*O Irão agiu com medida e prudência para não desencadear o alastramento da guerra no Médio-Oriente, na sua retaliação, face ao crime de guerra israelita de bombardear instalações consulares iranianas em Damasco. Mas, ao mesmo tempo, deixou uma mensagem muito clara aos sionistas e a todos os inimigos que se atrevam a agredi-lo: - O Irão tem meios para causar muito mais danos do que causou agora. Somente danificou pistas de duas bases militares aéreas israelitas, mas tem capacidade técnica para atingir outros alvos, muito mais importantes, em Israel. Não foi uma vingança, efetuarem este ataque de aviso; os iranianos colocam-se num plano de superioridade militar e moral, face aos israelitas. https://www.moonofalabama.org/2024/04/iranian-missiles-hit-israel.html#more
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terça-feira, 16 de abril de 2024
CRÓNICA (Nº26) DA IIIª GUERRA MUNDIAL... Desejada pelos neocons, entrou num novo patamar
Num certo sentido, a guerra mundial continua o seu curso. Ela não cessou desde que a URSS implodiu. Manifestou-se de forma ostensiva com o ataque - não motivado - das forças da OTAN, para esmagarem a ex-Jugoslávia, o país que não se conformava ao «diktat» neoliberal. A falsa bandeira - o tal 2º «Pearl Harbour», desejado pelos neocons no poder - do 11 de Setembro, foi pretexto para uma série de guerras de agressão, nas quais os EUA arrastaram os seus Estados-vassalos. Mas, apesar da força avassaladora e da (dita) «superioridade moral» ocidental («With God on our side»), foram escorraçados do Afeganistão e do Iraque; e falharam o derrube, através de proxies (Alquaida, Al Nousra e ISIS, criações do tipo «Frankenstein», do Império), do regime sírio.
Na faixa de Gaza falharam o objetivo declarado pelo estado sionista de Israel, seu governo e sua chefia militar: destruir por completo o Hamas. Não só não o conseguiram, como ficaram muito mais isolados na cena internacional, para não falar da eliminação do sonho, iniciado no consulado de Trump, dos «acordos de paz de Abraão» (com participação da Arábia Saudita e de outros atores vassalos dos EUA). Perante o falhanço, entraram em guerra direta com o Irão, com o objetivo de forçar a intervenção dos EUA, ao lado de Israel, para esmagar definitivamente o Irão. Também neste caso, falharam. O ataque criminoso ao consulado iraniano de Damasco será devidamente vingado pelo Irão, mas não o foi, por enquanto: O que o Irão fez, em vez de cair na ratoeira armada pelos sionistas, foi «mostrar os dentes»*. Fizeram a demonstração de que um futuro ataque maciço com drones e mísseis cruzeiro, não poderia ser eficazmente travado pelas defesas antiaéreas sionistas, nem mesmo com ajuda dos seus aliados.
Se a mensagem não foi claramente compreendida, se se efetivar uma «retaliação» israelita ao ataque do Irão, desta vez haverá nova onda de mísseis, mas já não previamente avisada e com alvos muito mais estratégicos incluindo, por exemplo, centrais elétricas e redes de distribuição de energia elétrica. Sem um fornecimento regular de eletricidade, a sociedade de Israel, sofisticada e demasiado segura de si própria, será confrontada com a realidade; será o desmoronamento dos mitos em que tem sido mantida pela extrema-direita no poder.
Creio que as grandes potências tutelando um e outro lado (China e Rússia, por um lado e EUA por outro), não deixarão que as hostilidades possam escalar até ao ponto em que o governo sionista seja tentado a pôr em prática o seu «plano Sansão»: A destruição completa de Israel, conjuntamente com seus inimigos, através da explosão de bombas nucleares (são mais de uma centena, guardadas na base de Dimona).
A atitude dos EUA tem sido muito ambígua; tem fingido que desaprova (fez isso em relação ao genocídio em Gaza, repetiu com o ataque ao consulado iraniano em Damasco), mas não faz rigorosamente nada para impedir que o governo de Israel continue na mesma senda. Porém, seria muito fácil; bastaria ameaçar com o corte do fornecimento de armas e munições ao seu aliado enlouquecido.
Mas não, a chefia dos EUA é do mesmo quilate que a de Israel. O governo dos EUA está dominado pelos neocons, ou seja, os que defendem a hegemonia («full spectrum dominance») dos EUA, a manutenção do seu poderio, das suas bases e das forças aliadas, o que inclui Israel, façam estes o que fizerem.
Espero que a realidade obrigue o bando de criminosos no poder em Washington, a manter-se sóbrio e perceber que não pode vencer esta partida pela força das armas: O melhor dos casos (para ele), seria conseguir o prolongamento do status quo mundial, utilizando diplomacia, não a força bruta.
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segunda-feira, 29 de janeiro de 2024
CRÓNICA (Nº23) DA III GUERRA MUNDIAL: Quando os Erros se Sucedem
Em certos momentos, a classe no poder fica demasiado desorientada. É nestas ocasiões - que se podem verificar em diversas épocas históricas - que os poderes dirigentes são levados a fazer erro sobre erro. As tomadas de decisão desastrosas conduzem a um agravamento da situação, o que leva a que tomem medidas mais e mais brutais, mais e mais desesperadas, para assegurar o domínio sobre os adversários.
Nós estamos a verificar agora, no caso das guerras declaradas e não declaradas dos EUA e seus aliados, uma sucessão catastrófica de erros, que apenas resultam no enfraquecimento da posição global destes, em relação às nações que ainda ontem eram aliadas do Império, ou que não o sendo, tentavam evitar o confronto direto, para não sofrer o peso esmagador das sanções, da subversão e da guerra, pela potência hegemónica.
Uma característica sobressai dos fracassos, quer de israelitas (nomeadamente, no 7 de Outubro passado), quer dos EUA e vassalos da OTAN: A excessiva confiança nos sistemas automatizados de controlo, deteção e riposta, quer no cenário de Gaza, quer no cenário da base americana (ilegal) «Tower 22» na fronteira jordano-síria. O ataque com drones a esta última base, por milícias xiitas baseadas no Iraque, foi bem sucedido porque as defesas aéreas automáticas que defendiam a base não funcionaram. Já em Outubro os militantes palestinianos conseguiram inativar os sistemas de monitorização e desencadear um ataque para fora do perímetro de Gaza, fortemente vigiado. Neste caso, também os sistemas automáticos de resposta não funcionaram. Nos subsequentes ataques com mísseis, quer no lado do Sul (HAMAS), quer do Norte (HEZBOLLAH), a chamada «Cúpula de Ferro» (iron dome), o sistema israelita de deteção e contra-ataque com misseis teleguiados que - supostamente - iria neutralizar os mísseis e drones que se aproximassem, também não funcionou com a eficácia que lhe era creditada. Os americanos decidiram punir o Iémen, em retaliação dos ataques dos Houthis contra navios da frota de guerra dos EUA, estacionados na entrada do Mar Vermelho. Este ataque não causou danos significativos ao dispositivo de mísseis dos Houthis: Menos de 24 h depois do ataque americano, eram disparados pelos Huthis salvas de mísseis em direção a navios de carga e de guerra americanos e aliados.
No Tribunal Internacional de Justiça (um órgão da ONU) Israel foi condenado em termos nada ambíguos como autor de massivas e flagrantes violações dos direitos humanos e das convenções internacionais de proteção dos civis, em tempo de guerra (convenções de Genebra). Mas, não só Israel, também o governo americano, desprezaram esta sentença, mostrando - mais uma vez - o que os imperialistas entendem por «respeito pela ordem internacional baseada em regras»: Não se trata da obediência ao direito internacional, mas sim da submissão aos interesses dos EUA. A organização de apoio aos refugiados UNRWA, um organismo da ONU, foi-lhe seguidamente interrompido o financiamento, sob pretexto de que alguns (poucos) trabalhadores* deste organismo, em Gaza teriam alegadamente (sob tortura) confessado terem laços com o Hamas. Que este gesto dos poderes ocidentais apareça como vingança torna-se patente, pelo «timing» em que se ocorreu essa interrupção do financiamento: dias após a sentença do TIJ, mas semanas após terem sido conhecidas as alegadas ligações.
Veja-se, desde 2001, o percurso catastrófico das guerras no Médio-Oriente (Afeganistão, Iraque, Líbano, Síria Israel/Palestina), da guerra na Ucrânia, das provocações ao largo de Taiwan (legalmente e internacionalmente reconhecido como território chinês, não esqueçamos) e a intensificação da agressividade da potência que pretende ser hegemónica. Apesar deste crescendo, a sua posição estratégica global só diminuiu.
A guerra económica, com sanções, embargos, boicotes, tarifas punitivas, arresto de ativos financeiros e - mesmo - o confisco puro e simples destes, foi brutal, deitou abaixo muitas relações construtivas que se tinham tecido no pós-Guerra Fria. Isto conduziu à derrota do Ocidente, em termos da economia produtiva e - claramente - a favor dos «inimigos», a Rússia, a China e outros. Ou seja, os EUA e restantes membros da OTAN, essencialmente, perderam em termos económicos, com as sanções e outras formas de guerra económica, que tomaram a iniciativa de desencadear.
Há quem diga que os BRICS não precisam de tomar uma iniciativa agressiva contra a OTAN, basta se auto-desenvolverem, estreitarem laços de cooperação com projetos comuns entre eles e com outros, que queiram participar. Os tresloucados dirigentes ocidentais vão continuar a dar tiros nos pés, a se autopunirem, num jogo macabro e inútil, pois eles não podem já ditar as leis na arena internacional. Já estão completamente desmascarados; ninguém os vê como defensores da legalidade internacional. Agora, a verdade sobressai em todos os planos e ao nível global: São os EUA e os seus aliados (OTAN, Israel e alguns outros países aliados), quem estão - em permanência - fora da legalidade internacional; que não acatam resoluções da ONU, nem os veredictos de tribunais internacionais, quando lhes são desfavoráveis; são eles que multiplicam as ações de provocação, com o perigo destas induzirem o alargamento dos conflitos até ao nível global.
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NB:
* «That a dozen or less of the 30,000 UNRWA worker were probably involved in the October 7 events was known for weeks» Citado em MoA
DESENHO HUMORÍSTICO DE JOHN HELMER
Dois excelentes e detalhados artigos relativos às situações que enunciei acima, por John Helmer, e «Moon of Alabama»:
Este meu artigo acima, vem atualizar o ensaio em duas partes «As Quatro Fragilidades do Império»:
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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020
[Manlio Dinucci] GRÉCIA - VENDA DE BASES MILITARES AOS EUA
O Parlamento grego ratificou o “Acordo de Cooperação para Defesa Mútua”, que concede aos Estados Unidos o uso de todas as bases militares gregas. Elas servirão às forças armadas USA não só para armazenar armamentos, reabastecer-se e treinar, mas também para operações de “resposta às emergências”, ou seja, para missões de ataque.
Particularmente importante, é a base aérea de Larissa, onde a Força Aérea dos EUA já instalou drones MQ-9 Reaper, e a de Stefanovikio, onde o Exército dos EUA já introduziu helicópteros Apache e Black Hawk.
O Acordo foi definido pelo Ministro da Defesa grego, Nikos Panagiotopoulos, “vantajoso para os nossos interesses nacionais, pois aumenta a importância da Grécia na planificação USA”. Importância que a Grécia tem já há algum tempo: basta recordar o golpe de Estado sangrento dos coronéis, organizado em 1967, no âmbito da operação Stay-Behind dirigida pela CIA, seguida em Itália pela temporada de massacres iniciada com a Piazza Fontana, em 1969.
Naquele mesmo ano, instalou-se na Grécia, em Souda Bay, na ilha de Creta, um Destacamento Naval USA proveniente da base de Sigonella, na Sicília, às ordens do Comando USA de Nápoles. Hoje, Souda Bay é uma das mais importantes bases aeronavais USA/NATO no Mediterrâneo, usada nas guerras no Médio Oriente e no Norte de África. Em Souda Bay, o Pentágono investirá outros 6 milhões de euros, que se juntarão aos 12 que investirá em Larissa, anuncia Panagiotopoulos, apresentando-o como um grande negócio para a Grécia.
No entanto, o Primeiro Ministro Kyriakos Mitsotakis indica com precisão que Atenas já assinou com o Pentágono, um acordo para o reforço da sua frota de F-16, que custará à Grécia 1,5 bilião de dólares e que também está interessada em comprar aos USA, drones e caças F-35.
A Grécia também se destaca por ser na NATO, depois da Bulgária, o aliado europeu que destina há muito tempo, a maior percentagem do PIB (2,3%) para a despesa militar.
O Acordo também garante aos Estados Unidos “o uso ilimitado do porto de Alexandroupolis”. Está localizado no mar Egeu, perto do Estreito de Dardanelos que, ligando no território turco, o Mediterrâneo e o Mar Negro, constitui uma rota fundamental de trânsito marítimo, sobretudo para a Rússia. Além do mais, a vizinha Trácia Oriental (a pequena parte europeia da Turquia) é o ponto em que chega da Rússia através do Mar Negro, o gasoduto TurkStream.
O “investimento estratégico”, que Washington já está a efectuar nas infraestruturas portuárias, visa fazer de Alexandroupolis, uma das bases militares USA mais importantes da região, capaz de bloquear o acesso dos navios russos ao Mediterrâneo e, ao mesmo tempo, neutralizar a China, que pretende fazer do Pireu, um porto de escala importante da Nova Rota da Seda.
“Estamos a trabalhar com outros parceiros democráticos da região para repelir protagonistas malignos, como a Rússia e a China, acima de tudo a Rússia, que usa a energia como instrumento da sua influência malévola”, declara o Embaixador dos EUA em Atenas, Geoffrey Pyatt, salientando que “Alexandroupolis desempenha um papel crucial para a segurança energética e para a estabilidade da Europa”.
Nesse âmbito, insere-se o “Acordo de Cooperação para a Defesa Mútua” com os USA, que o Parlamento grego ratificou com 175 votos a favor, do centro-direita ao governo (Nova Democracia e outros) e 33 contra (Partido Comunista e outros), enquanto 80 declararam “presente”, de acordo com a fórmula do Congresso USA, equivalente à abstenção, em uso no Parlamento grego. O Syriza, a “Coligação da Esquerda Radical” liderada por Alex Tsipras, absteve-se. Partido este, que esteve primeiro no Governo, agora está na oposição, num país que depois de ser forçado a vender a própria economia, agora vende não só as suas bases militares, mas o pouco que resta da sua soberania.
il manifesto, 11 de Fevereiro de 2020
http://www.natoexit.it/en/home-en/ -- ENGLISH
http://www.natoexit.it/ -- ITALIANO
DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT,
em todos os países europeus da NATO
Manlio DinucciGeógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO
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terça-feira, 26 de novembro de 2019
MANLIO DINUCCI: A Itália na primeira linha da 'guerra dos drones'
Copiado de http://gffreepages.blogspot.com/
Por Manlio Dinucci
Aterrou na base USA/NATO, em Sigonella, na Sicília, depois de um voo de 22 horas a partir da base aérea de Palmdale, na Califórnia, o primeiro drone do sistema AGS (Alliance Ground Surveillance) da NATO, uma versão aperfeiçoada do drone Global Hawk dos EUA (Falcão Global). De Sigonella, principal base operacional, este e mais quatro aviões do mesmo tipo com pilotagem remota, apoiada por diferentes estações terrestres móveis, permitirão “vigiar”, ou seja, espiar vastas áreas terrestres e marítimas do Mediterrâneo e de África, do Médio Oriente e do Mar Negro.
Os drones NATO teleguiados por Sigonella, capazes de voar a uma altitude de 16.000 a 18.000 m, irão transmitir para a base os dados recolhidos. Estes, depois de serem analisados pelos operadores de mais de 20 estações, serão inseridos na rede criptografada, chefiada pelo Supremo Comandante Aliado na Europa, sempre um general USA, nomeado pelo Presidente dos Estados Unidos.
O sistema AGS, que se tornará operacional na primeira metade de 2020, será integrado no Hub de Direcção Estratégica para o Sul: o centro de Serviços Secretos/Inteligência que, no quartel general da NATO, em Lago Patria (Nápoles), sob comando USA, tem a tarefa de recolher e analisar informações funcionais para operações militares, sobretudo, em África e no Médio Oriente.
A principal base para o lançamento dessas operações, efectuadas, principalmente, em segredo, com drones de ataque e forças especiais, é a de Sigonella, onde estão localizados os drones US Reaper, armados com mísseis e bombas guiadas por laser e satélite. Os drones de ataque e forças especiais, enquanto em acção, estão ligados, através da estação MUOS, de Niscemi (Caltanissetta), ao sistema militar de comunicações por satélite de alta frequência que permite ao Pentágono controlar, através da sua rede de comando e comunicações, drones e caça-bombardeiros, submarinos e navios de guerra, veículos militares e divisões terrestres, enquanto estão em movimento, em qualquer parte do mundo.
No mesmo âmbito, operam os 15 drones Predator e Reaper e os outros da Força Aérea Italiana, teleguiados pela base de Amendola, em Puglia. Os Reaper italianos também podem ser armados com mísseis e bombas guiadas a laser, para missões de ataque.
O sistema AGS, que potencia o papel da Itália na “guerra dos drones”, é realizado com “contribuições significativas” de 15 Aliados: Estados Unidos, Itália, Alemanha, Noruega, Dinamarca, Luxemburgo, Polónia, Roménia, Bulgária, República Checa, Estónia, Letónia, Lituânia, Eslováquia, Eslovénia. A principal entidade contratada, que fabrica este sistema é a firma norte americana, Northrop Grumman. A empresa italiana Leonardo, fornece duas estações terrestres transportáveis.
A “contribuição” italiana para o sistema AGS consiste, além de nela estar incluída a disposição da principal base operacional, em comparticipar nas despesas, inicialmente, acima de 210 milhões de euros. Outros 240 milhões de euros foram despendidos na aquisição dos drones Predator e Reaper. Incluindo os outros já adquiridos e os que se espera que sejam comprados, a despesa italiana com os drones militares aumenta para cerca de um bilião e meio de euros, à qual se juntam os custos operacionais. Pago com dinheiro público, no contexto de uma despesa militar que está prestes a passar da média actual de cerca de 70 milhões de euros por dia, para cerca de 87 milhões de euros por dia.
Os investimentos italianos sucessivos em drones militares acarretam consequências que vão mais além das económicas. O uso de drones de guerra para operações secretas sob o comando USA/NATO, retira ainda mais ao Parlamento, qualquer poder real de tomada de decisão sobre a política militar e, consequentemente, sobre a política externa. A destruição recente de um Reaper italiano (que custou 20 milhões de euros), ao sobrevoar a Líbia, confirma que a Itália está envolvida em operações militares secretas, violando o Artigo 11 da nossa Constituição.
il manifesto, 26 de Novembro de 2019
terça-feira, 1 de outubro de 2019
VIRAGEM NA GUERRA DO IÉMENE, NÃO FAVORÁVEL À ARÁBIA SAUDITA
*Notícia de última hora - SAUDITAS CAPITULAM, VEJAM:
Muita gente pode ter sido levada a acreditar que os houthis são uma milícia tribal que não possui qualquer sofisticação.
Resumido a partir de:
Federico Pieraccini via The Strategic Culture Foundation
Federico Pieraccini via The Strategic Culture Foundation
Muita gente pode ter sido levada a acreditar que os houthis são uma milícia tribal que não possui qualquer sofisticação.
No Sábado 28 de
Setembro, os houthis cancelaram qualquer especulação nesse sentido, ao
confirmar aquilo que as pessoas bem informadas já sabiam desde há meses: as
tácticas da guerra assimétrica dos houthis conjugadas com as capacidades
convencionais do exército iemenita, eram capazes de colocar de joelhos o reino
saudita.
Elementos simpatizantes dos huthis dentro da
Arábia Saudita – uma importante minoria xiita – desempenharam um papel de
reconhecimento e de fornecimento de informações que permitiram que o exército
iemenita levasse a cabo complexos ataques com mísseis e com drones. Os
golpes certeiros fizeram com que a produção petrolífera do Reino ficasse
reduzida a metade, com a ameaça de continuar, alcançando outros alvos, se os
sauditas não parassem com o genocídio de população do Iémen.
No Sábado 28, os houthis e o exército iemenita
levaram a cabo uma manobra audaciosa, de ataque terrestre, atravessando a
fronteira iemenita- saudita. Esta operação envolveu, certamente,
elementos complexos, quer de recolha de informação por espionagem, quer
de planeamento operacional.
Foi muito mais sofisticada do que o ataque à refinaria da Aramco. As
reportagens iniciais indicam que as forças sauditas foram atraídas para uma
ratoeira, ficando em posições vulneráveis, sendo depois envolvidas por um
movimento rápido dentro do território saudita. Os houthis cercaram a vila de
Najran e capturaram a maior parte de três brigadas, com milhares de soldados e
dúzias de oficiais superiores, assim como numerosos veículos de combate.
A operação em larga escala foi antecedida por
uma barragem de tiros de artilharia pelos iemenitas contra o Aeroporto de Jizan, onde 10
mísseis paralisaram todos os movimentos de partidas e chegadas. Isto fez com
que o apoio aéreo às tropas cercadas em Najran fosse impossível. Os
houthis também atingiram o aeroporto internacional de Riade, numa operação que
obrigou os helicópteros Apache aí estacionados a fugir da área. As bases
vizinhas também foram atingidas, de forma a cortar a possibilidade de reforços
e interrompendo a cadeia de comando. Isto levou a uma fuga desorganizada das
forças sauditas.
Imagens captadas e exibidas pelos houthis
mostram dúzias de veículos tentando fugir e a serem atacados, de ambos os lados
da estrada. Este desastre para as forças sauditas, pode ser confirmado pelo
número elevado de baixas e pelo número de prisioneiros que foram feitos.
A visão de prisioneiros sauditas escoltados por soldados iemenitas para campos de prisioneiros é qualquer coisa que desafia a imaginação. Porém, isto aconteceu e mostra como é frágil um exército muito bem equipado (os sauditas têm o 3º lugar mundial no que toca a despesas de armamento, com 90 biliões de dólares por ano, de orçamento militar) mas confiando apenas nessa suposta superioridade tecnológica. Os houthis, além de todos acontecimentos acima relatados, conseguiram manter sob controlo mais de 350 quilómetros de território saudita.
A visão de prisioneiros sauditas escoltados por soldados iemenitas para campos de prisioneiros é qualquer coisa que desafia a imaginação. Porém, isto aconteceu e mostra como é frágil um exército muito bem equipado (os sauditas têm o 3º lugar mundial no que toca a despesas de armamento, com 90 biliões de dólares por ano, de orçamento militar) mas confiando apenas nessa suposta superioridade tecnológica. Os houthis, além de todos acontecimentos acima relatados, conseguiram manter sob controlo mais de 350 quilómetros de território saudita.
As forças houthis usaram drones, mísseis,
sistemas anti-aéreos e dispositivos electrónicos capazes de prevenir que os
sauditas apoiassem as suas tropas cercadas com aviação ou por outros meios. Os
testemunhos de soldados sauditas dão a entender que as tentativas feitas para
os socorrer foram feitas sem grande convicção e tiveram pouco efeito. Os
prisioneiros de guerra sauditas acusam as chefias militares de terem-nos
deixado à mercê dos seus adversários.
Ver também:
quarta-feira, 18 de setembro de 2019
O «CISNE NEGRO»: Ataque com drones a instalações petrolíferas da Arábia Saudita
«Foram noticiadas explosões enormes em duas instalações de petróleo da Aramco a empresa exploradora de petróleo da Arábia Saudita. Embora, no imediato, as autoridades sauditas tenham recusado designar os culpados, a média, incluindo a BBC começou imediatamente a insinuar que ou os Houthis do Iémene ou o Irão eram os responsáveis.» (Retirado de artigo de Tony Cartalucci, em Global Research)
O problema com estas atribuições é que apenas reforçam um dos lados, como sendo o «agredido»: Neste caso, a Arábia saudita. Se os Houthis são considerados agentes do Irão (quer isso seja exagerado, ou não), automaticamente estão a dar pretexto para uma retaliação, um contra-ataque. Estão a legitimar a transformação de uma guerra local, a agressão da Arábia saudita, dos Emirados Árabes Unidos e dos seus aliados ocidentais, Americanos, Australianos, Britânicos (que se sabe terem mercenários no Iémene), numa guerra «defensiva» contra a suposta «agressão» do Irão. De facto, a media ocidental, parece ser mais o porta-voz dos governos, do que meios independentes noticiosos, que informem com objectividade o que se está passando. Desde há quase cinco anos, está em curso uma guerra brutal contra os grupos Houthis, que derrubaram, no Iémene um governo que tinha o apoio dos sauditas.
Por muito que aleguem, a luta dos Houthis é um problema interno ao Iémene, os sauditas não têm legitimidade para se imiscuírem e, muito menos, pretenderem reinstalar pela força um governo totalmente desacreditado. Mas esse é o pretexto, pois a verdadeira razão é ainda e sempre o petróleo. Com efeito, as reservas de petróleo sauditas são muito menores -na realidade- que as que apregoam. Para conseguir bombear um litro de petróleo para fora dos poços, têm de bombear muitos litros de água (salgada, retirada do mar, e canalizada para os poços petrolíferos). Pelo contrário, a fronteira norte do Iémene tem grandes reservas de petróleo intactas, as quais seriam exploradas pelos sauditas em condições favoráveis, caso dispusessem de um governo «dócil», do outro lado da fronteira.
É esta a verdadeira razão da guerra de genocídio, em que a ONU - repetidas vezes - apelou a que levantassem o bloqueio que estava a causar uma mortandade, por fome e por epidemias não tratadas, à população civil iemenita. Os sauditas têm cobertura plena ocidental, com fornecimento de material de guerra e de vigilância, pelos sofisticados satélites espiões americanos e outros meios guiando e aumentando a eficácia dos ataques aéreos sauditas e dos emirados.
Se tivessem um mínimo de decência, as potências ocidentais já teriam feito parar esta criminosa guerra. Mas ela ocorre longe, sobretudo longe dos olhares dos «virtuosos zeladores» dos direitos humanos…
É evidente que uma agressão constante como a que o povo iemenita tem sofrido, vai desencadear uma resposta forte, face a um poder que não recua perante nenhuma atrocidade.
Que os drones tivessem incorporada tecnologia do Irão, parece-me absolutamente verosímil, mas isso não pode legitimar um ataque contra o Irão, da mesma maneira que -hipoteticamente – o ataque dum grupo de guerrilha na Síria, só pelo facto de utilizar armamento americano contra instalações russas, não poderia legitimar um ataque russo contra os EUA!
Este ataque com drones assinala uma viragem na situação estratégica mundial, pela simples razão de que uma força como a dos Houthis, com capacidade técnica para operar drones, pode causar danos sérios num gigante, quer em termos militares, quer económicos.
Note-se que estes drones estão (em alguns mercados, pelo menos) acessíveis ao público em geral, por somas da ordem de 1500 dólares. Ora, isso corresponde a um efeito multiplicador da ordem de mil, um milhão, ou mais ainda, pelos prejuízos directos que um atentado destes pode trazer – como foi o caso – a uma instalação ultra-sensível, quer em termos de economia dum país, quer mesmo mundial.
Não existe maneira absolutamente segura de proteger instalações gigantes de refinação de petróleo ou outras, de outro tipo, que existam noutros pontos do globo. É impossível sequer imaginar uma protecção eficaz dos múltiplos oleodutos e gasodutos que percorrem milhares de quilómetros nesta e noutras regiões do globo.
É, portanto, uma viragem no que se poderá chamar de guerra assimétrica; pode significar uma viragem também na forma como os poderes encaram as situações de conflito, se tiverem o mínimo de bom-senso. Torna-se impossível uma guerra convencional ser ganha, nestas circunstâncias.
Não existe maior fragilidade do que a das civilizações tecnologicamente avançadas, dependentes de redes cibernéticas e de aprovisionamento de energia, sob formas diversas (petrolífera, eléctrica). Mesmo as redes de abastecimento de água e alimentos, estão completamente fragilizadas.
Um grupo guerrilheiro com uma logística bastante leve pode, em qualquer momento, causar um enorme caos, uma paralisia completa do adversário.
A guerra com armas nucleares é uma loucura, pois não há dúvida que acabará por destruir as próprias condições de habitabilidade do Planeta, numa escalada bélica inevitável.
Mas a guerra com armas convencionais nunca poderá realmente desembocar numa vitória completa sobre os adversários, pois pequenos grupos serão capazes de actos de sabotagem eficazes e com efeitos catastróficos, devido à fragilidade do próprio tecido que sustenta as nossas comunicações, as redes energéticas, os circuitos de abastecimento de víveres…
Se houvesse bom-senso, as grandes potências militares tratariam de encontrar meios não militares, mas antes diplomáticos, de resolver os seus conflitos.
Quantos milhões de mortos e de vítimas da brutalidade da guerra tecnológica haverá no Iémene e em muitos outros pontos do Globo, até que esta simples e clara evidência de estratégia seja compreendida pelos responsáveis políticos e militares:
Não há possibilidade de vitória militar. O único meio de resolver os diferendos é por via diplomática.
segunda-feira, 8 de julho de 2019
COMO SE TEM INSTALADO A DITADURA GLOBAL TOTALITÁRIA?
ARTIGO DE MANUEL BAPTISTA, PARA O «Observatório da Guerra e Militarismo»
Com efeito, estamos a caminho de uma ditadura global
totalitária, que não se assume como tal. Os EUA continuam a ter o poder
supremo de decidir quem tem o direito de comprar o quê a quem; quem tem o
direito à vida, com os inúmeros (e quase nunca noticiados), ataques com drones
assassinos; com o uso sistemático de exércitos mercenários; de grupos
terroristas como ISIS, criados pelos serviços secretos americanos e israelitas;
com a apreensão de dinheiro que pertence a outros Estados soberanos (caso mais
recente: Venezuela); captura de navios, como o petroleiro iraniano, tomado numa
operação de piratagem ao largo de Gibraltar, pelos cães de guarda dos EUA que
são os britânicos, etc, etc.
É impossível – para qualquer observador imparcial – não
ficar com a forte convicção de que os EUA criaram a chamada «Guerra ao
Terror», essa guerra sem fim, para poderem melhor subjugar tudo e todos.
Os regimes amigos não são poupados, veja-se o golpe de
Estado que tentaram contra Erdogan e que abortou, causando a aproximação deste
com a Rússia, que teve o sentido de oportunidade de fornecer auxílio, decisivo
para o falhanço do referido golpe.
Na política actual, os media têm um poder enorme, maior do
que no passado. Os grandes grupos económicos e os Estados sabem-no bem. Não
podem ser considerados desperdício, despesas de ostentação ou mecenato
benévolo, os biliões gastos nos media, incluindo as redes
sociais, que desempenham cada vez mais um papel de fonte exclusiva de
«notícias» para milhões de utilizadores. Evidentemente, desempenham tais
aquisições e participações,- um papel estratégico, como todo o investimento
feito nestas áreas.
A Terceira Guerra Mundial, a meu ver, está em
curso e já há um certo tempo, só que quase ninguém ou muito poucos vêm a
panorâmica mundial assim. De facto a guerra híbrida tem sido
abundantemente usada, numa panóplia que vai de sanções unilaterais até a
ciber-ataques às redes eléctricas de poderes inimigos e sobretudo, com o
condicionamento das massas, através duma media mainstream,
inteiramente ao serviço dos grandes poderes da finança e do complexo
militar-securitário-industrial do Ocidente. Como nas guerras passadas,
uma guerra de propaganda antecede as operações militares propriamente ditas.
Mas, diferentemente das guerras mundiais passadas, isto ocorre na apatia, na
anomia, das populações mesmo as mais «cultivadas», «civilizadas». Elas foram
adormecidas com o ópio da procura do prazer imediato, com a adição às redes
sociais e à comunicação com zero conteúdo informativo. Assim, grande parte das
pessoas foi transformada em «socio-zombies», isto é, pessoas sem
qualquer participação cívica. Muitas delas, estão em estado de «denegação» pois
se lhes mostrarmos que a realidade não é nada parecida com a imagem que lhes é
vendida nos media, elas «preferem» descartar uma tal evidência, como não tendo
cabimento dentro no seu mundo digital, virtual.
Julian Assange é um prisioneiro político,
sujeito a prisão arbitrária, tortura e tentativa de assassínio, por um poder
globalista que se foi afirmando – até conseguir o controlo quase absoluto – nos
países ditos de «democracia liberal». Isto é característico duma ditadura
totalitária.
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