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quinta-feira, 5 de setembro de 2024

SISTEMA ENERGÉTICO E SISTEMA MONETÁRIO

Não há sistemas económicos perfeitos, senão nas cabeças transtornadas de certos indivíduos, embriagados por uma qualquer ideologia.

Tem sido aventada, por muitos analistas financeiros, a hipótese de o ouro retomar um lugar central no sistema monetário internacional, ou seja, como unidade de referência e convertível nas diversas divisas. O problema com o ouro, é a sua extrema concentração de valor. No dia de hoje (05-09-24), um 1gr. de ouro vale cerca de 73 €.
Verifica-se que o ouro é comprado às toneladas pelos bancos centrais de muitos países: China, Rússia, e outros países dos BRICS, ou candidatos; mas também muitos países ditos «ocidentais» têm feito compras avultadas de ouro.
A particularidade do ouro, se visto do ângulo de matéria-prima, é que existe uma enorme reserva deste metal acima da superfície, armazenado não apenas em bancos centrais, como em cofres-fortes de instituições e de particulares. Pelo contrário, o ouro que está nas minas, em condições de ser extraído (cujas operações de mineração têm rentabilidade), é cada vez menor. Outra particularidade, é que a sua utilização industrial e na ourivesaria (joias e outros objetos em ouro) é em muito menor percentagem, do que o ouro que se destina a ser armazenado. Estas particularidades, devem-se ao facto do ouro ser considerado o metal precioso mais apropriado para servir como reserva de valor.
As pessoas estão habituadas a contabilizar o valor das matérias-primas em dólares, mas fariam melhor em converter a divisa fiat (como o dólar ou outra) em gramas, ou onças de ouro.  No intervalo de tempo de 1971 até hoje, dólar perdeu cerca de 98% do seu valor em relação ao ouro. Como se pode ver no gráfico abaixo, houve grandes oscilações do preço do crude em dólares. Porém, também foi necessário cada vez mais dólares, ao longo do tempo(1), para comprar o mesmo barril de petróleo. Porém, o valor desse barril medido em gramas de ouro quase não mexeu nos últimos 50 anos.


Os outros metais preciosos - a prata, a platina, o paládio - têm uma utilização industrial muito maior que o ouro. Por exemplo, hoje em dia, a prata transacionada no mercado destina-se, em cerca de 50%, ao armazenamento em cofres-fortes («metal monetário»); sendo a outra metade, utilizada em muitas e diversas aplicações: Painéis solares, medicina, eletrónica, etc.
Provavelmente, quaisquer que sejam as transformações que ocorram no sistema monetário, os bancos centrais saberão o que fazer para inspirar confiança nas suas respetivas divisas nacionais: O ouro pode continuar a ser um metal monetário, armazenado nos bancos centrais, conferindo a garantia do valor das divisas emitidas pelos mesmos bancos centrais. Habitualmente, diz-se que neste caso, uma divisa está adossada ao ouro. Isto é diferente de voltar a haver, como no Séc. XIX e anteriormente, um «padrão-ouro». Nesse tempo havia conversão automática e fixa de certa quantidade de ouro, numa certa quantidade de divisa em papel (e vice-versa).

Dentro da imperfeição das coisas humanas, talvez o melhor sistema monetário fosse um sistema ancorado em necessidades universais, ou seja, coisas que têm importância fundamental em qualquer ponto do Planeta. Estou a pensar em formas de energia.
Todas as formas de energia utilizáveis (o petróleo, a eletricidade, seja ela gerada por central hidroelétrica, por «renováveis», por central a carvão ou por central nuclear) na indústria e nos lares, etc. serviriam. Estas energias servem para produzir trabalho, no sentido geral de uma transformação material.
De facto, isso seria o mais natural, enquanto base para assentar a moeda universal de referência. Não seria a moeda de um país, não estaria baseada na força política, militar ou industrial de uma potência (ou de várias), seria uma equivalência simples e fixa entre uma unidade de energia e o valor monetário respetivoSe, por exemplo, o Joule fosse a unidade de energia a que a moeda universal estava ligada, haveria uma equivalência simples:

1 unidade monetária = 1 Joule ;
ou
1 unidade monetária = 1000 Joule.

Todas as unidades de energia são convertíveis umas nas outras, mas seria mais fácil que a moeda universal estivesse ligada à unidade do sistema S.I.

A energia consumida sobre a energia total disponível, daria a medida correta do dispêndio de um país, de uma cidade, de uma indústria, etc. A noção de conservação energética levaria a que se efetuasse cada trabalho com o menor gasto possível de energia.
A conversão de quantidades de energia em unidades monetárias seria direta. O trabalho humano seria facilmente calculável, na base da energia que o trabalhador precisaria, não só para o trabalho, como para todos os outros aspetos da sua vida (família incluída). Isto não evitaria nem injustiças sociais, nem a exploração. Seria apenas uma ligação estreita e automática do que chamamos «dinheiro», à quantidade equivalente de energia. Iria tornar mais patente a quantidade de energia fornecida pelo trabalho individual e coletivo.
A energia conservada num trabalho de qualquer tipo e o consumo da energia (pelos humanos e por máquinas) nessa obra, seria um critério objetivo de avaliação. Claro que existem muitos outros critérios pelos quais se pode e deve avaliar, mas a eficiência energética do processo é importante; ela iria tornar-se mais visível.
Nesta mudança, haveria um grupo de indivíduos que ficaria a perder: refiro-me aos especuladores. Estes, jogam com variações bruscas nos diferentes mercados, para comprar por preço artificialmente embaratecido, ou vender por preço inflacionado, quando existem ondas de pânico no grande público. 
Os preços da energia, nas suas diferentes formas, teriam muito mais estabilidade. Isso seria afinal o melhor para toda a sociedade. A estabilidade dos preços dos produtos é um importante objetivo. Ora, os produtos mais diversos precisam de energia para serem fabricados e  transportados. 
Sabemos como as crises petrolíferas são causadoras de graves ruturas na produção e causam uma séria agitação e revolta nas pessoas. Pois a adoção do padrão de energia, ou o equivalente monetário da mesma, iria tornar muito menos suscetível que o mercado da energia, ao nível global ou regional, fosse seriamente perturbado.  
Para fundamentar esta afirmação, basta ver, em pormenor, o que se passou desde 1971, há pouco mais de meio século, com o preço do petróleo em dólares e em onças de ouro (consulte o gráfico acima). 
Nessa altura, os dólares deixaram de estar acoplados ao ouro através da relação: 1 onça de ouro/35 dólares. Tendo disparado a impressão monetária a partir dessa altura, os dólares tinham necessariamente de entrar numa espiral de desvalorização (2). 
Pelo contrário, o ouro manteve aproximadamente a mesma relação com o barril de petróleo, ao longo de mais de 50 anos. Como foi isso possível? 
O ouro, tal como o petróleo, é um produto da Natureza, existe em quantidades finitas. Não se pode fabricar. Mesmo que cientistas inventassem um processo para realizar o que os alquimistas supostamente faziam, "transmutar chumbo em ouro": Este processo, com certeza, seria muito mais dispendioso do que a simples mineração do ouro. 
Repare-se que, tal como o ouro, o petróleo é um recurso finito. Existe muito petróleo mas, ou ele está em locais de difícil acesso, cujo custo de extração é proibitivo, ou situa-se em zonas mais acessíveis, mas a quantidade que daí se pode extrair é demasiado pequena para rentabilizar os custos de foragem e de exploração. O restante, é o petróleo explorável: Aquele que satisfaz tanto as exigências técnicas, como económicas, para tal. É apenas uma fração do petróleo total. 
Note-se que o sistema monetário que proponho não está indexado ao petróleo, mas a todas as formas de energia exploráveis, como referi acima. O dinheiro, na forma como o concebo, deve legitimamente ser visto como «a forma de expressar a titularidade de uma certa quantidade de energia».   
Neste Mundo, apesar de tudo, continuariam os conflitos e as injustiças, eu sei. Mas, eu não estou a propor uma «panaceia», uma solução mágica para os males do Planeta! Como disse atrás, estou convencido que a nova unidade-padrão de valor iria permitir uma maior lucidez e racionalidade nas escolhas das pessoas, das empresas e dos Estados.
  As nações que souberem salvaguardar e utilizar os seus recursos de maneira sábia, poderão melhorar em todos os campos: Os recursos humanos e os recursos energéticos, devem estar na primeira linha das preocupações da cidadania e de um governo competente.
Talvez demorasse duas ou três gerações, até as pessoas mudarem seus comportamentos, mas tal acabaria por acontecer: Já não estariam tão ansiosas por acumular; teriam maior capacidade em gerir suas vidas, suas economias, suas despesas. Teriam também maior facilidade em avaliar os projetos ou os programas, que os políticos lhes apresentassem.

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(1) Poucas pessoas compreendem que a inflação é sempre um fenómeno monetário. Isto é: quando a entidade emissora da moeda (banco central, em consonância com o governo) aumenta a quantidade de dinheiro em circulação, existe inflação. 
A inflação é - também - um «imposto» e o mais injusto dos impostos. Proporcionalmente, os pobres sofrem muito mais do que os ricos. Em situações de elevada inflação, os preços dos alimentos são os que mais sobem. Mas, para os ricos, a alimentação é apenas uma fração pequena das despesas; para os pobres, é a despesa quase exclusiva, ou a mais importante.

 (2)*A cotação do ouro mais frequente é em dólares por onça de ouro. Atualmente (05-09-24), esta cotação ronda os 2510 dólares US/ onça de ouro (cerca de 72 vezes a cotação no início de 1971). 




domingo, 2 de junho de 2024

ASCENÇÃO ECONÓMICA DA CHINA E OS DESENVOLVIMENTOS DOS BRICS


 O professor Warwick Powell é entrevistado por Lena Petrova.

Se tivesse de escolher a entrevista mais esclarecedora sobre a China e o seu papel na nova arquitetura internacional durante estes últimos tempos, esta seria provavelmente entrevista acima, a escolhida. 

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

PSICOLOGIA DO DINHEIRO

Tenho refletido sobre as relações entre as coisas reais e as simbólicas, nomeadamente, o dinheiro. Nas sociedades humanas, a partir de certa altura, o dinheiro começou a ter uma importância maior do que eu chamo as relações reais. Não consigo situar rigorosamente na História, talvez seja muito diferente a cronologia de civilização para civilização, mas o facto é que hoje em dia existe uma «crença religiosa», uma extensa adoração fetichista do dinheiro, é transversal a culturas, a civilizações e a outras crenças.

Se nós estamos tão dependentes de pensar tudo em termos de um mero meio de troca, isso deve-se ao facto de sermos quase todos reféns (salvo os caçadores-recolectores que sobrevivem em locais remotos). Reféns de uma civilização mundializada, que coloca em primeiro lugar e como suprema «virtude», possuir e adquirir dinheiro.

Não sou especialista de ficção-científica, ao ponto de saber se algum autor terá construído uma história de uma civilização baseada numa organização sem dinheiro, sem que a unidade de troca seja o objeto supremo de adoração e a razão de ser de praticamente tudo. Admito que sim. Pessoalmente, a minha observação atenta da vida animal (e da biologia, em geral), levou-me a privilegiar o balanço energético, ou seja, o rendimento entre a energia despendida sobre a energia adquirida, como um critério de primeiro plano, para a tomada de decisão.

As células, os organismos, as sociedades e os ecossistemas estão todos sujeitos às Leis da Termodinâmica. Os seus constrangimentos são tais, que ninguém escapa: Alguém, ao ignorar ou ao deixar de agir em função desse simples cálculo implícito, realizado pelos seres vivos, esse alguém está a condenar-se a uma perda de eficiência, no mínimo e isso pode ir até à perda da própria vida.

Somente a espécie humana parece mostrar, em certos  casos, completa ignorância desta realidade física fundamental. A maior parte das desgraças, a um nível coletivo ou individual, estão relacionadas diretamente com essa ignorância.

O enorme esquema fraudulento que dá pelo nome impreciso de «Alterações Climáticas», não é mais do que a utilização do domínio da energia em benefício de uma elite. Ela nem o disfarça de forma muito eficaz, quando se desloca em jets privados às conferências «climáticas».

Não pensem que a «elite» do dinheiro seja muito astuta, muito esperta, muito inteligente. Ela apenas tem ao seu serviço alguns especialistas em manipulação, tais como psicólogos, sociólogos, antropólogos, especialistas em publicidade, que lhes fabricam narrativas adequadas para manter os povos debaixo de um domínio mental, condicionados pelo medo, pelas narrativas catastrofistas, pela ocultação de certos factos e pela distorção de outros, resultando daí uma imagem completamente falsa do real.

A bolha imaginária envolve os indivíduos; tudo tem de passar-se dentro desta bolha, em termos sociais, como se isso fosse a realidade. Uma Matrix, na sociedade do século XXI, manipulável por aqueles que detêm o controle das narrativas e dos meios de persuasão. Não pensem que estes são limitados, eles vão desde a guerra e seus horríveis efeitos, às mais diversas manifestações de futilidade, que enchem as televisões e as redes sociais.

O investir esse símbolo - o dinheiro - de virtudes mágicas, permite ocultar a manipulação pelas elites. Elas controlam praticamente tudo o que é importante, na vida das sociedades: processos produtivos, meios de coerção dos Estados, mecanismos de remuneração e de distribuição. Ao fazê-lo, tornam opacos os muitos mecanismos pelos quais são desviados esses tais meios: Essencialmente, os produtos da sociedade no seu conjunto, transformados em meios pessoais de poder.

Essa elite constitui a casta depredadora, por excelência: não tem como critério senão a conservação do poder, ou a sua aumentação. Pode haver depredação ecológica, pode haver esgotamento de recursos naturais, extinção de espécies e de ecossistemas etc. Mas, a responsabilidade é sempre atirada para a «civilização», para a «sociedade», a «natureza humana». No entanto, é simplesmente resultado do processo de apropriação dos bens coletivos, da privatização de tudo o que é de todos, da Natureza à cultura, em proveito de uma pequeníssima minoria.


O dinheiro tornou-se «totem e tabu» desta civilização, erigido em justificação máxima, em explicação e em razão última para tudo. Mas, isto - obviamente - é deliberado; não é espontâneo; é conseguido pelo condicionamento constante de todos nós.
Se quisermos continuar a ser escravizados, podemos manter a nossa dependência patológica a essa visão mecanicista, ridícula, como muito bem caracterizou B. Brecht num poema,* inserido numa das suas peças de teatro:
«não sei o que é um homem, só sei o seu preço»

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(*)CANÇÃO DO MERCADOR

(letra de B. Brecht; trad. 1974)


Há arroz lá no fundo ao pé do rio

Nas províncias altas as gentes precisam de arroz

Se guardamos o arroz em armazém

O arroz irá tornar-se mais caro para eles

E os revendedores terão ainda menos arroz

Então poderei comprar o arroz ainda mais barato

O que é afinal o arroz?

Sei lá, sei lá o que é!

Sei lá quem o sabe!

Não sei o que é um grão de arroz

Só sei o seu preço


O Inverno chega, as pessoas precisam de agasalhos

É preciso comprar algodão

E não o distribuir

Quando chega o frio os agasalhos aumentam de preço

As fiações de algodão

Pagam salários mais altos

Aliás há algodão em excesso

Em boa verdade o que é o algodão?

Algodão, sei lá o que é!

Sei lá quem o sabe!

Não sei o que é o algodão

Só sei o seu preço


Ora o homem precisa de comer

E o homem torna-se mais caro

Para obter alimento são precisos homens

Os cozinheiros tornam a comida mais barata

Mas aqueles que a comem tornam-na mais cara

Aliás há muito poucos homens

O que é então um homem?

O homem, sei lá o que possa ser!

Sei lá quem o sabe!

Não sei o que é um homem

Só sei o seu preço




quinta-feira, 12 de outubro de 2023

CRÓNICA (Nº17) DA IIIª GUERRA MUNDIAL: QUALQUER QUE SEJA O SEU RESULTADO ...

 ... NO IMEDIATO, O SISTEMA ECONÓMICO E FINANCEIRO MUNDIAL irá sofrer um grande abalo; o «Cisne Negro» tão falado. 

Embora a situação estivesse a ser incubada desde há alguns anos, com a deriva direitista e fundamentalista do governo de Israel, «punindo» os árabes, fazendo incursões constantes na esplanada das mesquitas, em Jerusalém, incluindo no interior da mais importante, a mesquita de Al-Aqsa

O propósito dos sionistas é (desde o princípio da proclamação do Estado de Israel e mesmo antes) expulsar o máximo de árabes, de forma a que o território da Palestina seja exclusivamente povoado por judeus. Este é o seu objetivo declarado. Porém, o mundo árabe está cada vez mais saturado da arrogância do Estado de Israel e compreende que as nações árabes estão em vantagem, se houver unidade entre elas. Mas, quanto às consequências desta guerra, qualquer que seja o seu desfecho, sempre trágico para as vítimas civis palestinianas e israelitas, estas são totalmente previsíveis:

- Uma subida do preço internacional do petróleo

- O acentuar da fratura do mundo em dois blocos assimétricos: o chamado Ocidente, ainda com a maioria do capital financeiro, mas com uma minoria populacional; e os países do Sul, cada vez mais próximos dos BRICS e do eixo Moscovo-Pequim- Teerão    

          

- Um acentuar da inflação alimentar, sobretudo no Terceiro Mundo, e sua maior dependência das exportações de cereais da Rússia. Um aprofundar das relações recíprocas dos países dos BRICS+ e dos países candidatos, ou com boas relações com aqueles.

- A venda, em maior quantidade, de bonds do Tesouro dos EUA, que funcionam como a forma habitual de armazenamento dos dólares, pelos diversos países (a chamada de-dolarização). Estes bonds acabam por ser adquiridos pelo próprio Tesouro dos EUA e/ou pelo Banco central, a Fed, chegando-se rapidamente a uma situação como no Japão; o banco central japonês é o único comprador de bonds do governo. 

A inflação também vai ser maior nos EUA (e restantes países da OTAN). A capacidade dos EUA exportarem a inflação, como o fizeram até agora, vai estar diminuída.

- Vai haver aceleração das trocas comerciais entre países, não usando o dólar. Até agora estavam estes intercâmbios limitados aos países dos BRICS e a outros, sujeitos a sanções brutais pelos EUA. Agora, vai haver muito mais trocas comerciais usando as divisas dos países respetivos e os défices na balança de transações serão compensados por transferências de ouro.

- A crise será mundial e múltipla (económica, financeira, monetária, política e social): Nenhum país ou conjunto de países, sairá vencedor. No entanto, os países que têm algo de sólido a oferecer, como matérias-primas ou produtos industriais, vão sofrer relativamente menos do que os que se financeirizaram, ao longo dos últimos 30 a 40 anos. Estes (EUA, Europa ocidental) já não são viáveis sem a drenagem constante de energia, matérias-primas e força de trabalho dos países do Terceiro Mundo. 

-Se não houver escalada nesta guerra,  que desembocaria fatalmente no uso de armamento nuclear numa fase ou noutra da mesma, o Mundo irá transitar para nova configuração geopolítica, a multipolaridade, o que não significa igualdade entre as nações, mas abre a possibilidade dos mais fracos jogarem com várias hipóteses de alianças.


quinta-feira, 6 de julho de 2023

PRIGOZHIN E A SECUNDARIZAÇÃO DA EUROPA por Alastair Crooke

   Prigozhin gosta de se exibir de camuflado embora nunca tenha sido militar!


O artigo abaixo, de Alastair Crooke vale a pena ser lido na íntegra:

 https://strategic-culture.org/news/2023/07/03/prigozhin-and-the-diminishment-of-europe/

Traduzi algumas frases em português, abaixo, para dar aos leitores uma ideia do seu conteúdo. Porém, tem muito mais reflexões interessantes:

A Europa, em resumo, colocou-se a si própria como vassala – uma vassala voluntária e submissa. Quando a UE seguiu os EUA e adotou as sanções contra a Rússia, os líderes da UE anteciparam um rápido colapso financeiro da Rússia. Estavam enganados. Quando a UE - sem cuidar dos seus interesses próprios - negou a si mesma a compra de combustíveis russos, calcularam que a Rússia não conseguiria aguentar-se economicamente - na ausência do mercado da UE - e que iria capitular rapidamente. Estavam enganados. Quando a OTAN lançou a guerra sobre a Rússia (via Ucrânia), a UE esperava a rápida derrota das forças russas e das milícias do Don. Estavam enganados. Quando Prigozhin desencadeou a sua 'insurreição', os líderes da UE esperaram ansiosos que se seguisse uma imediata guerra civil. De novo, estavam enganados.

Agora, a UE encontra-se arramada a sanções, sem fim à vista, contra a Rússia (e com sanções contra a China a seguir); um subsídio eterno a Kiev; um eterno ciclo da militarismo da OTAN; e uma economia em vias de desindustrialização, elevados custos energéticos e dificuldades de abastecimento. 

sábado, 8 de abril de 2023

QUE ESCOLHAS TEM A EUROPA? MUNDO MULTIPOLAR É DO INTERESSE DA EUROPA


      Eurodeputada CLARE DALY:


https://www.youtube.com/watch?v=F5tZ9HS387k


Comentário de MB:

A Europa já não é - há muito tempo - sede de grandes impérios coloniais. O seu papel como potência autónoma desapareceu, progressivamente, após a IIª Guerra Mundial, sendo englobada (na sua maioria), dentro duma aliança militar, política e económica com os EUA, a nova potência hegemónica. 
Esta aliança, a OTAN, era dirigida contra a URSS e países do Pacto de Varsóvia. Com o desaparecimento de qualquer ameaça credível ou verosímil, vinda de leste, a partir dos anos 1990, a Europa tornou-se ainda mais refém dos interesses dos EUA. 

Hoje em dia, a escolha realista é entre:
- Submissão a um império decadente, que nos impõe a sua vontade, desde a guerra na Ucrânia, sanções causadoras de estrangulamento do acesso a matérias-primas e a  energia barata, até à ameaça de atrair as indústrias europeias para os EUA;
- A independência, de forma a que os países europeus possam escolher, com os outros blocos e nações, quais as parcerias que forem mais interessantes, sem pretender fazê-lo contra seja quem for. 
Ou seja, a solução inteligente consiste num jogo de múltiplos parceiros, sem dominância absoluta (hegemónica) de nenhum deles. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

CRÓNICA (Nº11) DA III GUERRA MUNDIAL: EUROPA NA ENCRUZILHADA



 Ao Imperador do Ocidente e à sua corte americana, só lhes interessa uma Europa submissa. Têm um conjunto de vassalos, os quais têm de vigiar e manter alinhados, nessa «prisão dos povos» que se designa por OTAN. 

A perversidade da classe dirigente dos EUA pode ser ilustrada pelas medidas que tomaram para reerguer a indústria americana: Os planos implicam claramente tornar a indústria europeia não-competitiva, proibindo-a de comerciar com a Rússia, obrigando-a a fazer a (súbita) reconversão para uma economia de guerra, a suportar todo o esforço humanitário desde quase há um ano, a enorme vaga de refugiados, para os quais não há possibilidade real de integração, e cuja permanência nos países da Europa Ocidental se prevê não seja transitória, perante uma Ucrânia em ruínas, despovoada e falida. 

Para completar o quadro, os europeus estão destinados a comprar petróleo e gás ao preço de mercado, enquanto outros países, competidores industriais (China, Índia e outros participantes nas Novas Rotas da Seda) têm o fornecimento garantido pela Rússia, pelo Irão e pela Venezuela, com um grande desconto (30% abaixo do preço de mercado), da energia de que necessitam. 

A Europa vai encontrar-se, a breve trecho, sem capacidade de competição industrial: não só no que toca à energia, também na ausência de acesso a matérias-primas industriais. Além disso, cada vez mais com uma população envelhecida e onde os trabalhos mais duros mas indispensáveis, têm sido feitos graças a sucessivas ondas de trabalhadores imigrantes.  

Os países europeus ocidentais ficam destinados a serem como uma espécie de «museu vivo» com «parques temáticos» dos séculos passados. O turismo e atividades conexas serão fonte de emprego (direto ou indireto) para dois terços da população. O restante terço da população ativa, será «convidado» a emigrar ou integrará o aparato repressivo (polícia, exército, vigilância). 

Note-se que nos EUA se sabe quando o reino da abundância do petróleo/gás de xisto chega ao fim. Quando estiverem perto desse ponto, o governo dos EUA irá garantir que o consumo interno tenha a prioridade. Os europeus, que se forneçam de gás e petróleo noutro sítio! 

Provavelmente, serão fortemente pressionados a abrir poços nas regiões xistosas europeias, para daí extraírem petróleo e gás. Ou então, vão tentar funcionar à base de energias «renováveis», ou seja, intermitentes. «Fantástico», dirão os «ecologistas da treta» mas - entretanto - a Europa reverteu a um modo de vida «medievo»: Isso não prejudica o «realismo» das  «Euro- Disney» que se irão multiplicar como cogumelos. 

É tudo uma questão de opção: ou os europeus, como carneiros, vão seguir a classe política narcísica, que prefere enterrar os seus povos num futuro de subdesenvolvimento e dependência,  ou  abrem os olhos, deixam de ficar hipnotizados, cheios de medo e sacodem o jugo.

O futuro está em aberto: Se as pessoas quiserem, podem inviabilizar o cenário acima traçado. Ainda vão a tempo. Mas, têm de abandonar as ilusões da viciosa propaganda dos governos, dos partidos de poder e de toda a media corporativa, que mantêm os povos numa espécie de estado infantil.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

ENTREVISTA COM O PROF. MICHAEL HUDSON (PARTE II)

(continuação da PARTE I do artigo)

(6.) Tenho lido muitos relatórios sobre o contexto das sanções contra a Rússia. Parece que as sanções fazem cada vez mais estragos, porque eles não conseguem produzir todos os produtos - em especial - os tecnológicos, sozinhos. Por outro lado, a Rússia tem agora negócios e compradores mais estáveis, com a China e a Índia.
Qual o efeito real das sanções, segundo a sua análise?

MH: As sanções dos EUA acabaram por ser um inesperado presente dos Céus para a Rússia. Na agricultura, por exemplo, as sanções proibindo as exportações de laticínios da Lituânia e dos outros países bálticos, provocou o florescimento da indústria de laticínios russa. Agora, a Rússia é o maior exportador de cereais, graças às sanções ocidentais, que têm um efeito muito semelhante às tarifas protetoras e às quotas de importação que os EUA usaram nos anos 1930, para modernizar o sector agrícola.

Se o Presidente Biden fosse secretamente um agente russo, ele dificilmente poderia ter ajudado mais a Rússia. A Rússia precisava de isolamento económico, mas estava demasiado comprometida com a política neoliberal, contrária ao protecionismo, para o fazer de sua própria vontade. Assim, os EUA fizeram-no por ela.
As sanções forçam os países a ser mais autossuficientes, pelo menos, nos produtos básicos, tais como os setores alimentar e da energia. Esta autossuficiência é a melhor proteção contra a desestabilização económica dos EUA, que - deste modo - conseguem forçar uma mudança de regime e aceitar a submissão.
Um efeito é que a Rússia vai precisar de comprar muito menos à Europa, mesmo depois de ter terminado o conflito na Ucrânia. Portanto, será necessário menos exportação de matérias-primas da Rússia para a Europa. Pode trabalhá-las ela própria. O coração industrial da Europa pode acabar por ir parar mais à Rússia e seus aliados asiáticos, do que aos EUA.
Isto é o resultado irónico da Nova Cortina de Ferro da OTAN.


(7.) Como descreveria a China, a Rússia e a Índia: Vê nelas capitalismo industrial ou socialismo?

MH: RIC sempre foi o coração dos BRICS, agora muito alargados pela inclusão do Irão e de vários países da Ásia Central, por onde passam as vias das Novas Rotas da Seda. O objetivo é que os países da Eurásia não estejam dependentes da Europa ou da América do Norte.

O ex-Secretário da Defesa Donald Rumsfeld referiu-se várias vezes à “Velha Europa”, como sendo uma zona a definhar, próxima da morte. Não se inteirou dos planos europeus de há um século atrás, de evoluir para uma economia crescentemente socializada, que sustente níveis de vida crescente e crescente produtividade do trabalho, da ciência e da indústria. A Europa, não só rejeitou o marxismo, como a própria base da análise marxista, ou seja, os economistas clássicos Adam Smith, John Stuart Mill e seus contemporâneos. Este, foi o caminho seguido na Eurásia, enquanto o liberalismo antigovernamental das escolas Austríaca e de Chicago destruíram a economia dos países da OTAN por dentro.

Visto que o foco da liderança industrial e tecnológica se está a deslocar para o leste, o investimento europeu e o trabalho vão, provavelmente, seguir o mesmo rumo.
Os países euroasiáticos continuarão a visitar a Europa como turistas, tal como os americanos, que gostam de visitar a Inglaterra, como se fosse um parque temático da nobreza pós feudal, com guardas do palácio real e outras distantes tradições do tempo dos cavaleiros e dragões. Os países europeus serão mais parecidos com a Jamaica e o Caribe, com o setor da hospitalidade tornando-se um dos principais vetores de crescimento, com empregados franceses ou alemães, vestidos com roupa "hollywoodesca". Os museus irão ser um negócio florescente, à imagem da Europa, que se transforma, ela própria, num tipo de museu da sociedade pós industrial .

(8.) Recentemente, houve o colapso e bancarrota da plataforma de cripto-moedas, FXT. A gestão desta companhia parece ser altamente criminosa. Como avalia isto?


MH: O crime é aquilo que fez o setor cripto crescer no passado recente. Os investidores compravam cripto-divisas porque são um veículo para as fortunas obtidas com o tráfico de drogas, de armas, de outra criminalidade e da evasão fiscal. Estes são os grandes setores de crescimento, na era pós industrial, nas economias ocidentais.

As pirâmides de Ponzi são, por vezes, bons veículos de investimento no seu estádio de arranque, no estádio de «bombear e despejar». Era inevitável que os criminosos não usassem somente as cripto-divisas para transferências de fundos, mas realizassem eles próprios as suas divisas, «livres da regulação opressora» do governo. Os criminosos são os mais coerentes discípulos, entre os adeptos da Escola de Chicago do livre-mercado.

Qualquer um pode criar a sua própria cripto-divisa, tal como nos EUA da época do Oeste selvagem, os bancos faziam isso em meados do século 19: Imprimiam a contento as suas divisas. Quando se entrava em lojas, no início do século 20, estas ainda mantinham as listas de cotações das várias notas de banco. As notas com um desenho mais bonito, eram tendencialmente as com maior sucesso.

(9.) Tem algum conhecimento das relações de FTX com a Ucrânia, com o governo de Kyiv? Existem algumas conversas e artigos, na media alternativa sobre isto?

MH: O FMI e o Congresso pagaram largas somas ao governo da Ucrânia e seus cleptocratas entronados. Houve notícias de imprensa sobre uma grande fatia desse dinheiro que foi devolvida à FTX, que se tinha tornado o segundo maior financiador do Partido Democrático (atrás de George Soros o qual, diz-se, anda a tentar adquirir ativos ucranianos). Então um fluxo circular parece ter operado: O Congresso vota os fundos para a Ucrânia, que põe parte desse dinheiro na plataforma cripto FTX, para pagar a campanha para reeleição de políticos favoráveis ao regime ucraniano.


(10.) Há uns meses houve artigos na imprensa dos EUA sobre os planos da FED: Estão a planificar estabelecer o dólar digital, a Divisa Digital de Banco Central (sigla em inglês: CBDC). Na Europa também, a Sra. Lagarde e o ministro alemão para as finanças, Lindner, falaram sobre a introdução do Euro digital.
Aqui, na Alemanha, alguns especialistas críticos têm avisado que isto apenas irá permitir uma total vigilância sobre a população e clientes. O que pensa sobre as divisas digitais?

MH: Não é o meu departamento. Todas as operações bancárias são eletrónicas, portanto, o que significa «digital»? Para os libertários, isto significaria não haver vigilância governamental, mas, se estiver nas mãos do governo, este manterá registo de tudo o que alguém gasta.

(11.) Qual a sua opinião sobre as presentes subidas ou descidas do Dólar US, do Euro, da Libra britânica, do ouro e da prata?

MH: O dólar vai continuar a ser procurado, devido ao facto de ter colocado a Eurozona na sua dependência. A libra britânica tem poucas possibilidades de sustentação, há escassos motivos para que estrangeiros queiram investir nela. O euro é a divisa «júnior», um satélite do dólar.

Sem dólares ou outras divisas nas suas reservas monetárias, os governos vão continuar a aumentar a proporção de reservas em ouro nos bancos centrais, porque o ouro não tem dívida associada a ele. Portanto, o governo dos EUA simplesmente roubou o ouro russo. Analogamente, os países da Eurozona fizeram o mesmo em relação às contas em divisas do Banco Central da Rússia. Não se pode confiar que países da Eurozona não sigam as ordens dos EUA, de tomarem as divisas de um Banco Central estrangeiro, portanto, tais depósitos serão evitados.

Como a taxa de câmbio do euro desce em relação ao dólar, o investimento estrangeiro irá diminuir porque os investidores não vão querer investir (1) num mercado em retração e (2) em companhias com sede na Eurozona, pagas em euros, que vale cada vez menos em dólares, ou noutras moedas sólidas.
É óbvio que o ouro do banco central deve ser guardado no próprio país, para não ser roubado, como foi o ouro da Venezuela. Foi o que fez o Bank of England (banco central do Reino-Unido), que tomou esse ouro e entregou-o a um direitista e fantoche ao serviço dos EUA. A Alemanha faria bem em acelerar o repatriamento do seu ouro, guardado nos EUA em cofres da «U.S. Federal Reserve Bank» de Nova Iorque.

(12.) Qual é a sua análise presente das crises financeira e energética no Mundo?

MH: Não tanto uma verdadeira crise como um «crash» em câmara lenta. O aumento dos preços beneficiou as exportações dos EUA: petróleo, alimentos e tecnologias informáticas (IT) monopolistas. Com o custo de vida a aumentar mais depressa para os consumidores, do que os aumentos de salários, haverá então um apertar do cinto para a maioria das famílias. A classe média irá descobrir que realmente é - ao fim e ao cabo - uma classe assalariada e irá mergulhar mais fundo na dívida, em especial, se tentar proteger-se tomando uma hipoteca para comprar sua casa.

Tenho estudado os séculos 11 e 12, para a minha "História da Dívida" e descobri uma história que pode ter relevância para as questões que coloca. A OTAN continua a declarar que é uma aliança defensiva. Mas a Rússia não tem qualquer desejo de invadir a Europa. O motivo é óbvio: Não existe qualquer exército capaz de invadir um país dos maiores. Mais importante ainda, a Rússia não tem sequer um motivo para destruir a Europa, enquanto sua adversária e fantoche às ordens dos EUA. A Europa já está a se autodestruir.

Recordo a batalha de Manzikert em 1071, quando o Império Bizantino perdeu contra os Turcos Seljuk (em grande parte, porque o general  do qual o imperador dependia, Andronikos Doukas, desertou e depôs o Imperador). A cruzada dos reis, um suplemento de jogo, cobre a batalha de forma extensa e declara como tendo tido lugar o diálogo seguinte, entre Arslan e Romanos:

Alp Arslan: “O farias se eu fosse trazido à tua presença como prisioneiro?”

Romanos: “Talvez eu te executasse ou te exibisse nas ruas de Constantinopla.”

Alp Arslan: “A minha punição será muito mais pesada. Eu perdoo-te e deixo-te em liberdade.”

Este é o castigo que a Europa irá receber da Eurásia. Os  líderes europeus fizeram sua escolha: serem satélites dos EUA.


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Esta tradução por MB, foi feita a partir do texto no link seguinte:

sábado, 3 de dezembro de 2022

GENOCÍDIO E ECOCÍDIO PODEM TER COR VERDE !

Authored by J.Kim via the skwealthacademy substack newsletter

[Abaixo, um excerto de artigo de J. Kim, um autor que eu muito prezo, porque suas opiniões não são enviesadas por interesses escondidos]

« Depreende-se que a corrida para aumentar a proporção de fontes de energia ditas «alternativas» mas que - na realidade - são extremamente pouco eficazes, revela que os responsáveis por estas políticas têm uma agenda escondida de aumento estratosférico dos custos energéticos. Analisando o quadro abaixo (1), é claro que a energia solar tem menos de 27% da capacidade da energia nuclear e que a energia eólica possui menos de 40% da capacidade do nuclear. 

Mas, o que é a capacidade? A capacidade é o desempenho operacional por unidade de tempo de uma fonte energética. Assim, se o nuclear pode produzir cerca de 3 x a capacidade do solar, e 2.6 x a capacidade das eólicas, então é claro que estas soluções ditas «verdes», são muito ineficazes em comparação com o nuclear. 

Qualquer política que promova estas soluções ditas «verdes» (solar e eólica) sobre  o nuclear está, na realidade, a promover massivamente a ineficiência nas fontes de energia dessa nação. »


(1) Quadro dos fatores de capacidade das fontes de energia (dados de 2020)



Acresce que as «pegadas ecológicas», tanto dos painéis solares fotovoltaicos, como das instalações eólicas, são muito grandes. Isso é escondido em análises enviesadas, que só avaliam a operação destas instalações, não tendo em conta a degradação ambiental que ocorre, tanto pelas atividades de mineração para a manufatura desses equipamentos, como pela não existência de recuperação economicamente rentável dos mesmos, quando atingem a obsolescência, ficando eternamente sob forma de lixo tóxico.  O nome de «energias renováveis», dados a sistemas de produção de energia a partir de fonte eólica ou solar, é intencionalmente enganador.


sábado, 8 de outubro de 2022

A CRISE FINANCEIRA MUNDIAL JÁ COMEÇOU

Matthew Piepenburg e Egon von Greyerz 



A indiferença com que muitas pessoas , aparentemente, reagem a esta situação inédita nas suas vidas, deixa-me de boca aberta.  
- O que induzirá esta atitude, quando a crise já está a bater em pleno? 
- Tenho notado que na media «mainstream» quando analistas hipócritas falam da crise financeira, descrevem-na como algo no "futuro", como uma probabilidade. Assim, muitas pessoas vão perpetuando  seus comportamentos de antes da crise. Outras, que se julgam muito espertas, aproveitam-se da descida das bolsas, para investirem suas poupanças no casino globalista. Quanto aos falsos analistas, estes não deixam de «fazer o frete» aos seus patrões, aos que provocaram e tiram partido do colapso. O que eles, os globalistas, chamam uma oportunidade, para nós é uma descida aos infernos.  
Oiçam o diálogo acima e tirem as vossas conclusões.

 

terça-feira, 27 de setembro de 2022

NORDSTREAM I & II FORAM SABOTADOS [GONZALO LIRA]

Os gasodutos Nord Stream I & II partiam da Rússia e encaminhavam o gás natural russo, via Báltico, para a Alemanha. Eles tinham o potencial de fornecer gás à indústria e às famílias nos países europeus, caso fossem reativados. Foram recentemente ambos sujeitos a sabotagem. Os gasodutos passavam a grande profundidade no Báltico; só por submarino seriam alcançáveis.  
Gonzalo Lira tira as conclusões lógicas. Só os americanos tinham os meios e as motivações para fazer isto. Se ele tem razão, isto confirma que os EUA querem manter apertado o garrote energético na Europa, para esta ser a obediente súbdita do Império. 
Veja o vídeo:


 

PS1: Este mapa foi retirado da notícia seguinte:
Segundo B. do blog «Moon of Alabama», o mais provável terá sido uma sabotagem polaca com o aval dos americanos. Este mapa mostra como os locais de sabotagens estavam perto das águas territoriais polacas.


Neste artigo Pepe Escobar esclarece tudo: Who profits from Pipeline Terror

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

ESTRUTURA DEFEITUOSA DO EURO E COLAPSO DA ECONOMIA EUROPEIA


Ao vermos esta apresentação, percebemos que a UE, com os desequilíbrios entre Estados devedores (o Sul) e credores (o Norte, a Alemanha), não está em condições de aguentar o choque da interrupção de fornecimento do gás russo.
Ao decidir cortar (a si própria) o fornecimento de gás e petróleo provenientes da Rússia, a U. E. está a fazer suicídio. Se não houver abastecimento energético suficiente, a indústria, a agricultura, os transportes e a própria sobrevivência das pessoas, ficam postos em causa.

Em complemento, pode ler-se o artigo abaixo, que relata as medidas que a Áustria e a Suécia estão a tomar, perante a crise energética na UE:

segunda-feira, 28 de março de 2022

AS COMPANHIAS RUSSAS SÓ ENTREGAM O GÁS SE RECEBEREM O PAGAMENTO EM RUBLOS



                           

O Ocidente bem pode «espernear», mas o facto é que quem detém as fontes de energia primárias, para o funcionamento destes países da Europa ocidental são os russos. Se estes quiserem ser pagos em rublos, não vejo outra alternativa SENÃO SATISFAZER ESSA EXIGÊNCIA. A não ser que os dirigentes ocidentais - intoxicados pela propaganda dos neocons - desencadeiem uma pavorosa crise energética, somada a uma recessão e uma hiperinflação. Esperemos que os dirigentes da Europa ocidental não caiam no enorme disparate de recusar pagar em rublos, quando - na verdade - não existe outra alternativa credível, pelo menos de momento.

O KREMLIN AMEAÇA CORTAR OS FORNECIMENTOS DE GÁS, NO MOMENTO EM QUE OS DIRIGENTES DO G7 CONSIDERAM INACEITÁVEL A EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO DO GÁS EM RUBLOS.


                             
             Crianças instrumentalizadas pelas milícias nazis ucranianas

Estamos agora entrados na segunda fase da IIIª Guerra Mundial, com a guerra económica a atingir o rubro, enquanto o cenário da guerra da Ucrânia é menos central. O esmagamento do exército ucraniano, na região do Donbass, onde cerca de 60 mil das melhores tropas estão cercadas e sujeitas a enorme flagelação, tem sido ocultado pela media ocidental. Tragicamente, os membros do governo de Kiev (e os que os superintendem, como Victoria Nuland), não dão ordem para estas tropas se renderem. Porém, elas não têm outra alternativa, senão de fazerem isso ou serem massacradas. Muitas mortes inúteis de soldados ucranianos poderiam ser evitadas mas, pelos vistos, para o governo fantoche de Kiev e seus mentores neocons, o que interessa é fazer uma encenação de «resistência heroica» para fins de política interna dos países da NATO.
É grotesco e estúpido, mas é aquilo ao que levam as manipulações constantes das pessoas, pela media e pelos governos, sem escrúpulos.

PS1: Enquanto Biden se exibia em Bruxelas, na ocasião dos vários encontros e cimeiras (NATO, UE, G7), discretamente assinava, com a presidente da Comissão da UE em exercício, Ursula von der Leyen, um acordo facilitando a entrega de dados de Internet de cidadãos europeus às agências dos EUA. 
Até agora, os dados de Facebook, Twitter, Google etc. dos cidadãos europeus estavam relativamente protegidos, não era automática a sua transferência para as agências americanas (NSA, etc). Mas, a partir de agora, todos os dados estarão transparentes para o aparelho de informação, vigilância e controlo do Big Brother . 
Pode ver os dados concretos no vídeo abaixo, de Alex Christoforu, em Atenas:
A partir dos minutos 7:40

PS2: Interessante conversa, que explica muito sobre a guerra económica e a realidade de um «Great Reset», que não é o desejado por Davos e as oligarquias no Ocidente.








sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

NUNCA FOI TÃO CLARO QUEM QUER A GUERRA NA EUROPA

Alexander Mercouris é um analista de geopolítica, que tem pautado suas análises pela descrição rigorosa dos movimentos no terreno, quer militares, quer diplomáticos. Tenho uma visão positiva do seu trabalho, porque graças a ele, tenho melhorado muito a minha visão dos problemas e do que realmente conta, neste mundo complicado e muitas vezes enganador das potências em concorrência e de ameaças de guerra, por vezes. 


Ora, aquilo que Mercouris diz, não podia ser mais claro. Ele corrobora a minha tese de que os americanos desencadearam toda esta crise de «ameaça» russa de invasão da Ucrânia para inviabilizar a independência energética  da Alemanha, impedindo que o gasoduto Nord Stream 2 entrasse em funcionamento. 
Os americanos não tiveram a mínima consideração pelos interesses dos próprios ucranianos, ao ponto de desprezarem e ignorarem as posições oficiais do governo e presidente da Ucrânia, de que não estaria iminente qualquer invasão russa. 
Esta posição de Washington tinha como motivação de base, reforçar a coesão dos aliados europeus da NATO, em torno das posições americanas, mas teve exatamente o efeito oposto. Vemos assim uns EUA, tentando aumentar a conflitualidade nas fronteiras da Rússia, em detrimento dos países envolvidos, sejam eles da NATO, ou candidatos, como é o caso da Ucrânia. 
Eles, como diz muito acertadamente um editorial do «oficioso» Global Times chinês, não se importam em desencadear uma guerra a milhares de quilómetros das suas fronteiras, pois isso vem servir os seus objetivos de hegemonia. Aliás, muitos cidadãos americanos não fazem ideia onde se encontra a Ucrânia e - portanto - o poder de Washington tem as mãos livres para fazer a sua política sem preocupação significativa sobre a opinião das populações americanas, as quais - certamente - seriam afetadas (talvez entre as primeiras!), caso houvesse uma guerra nuclear!

Reforça-se, portanto, a convicção de que a geopolítica mundial se tem estado a organizar em torno de dois grandes eixos geopolíticos: 

- O eixo «atlantista», composto pelos EUA, potências anglófonas Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia e pelos países do continente europeu sob bandeira da NATO: São no total 30, desde a poderosa economicamente, mas subordinada militarmente, Alemanha, até ao minúsculo Montenegro, da ex- Iugoslávia. 

- O eixo euro-asiático, composto pela China e Rússia e pelos países da Ásia Central aliados, nomeadamente, os que fazem parte, ou são candidatos, à Organização de Cooperação de Xangai. 

No resto do mundo, existem muitos outros países, uns que estão do lado atlantista, outros do euro-asiático, enquanto muitos outros balançam entre os dois.

A Rússia tem todas as razões para estar preocupada, visto que comprometeu-se a defender as populações russófonas do Don, sendo estas ameaçadas pelo poder de Kiev, que não desiste de usar a força, fazendo tábua rasa dos acordos de Minsk, por si assinados, em que o processo de paz foi delineado, mas nunca implementado por Kiev.

 Neste processo, as partes em conflito, a Ucrânia (Kiev) e as duas repúblicas separatistas de Donetsk e de Lugansk, aceitavam um cessar-fogo controlado e monitorizado pela OSCE, seguido por um processo de referendo, com vista ao estatuto de autonomia das províncias separatistas. 

Nada disto foi implementado, porém, havendo até leis votadas no parlamento de Kiev, que negam a própria letra dos acordos de Minsk. No entanto, é inegável que não existe outra solução. 

O desgaste - pelas frequentes incursões dos nazis ucranianos do Batalhão Azov, assim como os cobardes bombardeamentos contra populações civis das duas repúblicas separatistas - não pode fazer vergar a população. Apenas aviva a resistência e não tem outro fim, senão de garantir aos russófobos e neonazis, que o governo de Kiev «merece a sua confiança». Ou seja, este governo é refém da extrema-direita sem aspas, que glorifica Stepan Bandera e outros colaboradores dos nazis durante a IIª Guerra mundial, autores e cúmplices de crimes de guerra.

Enquanto houver uma chantagem permanente do império americano, querendo conservar a sua hegemonia, sobretudo no continente europeu, nós europeus, seremos apenas «carne para canhão», quer estejamos nas margens do Atlântico, quer nas fronteiras russas, quer em Paris, ou Berlim, ou Kiev ou Moscovo! 

É assim que nos veem os globalistas que controlam o poder em Washington. Note-se que os próprios governos da Europa sabem isso perfeitamente, embora o disfarcem. O paradoxo é gritante: A NATO, aliança supostamente criada e mantida para a segurança dos seus membros, em vez de trazer segurança ao continente europeu, apenas traz riscos de guerras e - mesmo - de guerra nuclear.

O caminho para o desmantelar da NATO, já o delineei em artigo anterior: uma conferência entre potências europeias (como a conferência de Westfália) em que se estabeleçam tratados, garantindo a segurança das fronteiras e a utilização sistemática dos canais diplomáticos para resolução dos conflitos, presentes ou futuros.

PS1: Exibindo a sua arrogância e ignorância, Liz Truss, a Secretária dos Negócios Estrangeiros, fez gaffe sobre gaffe no encontro com Lavrov (um excerto abaixo):

According to Russian media, Lavrov questioned whether London recognizes Moscow’s sovereignty over the Rostov and Voronezh Oblasts, in which Truss replied: “[the UK] will never recognize Russia’s sovereignty over these regions.” British Ambassador to Moscow Deborah Bronnert had to embarrassingly intervene and remind Truss that the two oblasts are actually considered Russian territory by London and are not claimed by any other country, including Ukraine.

This embarrassment follows on from Truss saying on January 30 that “we are supplying and offering extra support to our Baltic allies across the Black Sea” – the Baltics and the Black Sea are on the opposite sides of Europe to each other.

    Geografia segundo Liz Truss, secretária dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido