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sexta-feira, 21 de março de 2025

COMO É QUE SE «FAZ» POLÍTICA NOS DIAS DE HOJE?

 Não irei fazer-vos uma recitação do que eu julgaria ser a maneira «correta» de fazer política, por outras palavras, de uma casta (ou grupo, ou classe, ou camarilha) se dirigir ao povo, ao «bom povo», do alto da sua sabedoria, para o iluminar sobre os caminhos que (supostamente) os meus colegas de partido (ou de máfia, ou de seita, ou de religião) desejam que «passe» para os cérebros «lentos» dos meus concidadãos.

Certamente, este conceito de «fazer política» está muito atrasado no tempo: Só alguns «iluminados» (sejam eles moderados ou extremistas, revolucionários ou reaccionários, de esquerda ou de direita) se dedicam a fazê-la assim, exactamente como o fazem desde há mais de cinquenta anos e nunca desaprenderam! 

Não, creio que todos temos diante dos olhos (pelo menos dos olhos da mente) esses imensos cartazes publicitários, que enchem literalmente a paisagem, com as suas cores primárias e as caras sedutoras e sorridentes, acompanhando os slogans eleitorais. Estes, curiosamente, destacam-se por não veícular qualquer ideia, apenas banalidades, sentimentos, truísmos ou seja, o vazio. O vazio é a forma política que assumiu a propaganda visual dirigida às massas. Este vazio é acompanhado, na «media de massas» pelo reforço dos preconceitos, dos lugares-comuns, do «vêem; nós somos como vocês: Votem em nós, porque nós é que vos compreendemos», etc. 

Esta tática resulta, porque toda a formação do cidadão se transformou - desde há muito tempo - em mera «formatação»: 

- Não é mais do que uma constante e vigorosa lavagem ao cérebro. Lavam-te o cérebro a toda a hora, mas sobretudo quando, diante do écran do televisor ou na Internet, segues um pseudo «debate», onde apenas se afirmam as personalidades narcísicas seleccionadas como «adversários», numa justa verbal sobre qualquer coisa, sobre uma coisa qualquer. O tema é - em geral - algo susceptível de «agarrar» a audiência, de lhe dar um «frisson», de a fazer sentir-se inteligente, esclarecida, do lado do bem, etc...

A decisão de voto que te querem forçar a tomar é irrelevante, no melhor dos casos, apenas mais uma camada de servidão e de engano suplementar. A faculdade de «escolha», tida como o supra-sumo do que chamam «democracia», é como entre dois detergentes: um com embalagem castanha e o outro, ocre. Ou - se preferires - chocolate embalado em papel prateado ou dourado mas, nos 2 casos, com o mesmo gosto a mixórdia sintética.

E lá vamos nós cantando e rindo! Estamos na véspera do alargamento da IIIª Guerra Mundial que começou - como as duas outras - em solo europeu.  Só que, desta vez se aproxima dos 30 anos - de 1999 a 2025:

Esta IIIª Guerra Mundial começou, pelo menos, quando a aviação da OTAN/NATO, bombardeou a Sérvia (hospitais, escolas, embaixadas e edifícios civis, em Belgrado e noutras cidades) e não em resposta a qualquer ameaça que o regime sérvio da altura tivesse feito à OTAN, ou a seus membros. Tratava-se de «libertar» o Kosovo, a região sérvia agora controlada pelos EUA/OTAN que aí possuem uma mega base militar. Um território sob ocupação, onde o povo autóctone, sérvio e kosovar, sobrevive miseravelmente.

E lá vamos nós cantando e rindo... 

Para não estragar o coro angelical, continua-se dando porrada, prendendo e expulsando os pacifistas que se atrevem a defender o povo da Palestina, porque «todos os habitantes de Gaza são do Hamas» (palavras do ministro de defesa israelita e doutros responsáveis do governo). 

Mas, como dizem ao povo (ao bom povo!) que eles (pacifistas) são terroristas disfarçados, está tudo esclarecido: Qualquer manifestação de solidariedade, de compreensão, de simpatia humana para com eles, seria demonstração de cumplicidade com o horrendo crime de assustar as almas dos bons. Entenda-se: desde os cristãos sionistas, passando pelos valentes soldados do IDF orgulhosos dos seus crimes de guerra, aos torturadores dos campos onde sofrem milhares de «terroristas» civis, incluindo mulheres e crianças.

Este discurso já está a tornar-se demasiado «radical»! Para amenizá-lo, deixo a humorística nota final:

O povo da minha aldeia está confuso com a catadupa de insultos da propaganda anti-russa, na comunicação (anti)social, fazendo-se eco das vozes «politicamente esclarecidas»: Sempre confiou na grande utilidade e no pacifismo das mulas ruças*, com séculos de bons serviços enquanto auxiliares em todo o tipo de trabalhos, principalmente nos campos. 

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*Ruço: o tom de pelagem dos animais, entre o cinzento o castanho.


PS: Entretanto, em Portugal, tem-se uma amostra do panorama europeu de profunda crise de legitimidade das oligarquias e da sua total incompetência. Traduz-se numa nova ronda eleitoral, a 3ª em três anos, após dissolução  do governo e da maioria parlamentar...

 

 

domingo, 19 de janeiro de 2025

ANTESTREIA DO CONSULADO TRUMP

As ameaças de compra da Groenlândia, de reocupação do canal do Panamá e anexação do Canadá como 51 º Estado dos EUA, são bluffs ... 

A manha consiste em fazer alarido, revelando «planos» extravagantes, para estar em «posição de força» aparente, aquando de negociações no futuro próximo. Mais exatamente, aparentar uma força que os EUA já não possuem, para forçar as soluções que interessam ao Império do dólar, perante adversários e aliados / vassalos.  

Também serve para desviar a atenção dos media e do público, em relação ao  falhanço monumental da estratégia do caos do império EUA: 

- A total derrota militar da OTAN, na Ucrânia; a óbvia colaboração na destruição da Síria e instalação de um governo da Alquaida e suas ramificações regionais; e co-responsável, com o governo sionista, pelo genocídio em Gaza, martirizando o povo da Palestina e dando «luz verde» a uma sucessão de invasões e assassinatos em vários países do Médio Oriente.

Veja a citação abaixo, do diálogo entre Nima Alkhorshid e Michael Hudson, em transcrição de Yves Smith no blog «naked capitalism»:

MICHAEL HUDSON: [...] He’s following the same advertising agency that George W. Bush used when he hired an advertising agency to say, “How can we convince the American people that we need to go to war in Iraq?” And they said, “Well, you want to claim that Iraq’s threatening us with weapons of mass destruction.” No truth at all, but it’s the old Joseph Goebbels idea that you can always get a population behind you saying that you’re under threat and it’s national security. So that’s sort of how Trump is dealing with the domestic audience. Almost all of the speeches are aimed at the domestic American audience, not at Greenland or other countries, not even at the European Union or Denmark that has Greenland as a protectorate. What he said is, “You have raw materials that we want. You can give us naval control. And if you don’t give it to us, we don’t want to have to use force.” [...]


terça-feira, 9 de julho de 2024

A DECADÊNCIA DO OCIDENTE

A verdadeira causa do desmoronar do poderio do Ocidente, é dupla:
Por um lado, está fortemente associada a fatores intrínsecos ao sistema, tais como a forma como o próprio sistema foi «moldando» a opinião pública e auto convencendo as elites da propaganda que  segregava.
Mas, por outro lado, é consequência inevitável de forças exteriores ao seu controlo, à sua vontade. Nomeadamente, o desejo de emancipação da maioria das nações e povos do Mundo, que não querem mais ser colónia ou neo-colónia dum império como os houve no século XIX, nem do atual império dos EUA, com as nações vassalizadas ao mesmo.

Penso que se trata, em grande parte, de uma autodestruição, onde os atos dos poderosos e das forças obscuras que os influenciam, acabam por ter o efeito precisamente oposto ao desejado. O aspeto trágico nisto, é que os mais destituídos, os que têm sido oprimidos durante séculos, vão ser (estão a ser) mais uma vez, as principais vítimas dos delírios hegemónicos da casta no poder.



O vídeo acima com a reflexão aprofundada de Michael Brenner sobre os conflitos na Ucrânia e em Gaza, foi publicado em 22 de Março deste ano. Não envelheceu nada, antes pelo contrário, pois os acontecimentos posteriores à conversa com Pascal Lottaz (Neutrality Studies), vêm acentuar a justeza dos pontos de vista do prof. universitário Michael Brenner*

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(*) Professor Emeritus of International Affairs at the University of Pittsburgh and a Fellow at the Center for Transatlantic Relations at John Hopkins