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quarta-feira, 11 de junho de 2025

OS ÚLTIMOS DIAS DE GAZA (POR CHRIS HEDGES)

 

Chris Hedges publica no Substack esta crónica (ver abaixo), que é um veredicto: A «civilização» ocidental está morta. Morreu, não de exaustão material, de esgotamento de recursos, ou de uma invasão por povos rivais, mas antes pela sua própria decadência moral. 

Chris Hedges faz aquilo que qualquer homem ou mulher dignos, que tenham o conhecimento hoje dos tão largamente espalhados relatos e imagens do genocídio dos palestinianos às mãos do governo sionista e das suas forças armadas, tem de fazer: Tem de concordar que a monstruosidade destes atos continuados, planeados, executados friamente, nada ficam a dever à horrorosa política de limpeza étnica/genocidária dos nazis, no século passado. 

Porém, lamentavelmente, as pessoas não aprenderam nada com o holocausto das populações judias, ciganas, de resistentes de vários povos e etnias, sacrificadas pelos nazis. Foram erigidos monumentos às vítimas, abertos museus, lembrados em palavras escritas ou faladas, mas... O horror de tudo isso que a humanidade viveu, volta agora: cerca de oitenta anos após o desmoronamento final do III Reich, vencido pelas forças aliadas. 

Eu tenho de confessar que o escrito abaixo de Chris Hedges me horripila. Não por ser exagerado, não por ser  alarmista, não por hipertrofiar certos aspectos da realidade... mas, antes pelo contrário.

O que isto significa é que a chamada «civilização ocidental» já estava morta por dentro, apodrecida, como árvore que se conserva erguida, com o tronco principal, os ramos, as folhas (embora secas), mas cuja seiva deixou de correr, definitivamente. Qualquer vendaval irá abatê-la, pois ela já não desenvolve atividade vital, já não é ativa no ecossistema, as suas raízes permanecem, mas são estruturas ocas, serão aproveitadas por fauna, flora e microorganismos, que reciclam os materiais das árvores mortas. 

Para mim, e para muitas pessoas que raciocinam sobre estas coisas, a civilização ocidental poderá dar ainda aparência de vida, durante anos ou até (sabe-se lá...) decénios. Mas, não será uma verdadeira vida; a pseudo-vida será como dos zombies, que se mexem, andam, gesticulam, mas sua vontade e alma não lhes pertencem mais. 

Gaza assinala o crime coletivo sem perdão possível; não apenas para os israelitas, que segundo sondagem recente, «aprovam maioritariamente» o genocídio dos palestinianos. Igualmente, não poderá haver perdão para todos os que se calaram, que viraram a cara, que ficaram quietos; nem para os que tinham poder para mudar o rumo das coisas: Se tivessem feito um gesto, tomado uma posição, teriam contribuído para salvar vidas, vidas inocentes. 

Mas o comportamento dos poderosos «não choca» a imensa maiora dos cidadãos. Muito mal vai a gente que, na tal «civilização» ocidental, se baseia na fruição do instante, na ilusão da publicidade, no consumo hedónico, na indiferença a tudo o que não sejam seus próprios interesses mesquinhos. 

Creio que são estas pessoas, essencialmente, já estavam preparadas para aprovar, pela passiva, qualquer ato, desde que este não pusesse em causa o seu interesse mesquinho. Esta maioria, «ensinada» a viver na passividade está - com certeza pronta - para se comportar dum modo semelhante, perante nova situação de holocausto de outro povo distante. Mas, também estará pronta a reagir assim com seus vizinhos, cidadãos que falam a mesma língua, trabalham e consomem como eles,  e são portadores dos mesmos documentos de identidade.

 Muitos, nos países do chamado «Terceiro Mundo», anseiam pela sua derrocada definitiva. Eu estou ansioso pelo mesmo que eles: Não me interessam mais os falsos juramentos, as elaboradas «defesas dos direitos humanos» e os discursos com relentos de colonialismo e de imperialismo. Seja como for, a queda desta «civilização» está traçada; as únicas incógnitas são o «quando» e o «como» acontecerá.

 Gente cobarde e chafurdando na lama moral que nutre os seus cérebros apodrecidos, não tem real futuro: A morte da civilização que produz estes monstros já ocorreu. O horror de Gaza foi a constatação do facto já consumado, uma «autópsia», uma «certidão de óbito».


The Last Days of Gaza

We Will Remember by Not Remembering

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Palestinians mourn over the bodies of their relatives who were killed in an Israeli military strike on Gaza at Al-Shifa Hospital in Gaza City, Wednesday 4 June 2025. Photo credit: Jehad Alshrafi

This is the end. The final blood-soaked chapter of the genocide. It will be over soon. Weeks. At most. Two million people are camped out amongst the rubble or in the open air. Dozens are killed and wounded daily from Israeli shells, missiles, drones, bombs and bullets. They lack clean water, medicine and food. They have reached a point of collapse. SickInjuredTerrifiedHumiliatedAbandonedDestituteStarvingHopeless.

In the last pages of this horror story, Israel is sadistically baiting starving Palestinians with promises of food, luring them to the narrow and congested nine-mile ribbon of land that borders Egypt. Israel and its cynically named Gaza Humanitarian Foundation (GHF), allegedly funded by Israel’s Ministry of Defense and the Mossad, is weaponizing starvation. It is enticing Palestinians to southern Gaza the way the Nazis enticed starving Jews in the Warsaw Ghetto to board trains to the death camps. The goal is not to feed the Palestinians. No one seriously argues there is enough food or aid hubs. The goal is to cram Palestinians into heavily guarded compounds and deport them.

What comes next? I long ago stopped trying to predict the future. Fate has a way of surprising us. But there will be a final humanitarian explosion in Gaza’s human slaughterhouse. We see it with the surging crowds of Palestinians fighting to get a food parcel, which has resulted in Israeli and US private contractors shooting dead at least 130 and wounding over seven hundred others in the first eight days of aid distribution. We see it with Benjamin Netanyahu’s arming ISIS-linked gangs in Gaza that loot food supplies. Israel, which has eliminated hundreds of employees with the United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees in the Near East (UNRWA), doctors, journalists, civil servants and police in targeted assassinations, has orchestrated the implosion of civil society.

I suspect Israel will facilitate a breach in the fence along the Egyptian border. Desperate Palestinians will stampede into the Egyptian Sinai. Maybe it will end some other way. But it will end soon. There is not much more Palestinians can take.

We—full participants in this genocide—will have achieved our demented goal of emptying Gaza and expanding Greater Israel. We will bring down the curtain on the live-streamed genocide. We will have mocked the ubiquitous university programs of Holocaust studies, designed, it turns out, not to equip us to end genocides, but deify Israel as an eternal victim licensed to carry out mass slaughter. The mantra of never again is a joke. The understanding that when we have the capacity to halt genocide and we do not, we are culpable, does not apply to us. Genocide is public policy. Endorsed and sustained by our two ruling parties.

There is nothing left to say. Maybe that is the point. To render us speechless. Who does not feel paralyzed? And maybe, that too, is the point. To paralyze us. Who is not traumatized? And maybe that too was planned. Nothing we do, it seems, can halt the killing. We feel defenseless. We feel helpless. Genocide as spectacle.

I have stopped looking at the images. The rows of little shrouded bodies. The decapitated men and women. Families burned alive in their tents. The children who have lost limbs or are paralyzed. The chalky death masks of those pulled from under the rubble. The wails of grief. The emaciated faces. I can’t.

This genocide will haunt us. It will echo down history with the force of a tsunami. It will divide us forever. There is no going back.

And how will we remember? By not remembering.

Once it is over, all those who supported it, all those who ignored it, all those who did nothing, will rewrite history, including their personal history. It was hard to find anyone who admitted to being a Nazi in post-war Germany, or a member of the Klu Klux Klan once segregation in the southern United States ended. A nation of innocents. Victims even. It will be the same. We like to think we would have saved Anne Frank. The truth is different. The truth is, crippled by fear, nearly all of us will only save ourselves, even at the expense of others. But that is a truth that is hard to face. That is the real lesson of the Holocaust. Better it be erased.

In his book One Day, Everyone Will Have Always Been Against This, Omar El Akkad writes:

Should a drone vaporize some nameless soul on the other side of the planet, who among us wants to make a fuss? What if it turns out they were a terrorist? What if the default accusation proves true, and we by implication be labeled terrorist sympathizers, ostracized, yelled at? It is generally the case that people are most zealously motivated by the worst plausible thing that could happen to them. For some, the worst plausible thing might be the ending of their bloodline in a missile strike. Their entire lives turned to rubble and all of it preemptively justified in the name of fighting terrorists who are terrorists by default on account of having been killed. For others, the worst plausible thing is being yelled at.

You can see my interview with El Akkad here.

You cannot decimate a people, carry out saturation bombing over 20 months to obliterate their homes, villages and cities, massacre tens of thousands of innocent people, set up a siege to ensure mass starvation, drive them from land where they have lived for centuries and not expect blowback. The genocide will end. The response to the reign of state terror will begin. If you think it won’t you know nothing about human nature or history. The killing of two Israeli diplomats in Washington and the attack against supporters of Israel at a protest in Boulder, Colorado, are only the start.

Chaim Engel, who took part in the uprising at the Nazis’ Sobibor death camp in Poland, described how, armed with a knife, he attacked a guard in the camp.

“It’s not a decision,” Engel explained years later. “You just react, instinctively you react to that, and I figured, ‘Let us to do, and go and do it.’ And I went. I went with the man in the office and we killed this German. With every jab, I said, ‘That is for my father, for my mother, for all these people, all the Jews you killed.’”

Does anyone expect Palestinians to act differently? How are they to react when Europe and the United States, who hold themselves up as the vanguards of civilization, backed a genocide that butchered their parents, their children, their communities, occupied their land and blasted their cities and homes into rubble? How can they not hate those who did this to them?

What message has this genocide imparted not only to Palestinians, but to all in the Global South?

It is unequivocal. You do not matter. Humanitarian law does not apply to you. We do not care about your suffering, the murder of your children. You are vermin. You are worthless. You deserve to be killed, starved and dispossessed. You should be erased from the face of the earth.

“To preserve the values of the civilized world, it is necessary to set fire to a library,” El Akkad writes:

To blow up a mosque. To incinerate olive trees. To dress up in the lingerie of women who fled and then take pictures. To level universities. To loot jewelry, art, food. Banks. To arrest children for picking vegetables. To shoot children for throwing stones. To parade the captured in their underwear. To break a man’s teeth and shove a toilet brush in his mouth. To let combat dogs loose on a man with Down syndrome and then leave him to die. Otherwise, the uncivilized world might win.

There are people I have known for years who I will never speak to again. They know what is happening. Who does not know? They will not risk alienating their colleagues, being smeared as an antisemite, jeopardizing their status, being reprimanded or losing their jobs. They do not risk death, the way Palestinians do. They risk tarnishing the pathetic monuments of status and wealth they spent their lives constructing. Idols. They bow down before these idols. They worship these idols. They are enslaved by them.

At the feet of these idols lie tens of thousands of murdered Palestinians.


Originally produced for Scheerpost

sexta-feira, 6 de junho de 2025

A FALSIFICAÇÃO DA HISTÓRIA DOS HEBREUS COM OBJETIVOS POLÍTICOS



Uma das maiores mentiras dos sionistas no poder em Israel, é a da sua ligação «de sangue» com os povos judeus dos tempos bíblicos.

Para sustentar essa mentira e justificar a teoria do «retorno», toda uma série de falsidades são produzidas para dar crédito a uma certa versão da Bíblia Hebraica. Não está em causa a escritura bíblica, em si mesma, mas sua interpretação redutora, aliás em contradição flagrante com os factos estabelecidos pela arqueologia moderna. 
Criou-se uma pseudo-científica «arqueologia bíblica», que pretendia encontrar, a todo o custo, evidências no subsolo de Israel/Palestina, em apoio aos vários livros da Bíblia. Esta «arqueologia bíblica» conseguiu iludir muitos, no passado; porém, agora está desacreditada, graças aos avanços da arqueologia moderna.

Por outro lado, a técnica de sequenciação do ADN tornou possível o retraçar das genealogias. Foram gastas somas consideráveis - de fundações privadas e de universidades e institutos de investigação - para encontrar os supostos «genes judaicos»: Fez-se muito alarido em torno de tal pesquisa.
Porém, quer as populações Sefarditas (Judeus da Europa Ocidental e Norte de África), quer Askenases (Centro e Leste da Europa), não possuem genes que os diferenciem das populações não-judaicas dos seus respectivos entornos. Não se identificaram genes particulares, que fossem «marcadores exclusivos» das populações judaicas, para grande decepção dos patronos destes estudos.
De facto, este é o resultado mais provável. A História não fantasiada é reforçada pela Genética das Populações: Foram numerosos os cruzamentos entre judeus e não judeus e houve conversões ao judaismo, ao longo de mais de 2000 anos de história dos judeus na Europa.
Mas, existe uma comunidade poderosa de sionistas ricos que tem pressionado para serem refeitos e reinterpretados aqueles estudos genéticos, em puro desperdício de meios humanos e financeiros: O que procuram é uma «cobertura científica» para o seu racismo. Querem que a genética «prove» a existência de genes específicos à população judaica. Isto, para que possam afirmar que as populações judaicas são «uma raça à parte».
No entanto, a religião judaica pode existir e ser cultivada, tal como as outras religiões, com a participação de várias etnias. Porém, os sionistas têm um arreigado complexo racista. Eles têm de afirmar sua superioridade genética, enquanto relegam os palestinianos à categoria de «infra-humanos».*

Como geneticista, não posso senão denunciar como uma fraude, que se continue na senda dum racismo disfarçado, agora com utilização das técnicas de ADN, para falsificar a realidade e perpetuar o mito do povo judaico como uma «raça».

Como esclarece o etnólogo do vídeo abaixo, os mais diretos descendentes dos habitantes da Palestina de há 2000 anos, são as atuais populações palestinianas.
Nestas, existem cristãos, muçulmanos e judeus. Os  membros das três religiões viveram em comunidades separadas mas em vizinhança pacífica, no passado. O mesmo ocorreu na Península Ibérica, antes dos reis de Espanha e de Portugal (finais do séc. XV- princípios de séc. XVI) terem forçado os mouros e os judeus a converterem-se ao cristianismo. Os que não aceitaram, foram expulsos.

Atualmente, em Israel, a maioria da população judaica é proveniente ou descendente de colonos, em sucessivas vagas após a IIª Guerra Mundial, sobretudo vindos da Europa Central e do Leste.

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* É o que querem dizer, quando usam a expressão «animais humanos».

                                              


quinta-feira, 22 de maio de 2025

O MAIOR CRIME CONTRA A HUMANIDADE

 



É bastante preocupante o processo psicológico que leva grande número (não sei as percentagens) de cidadãos de Israel a desprezar a vida humana, quando se trata de palestinianos, fazendo afirmações públicas (na televisão, em sites do YouTube, em jornais, etc) de uma enorme brutalidade e indiferença, face ao sofrimento de um povo, especialmente exibindo total indiferença ao sofrimento e morte de milhares de crianças, em Gaza e noutros  pontos da Palestina. Quando vimos estas manifestações de racismo descarado, ficámos incrédulos no primeiro instante, para depois nos convencermos, dadas as abundantes provas - fornecidas pelos próprios - de ódio visceral em relação aos palestinianos e, em especial, à resistência palestiniana e ao Hamas. 

Creio que estamos perante uma forma de racismo supremacista, do mesmo tipo da que ocorria na Alemanha Nazi, mas com a agravante de - no caso de Israel - haver conivência internacional com o genocídio em curso. 
É como se a comunidade internacional, através dos governos e representantes por eles nomeados (embaixadores, altos funcionários,  altas patentes militares...) tivesse assim decretado que o Estado de Israel beneficiava duma (inexistente) "cláusula de exceção", no que toca à «solução final» para o «problema palestiniano», podendo impunemente cometer os crimes contra a humanidade que são o genocídio, a deportação em massa, a limpeza étnica e um sem número de atrocidades cometidas contra civis indefesos. 
Sabemos que existem cidadãos judeus que não podem ser identificados com o sionismo, que repudiam a utilização da sua religião e etnia para fins contrários à dignidade humana e aos valores espirituais e morais das religiões (incluindo a Judaica). Mas, estes cidadãos do Estado de Israel estão duplamente isolados: a sua pertença a Israel, faz com que sejam considerados «traidores», por israelitas sionistas e «do campo dos opressores» por certos palestinianos.
Os Estados membros da ONU têm uma responsabilidade grande, sobretudo os que têm assento no Conselho de Segurança, por se negarem a exercer a máxima pressão legal possível, para obrigar o governo de Netanyahu a acabar com o cerco cruel e desumano, em que o número de camiões de ajuda humanitária autorizados é demasiado escasso intencionalmente e sujeito a nova interrupção pelo governo criminoso de Netanyahu.
É uma inércia internacional que não tem nada de natural, pois, apesar do «blackout» informativo da média corporativa, não é possível ignorar o que se tem estado a passar na Faixa de Gaza. Mais de dois milhões de civis são sujeitos a bombardeamentos, ocupação militar, cerco e corte de víveres, destruição de todas as infraestruturas como reservatórios de água, estradas, edifícios públicos, bairros inteiros, hospitais, escolas, etc. Note-se que esta destruição é dirigida especificamente contra a população civil. Este facto é perfeitamente conhecido de todas as chancelarias do mundo. 
Se um governo doutro país cometesse um décimo ou vigésimo dos crimes que as tropas de Israel cometem (sob o comando dos seus generais), este país já estaria sujeito às sanções mais severas, não apenas a «apelos» para poupar os civis. Em condições desta gravidade, noutro ponto do mundo, medidas concretas seriam tomadas por todos os governos, tais como a proibição de fornecimento de armas, o isolamento diplomático, e outras medidas. Deviam ser ativados os procedimentos do Tribunal de Justiça Internacional, para que rapidamente houvesse uma sentença em relação ao governo genocida. 
Tudo aquilo que não foi feito e que deveria ser feito, recai - em última instância - sobre os responsáveis políticos dos países representados na ONU e suas agências. 
O sistema da ONU, onde alguns países têm o privilégio de veto no Conselho de Segurança (membros permanentes), permite que, neste caso concreto, graças ao veto sistemático dos EUA, não sejam aplicadas sanções justas e necessárias para poupar dezenas ou centenas de milhares de vidas humanas. 
Não é a primeira vez que isto ocorre, tanto em relação a Israel e EUA, como noutras situações. A ONU não pode fazer valer a sua legalidade, nem aplicar a sua jurisprudência nas situações de gravidade extrema, se houver um bloqueio sistemático e ilegítimo das suas resoluções. 
Se o fim do sofrimento do povo palestiniano não é colocado em primeira prioridade, não só pela ONU, como pelos governos e as agências humanitárias internacionais, estão a mostrar conivência, portanto, uma parte de culpabilidade, pois tinham os meios e obrigação moral e jurídica de impedir a continuação do genocídio em Gaza, que se arrasta há cerca de 1 ano e 9 meses.
Não admira que o poder atual de Washington não se preocupe com o respeito pelas decisões da ONU, visto que é formado a partir da facção MAGA do partido republicano, anti-globalista e nacionalista. Além disso, Trump tem boas relações pessoais com Netanyahu e com dirigentes sionistas. Mas, perante a monstruosidade do comportamento das autoridades israelitas e perante o sofrimento do povo palestiniano, os governos das outras nações deveriam (apesar dos vetos dos EUA) tudo fazer para inverter a situação.
Como este crime vai provavelmente ficar impune, dada a correlação de forças mundial, isso dará alento às forças mais retrógradas em todos os países, para agirem apenas de acordo com os seus interesses. Quando estiverem no poder não se sentirão obrigadas a respeitar minorias, sejam elas políticas, étnicas ou religiosas. A frágil construção de uma legalidade internacional, está a sofrer um enorme abalo. 
Se não houver uma tomada de consciência e uma mudança de rumo, também as legalidades constitucionais dos Estados poderão ser liquidadas, pelas punhaladas de alguns e pela ausência de reação de muitos outros.

Quando escrevia - há vários anos atrás - que estávamos a entrar numa nova «Era das Trevas», não imaginava que os acontecimentos internacionais viessem tão cedo  confirmar a minha previsão. Mas, infelizmente, é o que temos diante dos olhos.

PS1: De todos os governos da U.E., que «acordaram» agora, em relação ao genocídio e aos planos de «limpeza étnica» de Netanyahu a respeito de Gaza, apenas o governo de Sanchez, em Espanha, tomou a iniciativa de proibir qualquer exportação de armas para Israel e de apelar para que os outros membros de U.E. tudo façam para pôr termo ao genocídio em Gaza.

sábado, 10 de maio de 2025

ILAN PAPPÉ: COMO ISRAEL SE TORNOU UM ESTADO FASCISTA


 

RELACIONADO:
Há certos momentos que são reveladores da mentalidade fascista. Também se revelam as simpatias dos poderes governamentais na UE. Leia a notícia sobre o comportamento fascista e provocatório dos bandos de hooligans sionistas, contra os árabes e os palestinianos, num jogo de futebol em Amesterdão:

O próprio sistema das Nações Unidas foi oportunisticamente aproveitado e abusado pelos sionistas, desde a criação do Estado de Israel, até hoje. A protecção dos EUA e da Europa ocidental, tornou possível a aberração dum Estado que se mantém como membro da ONU, mas que se coloca permanentemente à margem dos seus princípios e resoluções: 


domingo, 4 de maio de 2025

CRIAÇÃO DE ISRAEL PELOS OCIDENTAIS: Entrevista a Saïd Bouamama

 Esclarecedora entrevista efetuada por Michel Collon, ao militante argelino Saïd Bouamama (Forum nº1)

Tal como na 1ª NAKBA, nesta NAKBA Nº2, o horror é «ignorado» pelas potências ocidentais. O mesmo se passou com os responsáveis pela criação artificial do Estado de Israel. Em 1947, a criação do Estado de Israel resultou, aparentemente, do gesto da ONU de então, para remediar o Holocausto judeu na 2ª Guerra Mundial. Mas, na realidade, foi um ato de negação dos direitos humanos elementares da população autóctone palestina, traída pelos países que dominavam a ONU, em 1947-48.





sexta-feira, 11 de abril de 2025

PHYLLIS BENNIS: TRUMP, NETANYAHU E A LÓGICA GENOCIDA DE ISRAEL



Phyllis Bennis é uma lutadora, lúcida e assumidamente contra o imperialismo dos EUA.

A sua firmeza permite-nos distinguir as pessoas como ela, presentes na esfera anglo-americana, com o mais elevado sentido moral e intelectual, e que contrastam com o colonialismo dos poderes.

Na Palestina sob mandato britânico, foram autorizados pelos britânicos o massacre e a expulsão (Nakba) do povo autóctone da Palestina. Estes crimes horrendos, perpetrados antes e depois da independência de Israel, pela Irgun e outros grupos sionistas, foram seguidos por quase 80 anos de apartheid e atos genocidários do Estado de Israel.

Nos EUA, Austrália, África do Sul, entre outros, o poder colonial anglossaxónico também se apropriou violentamente dos territórios, escravizando, expulsando e massacrando as populações autóctones respectivas (limpeza étnica, genocídio).




sexta-feira, 4 de abril de 2025

QUANTO MAIS GRAVES AS ATROCIDADES EM GAZA, MAIS SILENCIOSA É A BBC [JONATHAN COOK]


The graver Israel’s atrocities in Gaza, the quieter the BBC grows
Once again the UK state broadcaster goes missing in action – this time at the discovery of a mass grave of emergency workers executed by Israel                           

https://substack.com/@jonathancookOs nossos políticos têm consentido com tudo o que tem sido feito pelo Estado de Israel, e não apenas em Gaza, nos últimos 18 meses. Este genocídio tem sido cometido ao longo de decénios.


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PS1: Acumulam-se mais provas de que as alegadas violações em massa de mulheres israelitas pelo Hamas, no 7 de Outubro, eram uma completa fabricação de propaganda. Veja aqui: