Uma entrevista de Seymour Hersh ao canal chinês CGTN revela uma série de pontos, que foram postos em evidência por John Helmer, no seu blog: ver AQUI.
A publicação a 8 de Fevereiro da reportagem exclusiva de Seymour Hersh, baseado em confidências de alguém muito bem situado nos serviços secretos dos EUA (provavelmente da CIA), deixou pontos importantes não esclarecidos e deu origem a muita especulação, tanto no sentido de fazer dizer aquilo que Hersh não disse, como para denegrir a veracidade do relatório e a seriedade das fontes secretas, consultadas por Hersh.
Vem por isso a propósito a entrevista dada por Hersh ao canal televisivo estatal da China. Oiça e veja a entrevista feita pela estrela do jornalismo Liu Xin, aqui:
A transcrição parcial, em inglês, da entrevista está AQUI.
Aquilo que, tanto o artigo inicial de Hersh, como a entrevista dada à CGTN deixam na sombra, é o papel da Alemanha em todo o processo.
John Helmer, oportunamente, junta elementos de prova, de que o governo de Olav Scholz estava muito em sintonia com Biden, na famosa conferência de imprensa de 7 de Fevereiro de 2022, em que choveram (da parte de ambos) as ameaças de retaliação sobre a Rússia, caso esta invadisse a Ucrânia. Foi nessa altura que Biden deixou entender, claramente, que o Nordstream 2 não iria ser permitido continuar, caso os russos concretizassem a invasão. Tomei a transcrição abaixo, do blog de John Helmer:
[retirado do blog «Dances With Bears» de John Helmer]
Note that when Scholz was asked to comment on Biden’s threat against Nord Stream, he gave an unqualified endorsement. “And possibly this is a good idea to say to our American friends: We will be united, we will act together, and we will take all the necessary steps. And all the necessary steps will be done by all of us together. [Q] And will you commit today — will you commit today to turning off and pulling the plug on Nord Stream 2? You didn’t mention it, and you haven’t mentioned it. CHANCELLOR SCHOLZ: As I’ve already said, we are acting together, we are absolutely united, and we will not be taking different steps. We will do the same steps, and they will be very, very hard to Russia, and they should understand.”
A transcrição acima das palavras do Chanceler Scholz não deixam margem para dúvidas:
Para muitos europeus as palavras acima têm um sabor amargo: à distância de pouco mais de um ano daquela conferência de imprensa e face ao que se passou a 27 de Setembro 2022, mostram que Scholz, contrariamente à «lenda», não estava nada preocupado com o efeito do «cancelamento» de Nordstream 2 sobre a indústria alemã e o seu próprio povo.
Esse «cancelamento» (à bomba) teve efeitos devastadores diretos sobre a economia da Alemanha e agravou a inflação generalizada que já despontava. Isto também afetou muito a economia europeia, como não podia deixar de ser, visto que a Alemanha tem sido (até agora) o principal motor industrial da U.E.
As consequências que temos de aceitar, face aos factos, é de que não existe real separação entre a oligarquia eurocrática e a oligarquia estado-unidense. Quem espera divisões entre as duas, deveria esperar sentado.