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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

FUTEBOL EM AMSTERDAM & ENCOBRIMENTO DO GENOCÍDIO DE GAZA

 PROPAGANDA 21 (nº23)



Nós já sabíamos que os «nossos» governos ocidentais estavam completamente alinhados com o imperialismo americano.

Sabíamos que - por ordem deste - os governos ocidentais tinham imolado as suas próprias nações no altar da "pátria banderita", para levar a guerra à Rússia como «cruzados» que, mentalmente, permanecem cerca do ano 1100 AD.

Agora, a média corporativa, propagandista do «status quo ocidental», entusiasma-se na defesa dos sionistas fanáticos, disfarçados em «claque» da equipa israelita de futebol que foi disputar, na semana passada, uma partida em Amsterdam.

O comportamento dos governos europeus ocidentais é a expressão mais acabada do ruir daquilo que os próprios (ou seus antepassados) consideravam uma das marcas da civilização: "A lei é igual para todos, quem infringir a lei tem de ser sancionado". Princípio integrante do Estado de Direito e cerne da chamada «democracia liberal».

Neste apêndice do vasto continente euroasiático, que é a Europa Ocidental, só resta a casca vazia da «democracia liberal». Ou... nem sequer isso: Pois até esta capa, os próprios governantes não se importam de rasgá-la.

Deveria eu ficar feliz, perante um erro tão grande e revelador dos que ocupam as cadeiras do poder? Mas, não; afinal, eles têm podido fazer isto e muito mais, porque a cidadania não reage, ou reage segundo o modelo de reflexos pavlovianos mais caninos que se possa imaginar (peço desculpa aos cães, são mais inteligentes que isso, na verdade). Fico, por isso, profundamente triste e preocupado.

O artigo de Jonathan Cook, jornalista independente que vive em Nazareth, na Palestina ocupada, é suficientemente claro e detalhado para que eu me limite ao curto texto acima e passe logo a palavra ao autor:

 https://www.jonathan-cook.net/2024-11-11/genocide-victims-israel-football-thugs/


NOTA: ESTE VÍDEO DESMASCARA O FACTO DAS NOTÍCIAS DA MEDIA CORPORATIVA ASSUMIREM QUE OS AGRESSORES ERAM MUÇULMANOS, E OS ADEPTOS DA EQUIPA MAKABI FORAM OS AGREDIDOS. FOI EXATAMENTE O CONTRÁRIO. CONFIRMA A FOTÓGRAFA E JORNALISTA QUE FILMOU AS CENAS. OS AGRESSORES TINHAM AS CORES DA EQUIPA ISRAELITA (AMARELO, AZUL CLARO E AZUL ESCURO). VEJAM:


PS1: NOVOS INCIDENTES ENVOLVENDO CLAQUE SIONISTA NUM JOGO DE FUTEBOL EM PARIS, UMA SEMANA APÓS OS INCIDENTES DE AMSTERDAM. LEIA ARTIGO DE MIKE WHITNEY, AQUI.

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Relacionado:


https://www.jornalmudardevida.net/2024/11/18/amesterdao-fascismo-e-sionismo-de-maos-dadas/#comment-6898

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2024/11/apelo-internacional-de-1100-escritores.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2024/10/israel-ataca-as-nacoes-unidas-thierry.html

domingo, 20 de outubro de 2024

ISRAEL ATACA AS NAÇÕES UNIDAS [Thierry Meyssan, Rede Voltaire]

Israel ataca as Nações Unidas
Thierry Meyssan

Contrariamente a uma ideia feita, a Assembleia Geral das Nações Unidas aceitou a adesão de Israel apenas de forma condicional (Resolução 273). No entanto, mesmo assim Telavive jamais respeitou os seus compromissos. Recusa-se a aplicar 229 Resoluções do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral. Acaba de declarar uma agência da ONU de « organização terrorista », apelou à demolição da sua sede em Nova Iorque, designou como persona non grata o seu Secretário-Geral, António Guterres, e acaba de atacar quatro vezes as forças da ONU no Líbano (FINUL- UNIFIL), ferindo dois capacetes azuis .


Benyamin Netanyahou, declarou numa alocução televisionada, em 13 de Outubro : « Eu queria lançar um apelo directo ao Secretário Geral da ONU. Chegou o momento para retirar a FINUL dos bastiões do Hezbolla e das zonas de combate. O Exército israelita solicitou isto em várias ocasiões e recebeu recusas repetidas, o que tem por efeito providenciar escudos humanos aos terroristas do Hezbolla. A sua recusa em evacuar os soldados da FINUL transformou-os em reféns do Hezbolla, coloca-os em perigo, assim como aos nossos soldados ».

Durante a retirada britânica da Palestina do Mandato (ou seja, da Palestina colocada pela SDN sob administração provisória do Reino Unido), em 14 de Maio de 1948, o Conselho Geral sionista, emanação da Haganah (ou seja, a principal milícia da comunidade judaica imigrante), proclamou unilateralmente a independência do Estado de Israel. Ela foi proclamada pelo presidente da Agência Judaica (ou seja, o executivo da Organização Sionista Mundial).
Importa salientar aqui que o ocupante britânico se retirou apenas de cerca de um quarto da Palestina do Mandato. Ele já havia oficialmente saído dos outros três quartos, o que formava a Transjordânia do Mandato, a futura Jordânia.

Em nome do Conselho Geral sionista, David Ben Gurion lê a declaração de independência do Estado de Israel.

Após alguns dias de reflexão, a Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu reconhecer o novo Estado, mas não sem ter sublinhado que, em princípio, não cabia a uma milícia, a Haganah, proclamar um Estado, ainda que esta proclamação viesse preencher o vazio da partida da autoridade do Mandato, ou seja, os Britânicos. A Assembleia Geral salientou que a proclamação da independência nada afirmava sobre o regime deste Estado (teocracia ou república), nem sobre as suas fronteiras. Ela pretendia prosseguir o seu plano, o qual tinha em vista a criação de um Estado binacional, árabe e judeu, sem continuidade territorial entre as duas entidades (Jerusalém e Belém com estatuto internacional). Ela ficara tranquilizada pela referência do novo Estado a « uma completa igualdade de direitos sociais e políticos para todos os cidadãos, sem distinção de credo, de raça e de sexo ».
No dia seguinte à independência, o Egipto, o Iraque, a Transjordânia, o Líbano, a Síria e o Iémene enviaram os seus exércitos para a Palestina. A história oficial garante hoje que estes seis países (os «árabes», entenda-se os «muçulmanos») não aceitavam um Estado judeu, e que enquanto cinco deles se opunham à colonização judaica após a colonização britânica, o sexto apoiava Israel. A religião era um problema apenas para Izz al-Din al-Qassam, os Irmãos Muçulmanos e o Mufti nazi Mohammed Amin al-Husseini. Identicamente, a propaganda garante que estes Exércitos foram derrotados pelo valoroso Exército israelita, subentendendo-se que « desde o primeiro dia, os judeus são moralmente superiores aos árabes ». Mas, a realidade foi bem diferente. A Guerra mundial tinha acabado de terminar e nenhum destes países, com excepção da Transjordânia, tinha um exército digno desse nome. As suas tropas eram exclusivamente compostas por voluntários. Além disso, o Exército da Transjordânia, que pôs fim ao conflito, bateu-se ao lado de Israel contra os outros árabes. Na verdade, a Transjordânia, sempre sob influência britânica, esperava impedir a criação de um Estado palestiniano e anexar o seu território. O seu Exército não era outro senão o anterior exército dos Britânicos (a «Legião Árabe») e esteve sempre sob o comando do General John Bagot Glubb (de alcunha «Glubb Pacha»). Foram os Transjordanos (na realidade, os Britânicos) e não os Israelitas que venceram os outros Exércitos árabes. No decurso do conflito, o seu soberano, o Rei Abdallah I foi, aliás, proclamado « Rei da Palestina».

Durante este conflito, as Forças israelitas deixaram os Britânicos da Transjordânia lutar contra os árabes e aplicaram a estes o Plano D (em hebraico : Plano « Dalet »). Com efeito, a Haganah pretendia partilhar o mínimo de território possível com a Transjordânia. As Forças israelitas importaram ilegalmente armas da Checoslováquia (já dirigida pelos comunistas), provavelmente com o acordo da URSS, supostamente para lutar contra a colonização britânica, mas na realidade para expulsar os Palestinianos. Foi a Nakhba (catástrofe). Assim, são expulsos à força 750 mil Palestinianos (entre 50 e 80 % da população) .

No ano seguinte, Israel solicita e obtêm a sua adesão às Nações Unidas. À época, nenhum estado descolonizado fazia parte dela. Os países de influência anglo-saxónica formam a maioria. No entanto, eles só aceitam Israel de forma condicional. Na sua Resolução 273, a Assembleia Geral da ONU faz referência a um compromisso escrito do Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo Provisório de Israel, Moshe Shertok, no qual ele « aceita sem qualquer reserva as obrigações decorrentes da Carta das Nações Unidas e se compromete a cumpri-las a partir do dia em que se tornar membro das Nações Unidas [1].

Em 15 de Novembro de 1970, Chaïm Herzog, representante permanente de Israel nas Nações Unidas (e futuro Presidente do Estado de Israel), rasga na tribuna da Assembleia Geral a Declaração 3379 que qualifica o sionismo de « forma de racismo e de discriminação racial. »

Até à data, Israel não respeitou este compromisso e não cumpriu 229 Resoluções do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral. A sua adesão poderia, portanto, ser suspensa a qualquer momento.


No decurso dos últimos meses,
• O Ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israël Katz, declarou, em 23 de Março, que a ONU se tinha tornado « uma organização anti-semita e anti-israelita que abriga e encoraja o terrorismo ».
• Israel lançou uma campanha contra uma agência das Nações Unidas, o Gabinete de Socorro e de Operações das Nações Unidas para os refugiados da Palestina no Próximo-Oriente (UNRWA), acusando-a de estar ao serviço do Hamas. Em Julho passado, o Knesset (parlamento-ndT) adoptou três leis (1) interditando a UNRWA de operar em território israelita (2) privando o seu pessoal de imunidade diplomática (3) declarando-a uma organização terrorista.
• O Representante permanente de Israel nas Nações Unidas, Gilad Erdan, declarou aquando do final do seu mandato, em Agosto último, ao falar na sede da ONU em Nova Iorque, que « este edifício deve varrido da face da Terra. »
• O Ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israël Katz, declarou o Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, persona non grata.
• As Forças de Defesa de Israel (FDI) visaram deliberadamente os soldados, franceses, italianos e irlandeses da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL).



O que é preciso ter em conta :
• Israel não foi criado pelo seu povo, mas pelo seu exército.
• A primeira guerra israelo-árabe não foi ganha pelos Israelitas, mas pelos árabes da Transjordânia sob comando Britânico.
• Ao aderir às Nações Unidas, Israel comprometeu-se a respeitar todas as suas resoluções, o que nunca fez por 229 vezes.
• Após a Palestina, o Líbano, a Síria, o Iraque, o Iémene e o Irão, o governo de Netanyahou abriu uma oitava frente contra as Nações Unidas.


Tradução

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

COMO SE INSTALOU A DOUTRINA DO «MUNDO UNIPOLAR»? PROF. J. SACHS

                                            


Se quer compreender como se instalou a doutrina dos EUA imperiais, que tinham a força e legitimidade para «guiar» o Mundo, oiça entrevistas pelo excelente e bem documentado Prof. Jeffrey Sachs. Ele é o mais credível economista americano para falar sobre estes assuntos, pois participou na desmontagem do sistema soviético, na época imediatamente após o colapso da URSS. Ele era conselheiro do presidente russo Yeltsin. Retrospetivamente, ele compreende a catástrofe a que foram sujeitas as populações russas e de outras etnias da ex-URSS.

Se ele choca, é porque as pessoas têm estado banhadas - no Ocidente - em narrativas propaladas pela media «mainstream» e são assumidas pela generalidade dos políticos no poder, nos EUA e nos seus vassalos da OTAN.

Se tiver de ver apenas UM vídeo sobre geoestratégia, que seja este: Porque ficará munido com os dados objetivos sobre as últimas décadas e com uma direta relação com os conflitos que se desenrolam hoje!

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

O MUNDO NA IIIª GUERRA MUNDIAL / CRÓNICA (Nº33) DA IIIª GUERRA MUNDIAL




Comentário de Manuel Banet:

A situação de impunidade e o à vontade com que Israel se move nos «palcos» internacionais, apesar das comprovadas violações repetidas do direito internacional e dos direitos humanos,  provocam a rutura da Turquia com a OTAN, e a sua aproximação aos BRICSEste é apenas um dos aspetos da total reorganização das alianças geopolíticas, em curso.
Além das duas guerras acesas no presente, nomeadamente na Ucrânia e no Líbano, há muitas zonas sujeitas a confrontos de «baixa intensidade» e das quais quase não se ouve falar. 

No campo económico, as sanções (ilegais) dos países ocidentais, contra certos membros dos BRICS, estão a levar a uma estrutura do comércio internacional separada em duas metades. A necessidade de proteger os bens financeiros dos seus países da rapina exercida pela administração dos EUA, que utiliza o dólar como arma de chantagem e de guerra, levou à construção de outras redes de pagamento internacionais, evitando o SWIFT (controlado pelos EUA), assim como à duplicação - pelos BRICS - de estruturas financeiras e bancárias internacionais, como o FMI e o Banco Mundial.

Entretanto, já existe um número elevado de candidatos à adesão aos BRICS, mesmo antes da conferência anual, em Kazan (Rússia): Nesta, é quase certo que sejam dados passos concretos para instaurar uma divisa nova (de nome provisório «The Unit»), destinada às trocas financeiras e comerciais de grande volume entre os aderentes aos BRICS e, também, envolvendo outros Estados que tenham  acordos com esta aliança. 

A própria ONU está posta em causa, dada a sua inoperância chocante em relação ao genocídio dos palestinianos civis em Gaza e nos Territórios. Ela própria demonstra a sua inutilidade, ao exibir a sua impotência em manter a paz e fazer respeitar as normas básicas da sua Carta. Esta incapacidade deve-se, em larga parte, à incondicional cobertura que recebe Israel dos países ocidentais, nomeadamente dos EUA, que possui poder de veto nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

A constatação de que os EUA não conseguem impor a sua vontade, apesar do poderio militar que (ainda) possuem, não é tranquilizadora, pois há muitos elementos, na Administração e no Pentágono, que pensam ser possível utilizar bombas nucleares como meio de «esmagar» os adversários, sem que estes tenham a capacidade de responder. Mas isto é falso, trata-se de um delírio perigoso de megalomaníacos. Por outras palavras, em caso de confronto nuclear global, a destruição mútua e recíproca está garantida. 

A necessidade de convergência de todas as vontades pela afirmação de políticas de paz e pelo fim da guerra como meio de resolução dos conflitos, vai-se tornando cada vez mais evidente, à medida que a situação internacional se agrava. 

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

ONU DECRETA ILEGAL A OCUPAÇÃO DOS TERRITÓRIOS PALESTINOS

E EXIGE QUE ISRAEL SE RETIRE

 
 
 124 NAÇÕES VOTARAM A RESOLUÇÃO NA ASSEMBLEIA GERAL DA ONU


NOTA DE MANUEL BANET:

Desde a guerra israelo-árabe, em 1967, que estes territórios, pertencendo legalmente à Autoridade Palestiniana estão sob regime de ocupação de Israel. Há mais de 50 anos que instâncias jurídicas internacionais decretam a ilegitimidade por parte de Israel de ocupar os referidos territórios (Margem Ocidental do Jordão, Faixa de Gaza e Jerusalém oriental). 
Nestes territórios, reina um regime de terror, causado pelas forças armadas de Israel e também por colonos israelitas armados, que matam e maltratam impunemente os palestinianos, roubam as suas terras, expulsam-nos de forma violenta das suas próprias casas. 
O Holocausto dos Judeus às mãos do regime hitleriano, tem servido como falsa «desculpa» para não se aplicar nos países ocidentais as sanções e condenações concretas a Israel. O que é facto é que esta situação de excecionalidade e transigência em relação ao que as autoridades israelitas façam, tem servido como cobertura para um regime de «apartheid», em muitos aspetos semelhante ao que a comunidade sul-africana branca (Boers) impôs às etnias «de cor», os negros, os mestiços e também aos indianos. Mas, neste caso, a comunidade internacional conseguiu unir-se o suficiente, para impor embargo de vendas de armas, embora fossem traficadas por vários canais, incluindo pelo regime fascista de Salazar e Caetano nas ex-colónias portuguesas. 
Em relação ao povo da Palestina, nota-se uma arrepiante indiferença, uma denegação e conivência objetiva com os autores de um genocídio de 2,3 milhões de civis, encurralados numa estreita faixa de território, Gaza, o maior campo de concentração a céu aberto do mundo.
 
Perante tal cobardia dos governos ocidentais, os dirigentes de Israel não terão contemplações, irão prosseguir os seus planos de  limpeza étnica; agora, também estão a fazer violências (=pogroms de palestinianos) na Margem Ocidental do Rio Jordão. O seu intuito é perfeitamente claro; são eles próprios que o proclamam. Querem expulsar a população palestiniana daquilo que eles - governo e sionistas de Israel - consideram serem os seus territórios, que lhes «pertencem por decreto bíblico». 
A inoperacionalidade dos países ricos em fazer cumprir a lei internacional, até mesmo os direitos humanos mais elementares, torna-os coniventes - de facto - com os crimes do regime sionista.  Recordemos que tiveram uma atuação em relação ao genocídio no Ruanda, como em relação a outros casos. Portanto, as potências ocidentais podem fazer algo (se quiserem) para impedir a contínua violação dos direitos humanos em relação aos palestinianos nos Territórios ocupados por Israel.   
A barbárie está do lado dos sionistas, no governo e nas forças armadas de Israel. Conta com a conivência, a cumplicidade ativa e mesmo corresponsabilidade no genocídio em curso, dos governos que autorizam a exportação de bombas, de munições e de outro material de guerra, porque sabem que este material irá ser usado contra a população civil palestiniana. 

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

CISJORDÂNIA / PALESTINA: NAKBA 2.0 + INDIFERENÇA DO OCIDENTE

  Na Nakba de 1948 750000 palestinos forçados a abandonar suas casas por ação de milícias sionistas


Não sei o que me causa mais revolta, se os atos bárbaros executados friamente pelo governo e forças armadas de Israel ou a indiferença (ou aprovação dissimulada?) dos órgãos de poder ocidentais, que têm também responsabilidade, por conivência ativa - fornecendo armas - e passiva, nada fazendo para impedir estes grosseiros crimes de guerra, as violações deliberadas e ostensivas, do direito humanitário

Ambos - governo e autoridades de Israel e os coniventes governos ocidentais - são exemplo do que há de pior no ser humano.

Veja também a notícia relacionada: 

https://thecradle.co/articles/west-bank-in-flames-as-resistance-confronts-vast-israeli-offensive

Transcrevo integralmente, abaixo, o artigo de «Consortium News» traduzido  para português:

https://consortiumnews.com/pt/2024/08/28/Israel-realiza-o-maior-ataque-%C3%A0-Cisjord%C3%A2nia-em-d%C3%A9cadas/


Israel realiza o maior ataque à Cisjordânia em décadas

Israel Katz, ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, indicou que se tratava de uma escalada planeada, dizendo que os militares estavam a operar com “força total”.

Sede das FDI em Tel Aviv. (Justin LaBerge, Flickr, CC BY 2.0)

By Eduardo Carver
Sonhos comuns

IAs forças israelenses conduziram na quarta-feira uma série de ataques mortais na Cisjordânia, matando pelo menos 10 palestinos no maior ataque ao território ocupado em mais de duas décadas. 

Em ataques coordenados a quatro cidades no norte da Cisjordânia, Israel empregou centenas de tropas terrestres, bem como aviões de combate, drones e escavadeiras.

Israel Katz, ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, indicou que se tratava de uma escalada planeada, dizendo que os militares estavam a operar com “força total”.

He chamado para evacuações na Cisjordânia, como em Gaza, e “quaisquer medidas necessárias”, explicando que “esta é uma guerra para tudo e devemos vencê-la”.

A incursão surge na sequência de um recente aumento da violência israelita na Cisjordânia – cinco palestinianos, incluindo duas crianças, foram mortos num ataque aéreo na segunda-feira – e ocorreu no mesmo dia em que o Gabinete dos Direitos Humanos das Nações Unidas divulgou um comunicado. afirmação condenando-o. 

Vozes humanitárias e pró-Palestina denunciaram a ofensiva de quarta-feira. Aida Touma-Suleiman, membro árabe-israelense do Knesset, chamado trata-se da “gazaficação de todas as terras palestinas” e parte de um plano para “limpar etnicamente a Cisjordânia”.

Dr. Mustafa Barghouti, médico e político palestino, disse Democracy Now! que os líderes israelitas, alguns dos quais ele chamou de “fascistas”, estão “a tentar repetir a Nakba”.

“Eles estão tentando repetir a mesma limpeza étnica, o mesmo genocídio que está sendo cometido em Gaza”, acrescentou.

Os progressistas nos EUA, principal aliado diplomático e fornecedor de armas de Israel, argumentaram que a incursão de quarta-feira foi o resultado direto das escolhas da política externa americana. 

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Katz, segundo a partir da direita, reunido com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, à esquerda, em Tel Aviv, em janeiro. (Departamento de Estado, Chuck Kennedy)

“Este é o culminar previsível das ações de um regime israelita que foi totalmente capacitado, armado, apoiado e encorajado pela administração Biden-Harris na sua guerra genocida”, disse Jeremy Scahill, cofundador da A Interceptação que recentemente formou um novo veículo investigativo chamado Soltar notícias do siteescreveu nas redes sociais. 

“Israel recebeu a mensagem de Biden e Harris em alto e bom som durante quase 11 meses: não há escala de crimes de guerra demasiado grande para que a administração tome quaisquer medidas significativas para impedir as operações de massacre em massa de Israel”, Scahill adicionado, referindo-se ao presidente dos EUA, Joe Biden, e ao vice-presidente Kamala Harris, que é o candidato presidencial democrata.

Os ataques israelenses às cidades de Jenin, Nablus, Tubas e Tulkarem começaram na manhã de quarta-feira. Al Jazeera relatado que foi a maior incursão israelita na Cisjordânia desde 2002. 

Os militares israelitas afirmaram que os palestinianos mortos na Cisjordânia eram “terroristas armados que representavam uma ameaça para as forças de segurança”. Relatos da mídia israelense indicaram que os ataques deverão continuar por vários dias.

A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino disse em um comunicado transmitido a Al Jazeera na quarta-feira que as forças israelenses interromperam os serviços médicos e de emergência em vários locais da Cisjordânia. As forças israelitas invadiram o campo de refugiados de Al-Far'a, detiveram a equipa do PRCS e cortaram as suas comunicações, de acordo com PRCS. 

Israel ocupa a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental e Gaza desde 1967. O Tribunal Internacional de Justiça emitido um parecer consultivo no mês passado declarando ilegal a ocupação destes territórios palestinianos, afirmando que esta deve terminar “o mais rapidamente possível”. 

A maioria das nações do mundo há muito declara que os assentamentos israelenses na Cisjordânia são ilegal sob o direito internacional, uma posição que Israel contesta. A violência dos colonos aumentou acentuadamente desde 7 de Outubro, sob a cobertura da carnificina ainda maior em Gaza, onde as forças israelitas mataram mais de 40,000 mil palestinianos.

O Hamas e grupos militantes aliados mataram mais de 1,100 israelenses num massacre brutal em 7 de outubro. 

Na Cisjordânia, onde os ataques noturnos se tornaram comuns, as forças israelenses e os colonos mataram 646 pessoas nos últimos 11 meses, incluindo 148 crianças, segundo autoridades de saúde palestinas. 

Além do ataque militar que matou cinco pessoas na segunda-feira, um ataque de um colono israelense ou de um reservista na aldeia de Wadi Rahal teria levado um homem palestino a ser baleado nas costas, de acordo com serviço de notícias das Nações Unidas. 

Omar Baddar, analista político do Médio Oriente, argumentou que a incursão de quarta-feira fazia parte de um plano israelita de longa data.

“Acho que vale a pena notar o contexto disso, que é o fato de que Israel tem a intenção de anexar e limpar etnicamente grandes partes da Cisjordânia há muito, muito tempo”, disse Baddar. Al Jazeera.

Na sua condenação da agressão israelita na Cisjordânia, o Gabinete dos Direitos Humanos da ONU escreveu que a situação “poderia piorar dramaticamente se [as forças de segurança israelitas] continuassem a utilizar sistematicamente a força letal ilegal e a ignorar a violência perpetrada pelos colonos”.

A agência alertou para “execuções extrajudiciais e outros assassinatos ilegais e destruição de casas e infra-estruturas palestinas” e disse que a violência dos colonos foi possível graças ao apoio político da liderança de Israel. 

“O Gabinete de Direitos Humanos da ONU tem relatado durante anos sobre colonos que atacam comunidades palestinas nas suas terras na Cisjordânia com impunidade”, diz o comunicado.

“Esta tendência de longa data intensificou-se dramaticamente desde 7 de Outubro, à medida que o movimento dos colonos, com apoio político aos mais altos níveis do governo israelita, aproveitou a oportunidade para intensificar os ataques contra os palestinianos, forçando-os a abandonar as suas terras e a expandir os colonatos e o controlo de Israel. sobre a Cisjordânia.”

O ataque à Cisjordânia não impediu Israel de continuar o seu ataque a Gaza. As forças israelenses mataram oito moradores de Gaza em um ataque a uma escola transformada em abrigo no leste de Deir el-Balah, Al Jazeera relatado.

Edward Carver é redator da Common Dreams.

Este artigo é de Sonhos comuns.

As opiniões expressas neste artigo podem ou não refletir as de Notícias do Consórcio.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

ALEMANHA, O NOVO REICH



Quer saber o que significa partilhar os valores alemães, para o poder instalado em Berlim*? 

 Para os burocratas que lideram hoje a Alemanha, é absolutamente essencial qualquer pessoa a quem foi atribuída cidadania alemã, ter que afirmar «o direito à existência de Israel». Ou seja, o novo cidadão /cidadã é obrigado/a a alinhar com uma afirmação política específica, sobre um país distante de milhares de km da Alemanha. 
Não só muitos palestinianos (a população autóctone) recusam a legitimidade de Israel, enquanto Estado (o  Estado é uma construção política, sempre), como uma fração dos judeus ortodoxos considera que Israel nunca deveria ter existido, porque vai contra a «Palavra de Deus»!
- Por que razão um assunto disputado pelos próprios habitantes desse território é crítico para se ter a cidadania alemã? 
- E o que vai acontecer aos alemães que têm opinião contrária; que consideram (legitimamente) questionável a existência dum Estado teocrático, sionista, com leis do tipo «apartheid» e que considera que o holocausto que sofreram os judeus nos anos 30 e 40 do século passado, legitima a violência do exército e do Estado de Israel, contra uma população indefesa???
A maioria do Mundo está errada por repudiar o genocídio da população de Gaza?
Não esqueçamos que a Alemanha está dentro da UE; que houve leis publicadas, procedimentos adotados, juízos dos tribunais pronunciados e repressão exercida,  em contradição direta e frontal com as leis dos próprios países da UE, a começar pelo facto de todos terem ratificado as convenções relativas aos direitos humanos da ONU.

Estranhos dias os que vivemos, atualmente!
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*Leia:

 https://www.zerohedge.com/geopolitical/new-german-citizens-must-now-affirm-israels-right-exist



terça-feira, 28 de maio de 2024

CRÓNICA (Nº 28) DA III GUERRA MUNDIAL: Quebra das referências e imposição de ordem totalitária

 Tenho acompanhado, com angústia, a evolução da minha sociedade, deitando também uma olhadela ao que vejo pelo mundo fora, através dos media (tanto «mainstream», como «alternativos). 

Não gostei nada, mas mesmo nada, da estupidez da campanha de massas para fazer as pessoas temerem uma infeção banal, por coronavírus, como se fosse o fim do mundo. Esta foi uma campanha de medo, de coerção (com máscaras - sem efeitos de proteção demonstrados - para servir de símbolo da servidão). Pior, verificou-se a perseguição de sumidades médicas e científicas que realizaram terapêuticas com ivermectina ou hidroxi-cloroquina. Foram brutalmente difamados por «jornalistas» ao serviço dos globalistas. Isto tinha uma (má) razão de ser: O facto da tão desejada, pelas multinacionais farmacêuticas, autorização especial de colocação no mercado das vacinas que tinham fabricado. Ela só era possível, caso não existisse já um medicamento eficaz para combater a epidemia. Daí a criminalização do uso daqueles dois fármacos, para obterem a autorização de «urgência» e a colocação no mercado das "vacinas" mortíferas. 

Mas, o cenário não se ficou por aqui: A clique globalista conseguira fazer passar despercebido um crash do sistema através dos «lockdown» (confinamentos). Estes serviram para a operação de colapso programado de grande parte das empresas, sobretudo, as que tinham intervenção na economia real, como fornecedoras de bens e serviços. Em contraste, foram favorecidos o grande capital financeiro (bancos sistémicos, fundos especulativos) e as grandes empresas tecnológicas (Microsoft, Apple, Facebook, Google, etc.), as quais tiveram um boom, graças aos confinamentos e à «nova economia», instalada ou reforçada por ocasião dos «lockdown», em muitos sectores de serviços. 

Porém, uma tomada de controlo parcial da economia nunca seria considerada suficiente para os poderosos deste mundo. Eles estavam cientes da necessidade da falência completa do sistema, seguida pela «Nova Ordem», à maneira deles. Isto só poderia ser disfarçado com uma «boa guerrinha», das que causam imensos mortos, feridos e destruição. A sua preferência era ser longe das sedes de Wall Street, do Pentágono, da City de Londres e da OTAN, em Bruxelas.

Durante todo o ano de 2021, na Ucrânia, a guerra não declarada, mas guerra de extermínio da população civil russófona, teve rédea larga. Os ocidentais estavam a armar e treinar o exército da Ucrânia, ao nível de serem considerados tão eficazes como os da OTAN (os ucranianos foram persuadidos que iriam abrir-lhes as portas da OTAN e da UE...). No Ocidente «não viam» o sofrimento nestes anos todos (8 anos de guerra civil), apesar de um número estimado de vítimas civis de 15 000,  nas populações do Donbass. 

Finalmente, a Rússia invadiu a Ucrânia com uma força militar destinada a proteger os russos étnicos, habitantes das duas repúblicas separatistas do Donbass.  O governo de Moscovo sentia-se obrigado  a vir em auxílio a estes russos, para evitar um banho de sangue (o «dever de proteger», reconhecido pela ONU). Mas, logo foram desencadeadas sanções e mais sanções (longamente planeadas), com ataques histéricos de políticos americanos e europeus ocidentais, assim como da media ao serviço dos grandes interesses.

Claro que a manobra de isolar a Rússia lhes saiu furada. A situação era tal, que a Rússia se tinha longamente preparado para as sanções. Por um lado, a sua economia era muito mais saudável do que os ocidentais imaginavam e por outro, não  existiu isolamento da Rússia, devido à recusa do «Sul Global» e dos BRICS em se alinhar numa guerra económica contra  a Rússia. 

Os ocidentais mostraram que estavam fora da realidade e que, de facto, estavam a proporcionar a criação doutro bloco rival (e maior) da OTAN e amigos. Ou talvez não, talvez estivessem cientes das realidades e - no entanto - convencidos de que a globalização à sua maneira e gosto, era impossível de ser alcançada. Terão decidido acabar com ela, criando uma situação de guerra mista ou híbrida, para «segurar» os países Ocidentais e seus Estados-clientes, ao nível mundial.

Mas, a rutura Ocidente/Sul Global, como estamos a assistir em relação a Israel/Palestina, não podia ser pior. Pior para os povos sujeitos à brutalidade de massacres sobre civis,  perante a indiferença dos países aliados de Israel, o que afinal não é senão disfarce para a aprovação discreta dos desmandos que o exército de Israel tem cometido: O genocídio da população de Gaza, indefesa, sob nossos olhos, 24 h por 24, 7 dias da semana, mês após mês, durante 7 meses.

Quais as motivações dos poderes ocidentais em apoiar Israel, de modo incondicional, nesta matança cruel e indisfarçável? 

- Eles mostram assim que se um povo, uma nação, se rebelar contra a ordem mundial que eles instituíram, será tratado sem contemplações, nem direitos humanos, nem leis da guerra, nem haverá a mínima consideração em relação às decisões da ONU e das instâncias jurídicas internacionais.

- Mostram aos seus próprios povos que eles não são protegidos por quaisquer garantias, direitos e liberdades. Que serão reprimidos à bastonada e com prisões as manifestações contra o genocídio, dos estudantes e de todos os que têm conservado sua consciência humana. As cliques políticas dão rédea livre à perseguição contra quaisquer dissidências, passando «leis» inconstitucionais, que instauram o Estado totalitário. Daqui para a frente, irão servir-se dessas leis entretanto criadas, para esmagar qualquer resistência cívica e pacífica dos seus próprios cidadãos.

Não sei a causa exata do que acontece com a generalidade das pessoas e com o seu comportamento, mas parece-me que estão amedrontadas e sobretudo equivocadas acerca do que se está a passar. Nos países ocidentais,  as campanhas, primeiro psicológicas e em seguida militares, só podem ser entendidas pela  lógica de uma tomada de poder totalitária, com a «capa» habitual de que o fazem para proteger a democracia liberal que, entretanto, eles desfiguram, não restando sequer a aparência de uma ordem democrática. 

Existem forças políticas, media alternativos e personalidades, que dizem mais ou menos o que eu digo, acima. O problema, é o efeito maciço sobre os povos da propaganda mediática, conjugada com a brutalidade do poder e sobretudo, a ausência de uma forte oposição institucional (estão quase todos dentro mesmo saco). Por isso, os próximos decénios não vão ser fáceis: Será  uma era de guerras «eternas» e com a separação do Mundo em dois. 

A globalização será coisa de passado: Haverá circuitos separados para o comércio, tal como o intercâmbio científico, artístico e intelectual, em geral. Será bem pior de a «Guerra fria nª1» e também será diferente. Porque não será uma «guerra fria», mas uma «guerra híbrida» e constante, sem acalmias, sem períodos de negociações intensas entre os dois blocos, será uma espiral descendente em direção à barbárie e ao militarismo, dentro e fora de fronteiras.