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quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

A ALEMANHA E AS MENTIRAS DO IMPÉRIO [por Patrick Lawrence*]



Por Patrick Lawrence

Original em  Consortium News:

https://consortiumnews.com/2022/12/13/patrick-lawrence-germany-the-lies-of-empire/


 “A Alemanha é Hamlet,” escreveu uma vez Gordon Craig. O grande historiador daquela nação (1913-2005) era famoso pelas suas frases sugestivas, intuições que mostravam sob nova luz os recônditos antros da psique alemã, o que fazia este povo pestanejar. 

Estará a Alemanha virada para o Atlântico ou para Leste, para a massa continental Eurasiática? De que tradição vai beber? Onde se situam as suas lealdades? Isto são questões de geografia, de uma cultura antiga e rica e de uma longa e complicada história que se colocam aos alemães. Não penso que Craig pretendia sugerir que esta condição fosse um fardo. Não, não havia nada para resolver. Neste estado ambíguo - no Oeste, mas não integralmente nele, no Leste mas não totalmente dele - a Alemanha era igual a si própria, verdadeiramente.

Os alemãs viveram assim, sem pedir desculpas, durante muito tempo. Podiam permitir que os EUA estacionassem 200,000 militares no seu território - efetivos presentes no fim da guerra-fria — enquanto prosseguiam com a Ostpolitik de Willi Brandt, a abertura da República Federal à República democrática alemã e por extensão a todo o Bloco de Leste. Foi a Alemanha que investiu juntamente com Gazprom, o conglomerado russo da energia, nos gasodutos Nord Stream I e II, mesmo durante as crescentes tensões Leste - Oeste.

No longo percurso para a entrada em Moscovo, a partir do aeroporto internacional de Domodedovo, as largas vias estão bordejadas com stands de negociantes de carros alemães, de guindastes de construção alemã, de fábricas de companhias alemãs. Os meios industriais alemães assim como muitos cidadãos alemães, têm sido críticos sonoros do regime de sanções que os EUA impuseram à Rússia  — e efetivamente à Europa, de facto — após o golpe de Estado em Kiev, orquestrado pelos EUA, ter desencadeado a corrente crise na Ucrânia.

Eu leio as duas extraordinárias entrevistas dadas por A. Merkel ao Der Spiegel e ao Die Zeit na semana passada com pano de fundo desta historia, deste assente, deste organizado estado de ambiguidade. Se existe uma verdade que possa erguer-se acima de todas as outras nas espantosas revelações que a ex-chanceler fez, sobre  duplicidade de Berlim em suas relações com Moscovo, é a de que a República Federal abandonou a sua herança — o seu estado natural, de facto — assim como as responsabilidade consideráveis que o passado e a geografia lhe atribuíram.

Separação Leste-Oeste

Seria difícil exagerar o significado desta mudança para todos nós. A separação global tornou-se mais ampla, agora. A Guerra Fria II também se tornou mais fria. A separação do Leste e Oeste tornou-se agora uma situação mais ou menos permanente. E o mundo acabou de perder aquele país que tinha a capacidade de mitigar as atuais circunstâncias péssimas, graças à peculiar posição, talvez única, na comunidade das nações.

É estranho considerar o Príncipe Henrique XIII, o aristocrata alemão que acaba de ser preso por liderar uma conjura para derrubar o governo de Berlin (uma coleção de alegações absurdas, devo referir desde já, não tomo nem por um minuto a sério esta ausência de provas credíveis e não espero que jamais venham a ser apresentadas) Consta que o príncipe teria desenvolvido argumentação de que a Alemanha não se tinha tornado uma nova nação, após a Segunda Guerra Mundial, mas uma colónia subsidiária e pertença dos EUA.

“Não somos alemães. Não somos um verdadeiro Estado alemão" isto é citado como declaração dos seus adeptos numa peça (muito enviesada) do New York Times, publicada Domingo. “Somos apenas um ramo duma SARL”, que significa «sociedade anónima de responsabilidade limitada».

É tão estranho ler isto na mesma semana em que Merkel removeu qualquer laivo de dúvida, de que isto é precisamente a condição da Alemanha, seria este o caso desde os anos pós- guerra, e certamente o foi desde que Washington se comprometeu a si própria e aos seus aliados nesta campanha de expansão e inclusão de novos países na OTAN, para a levar até às fronteiras da Rússia e com o objetivo último de subverter a Federação Russa. 

Embora eu não saiba muito sobre as posições políticas do príncipe, é deveras interessante ouvir um cidadão alemão ter objeções, d facto, de que a República Federal se atraiçoou a si própria e à sua herança histórica, na mesma semana em que a ex-chanceler disse aos mis lidos magazine e jornal da Alemanha, que a frutuosa ambiguidade do passado da nação foi abandonada, em favor de uma desonestidade manipulativa e russófoba, que está no centro da guerra por procuração que os EUA têm levado a cabo contra a Rússia na Ucrânia.

Tem sido amplamente referido e analisado — salvo na imprensa americana «mainstream» em que as palavras de Merkel , na semana passada, não foram mencionadas — que a ex-líder alemã tenha descrito a sua traiçoeira e cínica atitude com Moscovo, nas negociações dos dois protocolos de Minsk, o primeiro assinado em Setembro de 2014 e o segundo, no Mês de Fevereiro do ano seguinte.

 

Outubro de 2014: O presidente russo, Vladimir Putin, à esquerda, falando com o presidente da Ucrânia Petro Poroshenko, à direita, e com a Chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês François Hollande. (Kremlin.ru, CC BY 4.0, Wikimedia Commons)

Tanto Berlim como Paris, o regime de Kiev resultante do golpe e Moscovo, foram todos signatários dos acordos.  Lembro-me muito bem do empenho que o presidente russo Vladimir Putin pôs nestas conversações. Muitos de nós esperávamos que, tendo Kiev violado os acordos de Minsk I, o segundo acordo iria produzir aquilo que o presidente russo procurava - um acordo duradoiro que deixasse a Ucrânia unida e estabilizasse a segurança e ordem na fronteira sul-oeste da Rússia e no flanco leste da Europa.

Mais cedo, este ano, o primeiro presidente ucraniano pós- golpe Petro Poroshenko, chocou toda a gente quando afirmou publicamente que Kiev nunca tinha tido qualquer intenção de honrar os compromissos feitos quando assinou os protocolos de Minsk: As conversações na capital da Bielorrússia e todas as promessas queriam simplesmente dizer, para ele, um processo de ganhar tempo enquanto a Ucrânia construía fortificações nas regiões a leste e que treinava e armava um exército suficientemente forte para levar a cabo uma guerra de agressão total contra as  regiões com inclinações pró-russas, de Donetsk e Lugansk.

Nunca houve qualquer interesse em implementar a estrutura federal desenhada em Minsk II. Nunca houve qualquer intenção em fornecer às regiões separatistas a medida de autonomia reclamada, que a própria História da Ucrânia e seu mosaico linguístico, cultural e de tradições, justificavam. Tornou público que isto era uma astúcia para enganar Moscovo e as repúblicas do Donbass, enquanto a Ucrânia se rearmava e bombardeava estas repúblicas, em antecipação da guerra que rebentou em pleno em Fevereiro.

É chocante, sim. Mas Poroshenko é um magnate da doçaria que montou o regime, largamente irresponsável e furiosamente russofóbico que tinha tomado o poder em Kiev.  Portanto: Chocante, mas também conforme com a conduta desse bando de ninguéns, corruptos até às raízes dos cabelos, com nenhuma noção de sentido de Estado ou de governança responsável.

Tomam outra dimensão, para vincar o óbvio, quando as mesmas coisas são ditas por Merkel. Era suposto a ex-chanceler ter liderado a posição da diplomacia ocidental, juntamente com François Hollande, o presidente francês na altura e claramente formando equipa com a figura mais importante na política europeia. Pelo seu próprio relato, estava a usar a diplomacia exatamente como o fazia Kiev, para inviabilizar o acordo que, pretensamente, ela apadrinhava.

Convém lembrar os leitores de que os EUA não foram parte nas conversações de Minsk. Por um lado, posicionou-se totalmente contra qualquer acordo quer coma Rússia, quer com as Regiões Separatistas. Por outro lado, não fazia sentido convidar os EUA para Minsk porque a sua posição era óbvia e sua presença seria contraproducente. Agora, que Merkel falou nestes termos, a posição alemã era a de que o Ocidente precisava do acordo - que não interessava a ninguém, no Ocidente -  apenas como forma de ganhar tempo para a Ucrânia se rearmar. 

As entrevistas de Merkel com o Der Spiegel e o Die Zeit foram efetuadas como retrospetivas, em que os correspondentes amistosamente proporcionavam à ex-chanceler um olhar para o passado. Os tópicos de Minsk e da Ucrânia eram apenas dois entre muitos. Os textos dão a impressão de que Merkel falou deles de forma casual e sem reticências. Os fragmentos em causa, são curtos, mas muito claros.

Der Spiegel:

Ela pensa que… depois, durante as conversações de Minsk, ela conseguiu comprar tempo que a Ucrânia precisava para melhor enfrentar um ataque russo. Ela diz que é agora um país forte e bem fortificado. Nessa altura, ela tem a certeza de que seria varrido pelas tropas de Putin.

No Die Zeit, na segunda das das entrevistas, Merkel descreveu as negociações de Minsk como “um meio para dar tempo à Ucrânia... para ela se fortalecer,” mais adiante exprime satisfação de que esta estratégia - um claro abuso dos procedimentos diplomáticos - tenha tido sucesso.

Há várias interpretações das palavras de Merkel. São, em geral, tomadas como o reconhecimento sem máscara da sua duplicidade - e por extensão, do Ocidente - na sua forma de lidar com a Rússia sobre a questão da Ucrânia. O «Moon of Alabama», um blog feito por um alemão, vê as entrevistas como a tentativa de Merkel em proteger sua reputação, junto dos meios de liderança da Alemanha, onde há uma viragem para posições de russofobia, comuns nos EUA, mas não o eram, até agora na Alemanha.

Acho ambas as leituras plausíveis. De qualquer modo, o grande assunto que enfrentamos agora é  o prejuízo causado por Merkel em 2014 e 2015 e as consequências das suas declarações na semana passada.  

Muito se disse e escreveu sobre o golpe fatal que Merkel desferiu na confiança em assuntos diplomáticos, e penso que «fatal» é a palavra adequada. Ray McGovern foi esclarecedor neste assunto, trazendo a sua experiência profissional a esta questão, numa longa conversa com Glenn Diesen e com Alexander Mercouris, na semana passada.

Um certo grau de confiança era essencial entre Washington e Moscovo, mesmo durante as etapas mais perigosas da Guerra Fria. A Crise dos Mísseis de Cuba foi resolvida porque o Presidente John F. Kennedy e Primeiro-ministro soviético, Nikita Khrushchev, foram capazes de confiar o suficiente um no outro. Esta confiança já não existe, como Putin e outros membros do governo russo deixaram claro em declarações feitas em resposta às duas entrevistas alemãs.

Moscovo e Pequim disseram repetidamente que, desde que Joe Biden assumiu o cargo, nem sequer há dois anos atrás, já não existe confiança com os americanos. A consequência disto, é que não vale a pena negociar com eles num contexto diplomático. Para os diversos membros do governo russo, desde afirmações de Putin, até figuras menores, as declarações de Merkel parecem ter confirmado, lamentavelmente, as conclusões anteriores. 

Trata-se de uma viragem maior, que Moscovo agora inclua os europeus e em especial os alemães, nesta avaliação. Agora os alemães dizem as mentiras de que o império americano  é feito - um motivo de ansiedade e tristeza, juntas. Se a diplomacia da terra-queimada é nome adequado para as manobras que o Ocidente tem estado a fazer no relacionamento com a Rússia desde 2014, como eu penso que seja, então a ponte alemã entre o Ocidente e Leste foi queimada.

A gravidade destas conclusões, as suas implicações à medida que avançamos, são imensas para o Ocidente e para o que não seja Ocidente, de igual modo. Um mundo cheio de hostilidades é o que nós todos conhecemos. Um mundo destituído de confiança e de diálogo será outro patamar. Tal como vemos no contexto ucraniano, não há possibilidade de diplomacia, de negociação ou de diálogo de qualquer espécie, sem confiança. Nós lemos quotidianamente os resultados disso nas poucas publicações que descrevem com honestidade esta guerra.

*Patrick Lawrence, tem sido correspondente estrangeiro durante muitos anos, principalmente para International Herald Tribune, ele tem escrito colunas, ensaios, é autor de livros e conferencista. O seu livro mais recente é intitulado «Time No Longer: Americans After the American Century».


quarta-feira, 16 de novembro de 2022

CRÓNICA (nº10) DA IIIª GUERRA MUNDIAL: UM ASSUNTO MUITO SÉRIO

Mísseis S300 ucranianos, cedidos por ex-membros do Pacto de Varsóvia. Os sistemas antimísseis ucranianos são da era soviética; só podem operar com estes mísseis S300.


Ontem, dois mísseis disparados a partir das defesas antiaéreas ucranianas durante um ataque de mísseis russos, contra as infraestruturas elétricas da Ucrânia, numa zona próxima da fronteira Ucrânia/Polónia, aterraram em território polaco e causaram dois mortos*. Este caso foi logo tornado - pela comunicação social de massas do ocidente - num «ataque Russo contra a Polónia», o que potencialmente poderia desencadear O ALARGAMENTO/ GENERALIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES DA GUERRA, visto que a Polónia é membro da OTAN.
As pessoas que não querem ver, não veem. Este é o resultado, ou da sua cobardia, ou por estarem nas mãos de agentes poderosos e que lhes mandam fazer e dizer certas coisas, ou por autointoxicação ideológica. De qualquer maneira, este incidente e sua falsa atribuição, poderiam significar o despoletar de um conflito direto da NATO, com a Rússia.
Ele foi rapidamente reduzido à sua dimensão verdadeira pela declaração de Joe Biden de que «tudo indica que estes mísseis tinham sido disparados partir da Ucrânia, para intercetarem mísseis russos lançados contra as instalações elétricas ucranianas».
 Os que sopram os ventos da guerra, não deveriam gozar de impunidade prática, sob pretexto de serem membros de órgãos de comunicação social. Os poderes servem-se, frequentes vezes, destes indivíduos sem escrúpulos, que por venalidade ou ideologia, se prestam a difundir «notícias» extremamente perigosas (propaganda), que podem desencadear reflexos de pânico ou de raiva, numa parte dos leitores. Podem também ser aproveitados por forças sombrias do «Estado profundo» (não apenas dos EUA, como de outros países da Aliança Atlântica), para forçarem o alargamento da guerra.

Com efeito, alguns criminosos, em posições estratégicas do aparelho administrativo, de espionagem ou militar das potências mais fortes, têm uma convicção da «inevitabilidade» de uma guerra GENERALIZADA entre a Rússia a NATO. Isso está por detrás da «lógica» deles, para incitarem posturas agressivas das potências ocidentais, para estas terem a iniciativa de um ataque nuclear. Eles contam com o «efeito surpresa». Note-se, que este incidente vem após a recente modificação da doutrina de guerra nuclear pelos EUA em que já admite, como fatores desencadeantes de resposta com mísseis nucleares, situações que NÃO envolvem ataque ou ameaça de ataque nuclear por uma potência inimiga.
Por isso, os neocons estão sempre a tentar provocar uma escalada, seja com falsas-bandeiras, seja com declarações incendiárias, para arrastar os governos a fazerem uma política de provocações e de confronto.

Os cidadãos que pensam que existe «democracia» nos países do Ocidente, estão completamente enganados. Eu concedo que existiu, mas é preciso ver a realidade de frente: Ficámos completamente destituídos de poder e somos considerados, coletivamente, como ovelhas destinadas a ser guiadas para o curral, ou para o matadouro. Todos os meios lhes servem: A desinformação, o medo, as operações de falsa-bandeira, etc.

Como tenho dito, a 3ª Guerra Mundial começou há bastante tempo, só que as pessoas não se aperceberam (foi-lhes ocultado isso) que era esse o estado do Mundo.

A IIIª Guerra Mundial, no mínimo, começou OITO ANOS ANTES da invasão russa da Ucrânia, com o golpe de 2014 de Maidan, teleguiado pelos Americanos. Em resposta, as populações ucranianas de origem russa (cerca de 40% da população) defenderam-se. Não queriam ficar submetidas ao regime nacionalista russófobo e de extrema-direita de Kiev. A encenação criminosa do abate do avião das linhas aéreas malaias MH17, destinava-se a desencadear uma resposta emocional anti- russa em todo o Mundo. Os acordos de Minsk, para solucionar a guerra civil entre o governo de Kiev e as duas repúblicas separatistas do Don, foram enterrados pouco depois de assinados, pelo próprio governo de Kiev que os assinou. Seguiu-se uma longa guerra de atrição em que as forças de Kiev causaram mais de 14 mil mortes, em grande maioria civis das repúblicas separatistas.

Sem a conivência dos EUA e doutros países da NATO, tal comportamento do governo ucraniano da altura, não poderia ter existido.

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(*)Tweet:



Jackson Hinkle 

@jacksonhinklle


Ukrainian military telegram admits that the deadly explosion in Poland was caused by a Ukrainian anti-missile defense S-300P to protect their country against Russian missile barrages.

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PS1: Em baixo, artigos da série «CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL»:


CRÓNICA (nº10) DA IIIª GUERRA MUNDIAL: UM ASSUNTO MUITO SÉRIO


CRÓNICA (nº9) DA IIIª GUERRA MUNDIAL: POLÍTICAS NEOLIBERAIS E GUERRA


CRÓNICA(nº8) DA IIIª GUERRA MUNDIAL - ECONOMIA EUROPEIA CAI NO ABISMO


CRÓNICA (nº7) DA III GUERRA MUNDIAL - A EMERGÊNCIA DE UM NOVO PADRÃO MONETÁRIO


CRÓNICA (nº6) DA IIIª GUERRA MUNDIAL - Os laboratorios de bioarmas dos EUA


CRÓNICA (nº5) DA IIIª GUERRA MUNDIAL: UM RESET PODE ESCONDER UM OUTRO.


CRÓNICA (nº4) DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL - ECONOMIA, O NERVO DA GUERRA


CRÓNICA (nº3) DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL - FACTOS E VISÕES QUE A MEDIA MAINSTREAM ESCONDE


CRÓNICA (nº2) DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL - Hipocrisias... que nos podem matar


CRÓNICA (nº1) DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL - MÚLTIPLOS TIROS NO PÉ



PS2: Veja como «Moon of Alabama» regista a extensão da fraude premeditada dos media ocidentais e em especial, britânicos. Acho que estão em linha com as instruções dos seus donos!

PS3: John Helmer publica no seu blog uma extensa análise do efeito que teve na sociedade e forças políticas polacas não só o trágico incidente em si, da explosão do míssil ucraniano causando a morte de dois cidadãos polacos, como - sobretudo - a atitude de Zelensky, enquanto presidente da Ucrânia, insistindo que o míssil era russo, não pedindo desculpa pelo ocorrido e ainda por cima, querendo que os polacos lhe deem acesso ao inquérito sobre o ocorrido. 

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

RULES BASED ORDER; O QUE É, AFINAL?


Imagine alguém que tivesse estado em hibernação durante - pelo menos - uma década, que acordasse e ouvisse a expressão que enche a boca e os altifalantes dos políticos atlantistas e globalistas de «uma ordem baseada em regras» (ou «rules based order»). Essa pessoa poderia, ingenuamente, pensar que estão a referir-se ao respeito pela lei internacional, cumprir-se acordos, tratados, ou decisões de instâncias internacionais. Nada mais longe da verdade, porém. Se o nosso personagem imaginário prestasse mais atenção, repararia que os que usam esta expressão, não a definem nunca. Nunca dizem explicitamente o que são estas regras. Nunca dão sequer um exemplo concreto do que é respeitar ou desrespeitar esta ordem. Ou dizem que a Rússia é culpada disso, mas sem explicitar porquê ela realmente a violou, e sobretudo, no concreto, o quê... Não é por acaso que isto acontece. Uns, meros papagaios, repetem o que seus donos lhes mandam dizer. Mas outros, ardilosamente, nunca irão fornecer detalhes sobre essa tal ordem e essas tais regras, pois sabem muito bem que o dono dessa tal ordem mundial (ou que pretende sê-lo) tem infringido os acordos, tratados, convenções, regras, que tem assinado com outras potências, grandes ou pequenas, aliadas ou adversárias. Os EUA e os seus vassalos da OTAN têm infringido a lei internacional, os princípios da Carta da ONU, princípios esses que são bem claros, além de terem ignorado ou cancelado acordos importantes com repercussões na paz mundial, como sejam os de controlo e redução de armamento nuclear, entre outros.
É mentira que a Rússia tenha infringido as regras da ONU, quando foi em socorro das duas repúblicas separatistas do Don, que estavam a ser submetidas pelas tropas de Kiev, a bombardeamentos em áreas civis, o que - em si mesmo - configura um crime de guerra. Ir em socorro de populações civis sujeitas a bombardeamento é lícito e defensável. Os Ocidentais, tão picuinhas em relação aos direitos humanos, quando lhes convém, para denegrir um regime de que não gostam, mostraram-se, nos oito anos que medeiam entre 2014 e 2022, totalmente indiferentes à sorte das populações do Don, maioritariamente russófonas. Os batalhões «especiais» ucranianos (Regimento Azov) e as forças armadas ucranianas, enquadradas por pessoal militar da OTAN podiam atacar, dizimar, fazer incursões nesses dois territórios, causando para cima de 15 mil mortes civis, muita destruição e em total violação dos acordos de Minsk. Estes acordos foram endossados pela Alemanha, França e Rússia, como potências externas que se encarregavam de vigiar o seu cumprimento pelas partes. O governo de Kiev mostrou logo que não tinha qualquer intenção de os cumprir, sendo este comportamento tolerado e mesmo encorajado pelos governos ocidentais (França e Alemanha e os restantes países da OTAN, implicitamente ).

Vejamos então alguns exemplos da tal "Rules Based Order":

Os EUA lançaram uma guerra contra o Afeganistão, essa sim não provocada, visto ser mentira que os ataques do 11 de Setembro tivessem sido planeados e executados a partir do Afeganistão, ou mesmo que os possíveis culpados desses ataques estivessem em solo afegão. Usaram a tática de arrasar com «carpet bombing» zonas extensas desse país, além de terem dado rédea solta às milícias dos senhores da guerra e traficantes de ópio, que cometeram atrocidades sem nome. Torturaram, os soldados e agentes americanos com a conivência de seus aliados, milhares de «suspeitos». Os esbirros da CIA e do Pentágono mataram pessoas, muitas delas completamente inocentes, em todo o mundo.

Fizeram uma guerra de extermínio com a invasão do Iraque, que causou vários milhões de mortes civis, entre elas, muitas crianças. Sua justificação foi baseada em informação falsa fornecida ao Conselho de Segurança da ONU.

Com a Líbia, foi igualmente a partir de mentiras que desencadearam uma campanha aérea bárbara, seguida de total destruição do país, entregue às diversas milícias rivais. As forças Jihadistas beneficiaram do armamento americano, por ordem de Hillary Clinton e Barack Obama, com o qual iriam depois combater na Síria, contra um governo não islâmico...


Todos estes e outros «feitos» internacionais das administrações sucessivas dos EUA, Bush, Obama, Trump e agora Biden, se fizeram à margem da legalidade internacional, sem qualquer respeito pelos civis e pelos direitos humanos, etc.
Os dirigentes dos EUA sabem que estão ao abrigo de serem acusados e julgados no Tribunal Penal Internacional de Haia: Este é uma farsa, na sua essência, visto que são julgados políticos e governantes de países fracos, como o Ruanda ou a Sérvia. Porém, está garantida «imunidade» aos militares e políticos dos EUA e, por extensão, aos seus aliados da OTAN.

Quando alguém vos falar de «rules based order», pergunte se está a referir-se a crimes de guerra, genocídios, crueldades (documentadas) dos americanos, tanto de agências civis, como de militares.
A realidade já só pode ser ocultada com artimanhas verbais. Quando isso não basta, usam a coação. As vozes que dizem a verdade são «canceladas», as pessoas dissidentes dos poderes arriscam sua segurança e integridade física. A «rules based order» dos americanos é a pirueta verbal para dizerem que «quem manda somos nós, americanos, e ai daquele que não se submeter»!

domingo, 20 de fevereiro de 2022

OS VERDADEIROS INIMIGOS DA EUROPA



    - Força britânica da NATO na Estónia

A crise ucraniana é muito pouco palatável, mas funciona como reveladora:
Desde a histérica campanha mediática, insuflada pelos anúncios alarmistas repetidos de Biden e sua administração, de que a invasão russa «estava iminente», que se verifica quão bajuladores os governos da maioria dos países da OTAN/NATO se têm mostrado, em relação ao Senhor feudal, o governo de Washington.
Esta maioria de governos não inclui dois, o da França e da Alemanha, que compreendem que seus países têm nenhum interesse em ver cortadas as relações diplomáticas e comerciais com a grande nação euroasiática.
Pelo contrário, compreendem que estão a ser empurrados (mais uma vez) a fazer uma guerra americana por procuração. Quem pagaria o preço de um corte total com a Rússia, já para não falar de uma verdadeira guerra, com armas e bombas, seriam obviamente os europeus.
François Mitterrand não se poderia chamar um político destituído de realismo: foi ele que disse, numa entrevista pouco antes de morrer, que existia um inimigo mortal da unidade europeia, e que esse inimigo disfarçado, era tido como nosso aliado: os EUA.
De facto, trata-se da grande paranoia dos estrategas que dominam em Washington, pelo menos desde a época do presidente Clinton.
O perigo soviético manteve a Europa ocidental debaixo do «chapéu-de-chuva» americano, como dissuasor. Era a proteção militar americana que jogava como fator poderoso em manter os governos ocidentais, a maioria das forças políticas e, por extensão, das opiniões públicas, favoráveis à hegemonia americana. Isto manteve-se, decénios depois do fim da IIª Guerra mundial.
O povo da República federal alemã, como o de leste, não tinha qualquer laivo de independência, visto que se encontrava ou sob ocupação americana, ou soviética (no caso da Alemanha de Leste). Mas, a unificação alemã veio transformar a geopolítica do continente europeu, «congelada» de 1945 a 1990.
As peripécias políticas e militares da NATO (e fora da NATO) dos diversos «parceiros» europeus, seria um tema demasiado longo para descrever aqui, embora seja muito útil e mesmo indispensável, para se perceber o que se está a passar neste preciso momento.
Assiste-se a uma manobra de desestabilização pelos EUA, ainda não plenamente conseguida e que pode também falhar. Como disse em artigo anterior de análise sobre a crise ucraniana, trata-se de causar um bloqueio do Nord Stream 2, um embargo do gás russo (e doutros bens de exportação), por sanções, cujo preço vai ser pago pelas economias europeias ocidentais.
Note-se a coordenação anglo-americana a este propósito, com Boris Johnson a fornecer armas e peritos para treino das tropas, enquanto faz reuniões com Zelensky, sem qualquer outro motivo que não seja aparentar uma «procura da paz».
Quanto a Biden, ou melhor, aos que puxam os cordéis em Washington, têm gritado «vem aí o lobo» da invasão russa, dia sim, dia sim. Estão realmente a fazer o papel que lhes é reservado, como atores profissionais ao serviço do lobby do armamento, o maior lobby dos EUA, aquele que tem tudo a ganhar dum renovo da guerra-fria.
Com efeito, se nós tivermos em conta análises, não enviesadas, sobre o peso das despesas de defesa nos orçamentos americanos, verificamos que o nível mais alto da Guerra Fria nº1, é ultrapassado no presente. A indústria de guerra, juntamente com a indústria farmacêutica e do entretenimento de Hollywood, são grandes exportadores dos EUA, mas a indústria bélica é - largamente - a maior.
Por conseguinte, estamos a assistir a um apodrecimento da situação na «frente leste», com as barragens de artilharia dum lado e de outro das linhas de demarcação das repúblicas do Donetsk e Lugansk, com a Ucrânia. Que isto seja prelúdio para uma guerra mais intensa, com batalhas nesses territórios, só o futuro o dirá, mas existe grande probabilidade que assim seja.
Zelensky com todo o seu aspeto simpático de ex-comediante, é refém dos americanos e do setor ultranacionalista ucraniano. Não sei se ele poderá desejar pessoalmente, evitar a guerra e obter uma forma de solução pacífica, através do processo dos acordos de Minsk. Mas, sei que a maioria dos partidos representados do parlamento de Kiev, têm a retoma - por quaisquer meios - das repúblicas separatistas e da Crimeia, como objetivo claro (o que não significa que as populações tenham o mesmo ponto de vista).
Assim, a população dos restantes países está refém das intrigas de Washington, que se relaciona com o governo de Kiev como o senhor feudal com os servos. Do lado russo, não há o mínimo interesse em intervir na Ucrânia, pelos motivos já amplamente descritos noutras crónicas minhas.
Porém, é perfeitamente compreensível que, ao nível humanitário, estejam a evacuar e dar realojamento às pessoas das repúblicas do Don (crianças, idosos, inválidos e mulheres em prioridade) perante a possibilidade de uma guerra no seu solo. É perfeitamente lícito ajudar a população largamente russófona, vítima de longos anos de guerra ativa ou larvar. Aliás, numerosos cidadãos dessas repúblicas têm dupla nacionalidade, ou seja, têm documentos de cidadania russa, além de serem cidadãos ucranianos e/ou das repúblicas separatistas.
Para além dos aspetos legais, é particularmente chocante ver-se que outros russos são discriminados, humilhados, quase remetidos para a clandestinidade, nas «democráticas» repúblicas bálticas que resultaram da decomposição da União Soviética: A Letónia, Estónia, Lituânia (membros da NATO, da União Europeia e doutras instituições). As minorias etnicamente russas, destes países estão sujeitas a tudo isso. Porém, delas não se fala nunca: «Russian lives DON'T MATTER».
De qualquer maneira, se sanções duras contra a Rússia se vierem a concretizar, prevejo que os grandes prejudicados serão os povos europeus.
Os alemãs, em particular, privados de gás natural a preço acessível, para seus lares e suas indústrias. Mas, também todas as outras nações europeias, que terão muito a perder economicamente, também pela perda de comércio. Desde os frutos e legumes, aos automóveis, e passando por produtos como perfumes, modas, vinhos etc. todos eles, produtos são exportados agora e poderiam vir a sê-lo ainda mais para o grande mercado russo. Uma enorme área de comércio ficaria fora do alcance das empresas europeias.
Os EUA ficarão contentes, pois irão manter e reforçar as suas partes de mercado, não apenas nos países da Europa ocidental, como terão, mundialmente, menos competição nos seus produtos tecnológicos, em particular.
Estamos, portanto, a assistir às primeiras salvas de uma guerra híbrida, cujo desfecho é incerto, mas que tem como objetivo implícito abaixar a capacidade de autonomia e de concorrência da Europa, nos mercados mundiais. Trata-se, sem dúvida, de uma guerra contra os Estados, os sistemas económicos e os povos europeus.
O seu sucesso ou insucesso depende, em larga medida, de que uma percentagem esclarecida da cidadania acorde e veja, para além de toda a propaganda, os golpes económicos associados a estes desenvolvimentos geopolíticos.

NB1: Um pouco de refrescar da memória, sobre como a NATO e o Império americano coagem os países a pertencer à aliança, que não é defensiva mas ofensiva e claramente orientada contra a Rússia. Leia AQUI.
NB2: Da página web de Paul Craig Roberts:
 In a televised address President Putin announced this morning a military operation to “demilitarize and denazify Ukraine.”

As it is impossible to learn anything factual from the fake news Western media, I will do my best to tell you what is happening.

As far as I can tell, at this time of writing there are no Russian troops involved. Russian troops don’t even seem to have been sent to the territory of the republics. Using precision weapons the Russian military has disabled Ukrainian military infrastructure facilities, air defenses, military airfields and aircraft. Putin has announced that Ukrainian soldiers who lay down their arms will not be attacked. Tass reports that “Ukrainian troops are leaving their positions in large numbers, dropping their weapons.” Clearly, the Ukrainian soldiers have more sense than their leaders.

https://www.paulcraigroberts.org/2022/02/24/breaking-news-russia-demilitarizes-ukraine/

sábado, 14 de julho de 2018

NÃO EXISTE MEDO MAIOR PARA OS GLOBALISTAS DO QUE A PERSPECTIVA DE PAZ

Basta ter escutado a ladaínha da media ao serviço dos grandes interesses globalistas, a propósito da caminhada de pacificação entre os EUA e a Coreia do Norte para se perceber que, de facto, o que eles mais temem é a paz. 
A paz tem muitos inconvenientes para os aspirantes a gestores da nova ordem mundial, do governo global, supostamente a mais benigna supervisão (para não dizer ditadura) dos assuntos internacionais pela benévola,  indispensável e democrática entidade...
De facto, o Presidente Trump, não sendo um subversivo da ordem mundial, representa um conjunto de interesses contrários - nos EUA - a uma ordem mundial globalista, que foi muito fielmente servida por Obama e Hillary Clinton. 
O que se tem vindo a revelar como um golpe de teatro de que ele é especialista, foi a sua atitude ameaçadora aos parceiros da NATO, dizendo aos outros países ou pagam mais ou então... Por um lado, por outro, desenvolvendo toda uma série de acordos discretos sobre a retirada das tropas estrangeiras na Síria, principalmente o arranjo de que as forças anti-Assad iriam ser abandonadas em troca da garantia dos russos de que conseguiam convencer o seu aliado sírio a dispensar o auxílio do Irão. Este, por seu turno já afirmou publicamente que no momento em que o governo sírio manifestar o desejo de ver partir os «conselheiros» iranianos estes assim o farão sem demora. Se tal vier a concretizar-se, o exército israelita permitiria reocupação pelo exército sírio da zona adjacente do território sírio dos montes Golã, ocupado por Israel desde a guerra de 1967. 
Esta será, sem dúvida, uma das questões cujos pormenores serão debatidos na cimeira de Helsinquia. 
Outro dos assuntos tem a ver com a instável e insustentável situação da Ucrânia. O regime não tem capacidade de se auto-sustentar. Tem violado consistentemente os acordos de Minsk, deitando sempre as culpas para os «russos» e as repúblicas separatistas do leste. O Ocidente todo está farto e saturado desta situação. Do lado alemão já houve um levantar da ponta do véu, adiantando que os países ocidentais poderiam levantar as sanções contra a Rússia, se houvesse um acordo geral sobre a Ucrânia, no qual haveria o reconhecimento da reentrada da Crimeia na Federação Russa (da qual foi arbitrariamente separada, e oferecida à Ucrânia, então uma das repúblicas soviéticas, durante o consulado de Krutchov- um ucraniano - em 1954). Penso que a contrapartida seria a aceitação pela Rússia do estacionamento de tropas da NATO na Ucrânia ocidental, até se chegar a uma solução negociada dos territórios separatistas do Leste (Lugansk e Donetsk). 
A resolução de grandes questões estratégicas e de segurança, envolvem muito mais pontos, havendo interesse de um e outro lado em trazer para casa resultados tangíveis, mais do que belas palavras e fotos conjuntas dos dois presidentes a apertarem as mãos. 
Porventura, os mais significativos passos poderão ser a consequência do restabelecimento dos canais de diálogo permanente entre as duas potências, cuja ausência tem afectado negativamente as relações Russo-Americanas. 
Veja-se, a este propósito, a esclarecedora entrevista dada pelo ministro dos negócios estrangeiros Lavrov, a Larry King, de RT: