 21 de outubro de 2023
O DÓLAR PODERÁ SOBREVIVER; MAS O SISTEMA QUE O SUSTENTA ESTÁ CONDENADO
*Divisas-fiat são divisas que só estão sustentadas pela crença do público na palavra das autoridades, do governo.
PS1 (28/10/23): Jim Rickards faz uma avaliação interessante da situação da economia dos EUA e mundial.
segunda-feira, 25 de setembro de 2023
terça-feira, 19 de setembro de 2023
IMPLOSÃO MONETÁRIA NO JAPÃO
quinta-feira, 10 de agosto de 2023
TODOS OS IMPÉRIOS TÊM UM FIM. PODERIO DOS EUA PERTO DO COLAPSO
- https://www.armstrongeconomics.com/world-news/civil-unrest/just-us-the-rising-tide-of-civil-unrest/
- https://goldswitzerland.com/keeping-your-head-amidst-debt-blind-madness/
- Armstrong mostra como o sistema de justiça americano, ao contrário do estipulado na constituição, está permanentemente a produzir julgamentos monstruosos, nomeadamente porque o indiciado é fortemente pressionado a aceitar dar-se como culpado, em troca de uma sentença mais leve, mesmo quando ele está inocente, porque para poder provar sua inocência é preciso ter-se um grande poder económico, para se contratar um escritório de advogados com peso. Mesmo neste caso, não está garantido que a inocência do indiciado seja reconhecida, dado que a máquina da justiça está praticamente nas mãos do partido democrata e de seus homens de mão.
Matthew Piepenburg mostra como a política financeira e fiscal dos EUA têm sido um completo disparate, indo contrariar não apenas todas as escolas de economia, como o próprio bom senso. O facto da dívida ser cada vez mais pesada e ingerível, não parece incomodar quem controla as finanças do país: Tanto Powell, como Janet Yellen são demasiado cultos para «se enganarem» desta maneira. Eles apenas estão a fazer um exercício de ilusionismo junto do público. Porém, o presente agravamento da situação financeira e monetária, não pode conduzir a outro desfeche, senão à catástrofe.
Ambos os artigo são dignos de uma leitura atenta. Mas, eu resumi o seu conteúdo para o que vem a seguir.
A denegação é um sintoma de psicose, de persistência no erro: Como dizia Einstein, um sinal de loucura é fazer-se sempre a mesma coisa, obtendo um mesmo resultado, mas repetindo na esperança de que seja diferente.
A população americana não é responsável inteiramente pelo que seus políticos andam a fazer, pois ela é doutrinada desde a infância sem ter - salvo exceções - possibilidade (ou curiosidade) de se confrontar com outras leituras das realidades política e económica.
A media reforça constantemente as inanidades que passam por «reflexão» política e económica, tornando tudo o que se passa opaco à maioria. O seu domínio da narrativa equivale a um totalitarismo «brando», mas que cumpre a sua função de aceitação do status quo pelas massas. Estas nunca questionam o seu fundamento.
Quanto ao exercício do controlo internacional manu militari, também conseguiram «naturalizar» isso. Muitos americanos estão realmente convencidos da sua «excepcionalidade» e da «missão» do seu país em manter uma «ordem internacional baseada em regras».
As coisas funcionaram muito bem, com vantagem para os EUA, durante longo tempo. O dólar - desde 1944 - tem sido a moeda de reserva hegemónica (exorbitante privilégio, Giscard D'Estaign dixit). A instrumentalização do dólar foi possível graças ao poder militar: A capacidade de invadir, bombardear, subverter regimes que tivessem a veleidade de resistir à «versão americana da democracia». Este facto esteve e está diante dos olhos dos povos e de seus dirigentes. Sem esta superioridade militar esmagadora, não seria possível manter o modo de chantagem permanente a numerosos regimes, incluindo neutrais e mesmo aliados de Washington. Porém, o Mundo está a assistir a uma perda acelerada da eficiência militar, comprovada pelos fiascos das guerras do Afeganistão, Síria e até da Ucrânia. Os EUA já não são a potência com superioridade militar inquestionável que foram, até há bem pouco tempo. Com orçamentos muito mais baixos de despesas militares, tanto a Rússia como a China, têm mostrado a superioridade dos seus armamentos sofisticados. Vários países do Terceiro Mundo (Turquia, Arábia Saudita, e muitos outros) até há bem pouco tempo clientes exclusivos dos EUA, estão a fazer fortes jogadas para se aproximarem dos BRICS, têm adquirido sistemas de mísseis avançados aos russos e têm «de-dolarizado» a grande velocidade. Estas mudanças são muito significativas, estão realmente a acontecer diante dos nossos olhos e os dirigentes ocidentais sabem-no bem. Eles também sabem o que isso significa, mas vão continuar a fazer de conta, para iludir os cidadãos de seus próprios países.
Dizer que o colapso é inevitável, que o colapso fará com que o dólar não mantenha o poderio monetário e financeiro dos EUA, como também afetará todos os planos, não é mais do que uma constatação banal, hoje em dia. Mas, note-se que a mesma afirmação, há muito pouco tempo, suscitava um coro de críticas e sátiras, apodando quem se atrevesse a afirmá-lo de epítetos nada bonitos. Agora, os que, orgulhosos, «enchiam o peito» para proclamar a solidez do Império, estão calados ou estão a esgrimir com a realidade, num estilo realmente patético.
Foto aérea do Pentágono, símbolo do poderio militar dos EUA, retirado do artigo de Caitlin Johnstone.
Espero que as pessoas que me lerem percebam que eu não estou a escrever isto com triunfalismo. Qualquer império acaba: Tem uma ascensão, até um zénite e depois um ocaso. A minha preocupação é o grau de violência que acarreta a queda de um império. Não vale a pena retraçar o destino dos impérios, desde a antiguidade, neste curto artigo. Mas, podeis consultar obras que descrevem os acontecimentos históricos da decadência e queda de vários impérios.
Na era nuclear, tanto nos países detentores de armas nucleares, como nos outros, é importante que se erga uma consciência verdadeiramente cidadã e global: Isto será o maior dissuasor face aos responsáveis políticos e militares desses países, para que eles não subam a tensão com seus adversários e não se sintam «justificados» em utilizar armas nucleares.