quinta-feira, 13 de maio de 2021

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE ISRAEL/PALESTINA

   
                             Foto: Edifício da Faixa de Gaza bombardeado pelo exército israelense

Colonizam um país que JÁ ERA HABITADO. LEVAM A CABO «LIMPEZA ÉTNICA», COM MASSACRES, EXPULSÕES E REPRESSÃO BÁRBARA. OS QUE já LÁ HABITAVAM e ficaram, SÃO CONSIDERADOS NÃO-CIDADÃOS, ou cidadãos de segunda, PELO PODER DE ESTADO INSTALADO.

O povo colonizado revolta-se periodicamente. Os colonos, ou seja os que espoliaram as terras pertencentes a esse povo, vêm de cada vez lamentar-se que estão a por em causa «o seu direito a existir»!

O Estado de Israel está incluído no dispositivo de poder global dos EUA, e como tal, seja qual for o seu desempenho em termos de direitos humanos, tem a aprovação e pleno apoio do hegemónico poder imperial.

- « Vou construir uma casa para mim. Invado a tua propriedade, construo a minha casa, derrubando a construção aí existente. Além disso, quando tu e os teus protestam, a minha resposta é um morticínio. Depois, vou dizer nos jornais, etc. que apenas estou a defender o meu direito à existência, a ter um lar. Parece-te correto?»

Não podemos confundir uma nação, seja ela qual for, com uma pessoa. Os direitos de uma pessoa são totalmente distintos dos direitos de uma nação. Os direitos dos povos, de quaisquer povos, não podem se afirmar no desprezo e no espezinhar dos direitos de outros povos. Dentro de cada nação, todos os indivíduos devem ter a garantia, na lei e na prática, dos mesmos direitos.

A não consideração dos direitos de alguns - da parte minoritária - em proveito dos direitos de outra parte, não é característica de uma democracia, em parte nenhuma. Ora, em Israel, os cidadãos não-judeus não usufruem dos mesmos direitos.

Além disso, o povo palestiniano tem o direito a autogovernar-se, a exercer a soberania sobre os Territórios. Porque é que quase toda a média está sempre a falar de Israel, do Estado de Israel, como se fosse uma democracia, a «única democracia do médio-oriente»?

O Estado moderno de Israel foi construído sobre um erro histórico. Este erro só poderá ser consertado, reconhecendo e garantindo os legítimos direitos do povo de Israel (judeus e não-judeus israelitas), do povo palestiniano e de todos os povos da região.

É necessária uma vontade global pela paz, incluindo das potências que sejam reconhecidas como mediadoras válidas por ambos os lados em contenda. Os povos devem pressionar os seus governos respetivos em todo o Mundo, para que estes tomem uma atitude responsável e construtiva, ajudando ao processo de paz, que deve ser negociado no quadro da ONU.

Num mundo globalizado, a violência e o caos alastraram-se nos últimos dias em Jerusalém, em torno de monumentos e templos, importantes para três religiões mundiais. Mas, não podemos esquecer que o fanatismo não é intrínseco às religiões, é um comportamento interiorizado, uma lavagem ao cérebro. Isto dá a medida da perda das capacidades de compreensão e tolerância das pessoas do nosso tempo, que se envolveram nestes incidentes violentos.

Uma nação e uma sociedade não podem ser construídas e viver na violência permanente, na permanente negação dos direitos de uma parte dos seres humanos, que habitam - desde gerações - no seu território.

O sionismo não pode ser equiparado a um nacionalismo qualquer. Tem uma ambição expansionista* desde a sua criação e uma visão ideológica sobre a natureza do povo judeu. A designação bíblica de «povo eleito», deve ser contextualizada e compreendida na esfera espiritual, à qual pertence. O judaísmo não é nem mais, nem menos legítimo do que outra religião.

Os povos têm as suas religiões e, dentro do mesmo povo, existem minorias com outras, diferentes da dominante, assim como existem pessoas que não perfilham qualquer religião. O consenso das nações, que se exprime na Carta dos Direitos Humanos das Nações Unidas, é muito claro: ninguém pode ser discriminado com base na sua etnia, religião, ou sistema filosófico.

A questão central de Israel/Palestina é tratar-se do problema não resolvido duma colonização feita de tal maneira, que tem envenenado a paz mundial, desde o início. Reconhecê-lo não é nenhum «radicalismo», nem uma «cedência», mas apenas uma abordagem realista. 

PS1: Leia a reflexão sobre a estratégia miliar de Israel na guerra contra o Hamas, da autoria de um judeu, músico de jazz, expatriado em Inglaterra, Gilad Atzmon, «A Imagem da Vitória».

PS2: 
https://consortiumnews.com/2022/06/15/the-hierarchy-of-tribalisms/
Um excelente artigo por Jonathan Cook, um jornalista britânico baseado em Nazaré da Palestina.
Ele primeiro explica, com base na sua experiência vivida de Israel-Palestina, a raiz profunda dos tribalismos, para desenvolver a visão dum tribalismo dominante, o ocidental, que atravessa não apenas fronteiras étnicas, como ideológicas. A santificação de si próprias das pessoas, nos países ocidentais, os da tribo dominante, é escalpelizada. É a utilização desse tribalismo (inconsciente, muitas vezes) pelas oligarquias, que permite manipulações de massas como temos vindo a assistir em relação à situação da guerra na Ucrânia.


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*Ver mapa de Theodor Herzl sobre Israel e «a Terra Prometida»

BIBLIOGRAFIA













12 comentários:

Manuel Baptista disse...

Embora eu não possa ajuizar sobre a justeza da análise do autor, penso que a situação descrita, os factos e o contexto também, podem significar o início duma guerra em grande escala:
https://www.moonofalabama.org/2021/05/escalation-in-palestine-hizbullah-is-ready-to-join-the-fight.html#more

Manuel Baptista disse...

Uma perspetiva esclarecida sobre o que se passa agora no conflito israelo-palestiniano:
https://www.youtube.com/watch?v=bieWjXUzKKM

Manuel Baptista disse...

https://www.youtube.com/watch?v=V_m98GAdqKM veja neste video com Russell Brand, como a media mainstream trata com «objetividade» a questão!

Manuel Baptista disse...

Uma mesa redonda sobre a luta em Israel Palestina:
https://www.youtube.com/watch?v=-SaqRY7qHV0

Manuel Baptista disse...

Em Gaza, a barbárie e os crimes de guerra do exército israelita, perante a indiferença (conivência) do «civilizado» campo ocidental...
https://francais.rt.com/international/86679-huit-enfants-tues-par-frappe-israelienne-sur-immeuble-gaza-selon-les-secours-palestiniens?utm_source=browser&utm_medium=aplication_chrome&utm_campaign=chrome

Manuel Baptista disse...

https://www.rt.com/news/523985-un-guterres-gaza-israel/
António Guterres, secr. ger. da ONU diz que a luta tem de parar e tem de se encontrar uma via para o diálogo, mas Israel, apoiado pelos EUA, não quer saber de nada... «quer dar uma lição» ao Hamas

Manuel Baptista disse...

Bombardeamento deliberado de civis em Gaza, perseguição e «pogrom» de fanáticos sionistas sobre palestinianos indefesos. Tudo isto na indiferença geral do «civilizado» Ocidente. Parece que estamos no passado, em que as populações judaicas eram sujeitas a tais pogroms, perante a indiferença ou conivência dos poderes de então. A única coisa que muda é que o povo perseguido é o palestiniano, sendo os perseguidores uns fascistas (com apoio governamental) que se apropriam do nome de Israel para cometer seus crimes: https://www.globalresearch.ca/palestinians-israel-face-far-right-mob-violence-backed-state/5745365

Manuel Baptista disse...

O Império só sabe responder aos desafios com a guerra:
https://www.youtube.com/watch?v=OXDvROipaoY

Manuel Baptista disse...

Um judeu que não hesita em denunciar o assassínio em massa pelo governo israelita e a hipocrisia de muitos rabis:
https://off-guardian.org/2021/05/22/israeli-mass-murder-and-a-jews-jewish-question/

Manuel Baptista disse...

https://electronicintifada.net/blogs/tamara-nassar/palestinian-authority-forces-are-israels-foot-soldiers?utm_source=EI+readers&utm_campaign=93f623c58f-RSS_EMAIL_CAMPAIGN&utm_medium=email&utm_term=0_e802a7602d-93f623c58f-299192905

Manuel Baptista disse...

Israel/Palestina é um caso especial também no modo como está a fazer face à pandemia Covid: oiça o chat destes israelitas (em francês), vale a pena!
https://www.youtube.com/watch?v=KyOmKim7xg8

Manuel Baptista disse...

Uma história que é falsificada ou omitida nos livros de história: https://www.unz.com/runz/american-pravda-jews-and-nazis/