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terça-feira, 24 de outubro de 2023

[CRÓNICA(Nº19) DA IIIª GUERRA MUNDIAL] A GUERRA VISTA POR OUTRO ÂNGULO

                    Foto: Intenso bombardeamento de Gaza City pela aviação israelita

CONTRASTE ENTRE DINÂMICAS DE DESENVOLVIMENTO E DE GUERRA 

 Na semana passada, o  Fórum das Novas Rotas da Seda em Pequim incluiu - para a integração Euroasiática - investimentos totalizando cerca de 100 biliões de dólares em projetos para novas infraestruturas e para desenvolvimento.

Há dois dias, o presidente Biden apresentou ao Congresso um projeto, votado por unanimidade, consistindo em ajuda militar totalizando mais de cem biliões de dólares, cerca de 60 biliões para  Ucrânia (para comprar mais armas), e para Israel uns 40 biliões (sobretudo para compra de força aérea e mísseis ).

As motivações das águias e falcões imperiais são transparentes, como aponta Pepe Escobar, no seu mais recente artigo.


PARECE-ME FATAL QUE ESTA GUERRA SE GENERALIZE A VÁRIOS VIZINHOS DE ISRAEL. 

Pois a questão central que se coloca é que nenhum muçulmano, seja qual for a sua tendência política, religiosa ou sua nação pode ver tranquilamente a aniquilação de um povo irmão (muçulmano) indefeso em Gaza, sem ficar tremendamente indignado e desejoso de vingança. Os que governam os países árabes da região podem não ser muito ardentes defensores da causa palestiniana, mas se não se mostrarem em sintonia com as massas, podem ter, internamente, que enfrentar uma rebelião. O presidente Erdogan da Turquia está ciente disso, ele sabe que o povo não esqueceu a afronta feita em 2008, com o assassinato de civis turcos, num barco destinado a entregar ajuda humanitária  a Gaza, brutalmente atacado pela marinha guarda-costeira israelita. A marinha de guerra turca está posicionada perto de Israel, ao largo de Chipre.

Seja qual for o desenrolar desta guerra assimétrica Israel-Palestina, o certo é que o campo pró-palestiniano está reforçado como nunca,  inclusive, as simpatias pelo Hamas cresceram muito. Este movimento está a conseguir efetuar  a reunificação de toda a resistência palestiniana.


PROPAGANDA DE GUERRA DO OCIDENTE 

A propaganda do Ocidente, tanto as narrativas do governo dos EUA e de governos seus vassalos, como as duma media prostituída aos poderosos, não deixa que a real complexidade da situação político-militar seja perceptível pelo público, em geral. É preciso ir á procura ativa de fontes não alinhadas com o «globalistão», para se perceber quais as cartas possuídas pelos diversos intervenientes. As mentiras repetidas das autoridades de Israel deveriam fazer com que os jornalistas ocidentais olhassem com sentido crítico as suas histórias. Mas, pelo contrário, transcrevem acriticamente essas mentiras, nunca as confrontando com factos do terreno. Esta atitude da media é semelhante às sucessivas «notícias», segundo as quais as forças ucranianas estavam prestes a causar tremenda derrota no exército russo. Isto foi dito e redito, tantas vezes e de forma obviamente enganosa. O resultado, quando a realidade veio deitar por terra tais narrativas, foi que muitas pessoas acordaram para a natureza da media de massas.


JOGO PERIGOSO DO OCIDENTE

O jogo do «Ocidente coletivo» além de nojento - porque não se importa que as forças armadas de Israel anunciem e cometam um genocídio perante o olhar do Mundo inteiro - tem uma vertente de irresponsabilidade inquietante, pois assopra nas brasas quentes da destruição de Gaza, parecendo que o seu objetivo é o de causar uma guerra regional, com possibilidade de evoluir rapidamente para uma guerra generalizada. Pensam que assim, poderão obter a dominância total e definitiva do Ocidente sobre o resto do Mundo!  

Se os políticos no poder, nos países ocidentais, fossem sujeitos à crítica livre e esclarecida, não poderiam manter-se no poder. Por isso, a matança dum povo tem de ser recoberta de um manto de mentiras!


PS1: Mecanismo de propaganda de guerra e de lavagem ao cérebro:

A media corporativa, unanimemente, toma posição a favor de Israel. Basta ler os títulos, em que sistematicamente classifica o conflito como «Guerra Israel -Hamas». Este é seu modo hipócrita de colocar a situação, escondendo a vontade (e os atos) de genocídio anti- árabe, por parte dos sionistas, desde antes de 1948. 

Habilmente, deslocam o problema, como se fosse a questão do «Hamas, organização terrorista» que estivesse em causa, quando é o próprio Estado, Governo e Forças Armadas de Israel que (coletivamente) cometem atos terroristas, criminosos e estão a exterminar civis inocentes na Faixa de Gaza. 

PS2: Uma lição esclarecedora do Coronel US Douglas Macgregor: 

https://www.youtube.com/watch?v=00frv5blaXM


PS3: Leia como um jornal dito «de esquerda» faz censura despudorada sobre a questão Palestiniana

https://www.globalresearch.ca/surge-suppression-how-guardian-applies-censorship/5837810


domingo, 8 de outubro de 2023

NACIONALISMO ÉTNICO = ACUMULAÇÃO DO ÓDIO

 Não existe nacionalismo, senão por oposição a um outro. Pode ser a nação opressora, pode ser a nação rival, pode ser designada como a portadora de ideologia diabólica, contrária à nossa, etc. 

O que é um facto, é que os nacionalistas étnicos se definem mais por quem eles designam como objeto de seu ódio, do que por suas próprias idiossincrasias, tradições e cultura.  

Algumas pessoas, falsamente internacionalistas, decidiram que «o patriotismo e o nacionalismo são a mesma coisa». Porém, não se pode decretar arbitrariamente que os sentimentos patrióticos sejam apenas uma expressão de nacionalismo; são isso em certos casos, noutros não o são.  

Há que ir além das catalogações, sobretudo quando simplistas. Como já detalhei noutro sítio, o nacionalismo político pode ser motivado por um projeto; foi o caso da República francesa nascente. Também alguns movimentos de libertação, influenciados pelo marxismo, pelo menos ao nível das suas direções, não confundiam o opressor colonial ou imperialista com o povo propriamente dito. Algumas pessoas dos países colonizadores não participavam na mentalidade colonial, algumas opunham-se às aventuras coloniais e belicistas. 

Certa política identitária faz com que as pessoas se separem, a si próprias e aos outros, em categorias de «raça», «nacionalidade», «género», etc. Esta forma de pensar, qualquer que seja o subjetivismo de quem a adota, acaba por propagar o nacionalismo mais tacanho, baseado em características «raciais» ou étnicas. É por isso, que é tão frequente o fanatismo, nesta forma de nacionalismo. 

Inicialmente, podemos ficar surpreendidos com o renascimento do nacionalismo, em especial do nacionalismo agressivo, expansionista. Mas, se pensarmos melhor, por um lado, ele nunca se apagou por completo; por outro, os poderes globalistas têm sido os principais financiadores e promotores deste nacionalismo. Tacanho, violentamente racista, assim é o banderismo na Ucrânia,  um fascismo que se confunde, por seus conceitos racistas, com o nazismo


Abaixo, um vídeo da conferência, de Lucien Cerise, um investigador que tem aprofundado os fatores em jogo no conflito da Ucrânia. Ele tem acompanhado de perto a situação, desde o «golpe de Maidan» de 2014.  Ele fornece provas da conivência e hipocrisia dos governos da OTAN, apoiantes de criminosos de guerra, de racistas confessos, de fanáticos que odeiam tudo o que seja russo. 

A conferência mostra que -por debaixo da capa de «boa consciência» fabricada - dirigentes políticos,  jornalistas da media mainstream e ditos revolucionários, não ignoram a ideologia e história da facção que estão a apoiar. Porém, tal como os «banderistas» ucranianos, o que os move é a hostilidade patológica para com a Rússia, seja qual for o seu sistema político. Eles querem ver a Rússia desmantelada. Só assim, dizem, a Europa poderia ficar tranquila: Mas eles, afinal, são «cães que obedecem ao seu dono», o imperialismo USA!

Lucien Cerise: ''L'Occident collectif rêve de l'éclatement territorial de la Russie''.

https://youtu.be/sNpEdG8xH-8?si=MRy9T--UYYg185v3 

Pode acompanhar a conferência, usando o comando de "transcrição",  em francês.



PS1 (08-10-23): A explosão de violência em Israel/Palestina foi propositadamente desencadeada, com um ataque de sionistas à mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém, um dos locais sagrados mais importantes do Islão. Temos uma guerra mais acesa, agora. Mais um episódio da luta de libertação do povo palestiniano, que se confronta com o nacionalismo sionista do Estado de Israel. Trata-se de dois nacionalismos em confronto. O nacionalismo palestiniano responde ao nacionalismo sionista, particularmente virulento nos colonatos implantados em territórios palestinianos. 
Note-se que há judeus que repudiam a política sionista adotada pelo governo de Israel, assim como existem árabes palestinianos que não apoiam o Hamas e outros movimentos palestinianos, na luta armada. 
O ódio engendra o ódio, numa espiral de violência, aparentemente sem fim, desde antes de 1948 (data da criação do Estado de Israel). 

Consulte o artigo seguinte: 

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

DESPOVOAMENTO DA UCRÂNIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS (Artigo de "Moon of Alabama")

O colapso demográfico na Ucrânia sendo total, põe em risco a possibilidade da recuperação económica, no pós-guerra. 

Num artigo* muito bem documentado, o autor do blog «Moon of Alabama» mostra que os desequilíbrios populacionais são bem anteriores a Fevereiro de 2022 (início da intervenção russa na Ucrânia). 

O decréscimo de nascimentos e redução das faixas etárias jovens, já se verificava  no início dos anos 90, após o colapso da URSS, quando a Ucrânia se tornou independente. 

Mesmo antes disso, quando a Ucrânia ainda estava integrada na URSS, a situação já era preocupante do ponto de vista demográfico, como aliás também  se verificava na maioria das Repúblicas da URSS (incluindo a Federação Russa). 

Leia o artigo, ele tem muita informação objetiva!

(*)Ukraine SitRep: Bad Demographics - End of Support


Figura (do artigo de "Moon of Alabama")Pirâmide etária, por sexo, na Ucrânia, no ano de 2020. Note-se o estreitamento brutal das faixas etárias correspondentes à adolescência e jovens adultos, em ambos os sexos. 

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

STARLINK, ELON MUSK E PARTICIPAÇÃO DIRETA DOS EUA NA GUERRA DA UCRÂNIA CONTRA A RÚSSIA




Por volta desta altura no ano passado, os ucranianos queriam usar drones submarinos, para atacarem a base russa da marinha de guerra em Sebastopol, Crimeia. Para isso, contavam que Elon Musk alargasse a rede «Starlink», para esta cobrir o território da Crimeia. Aparentemente, Elon Musk terá recusado. A rede «Starlink» é possuída pelo multibilionário americano, também conhecido como o patrão da Tesla e de «X» (ex- Twitter): Ele tinha (e tem) um contrato com o governo da Ucrânia, de fornecimento de serviço de satélite de comunicações ao território da Ucrânia, incluindo as disputadas Repúblicas do Don (Donetsk e Lugansk), mas não incluindo a Crimeia. Note-se que a Crimeia é território russo desde 2014, quando, em referendo (com mais de 80% de participação), a população da Crimeia votou a secessão em relação à Ucrânia e a sua reinserção na Rússia.

Recentemente, levantou-se uma enorme polémica nos EUA, contra Elon Musk, supostamente por ele recusar «abrir» a rede de satélites para abarcar a Crimeia. O acordo inicial com o governo ucraniano, especificava que os serviços não eram extensíveis a zonas do território russo de antes do início da invasão em Fevereiro de 2022. 
O que é notável nesta histeria do establishment e da mídia prostituta, é que juridicamente a posição de Elon Musk é inatacável (e eles sabem-no), além de que o multibilionário, ao fornecer a rede de satélite «Starlink» privada, estava a recobrir de um «ténue véu» a participação direta dos EUA na guerra, pois - assim - não se poderia dizer que eram satélites oficialmente do Departamento da Defesa dos EUA, que monitorizavam os movimentos das tropas russas ou que guiavam os mísseis ucranianos para alvos nas Repúblicas independentistas (incluindo os alvos civis). 
Eu digo que se trata de «um ténue véu» porque, na realidade, o custo da prestação de serviços da empresa propriedade de Elon Musk tem sido inteiramente pago pelo governo dos EUA. No fundo, a militarização da rede de satélites «Starlink» ocorre na mesma, graças ao pagamento integral do serviço pela potência tutelar (os EUA). Trata-se de um financiamento relevante e faz parte dos muitos biliões que têm sido gastos pelo governo, à custa dos contribuintes dos EUA.

Se toda esta histeria contra Elon Musk vos parece «uma tempestade num copo de água», ela será isso mesmo, na verdade: Esta agitação histérica destina-se a ocultar o envolvimento cada vez maior, em termos financeiros, de armamento e vigilância/monitorização/guia, pelos EUA-OTAN, por via satélite de guerra de mísseis e drones que os ucranianos levam a cabo contra os russos. Repare-se que os drones e mísseis ucranianos que atingiram Sebastopol (Crimeia), alguns tendo conseguido «furar» as defesas russas, não podiam ter sido teleguiados pelo sistema Starlink, visto que não estava disponível para o território da Crimeia. Então, a única alternativa é a da utilização de satélites espiões ocidentais. Eles existem desde o tempo da Guerra-Fria Nº1 , lançados e mantidos pelos EUA e OTAN. Sem as redes de satélites-espiões constantemente a vigiar o território da Rússia, seria impossível os drones e mísseis ucranianos atingirem seus alvos.

Como tenho dito desde o princípio desta guerra: A escalada conduzida pelos EUA e vassalos da OTAN, verifica-se através da intervenção cada vez mais aberta e massiva no teatro de operações. Penso que o Estado-Maior e os órgãos de governo Russos têm plena consciência disso, desde o início. Eles têm poupado a população civil ucraniana de um ataque arrasador, ao estilo do ataque à capital do Iraque pelas forças dos EUA, que destruíram toda a infraestrutura civil de Bagdad. Os russos têm a capacidade de destruir quaisquer satélites em órbita estacionária (é o caso dos satélites Starlink). Teriam legitimidade para isso, pois foi logo patente o seu papel militar, por exemplo, ao guiar mísseis ucranianos para alvos inimigos, ao detetar dispositivos e equipamento militar inimigo.

Ironicamente, sem Elon Musk e sua rede de satélites Starlink (alugada pelo governo de Kiev com dinheiro fornecido pelos EUA), a guerra do lado ucraniano seria impossível de ser combatida. Os ucranianos há muito que teriam tido de negociar um acordo de paz com os russos. Sem dúvida que isso teria sido melhor, pois pouparia centenas de milhares de vidas (ucranianas e russas), assim como destruições massivas e instabilidade internacional, causadas pela guerra.

domingo, 17 de setembro de 2023

JOHN HELMER: ANGLO-AMERICANOS REPETEM ERRO FATAL DE NAPOLEÃO*



Oiça o podcast (ver link em baixo) de «Gorilla Radio» (Chris Cook), com John Helmer e Dave Lindorf. 

Compreenda as analogias e diferenças: O resultado é semelhante. É essencialmente o mesmo erro estratégico, apesar das diferenças de pormenor.

 https://gorilla-radio.com/2023/09/14/gorilla-radio-with-chris-cook-john-helmer-dave-lindorff-september-13-2023/

John Helmer é o mais antigo correspondente ocidental em Moscovo. Ele é o autor do blog «Dances With Bears»


(*) Comentário de Manuel Banet:

 Alguns leitores poderão achar insólito o título, pois pensam que quando os autores se referem ao erro fatal de Napoleão, estão a evocar a invasão pelas tropas imperiais francesas, da Rússia em 1812. Sem dúvida, que esse foi um grande erro, mas «motivado» pelo fracasso do (grande) erro anterior, a saber, «o sistema continental». Tratava-se de um bloqueio ao comércio britânico que tinha de ser cumprido por todos os aliados e «neutros», obrigados a rejeitar a entrada nos portos dos navios de comércio britânicos, inviabilizando toda a espécie de comércio de bens manufaturados e matérias-primas, muitas vindas do ultramar (Ásia, América, África...). Este «diktat» de Napoleão sobre todas as potências europeias continentais, cedo se tornou um fracasso. O comércio continuou sob forma ilegal, com explosão do contrabando, especialmente, nas zonas costeiras mais propícias. Os russos, apesar de batidos repetidas vezes pelos exércitos imperiais e assinarem a «paz de Tilsit», na qual o Czar Alexandre I aceitava o «sistema continental», a verdade é que o volume de contrabando de mercadorias inglesas era imenso. Napoleão, vendo que tinha decretado algo impossível de fazer cumprir, tomou este «desrespeito» do bloqueio das mercadorias inglesas, como pretexto para a invasão da Rússia. 

A analogia com os dias de hoje é que os anglo-americanos queriam forçar um banimento de toda a frota comercial russa, assim como um severo controlo e limitação nos preços do petróleo russo exportado, mas não conseguiram nada disso. Logo que as sanções foram decretadas, os russos desenvolveram novas rotas, por vias marítimas seguras, bordejando o mar Ártico, a Coreia do Norte e a China, de forma a escoarem e receberem toda a espécie de mercadorias, incluído as suas exportações de petróleo. De tal maneira a situação se tornou favorável, que os preços do petróleo têm subido muito acima do «teto» imposto pelas potências da OTAN, aos países amigos ou inimigos. Quem tem beneficiado muito são vários potentados petrolíferos do Golfo, os quais compram discretamente petróleo russo, com desconto, para o venderem depois, como se fosse deles e realizando um confortável lucro. Também a Índia tem beneficiado dos descontos, que lhe permitem sustentar a sua economia, tal como muitos outros países em desenvolvimento.

No caso presente, não existe uma guerra naval (ainda), nem houve um «Trafalgar», a vitória naval britânica que destruiu para sempre as ambições de domínio francês nos mares. Porém, os anglo-americanos falharam redondamente nas sanções e bloqueios que queriam impor, não só aos russos, como a quaisquer países que desejassem comerciar com eles. Dois anos depois, os resultados estão à vista: foi um imenso fiasco, que só desorganizou e debilitou os países da OTAN, subjugando inteiramente a UE à vontade imperialista americana.


sexta-feira, 8 de setembro de 2023

JEFFREY SACHS - A liderança dos EUA está cometendo o maior erro que se possa conceber


 https://www.youtube.com/watch?v=MKMxMUG4cKA

A barragem de censura e de propaganda faz com que a media corporativa não se «atreva» ou não «goste» de publicar testemunhos independentes e corajosos, como o de Jeffrey Sachs.

Oiça com atenção este homem, professor universitário nos EUA, muito conhecido e respeitado e que tem mais de trinta anos de experiência, enquanto conselheiro económico dos governos soviético, russo e ucraniano, desde o início dos anos 90. 

terça-feira, 5 de setembro de 2023

MENTALIDADE DE GUERRA ESTÁ A EMPURRAR UCRÂNIA E EUROPA PARA O SUICÍDIO [Pascal Lottaz]


 Não é difícil definir o campo da justiça e da lealdade para com todos os povos: A justiça e a consideração por todos os povos, em especial os que sofrem de uma guerra cruenta (e nunca por sua culpa, ao contrário dos chefes respetivos) obrigam a que se exija o cessar-fogo imediato, seguido de verdadeiras conversações de paz, com todos os intervenientes diretos e indiretos desta guerra. Esta foi a minha posição desde o início da invasão russa e mantenho-a. A destruição física e moral desta guerra só tem paralelo com as duas últimas guerras mundiais. Na verdade, trata-se também de uma guerra mundial, pois ocorre no plano da economia mundial (sanções, boicotes) e também na media global, sendo totalmente acertada a frase de que «numa guerra, a primeira baixa é a verdade». 

 Iniciativas para a paz nunca são demasiado cedo ou demasiado tarde. Elas são bem-vindas, pois evitarão o sofrimento pelas vidas que se perdem, ou pelos que ficam estropiados para sempre. 

sábado, 2 de setembro de 2023

TRÊS MOMENTOS HISTÓRICOS DO «NEOLIBERALISMO»

 É preciso, de uma vez por todas, desmascarar o «neoliberalismo», como teoria económica e sobretudo, como teoria política dos Estados. 

I) A existência de uma corrente forte designada como neoliberalismo, pode atribuir-se - na origem - à «Escola de Chicago» e economistas do chamado «reaganismo», nos anos 1980. 

Mas, ainda antes disso, os «meninos de Chicago» (Chicago boys) estiveram associados à subversão do regime socialista de Allende, no Chile em 1973, com a contestação orquestrada na sombra pela CIA, conduzindo ao golpe sangrento e fascista de Pinochet, em 11 de Setembro de 73. Foi a partir desse 11 de Setembro, que os arautos do neoliberalismo tiveram oportunidade de aplicar as suas teses de privatização radical das grandes empresas estatais, de privatização da segurança social e saúde (entregando-a às empresas seguradoras), com um pano de fundo de ditadura violenta. No Chile de Pinochet havia quotidianamente «desaparecidos», a tortura e os assassinatos pela polícia política e polícia militar eram comuns, apesar da censura férrea a toda a informação impedir que se soubesse a maior parte do que se passava. Grande parte da população, em especial a mais pobre, ficou na miséria. A «lei» do livre mercado, significou que as condições de exploração se tornaram muito  semelhantes às do século XIX. O lucro das grandes corporações subiu, graças à exploração sem vergonha das pessoas e dos recursos naturais (como o cobre,  outros minérios, pescas, agricultura...). Há pessoas suficientemente estúpidas para dizerem que «as reformas» orientadas pela escola de Chicago, no Chile de Pinochet, foram um sucesso. Claro que esta narrativa é uma afronta às dezenas de milhares de mortos e às centenas de milhares de presos políticos. Este regime de terror, sob a proteção dos EUA, durou bem mais que um decénio e a transição para a democracia foi muito condicionada pelos próprios termos que Pinochet e seus acólitos impuseram.

II) Um outro dos «triunfos» do neoliberalismo foi o desmantelamento do chamado «Estado Social» ou «Welfare State». Não houve viragem política verdadeira dos eleitores, mas antes corrupção de governos social-democratas e socialistas, em toda a Europa. As hostes neoliberais penetraram profundamente o «socialismo reformista» e a IIª Internacional. Esta influência, teleguiada pelo Estado profundo dos EUA e os interesses corporativos que ele serve, permitiu que se tornasse «doutrina» a ideia segundo a qual o sector público é mal gerido e sujeito a clientelismos partidários, enquanto o setor privado (ou privatizado) tem a «propriedade mágica de rentabilizar as empresas, é muito mais eficiente, tem uma gestão rigorosa, o capital não tolera que os recursos sejam desbaratados » etc. 

Como sabemos, a canalização de ajudas e de benesses que acompanharam a entrega de setores rentáveis à «iniciativa privada», enquanto se deixavam em mãos estatais os setores não rentáveis, torna esta narrativa «num conto de fadas», ou numa ladainha que não prova nada, mas que esconde uma coisa importante: A intensificação da exploração dos trabalhadores, pela via direta nas empresas privatizadas e indireta, pois são-lhe retirados muitos direitos sociais legitimamente adquiridos.

III) Finalmente, o chamado neoliberalismo é a expressão na teoria económica, política e geoestratégia do imperialismo americano. Isso implicou a cedência total dos referidos social-democratas e socialistas europeus e, num âmbito global, do chamado «Ocidente». Os governos da UE, muitos destes considerados de centro-esquerda, têm mostrado a sua subordinação total à política belicista dos EUA, em especial no que toca à guerra levada a cabo pelos EUA em solo europeu via OTAN, e usando o Estado falido e fascistoide da Ucrânia como  ariete. Esta, insere-se na guerra sem tréguas contra a Rússia: Os neocons, que dominam a política externa e «de defesa» dos EUA desde há mais de 2 décadas, querem ver a Rússia destruída, reduzida a uma série de «bantustões», incapazes de fazer frente aos EUA. O público dos países da UE é inundado de propaganda de guerra, que distorce completamente a realidade e impede que ele se coloque como protagonista. O seu interesse natural seria de  tomar um claro partido contra a guerra, mas ele tem-se deixado manipular. 

A guerra anunciada contra a China, a pretexto de um território que é reconhecido por todos formalmente como pertencente à China, é ilustrativa da agressividade imperialista, dos que se designam de «neoliberais». Taiwan está internacionalmente reconhecida sob soberania chinesa. A constante provocação contra a China pode despoletar a IIIª Guerra Mundial, ou o alargamento da Guerra Mundial já existente. Os «neoliberais» imperialistas estão a fazer correr o risco de generalização e escalada de conflito entre potências nucleares. 

Concluindo: O «neoliberalismo» não tem nada de novo, nem tem nada de liberal no sentido da corrente nascida no século XVIII

Os verdadeiros liberais do passado, não apenas propunham a liberdade do comércio, como eram defensores da liberdade política, dum governo representativo, com câmaras eleitas, representantes dos cidadãos e dos seus interesses, defensores de constituições promovendo a liberdade de opinião e de organização da oposição.

Os que usam abusivamente a etiqueta «liberal», os neoliberais, apenas querem que o capital e seus detentores reinem sem entraves, que os poderosos esmaguem os fracos... Nem sequer resta no pensamento deles a «liberdade de comércio», constantemente espezinhada pelas sanções unilaterais contra as nações que não se dobram ao seu diktat. 

Na verdade, os neoliberais são defensores duma liberdade sem limites, para exploração dos trabalhadores, dos fracos e dos povos do Terceiro Mundo, às mãos das grandes corporações. Usam o termo «liberalismo» para melhor enganarem as pessoas.  


sábado, 26 de agosto de 2023

Tempos Conturbados (refletindo sobre intervenções do professor Jeffrey Sachs)

"I know hot what tomorrow will bring" 
Lembro-me desta citação de Fernando Pessoa, as suas últimas palavras rabiscadas num papel, no Hospital de São Luís dos Franceses (Lisboa, a 30 de Novembro de 1935). 
Ele escreveu - talvez - pensando na sua ignorância do Além (se é que havia, ou não, Vida após a morte). Mas também englobando a sua vida individual, com o destino da humanidade.
 Pois -nessa altura- estava-se no meio da tormenta,  do cataclismo que iria conduzir à IIª Guerra Mundial. As forças entrópicas dominavam. O caos era visível. Dava-se a ascensão de todo o tipo de governos e de regimes autoritários, em pano de fundo de um caos económico, do qual não havia saída. A saída da Grande Depressão foi afinal a pior possível: Foi a «Grande Matança» da Guerra Mundial. Ninguém sabia o que iria acontecer, mas todos percebiam que tremendas coisas iriam acontecer.

A entrevista dada recentemente pelo Professor Jeffrey Sachs fez-me lembrar a citação pessoana, pois o Professor americano, por duas vezes, assinala o facto de ninguém saber como se iria desenrolar o futuro. Ele dava uma nota de incerteza, de angústia, perante as políticas irresponsáveis, criminosas e destituídas de qualquer visão no longo prazo, dos principais dirigentes políticos mundiais: Biden e seu «entourage», mas também Putin e as lideranças da Europa.

Os erros dos líderes pagam-se muito caro. Mas - raramente - são os próprios, quem os comete, que os paga: As vítimas são as pessoas que vivem sob o seu controlo.

Visione o seguinte vídeo do Prof. Sachs:



quarta-feira, 23 de agosto de 2023

CRÓNICA (Nº16) DA IIIª GUERRA MUNDIAL : «NORMALIZAÇÃO» DO ESTADO DE GUERRA NA EUROPA

Uma boa introdução à situação militar e geopolítica no continente europeu, pode ser a visualização da entrevista dada pelo Coronel Douglas Macgregor:

O Coronel explica de forma muito clara porque o melhor que se poderia fazer do lado ocidental era acabar com a guerra na Ucrânia. Porém, o establishment de Washington está cego e insensível à catástrofe que provocou.

Figura: tanque alemão panther destruído pelos soviéticos, na IIª Guerra Mundial. Os modernos tanques panther 
 também têm sido destruídos na guerra Russo-Ucraniana.

Devemos ver os predadores psicopatas que governam os vários países, nomeadamente os mais fortes, como aquilo que são. Os discursos e as posições «de princípio» são apenas paraventos de palavras para encobrir os seus jogos de poder sangrentos.

Os EUA, comandando os seus aliados europeus, obrigando-os a fazer uma guerra não declarada contra a Rússia, estão a ordenar-lhes o «suicídio assistido da Europa».

Com efeito, eles pretendem que o conflito na Ucrânia desemboque numa espécie de situação de instabilidade permanente, nas fronteiras russas.

Eles sabem não haver interesse, da parte dos russos, numa invasão dos territórios onde é maioritária a etnia ucraniana (falantes de ucraniano). Têm já muito que reconstruir nas 4 províncias recém unidas à Federação Russa.

Os americanos desejam que a situação evolua para um cessar-fogo, para viabilizar uma espécie de zona tampão: Uma faixa de território desmilitarizada, que separe os territórios ucranianos, dos novo-russos.

Para eles, isso é satisfatório, pois os países europeus serão obrigados a fabricar armamento em grande escala, para enviar para uma Ucrânia reduzida, mas possuidora de continuidade política. O acordo de cessar-fogo seria suscetível de ser rompido logo que a Ucrânia, «o peão da OTAN», estivesse em condições de levar a cabo uma ofensiva realmente ameaçadora contra o território russo.

Mas este esquema é, para os europeus, o equivalente a terem guerra permanente em casa (no caso das zonas diretamente em conflito), ou muito próximo de casa.

Trata-se da eternização da Europa, enquanto zona de conflito. Os governos americanos adoram a situação, porque continuarão a ser suseranos dos países europeus enfraquecidos e submissos dentro da OTAN.

Por outro lado, a União Europeia, com potencial industrial e a possibilidade de se erguer como bloco autónomo, desaparece. Os EUA vão apoiar os países anglófonos e (re)constituir o seu império com o Reino Unido, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e países do «Commonwealth», que mantêm as suas distâncias com os BRICS, ou seja, países que se conservam na órbita de influência anglo-americana. Quanto à Europa da União Europeia, esta vai ser apenas uma «zona tampão».

O sonho utópico dos europeístas está definitivamente acabado. Só há autonomia política, se houver autonomia militar e diplomática: Mas, estas significam -afinal- que têm a sustentação duma economia largamente independente, embora mantendo elevado nível de cooperação com outras zonas.

Este foi o sonho que os sociais-democratas alemães tentaram realizar, mas tiveram que se submeter ao jogo do Tio Sam. Para tornar as coisas bem claras, o Tio Sam rebentou os gasodutos que forneciam energia barata e viabilizavam uma indústria alemã competitiva .

Não esqueçamos que tanto os americanos, como os dirigentes da OTAN (fantoches dos americanos) recusaram - no Outono/Inverno de 2021 - todas as propostas russas para abertura de negociações com vista a obtenção de garantias mútuas de segurança em todo o espaço Europeu.

Os países europeus mostraram o seu estatuto de vassalos, ao não abrirem conversações diretas com os russos, apesar de serem os mais interessados nas soluções diplomáticas e pacíficas para o continente europeu. O fantoche Jens Stoltenberg fazia, por essa altura (meses antes da invasão russa, em 2021), declarações incendiárias, dizendo, em substância: «de cada vez que eles (russos) vierem propor negociações, nós devemos responder com mais armamento, mais sistemas de mísseis, mais tropas da OTAN, nos Estados que fazem fronteira com a Rússia».



O que eu temo é a indiferença, a sujeição da cidadania. Esta, nunca foi tão intensamente condicionada. Depois do primeiro «ensaio» do COVID, fomos transformados em «ratos de laboratório humanos», para ensaios de condicionamento. Há que escrever uma obra - cientificamente consistente - sobre isto. Até agora, tenho podido ler artigos inteligentes sobre o assunto. Porém, os poderes e seus estados-maiores, possuem departamentos de «contra-informação», que se dedicam à guerra psicológica, à propaganda de guerra. Esta, é dirigida às populações dos países que estão «do nosso lado», mais do que às populações «inimigas».

Note-se que este estado de guerra permanente em solo europeu convém a muitos políticos, que assim podem jogar com o medo para se fazerem eleger (ou reeleger). Também serve os grandes patrões, que podem fazer reinar o terror nas suas empresas, despedindo e discriminando quem lhes apetecer, sob pretexto «de se livrarem de elementos subversivos, a soldo de Moscovo, etc.» Se isto vos soa a Guerra Fria, é porque o é efetivamente. Agora, já não dirigida contra a União Soviética e o «socialismo/comunismo», o grande papão. Agora o papão é a Rússia e «o novo Hitler» Putin, etc...

Realmente, tenho pouca esperança no imediato, pois a classe trabalhadora europeia está de rastos, alienada e sem uma perspetiva independente.

A hipótese de criação duma instância partidária ou duma frente, remotamente semelhante às frentes de classe dos anos 1930, é apenas um devaneio, infelizmente.

Como não vai haver uma resposta capaz de enfrentar o perigo, as populações europeias vão pagar. Elas já estão pagando, pois são europeias as populações da Ucrânia, da Rússia e dos países limítrofes que sofrem diretamente o impacto desta guerra cruenta.

Prevejo a continuação do cenário acima traçado, no curto prazo; mas, também, pode estar para durar por tempo indefinido.

Não faço conjeturas sobre a duração desta nova Guerra-Fria, nem sobre os meios pelos quais os povos se livrarão dela. Pelo menos, tentarei alertar as poucas pessoas, ainda capazes de raciocinar de forma livre e independente, de que o que se prepara é talvez pior e certamente diferente dos totalitarismos que estudámos nos livros de História do Século XX.

domingo, 20 de agosto de 2023

Seymour Hersh: O VERÃO DOS FALCÕES

Seymour Hersh: Summer of the Hawks (O Verão dos Falcões)

O tomar os desejos pela realidade continua sendo a regra na equipa de política externa de Biden, enquanto continua a carnificina na Ucrânia.




O Secretário de Estado Anthony Blinken fala durante a cimeira para líderes africanos em Washington, DC, 02 de Agosto 2023. (Foto oficial do Departamento de Estado por Chuck Kennedy)

(transcrevo o artigo da página de Seymour Hersh / Substack )


It’s been weeks since we looked into the adventures of the Biden administration’s foreign policy cluster, led by Tony Blinken, Jake Sullivan, and Victoria Nuland. How has the trio of war hawks spent the summer?

Sullivan, the national security adviser, recently brought an American delegation to the second international peace summit earlier this month at Jeddah in Saudi Arabia. The summit was led by Crown Prince Mohammed bin Salman, known as MBS, who in June announced a merger between his state-backed golf tour and the PGA. Four years earlier MBS was accused of ordering the assassination and dismemberment of the journalist Jamal Khashoggi at the Saudi consulate in Istanbul, for perceived disloyalty to the state.

As unlikely as it sounds, there was such a peace summit and its stars did include MBS, Sullivan, and President Volodymyr Zelensky of Ukraine. What was missing was a representative of Russia, which was not invited to the summit. It included just a handful of heads of state from the fewer than fifty nations that sent delegates. The conference lasted two days, and attracted what could only be described as little international attention.

Reuters reported that Zelensky’s goal was to get international support for “the principles” that that he will consider as a basis for the settlement of the war, including “the withdrawal of all Russian troops and the return of all Ukrainian territory.” Russia’s formal response to the non-event came not from President Vladimir Putin but from Deputy Minister of Foreign Affairs Sergei Ryabkov. He called the summit “a reflection of the West’s attempt to continue futile, doomed efforts” to mobilize the Global South behind Zelensky.

India and China both sent delegations to the session, perhaps drawn to Saudi Arabia for its immense oil reserves. One Indian academic observer dismissed the event as achieving little more than “good advertising for MBS’s convening power within the Global South; the kingdom’s positioning in the same; and perhaps more narrowly, aiding American efforts to build consensus by making sure China attends the meeting with . . . Jake Sullivan in the same room.”

Meanwhile, far away on the battlefield in Ukraine, Russia continued to thwart Zelensky’s ongoing counteroffensive. I asked an American intelligence official why it was Sullivan who emerged from the Biden administration’s foreign policy circle to preside over the inconsequential conference in Saudi Arabia.

“Jeddah was Sullivan’s baby,” the official said. “He planned it to be Biden’s equivalent of [President Woodrow] Wilson’s Versailles. The grand alliance of the free world meeting in a victory celebration after the humiliating defeat of the hated foe to determine the shape of nations for the next generation. Fame and Glory. Promotion and re-election. The jewel in the crown was to be Zelensky’s achievement of Putin’s unconditional surrender after the lightning spring offensive. They were even planning a Nuremberg type trial at the world court, with Jake as our representative. Just one more fuck-up, but who is counting? Forty nations showed up, all but six looking for free food after the Odessa shutdown”—a reference to Putin’s curtailing of Ukrainian wheat shipments in response to Zelensky’s renewed attacks on the bridge linking Crimea to the Russian mainland.

Enough about Sullivan. Let us now turn to Victoria Nuland, an architect of the 2014 overthrow of the pro-Russian government in Ukraine, one of the American moves that led us to where we are, though it was Putin who initiated the horrid current war. The ultra-hawkish Nuland was promoted early this summer by Biden, over the heated objections of many in the State Department, to be the acting deputy secretary of state. She has not been formally nominated as the deputy for fear that her nomination would lead to a hellish fight in the Senate.

It was Nuland who was sent last week to see what could be salvaged after a coup led to the overthrow of a pro-Western government in Niger, one of a group of former French colonies in West Africa that have remained in the French sphere of influence. President Mohamed Bazoum, who was democratically elected, was tossed out of office by a junta led by the head of his presidential guard, General Abdourahmane Tchiani. The general suspended the constitution and jailed potential political opponents. Five other military officers were named to his cabinet. All of this generated enormous public support on the streets in Niamey, Niger’s capital—enough support to discourage outside Western intervention.

There were grim reports in the Western press that initially viewed the upheaval in East-West terms: some of the supporters of the coup were carrying Russian flags as they marched in the streets. The New York Times saw the coup as a blow to the main US ally in the region, Nigerian President Bola Ahmed Tinubu, who controls vast oil and gas reserves. Tinubu threatened the new government in Niger with military action unless they returned power to Bazoum. He set a deadline that passed without any outside intervention. The revolution in Niger was not seen by those living in the region in east-west terms but as a long needed rejection of long-standing French economic and political control. It is a scenario that may be repeated again and again throughout the French-dominated Sahel nations in sub-Saharan Africa.

There are distinctions that do not bode well for the new government in Niger. The nation is blessed, or perhaps cursed, by having a significant amount of the remaining natural uranium deposits in the world. As the world warms up, a return to nuclear generated power is seen as inevitable, with obvious implications for the value of the stuff underground in Niger. The raw uranium ore, when separated, filtered and processed is known worldwide as yellowcake.

The corruption so often “talked about in Niger is not about petty bribes by government officials, but about an entire structure—developed during French colonial rule—that prevents Niger from establishing sovereignty over its raw materials and over its development,” according to a recent analysis published by Baltimore’s Real News Network. Three out of four laptops in France are powered by nuclear energy, much of which is derived from uranium mines in Niger effectively controlled by its former colonial overlord.

Niger is also the home of three American drone bases targeting Islamic radicals throughout the region. There are also undeclared Special Forces outposts in the region, whose soldiers receive double pay while on their risky combat assignments. The American official told me that “the 1,500 US troops now in Niger are exactly the number of American troops who were in South Vietnam at the time John F. Kennedy took over the presidency in 1961.”

Most important, and little noted in Western reporting in recent weeks, Niger is directly in the path of the new Trans-Saharan pipeline being constructed to deliver the Nigerian gas to Western Europe. The pipeline’s importance to Europe’s economy was heightened last September by the destruction of the Nord Stream pipelines in the Baltic Sea.

Into this scene came Victoria Nuland, who must have drawn the short straw inside the Biden Administration. She was sent to negotiate with the new regime and to arrange a meeting with the ousted President Bazoum, whose life remains under constant threat from the governing junta. The New York Times reported that she got nowhere after talks she described as “extremely frank and at times quite difficult.” The intelligence official put her remarks to the Times in American military lingo: “Victoria set out to save the Niger uranium owners from the barbaric Russians and got a huge single-finger salute.”

Quieter in recent weeks than Sullivan and Nuland has been Secretary of State Tony Blinken. Where was he? I asked that question of the official, who said that Blinken “has figured out that the United States”—that is, our ally Ukraine—“will not win the war” against Russia. “The word was getting to him through the Agency [CIA] that the Ukrainian offense was not going to work. It was a show by Zelensky and there were some in the administration who believed his bullshit.

“Blinken wanted to broker a peace deal between Russia and Ukraine as Kissinger did in Paris to end the Vietnam war.” Instead, the official said, “it was going to be a big lose and Blinken found himself way over his skis. But he does not want to go down as the court jester.”

It was at this moment of doubt, the official said, that Bill Burns, the CIA director, “made his move to join the sinking ship.” He was referring to Burns’s speech earlier this summer at the annual Ditchley conference near London. He appeared to put aside his earlier doubts about expanding NATO to the east and affirmed his support at least five times for Biden’s program.

“Burns does not lack self-confidence and ambition,” the intelligence official said, especially when Blinken, the ardent war hawk, was suddenly having doubts. Burns served in a prior administration as deputy secretary of state and running the CIA was hardly a just reward.

Burns would not replace a disillusioned Blinken, but only get a token promotion: an appointment to Biden’s cabinet. The cabinet meets no more than once a month and, as recorded by C-SPAN, the meetings tend to be tightly scripted affairs and to begin with the president reading from a prepared text.

Tony Blinken, who publicly vowed just a few months ago that there would be no immediate ceasefire in Ukraine, is still in office and, if asked, would certainly dispute any notion of discontent with Zelensky or the administration’s murderous and failing war policy in Ukraine.

So the White House’s wishful approach to the war, when it comes to realistic talk to the American people, will continue apace. But the end is nearing, even if the assessments supplied by Biden to the public are out of a comic strip.

© 2023 Seymour Hersh

NOTE TO SCHEERPOST READERS: We are happy to be able to run some of Sy Hersh’s pieces from his new Substack venture. Please, if you can, sign up at seymourhersh.substack.com so you can support Sy Hersh’s work and the ability to bring it here on ScheerPost. Thank you!

terça-feira, 1 de agosto de 2023

GONZALO LIRA ATRAVESSA FRONTEIRA UCRÂNIA-HUNGRIA, ONDE IRÁ PEDIR ASILO POLÍTICO

Gonzalo Lira aproveitou a oportunidade de estar em licença fora da prisão, para escapar às garras do SBU. O serviço de polícia política ucraniano (SBU), tendo-o acusado e preso por um crime que não existe, o «crime de opinião», incitava os presos na prisão onde se encontrava Lira a baterem sistematicamente nele. 
Ele irá atravessar a fronteira com a Hungria e pedir asilo político neste país que, embora membro da OTAN e da UE, tem uma atitude reservada e tem objetado à atitude de dar armas e mais armas, à Ucrânia, para alimentar o conflito. 
Esperemos que ele seja bem acolhido pelas autoridades húngaras. Que elas vejam este caso como de direito humanitário.

Recordo aos meus leitores que Gonzalo Lira, frequentemente, fazia comentários sobre a guerra russo-ucraniana, mas não é um homem hostil ao povo ucraniano. Ele via a tragédia que se estava a desenrolar e não se inibia de denunciar a responsabilidade moral e efetiva da OTAN e dos EUA. O seu caso não foi devidamente acompanhado, aquando da sua prisão em finais de Abril deste ano, pela embaixada os EUA, apesar dele ser um cidadão deste país e ter direito constitucional à proteção consular dos EUA, quando acusado de crimes de opinião, como é o caso.


 VEJA TAMBÉM:




quinta-feira, 27 de julho de 2023

«Como vai ser» pelo Major-General Raúl Cunha

 [copiado de  https://estatuadesal.com/2023/07/27/como-vai-ser/]

Como vai ser

Major-General Raúl Cunha, in Facebook, 26/07/2023)



«Penso que já deve ser óbvio para toda a gente que a guerra na Ucrânia constitui uma verdadeira catástrofe que provavelmente não irá terminar tão cedo e, quando terminar, o resultado final não vai ser uma paz duradoura. Vejamos então como foi que o Ocidente acabou por se encontrar nesta terrível situação. A argumentação tradicional da maioria dos dirigentes e “sabichões” ocidentais sobre as origens da guerra é que Putin lançou um ataque não provocado em 24 de Fevereiro de 2022, motivado pelo seu grande plano de criar uma Rússia ainda maior. A Ucrânia, assim o pintam, era o primeiro país que ele pretendia conquistar e anexar, mas não seria o último.

Mas, em alternativa a esse delírio visionário e como já muitos e bons repetiram em várias ocasiões, não há quaisquer evidências a sustentar essa linha de alegações e, pelo contrário, há provas consideráveis que directamente a contradizem. A realidade foi que, em 2021, ucranianos e americanos já tinham decidido tentar a recaptura da Crimeia pela força (o que projectaram para o final do inverno seguinte) e para esse efeito começaram a concentrar as tropas ucranianas na frente do Donbass, procederam ao fornecimento maciço de armamento e ao treino de combate acelerado dos regimentos ‘Azov’ e do exército. Entre 16 e 23 de Fevereiro e obviamente no âmbito de uma grande operação militar em perspectiva, foram intensificados de forma exponencial os bombardeamentos sobre Donetsk e Lugansk. O objectivo da operação (à semelhança do que foi feito na operação "Tempestade" na Croácia em 1995) seria rapidamente tomar o controlo de todo o território ucraniano na posse dos separatistas, sem que os russos tivessem tempo de reagir.

Em face desta possibilidade, a reação russa teve de ser planeada e executada à pressa – decidiram surpreender os ucranianos tomando a iniciativa de serem os primeiros a atacar e em cerca de dez dias reconheceram a independência das repúblicas separatistas e estabeleceram com as mesmas os legítimos acordos de cooperação e operação militar à luz do direito internacional. Embora não haja dúvidas de que, na prática, a Rússia invadiu a Ucrânia, a causa final e principal desta guerra foi de facto a decisão do Ocidente – e neste caso referimo-nos principalmente aos Estados Unidos – de fazer da Ucrânia um baluarte ocidental na fronteira da Rússia.

O elemento fundamental dessa estratégia era a entrada da Ucrânia para a NATO, um acontecimento que Putin e os seus acólitos, e os deputados de todos os partidos do espectro político russo, viam unanimemente como sendo uma ameaça existencial que teria de ser eliminada. Esquecemo-nos frequentemente que um grande número dos que conceberam as políticas e de estrategas, americanos e europeus, se opuseram à expansão da NATO desde o início, porque entendiam que os russos a veriam como uma ameaça e que essa política acabaria levando ao desastre. A lista dos que se opuseram inclui George Kennan, o Secretário da Defesa do Presidente Clinton, William Perry e o seu Chefe do Estado-Maior Conjunto, general John Shalikashvili, Paul Nitze, Robert Gates, Robert McNamara, Richard Pipes e Jack Matlock, apenas para citar alguns.

Na cimeira da NATO em Bucareste, em Abril de 2008, quer o Presidente francês Nicolas Sarkozy quer a Chanceler alemã Angela Merkel se opuseram ao plano do Presidente George W. Bush de trazer a Ucrânia para a Aliança. Merkel disse mais tarde que a sua oposição se baseou na sua crença de que Putin interpretaria esse facto como uma “declaração de guerra”.

É agora claro que aqueles que se opunham à expansão da NATO estavam correctos, mas infelizmente perderam esse debate e a NATO avançou para o leste, o que acabou por levar os russos a desencadearem esta guerra.

Se os Estados Unidos e os seus aliados não tivessem actuado de forma a procurarem trazer a Ucrânia para a OTAN em Abril de 2008, ou se tivessem estado dispostos a acomodar as preocupações de segurança de Moscovo, depois de ter rebentado a crise na Ucrânia em Fevereiro de 2014, provavelmente não teria acontecido a actual guerra na Ucrânia e as fronteiras desta estariam ainda como eram, quando do seu acesso à independência em 1991.

O Ocidente cometeu um erro colossal, pelo qual todos nós e muitos outros mais, ainda iremos pagar severamente.  »


Comentário de MB: O Ocidente no seu conjunto cometeu um erro colossal, sim... Mas, o tal erro foi instigado, perseguido e executado tenazmente por uma pequena minoria entrincheirada no aparelho de Estado dos EUA - designada por Neocons - os quais consideram que a guerra contra a Rússia atual é um mero prolongamento da Guerra-Fria, em que se enfrentaram a URSS e o Ocidente. Os políticos e altos cargos militares do establishment foram arrastados pelos Neocons. Estes, podem considerar-se verdadeiros conspiradores do interior da máquina de poder de Washington. A fraqueza ou hesitação dos dirigentes menos belicosos, face aos Neocons é responsável pelo facto do Ocidente ter sido arrastado a fazer que eles (Neocons) queriam: Orquestrar uma guerra com a Rússia, em que esta apareça como a «agressora». 

domingo, 16 de julho de 2023

CRÓNICA ( Nº14 ) DA IIIª GUERRA MUNDIAL

                             


Temos de aceitar uma vez por todas que, apesar da guerra na Ucrânia ser uma carnificina como não houve muitas, o cenário principal desta Terceira Guerra Mundial joga-se em planos muito diferentes do mero confronto militar. É um confronto total: Nada mais óbvio, a meu ver, que a luta de uns (BRICS e associados) para arrancarem a hegemonia do dólar, por um lado. Por outro, os EUA e seus aliados, a fazerem tudo para guardar essa hegemonia, incluindo - mas não exclusivamente - através da guerra «cinética» ou dita convencional, fazendo pairar a ameaça de guerra nuclear.

 (Ver minhas crónicas anteriores: Crónica Nº13 da IIIª GUERRA MUNDIAL)

Li alguns artigos (ver links em baixo) e tentei resumir, neste escrito, o que aprendi com eles.



Alasdair Macleod chama-nos a atenção para o anúncio - feito pela Rússia - de que estaria para breve uma nova divisa, da responsabilidade dos BRICS, que seria apoiada no ouro. Os media ocidentais, tentaram - como de costume - ignorar ou minimizar a importância deste passo, anunciado para ser oficializado dentro de tempo muito breve, na cimeira dos BRICS de Johannesburg. Os BRICS,  entretanto, vão-se alargando, a sua estrutura está a fazer a junção com outras instituições da globalização «alternativa», a Organização de Cooperação de Xangai e a União Económica Euroasiática. Trata-se - nada menos - da maioria da Ásia (incluindo países do Médio-Oriente), além de países de África e América Latina. Ao todo, serão uns 61 países (se a minha contagem está certa), a formarem este novo bloco, em torno do núcleo inicial dos BRICS.

A segunda peça, é de autoria de Marcel Salikhov, o diretor do Centro de Peritagem Económica da Escola Superior de Economia de Moscovo, inicialmente publicada no Valdai Discussion ClubEste documento lê-se como sendo uma planificação estratégica para acabar com a hegemonia do dólar. O autor di-lo, sem esconder os objetivos, com a segurança de alguém que sabe ter apoio e colaboração dum conjunto de especialistas monetários de vários países. Estes países constituíram a «Grande Aliança Informal»  que se alargou e consolidou, perante a constatação de que os EUA e seus vassalos não hesitavam em deitar pela borda fora as «regras internacionais», como as do FMI e do Sistema Monetário Mundial (Por ex.: O estatuto especial dos bancos centrais e dos seus ativos), ou a utilização de sanções unilaterais como meio de chantagem política sobre regimes não afetos aos senhores hegemónicos (Aliás, indo contra o espírito e a letra dos tratados da ONU e da OMC).  

Quem quiser, pode compreender -pela leitura do artigo - quais os passos propostos para a derrota do dólar enquanto instrumento bélico, usado para subjugar os Estados, exercendo sobre eles uma chantagem permanente, com o abuso do seu estatuto de «moeda de reserva».

Finalmente, o artigo do jornal on-line britânico Off-Guardian, por Riley Waggaman, correspondente em Moscovo. O rublo digital nasceu oficialmente, tendo a Duma (o parlamento russo) votado a lei na Terça-feira passada (a 11 de Julho de 2023). Note-se - de passagem - o silêncio, a falsa indiferença da media corporativa

O que me parece importante fazer sobressair é que este lançamento do rublo digital não é desgarrado, mas coordenado com o lançamento sob forma digital duma divisa própria dos BRICS. A China, por sua vez, já possui instrumentos técnicos para lançar o Yuan digital em grande escala. Já o fez, a nível experimental, em várias províncias.

Quem está imbuído de conceitos keynesianos, ou deles derivados, tem tendência a desprezar o papel monetário do ouro. Porém, agora, o ouro surge «em todo o seu esplendor». Qualquer país que queira aderir ao «novo clube», quer use um nome novo, ou o nome tradicional da sua divisa própria, precisa de ter um certo grau* de cobertura em ouro nas suas reservas bancárias. Isto tem  a sua lógica: Os países podem fazer comércio entre si usando moedas nacionais respetivas; mas, as trocas deverão ser periodicamente ajustadas pois, por coincidência somente, o valor das exportações dum país, cobriria exatamente o valor das importações do outro. 

[* Não se trata de convertibilidade automática em ouro, dum padrão-ouro como existiu no séc. XIX, até à Iª Guerra Mundial (1914-1918): Nessa época, as notas de banco eram literalmente certificados de ouro. O seu possuidor tinha direito de as trocar pela quantidade correspondente em ouro ao balcão dum banco comercial.]

O resultado de os membros, e da própria organização dos BRICS alargada, terem a sua divisa comum e as divisas digitais dos vários países (rublo, yuan, ...) com o «backing» do ouro, é que esvaziam as moedas digitais  que os países ocidentais pretendem lançar como versões digitais das divisas «fiat». Estas últimas, não são garantidas por nada, a não ser pela «confiança» nos bancos centrais e nos governos que as emitem!


ARTIGOS EM QUE ME BASEEI:

https://www.goldmoney.com/research/the-bell-tolls-for-fiat

https://www.informationclearinghouse.info/57678.htm

https://off-guardian.org/2023/07/15/the-digital-ruble-its-finally-here/


PS1 : Nomi Prins, em entrevista ao KWN, reforça os aspetos da mudança tectónica, referida no meu artigo acima. Veja e leia:

https://kingworldnews.com/nomi-prins-just-warned-what-is-about-to-be-announced-will-shock-the-world/