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sábado, 23 de março de 2024

LOUCURA CRIMINOSA DOS LÍDERES DA OTAN (CRÓNICA N.25 DA III. GUERRA MUNDIAL)



A IIIª Guerra Mundial é total: É na frente de batalha propriamente dita, como também nas frentes económica, financeira, social, cultural, ideológica...
Passam-se sempre coisas importantes. Mesmo aquelas que não são noticiadas, pela media - de direita, centro e esquerda - dos países ocidentais. Porém, aqui e agora, em vez de descrever esses factos não noticiados, desejo apresentar-vos um quadro geral da situação, como eu a vejo:
A loucura apoderou-se dos líderes políticos e as altas patentes militares. Eles, manipulando os seus eleitores, querem fazer uma guerra total à Rússia. Querem convencer-nos de que é vital para nossa sociedade, nação, civilização. Nada mais falso!
Eles estão a jogar com a nossa sobrevivência, não metafórica, mas na realidade. E eles fazem isso, porque estão ébrios de poder e sentem que outro bloco (os BRICS e associados), os está a ultrapassar, em muitos planos, desde o económico, à tecnologia, à capacidade militar.
Porque a Rússia não é mais manipulável, essa é razão profunda do descontrolo dos pigmeus políticos nas chancelarias do Ocidente e a causa da fúria de quererem agravar a guerra na Ucrânia, para a transformar em guerra pan-europeia e depois mundial, sem qualquer desejo (da parte deles) duma solução diplomática.
Querem, em suma, precipitar a Terceira Guerra Mundial no plano mais global, e já não apenas como guerra híbrida. Esta, tem sido mundial, num certo sentido, mas não se assumia como tal.
Esta é a traição gravíssima que estes dirigentes atlantistas estão a fazer aos seus respetivos povos. Nos discursos, afirmam agir em defesa de ideais que escrupulosamente espezinham, na prática. Eles querem precipitar o mundo para a catástrofe global.
A loucura dos neocons nos EUA contaminou as elites dirigentes da União Europeia. Estas só podem agir, devido à fraqueza da oposição, ou á ausência de oposição com força e coerência suficientes, incapaz de defender os que estão por baixo, as classes pobres e médias.
A marcha a passos largos para a transformação das democracias liberais em Estados autoritários/totalitários está diante de nossos olhos.


Há quase um século, Hannah Arendt descreveu os totalitarismos ascendentes do século XX, quer o de Hitler, quer o de Estaline. A sua obra é ímpar para a filosofia política. É verdade que não se pode sobrepor a sequência de acontecimentos de entre guerras do Século XX, com a presente caminhada para a tomada de poder dos totalitários do WEF, da UE, da OTAN, e por detrás, de poderosos interesses que manipulam os governos ocidentais. Mas, muitos traços salientes do que Hannah Arendt descreve, encontram-se nas situações de hoje: «A História não se repete, mas rima» como dizia Mark Twain. Os acontecimentos são superficialmente diferentes; as circunstâncias concretas nunca se repetem exatamente. No entanto, há analogias profundas entre estas duas épocas de ascensão do autoritarismo, em suas diversas formas.
Era necessário alguém (ou uma equipa) fazer uma nova síntese sobre as «Origens do Totalitarismo» (título do famoso ensaio de Hannah Arendt), no final do século XX e no primeiro quarto do século XXI.
Mesmo que tal livro fosse escrito e editado, muitas pessoas já não leem. O número de analfabetos funcionais tem-se multiplicado, incluindo nos países afluentes do Ocidente. Juntamente com a ignorância, vem a arrogância e a hostilidade a qualquer pensamento «não conforme». Está quase feita a cama para os novos regimes totalitários.
Em regime totalitário, não apenas se torna perigoso os indivíduos exprimirem seu pensamento, se este não estiver de acordo com a doutrina oficial, como os cidadãos são coagidos a mostrar adesão a estes regimes, aos seus valores, às suas orientações, etc. Quem hesita, ou se mostra pouco entusiasta do regime, fica sujeito a ser denunciado «anonimamente», pelos colegas ou familiares. A partir desse ponto, tal pessoa fica automaticamente discriminada, no mínimo, quando não presa, julgada por traição e executada.
Provavelmente, as pessoas que leram Hannah Arendt, recordam o seu aviso: A difusão do pensamento crítico e de informações não-controladas, desempenha um papel essencial, na fase de transição para uma plena ditadura totalitária. Efetivamente, quando deixa de haver oposição visível (mesmo que fraca), a violência do regime totalitário, recém-instalado, aumenta. Torna-se menos seletiva, tanto atinge elementos de oposição, como pessoas sem atividade contra o regime. Assim, instalam um ambiente permanente de terror: Verificou-se isso, tanto no regime de Hitler como no de Estaline. Note-se que esta violência acrescida ocorreu na altura em que os respetivos regimes já se tinham consolidado.
Os poderes, dos países do Ocidente, ainda não atingiram o grau de totalitário, apesar de um certo número de políticos se prestar a ajudar a que isso venha a acontecer.

Eu sei que um certo número de pessoas pensam basicamente o mesmo que eu. Não devem ter receio de exprimir e difundir o seu ponto de vista. Se querem liberdade de palavra, de opinião, têm de exercê-la. Não há outra maneira. Não como difusores de propaganda, mas como seres pensantes e que, não só conhecem seus direitos, como nunca renunciam a exercê-los.

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PS1: Na noite passada (depois de ter publicado este artigo) recebemos a notícia dum horrível atentado terrorista nos arredores de Moscovo, executado por um comando tajik (ex-república soviética da Ásia Central). Não tenho dúvidas de que este comando foi enquadrado por serviços secretos do «Ocidente», uma operação destas é complexa e implica uma complexa organização in loco. Não me restam dúvidas de quem organizou este mesmo atentado.
Um ex-operacional da CIA disse-o poucas horas depois do sucedido:
Se a Embaixada dos EUA sabia que se preparava qualquer coisa e, a 7 de Março, deu conhecimento aos serviços de segurança russos, fê-lo de modo vago, como que para ter a desculpa de que não tinha nada a ver com isso. O propósito estratégico segundo Larry Johnson e outros, seria causar uma vaga de indignação no povo russo, para o governo de Putin se precipitar numa retaliação, também ela terrível e cega, dando pretexto a que a OTAN faça (finalmente) aquilo que quer: Entrar na guerra da Ucrânia abertamente e já não em pequena escala e de forma encoberta. Até agora, os únicos «boots on the ground» da OTAN, eram «voluntários» que, na véspera, antes de combater na Ucrânia, faziam parte das tropas especiais de vários países da OTAN .
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PS2: Atribuição do atentado terrorista ao Estado Islâmico - Khorasan (ou seja da região do Paquistão e Afeganistão).
Esta atribuição, de que a agência Reuters se fez eco poucos momentos após o atentado, resulta de um falso comunicado, ou de alguém que se fez passar pelo «Estado Islâmico».
Apesar dos terroristas serem do Tajiquistão, república ex-soviética de maioria muçulmana, não tinham perfil de jihadistas. O seu modo de proceder não se enquadrava com o comportamento repetidamente observado de atentados terroristas realizados por jihadistas. Isso transpareceu pouco tempo depois do atentado de Moscovo. 
Estes terroristas eram apenas mercenários, agentes pagos. Com efeito, os jihadistas podem cometer atos terroristas, mas possuem motivação religiosa,  enquanto fanáticos devotos do Islão. O Alcorão proíbe explicitamente maltratar ou matar civis não combatentes, em especial, mulheres, mesmo que estes civis sejam «infiéis». Esta proibição ainda tem maior peso na altura do Ramadão (os muçulmanos estão agora a celebrar o Ramadão). Por outro lado, autênticos jihadistas não hesitariam em sacrificar-se, enfrentando e combatendo as forças policiais, pois seriam bem-aventurados (segundo a crença das seitas do islamismo radical), ao morrerem combatendo pelo Islão.
De facto, como diz o coronel Baños, este comando  terrorista é formado por mercenários. Eles tentaram escapar em direção da fronteira ucraniana, em vez de enfrentar a polícia e combater até à morte. 
Os serviços de segurança russos conseguiram capturá-los com vida, durante a fuga. Ao todo, prenderam 11, incluindo os 4 agentes diretos do massacre e 7 cúmplices. 
As informações obtidas apontam para a Ucrânia. Os serviços secretos ucranianos têm um longo historial de incursões terroristas, em que assassinam civis russos. Budanov, do serviço secreto militar ucraniano, poderá ser um responsável direto desta operação terrorista. Os russos têm meios para esclarecer quem e como planeou, coordenou e supervisionou este ato terrorista. 
Lembremos que Victoria Nulan, em Janeiro passado, visitou Kiev. Antes de partir, prometeu «surpresas desagradáveis», a Putin. Portanto, estava ao corrente dos atentados planificados e deu o seu aval aos mesmos. Depois, para encobrir o seu papel, demitiu-se; «pediu a reforma», como ela disse.


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Para conhecimento de factos sobre as várias frentes da Guerra Mundial em curso (não apenas a guerra Rússia-OTAN, na Ucrânia), pode consultar a série CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL.
O penúltimo número (Nº23) da série:

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

PROPAGANDA 21 (nº20) «A BANALIDADE DA PROPAGANDA*»

 Patrick Lawrence, no seu recente artigo «A Banalidade da Propaganda» analisa os mecanismos pelos quais os poderosos transformam as palavras e as usam como instrumentos de ataque contra a inteligência dos seus súbditos, sem qualquer preocupação pela verdade, pela coerência, pela justiça. Os exageros e as inversões lógicas abundam nos discursos propagandísticos do poder. 

O exemplo mais recente, é o do poder de Estado de Israel, que nos quer fazer crer que as vítimas (os pobres civis esmagados e desfeitos pelas bombas israelitas) seriam, afinal, os «maus». O Chefe de Estado de Israel, Isaac Herzog, vai ao ponto de fabricar uma história envolvendo uma tradução árabe de «Mein Kampf» de Hitler** como tendo sido encontrada em Gaza, num esconderijo do Hamas! 

https://caitlinjohnstone.com.au/2023/11/15/theyre-just-insulting-our-intelligence-at-this-point/

Mas é preferível ler a história no artigo original, com o talento de Patrick Lawrence e os detalhes!

Pessoalmente, o que mais me impressionou, foi a justeza absoluta da reflexão de Hannah Arendt, judia e grande filósofa política, feita numa conversa em 1975, pouco tempo antes de morrer, com Roger Errera, um ativista da liberdade de expressão. As palavras deste diálogo são aplicáveis às situações que  enfrentamos hoje, cinquenta anos depois:

 “If everybody always lies to you,” she said to Roger Errera, “the consequence is not that you believe the lies, but rather that nobody believe anything any longer.” ***

As circunstâncias e acontecimentos presentes não podiam ser mais ilustrativos do que disse Hannah Arendt, há cinquenta anos!  

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*Nota 1: O título do artigo de Lawrence, na revista Consortium News, evoca o célebre livro de Hannah Arendt sobre o processo do nazi Eichmann, «A Banalidade do Mal».

**Nota 2: Livro escrito por Hitler na prisão «Mein Kampf» (A Minha Luta), tornou-se o principal instrumento de propaganda do nazismo.

***Nota 3: " Se toda a gente te mentir, a consequência não é que acredites nas mentiras, mas antes que ninguém acredite jamais em seja o que for."

quinta-feira, 8 de junho de 2023

O PROBLEMA DA CENSURA E PERSEGUIÇÃO DAS VOZES DISSIDENTES

 Muitas pessoas estarão de acordo em considerar a liberdade de opinião como pilar essencial das nossas sociedades ocidentais. Neste momento, desenvolve-se uma cruel e seletiva caça à dissidência, que tem como vítimas jornalistas, escritores e outras figuras públicas conhecidas, respeitadas e apreciadas. Perante isto, nota-se uma indiferença da cidadania e um olhar para o lado de pessoas metidas na luta política (leia-se política = meios de alcançar o poder). Não só são passivos perante esses crimes, como perante os  crimes que justamente foram denunciados pelos dadores de alerta (Assange, Snowden, etc, etc). Dessa forma, estão a dar cobertura aos senhores do poder, que irão «tratar-lhes da saúde», assim que tiverem a situação inteiramente sob controlo.

 Parece que muitos dos intelectuais dos países ocidentais ignoram os escritos de Hannah Arendt, e de muitos outros autores importantes, sobre a ascensão dos totalitarismos. Para mim, não é surpresa que os neoliberais os ignorem, quer no sentido de nunca os terem lido, ou de terem esquecido por conveniência (oportunismo) esses escritos fundamentais de reflexão em filosofia política. Mas, choca-me ainda mais que pessoas com elevadas credenciais académicas e culturais se comportem «como se» ignorassem tudo sobre a natureza dos sistemas totalitários, as suas manhas para subverter por dentro as democracias, etc. Será possível que esqueçam os contributos de Hanna Arendt, de Bertolt Brecht ou de Soljenitsin e de muitos outros, que seria demasiado longo citar?

O problema não é ter-se mais ou menos conhecimento: é muito mais central e premente. Tem relação com a dignidade e a coragem do ser humano; dizer-se «não colaboro, a minha consciência não mo permite»; ou «já não posso continuar sem fazer nada, como se nada houvesse, ou como se isso nada tivesse que ver comigo e com a sociedade em que vivo».

Eu compreendo melhor, agora, o desespero de Stefan Zweig, que o levou ao suicídio quando pensou que os nazis iriam vencer a II Guerra Mundial. Ele não queria viver num mundo assim. Também o existencialismo de Albert Camus, que teve a coragem de contribuir ativamente para a Resistência francesa durante a IIª Guerra Mundial.  Não cito aqui muitos outros, que merecem a nossa homenagem e são exemplos de dignidade humana e de elevado valor moral. 

A minha postura pode ser considerada estranha, face ao tempo em que vivemos. Pois eu sou testemunha, mas não participo nesta cultura hedónica, materialista (no sentido de procura dos bens materiais), de adoração do poder, do dinheiro, do «estrelato»... que é hoje o substrato cultural da maioria das pessoas.

 Mas, isto não acontece por acaso. Note-se que - por enquanto - o ensino nos países ocidentais não veicula estas ideologias - pelo menos, de um modo explícito. As religiões correntes nestas paragens (a cristã, mas também as outras), não encorajam, até condenam explicitamente, esta adoração do vitelo de ouro. 

Penso que a influência da comunicação social de massas é avassaladora e impregna, ao nível subconsciente, quase todas as pessoas: isto inclui, obviamente, pessoas inteligentes e de elevado nível cultural. Por isso, os verdadeiros donos deste mundo querem ter o controlo da media, sobretudo das redes sociais, como temos visto nos casos de Elon Musk, Marc Zuckerberg, etc.

A cultura das pessoas em Portugal tornou-se quase uniformemente ocidentalizada, assimilando a cultura anglófona, em particular a dos EUA, sob todos os aspetos; desde a música pop-rock, às modas de linguagem - a utilização do inglês no comércio e publicidade - aos valores ideológicos e aos modelos comportamentais das «stars». 

Por contraste, vai aumentando a ignorância do que seja português, ibérico, e de tudo o resto que não seja anglo-saxónico, mas europeu ou extraeuropeu. Isso faz com que tenham «uma vaga ideia», no melhor dos casos, das produções e personalidades que marcaram as outras culturas. 

 Não sou parcial, não tenho qualquer ódio e raiva aos americanos e ingleses, nem à maioria dos intelectuais, homens e mulheres com elevado padrão moral, além de talento. Eu aprecio a coragem de alguns jornalistas, ensaístas e políticos, dos EUA, como Chris Hedges ou como Paul Craig Roberts (e muitos outros). 

Criticar o imperialismo e a repressão aos «de baixo», não me afasta (ideológica e eticamente) deles; pelo contrário, isso aproxima-nos. O que há de bom na cultura anglo-saxónica, é por mim reconhecido, tanto em relação ao passado, como ao presente. De facto, o combate pela liberdade atravessa fronteiras geográficas ou físicas, mas também de cultura e ideológicas. 

A censura não é um «problema de intelectuais», porque o próprio âmago da liberdade está aqui em causa, a liberdade de todos; sejam de esquerda, ou direita; radicais ou conservadores; crentes ou ateus, etc...

     O autor, dramaturgo esquerdista, é acusado por tribunal de Berlim de «propaganda nazi»!

Se alguns são amordaçados por causa das suas ideias, daquilo que pensam e escrevem, então, qualquer um de nós pode também ser, de um momento para o outro. Estamos todos ameaçados. Estou convicto disso: a realidade tem trazido, ultimamente, imensas provas em apoio desta convicção.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA, PARTE XV

               
                                    Imagem: Mansarda com janela em «olho de boi»

Muitas coisas tenho para contar.
Mas, brevemente, primeiro tenho de saudar o que passou: O passamento da Rainha Elizabeth II, personagem tão simpática e incontroversa, que muitas pessoas cismam de não serem súbditos da sua Coroa (não é bonito assistir-se a um casamento real?). Para tais pessoas, muitas vezes, não há cura: Estão cronicamente infetadas com o vírus da «Servidão Voluntária», uma maleita diagnosticada pelo sempre jovem Etienne De La Boétie.

Hoje em dia, há pessoas que rejubilam com mortes na guerra, desde que sejam «os outros», aqueles que fomos ensinados ou condicionados a odiar, desde pequeninos. A humanidade está à beira duma guerra nuclear. Porém, reage como se de nada de importante se tratasse: Com a impressionante tecnologia de persuasão e condicionamento das mentes, a qual anula nos humanos quaisquer laivos de revolta, ou apenas de pensamento crítico. Que caminho percorrido desde os «cães de Pavlov»! Os cientistas comportamentais devem estar orgulhosos.

Não há qualquer outro fator que ative mais as pessoas a pensar, como carências de bens essenciais: no pior dos casos - a fome, mas a simples ausência de condições mínimas de conforto (como aquecimento das casas), ou ainda a impossibilidade de continuar a servir-se do automóvel, já têm consequências. As revoluções de amanhã serão totalmente diferentes das passadas. Os revolucionários «encartados», de todas as tendências, vê-las-ão passar e só depois destas terem um certo avanço, acordarão.

A autoinfligida crise energética tem de ser vista em perspetiva. Farei essa perspetiva decorrer de dois ângulos diferentes:

- No campo atlantista, predomina a raiva anti- soviética, perdão, anti- russa. Eles, atlantistas, são capazes de nos sacrificar alegremente: Um terço dos soldados da Ucrânia (mortos ou estropiados), a quase totalidade da população destroçada económica, psicologicamente, além de ser vítima «colateral» dos combates, uma enorme percentagem foi obrigada a refugiar-se em países vizinhos. Do lado dos «aliados» da NATO, constata-se já o empobrecimento massivo dos que estavam no limiar da pobreza. A Europa ocidental irá sofrer muito mais, nos próximos meses, de frio, de carências alimentares, de desemprego, de rutura dos serviços essenciais. Soma-se a perda de qualquer possibilidade das multidões fazerem eficazmente ouvir-se e respeitar-se pelos poderosos, devido à campanha non-stop de medo, propaganda de guerra, censura, difamação, cilindrando quaisquer vozes, mesmo tímidas, que se pudessem erguer contra o «establishment». Em suma, um Estado totalitário pan-europeu está sendo preparado pelas «elites».
Eles - os atlantistas - podem estar orgulhosos, têm aquilo que sempre procuraram obter: Uma Europa ocidental sujeita a regimes fascistoides, com um semblante de eleições, um semblante de opinião pública, um semblante de oposição - quer política, quer social: A dominação total e sem limites. Torna-se cada vez mais clara e transparente a tentativa da oligarquia de impor uma sociedade distópica, moldada sobre os romances de futurologia mais célebres, desde Aldous Huxley e George Orwell, até à literatura de ficção científica mais recente, descrevendo as distopias mais negras. Estes romances são usados como guias, como manuais de «Como Fazer?».

- No campo não-autoritário, as previsões cumprem-se. Foram baseadas na observação do real, do terreno social presente, não em narrativas mitológicas, nutridas por ideologias completamente ultrapassadas. As pessoas começam a acordar para o facto de terem entregue demasiado poder, sob pretexto de «democracia representativa»*, a  sociopatas, que irão fazer tudo para manter esse poder, sobre os outros.
Podia-se esperar este despertar. Ele tem que ver com a impossibilidade teórica e prática do condicionamento de massas ser permanente e total. Se ele fosse permanente, já teríamos todos sido transformados em «robots» ou «zombies», o que - felizmente - não é o caso. Muitas pessoas não foram inoculadas com o vírus mortal do medo de pensar. Por outro lado, verifica-se que algumas pessoas começam a despertar da letargia em que estavam mergulhadas, desencadeada pelo pavor induzido (estratégia «Shock and awe»). Elas, portanto, recomeçaram a raciocinar. Muitas pessoas, guardam apego à verdade, à honestidade, ao sentido de justiça. Não suportam ver amigos, vizinhos, parentes, serem enxovalhados, despedidos e ostracizados. Nem todas ficam encolhidas de medo, esquecendo o significado de palavras como amizade, solidariedade, dignidade humana. Estas pessoas corajosas, graças a Deus, existem em todas as sociedades. Não posso ter uma percentagem rigorosa destas, mas sei que qualquer um de nós conhece duas ou três pessoas, pelo menos, que não alinham com a narrativa «mainstream». Calcula-se que, em média, existirão 150 relações significativas (familiares, amizades, colegas, etc.) na vida de cada um. Portanto, haverá no mínimo 1 -3 % de pessoas que não dobram a espinha, que mantêm o espírito de luta. É importante percebermos que não  estamos isolados: Num país atávico e onde reina uma ignorância crassa, como é o caso de Portugal, estamos a falar no mínimo de 100.000 a 300.00 indivíduos, de todas as condições, idades e localizações, que manifestam estar em contradição com o sistema totalitário.
É importante que todas estas pessoas se exprimam, senão publicamente, pelo menos, no seu círculo de amigos e de íntimos. Tendo estudado a fundo a psicologia do totalitarismo, Ariane Bilheran, na senda de Hannah Arendt e de Mattias Mesmet, deu-nos o aviso: Ao contrário das «simples» ditaduras, a ditadura totalitária, uma vez plenamente instalada, irá impiedosamente esmagar toda a oposição sobrevivente. Nunca irá flexibilizar as condições para a dissidência, pelo contrário, irá suprimi-la. Isto aconteceu repetidas vezes na História. Para que se atinja este estádio, tem de haver uma renúncia, um baixar de braços da oposição a esse regime. Enquanto existirem denúncias dos comportamentos totalitários, estes mesmos totalitários não estarão à vontade para «limpar o terreno». Afinal, eles também sabem que o povo, embora se deixe enganar algumas vezes, não pode ser enganado na sua totalidade e durante todo o tempo.
                                      
São iniciativas de base e cidadãs, como da Associação «Habeas Corpus», que têm o maior potencial para manter o espírito de liberdade. Infelizmente, os partidos, incluindo os de esquerda**, seja qual for sua tendência ou dimensão, estão completamente paralisados, ou comprados, ou sem orientação, pois continuam a não fazer o seu papel.
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(*) O termo «democracia representativa» é tanto mais inadequado que, mesmo nos moldes estreitos do pensamento político convencional, há uma constante e plena fraude: com efeito, os partidos são eleitos em função dos muitos milhões que são «oferecidos» (com condições) por grandes magnates e donos de grandes corporações, para as suas campanhas eleitorais. O debate é falseado sem vergonha, pois não têm voz nos grandes media, aqueles que não se vergam ao poder corporativo. Estes regimes são - na verdade - o poder das corporações, são plutocracias (= poder dos muito ricos). Chamá-los «democracias» ou «poder do povo» é um insulto à inteligência do povo, é escarnecê-lo. Nunca teve tão pouco poder como agora, o pobre povo, por muito que os poderosos se autoelogiem de terem uma «democracia».

(**) Note-se que a «esquerda parlamentar», em peso, tem-se mantido numa ambígua posição, a de «parecer» oposição, sem o ser. Nos períodos iniciais da «crise do COVID», os dirigentes e deputados do PCP e do BE, partidos que se reclamam do socialismo e das classes trabalhadoras, insistiam em aplicar um regime mais estrito de confinamento/«lockdown». «Lockdown» é um termo que  significa o castigo do fechamento dos presos, especialmente quando estes fazem reivindicações. Aplaudiram ou ficaram calados perante a repressão selvática aos que não aceitavam as regras arbitrárias e anti-constitucionais. A existência duma classe coordenadora ficou mais uma vez demonstrada. A sua utilidade para o capital é evidente, pois ela permite que os trabalhadores se mantenham «tranquilos», «ordeiros», dentro da «legalidade»...

sábado, 2 de julho de 2022

[MATTIAS MESMET] A PSICOLOGIA DO TOTALITARISMO

 

                                           












O Professor Mattias Desmet é um psicólogo belga, com um mestrado em estatísticas, que ganhou reconhecimento mundial nos finais de 2021, quando apresentou o conceito de «formação de massas» como explicação para o comportamento absurdo e irracional que tínhamos vindo a verificar, em relação à pandemia de COVID e às contramedidas que foram decretadas. 

Ele também nos avisou que a formação de massas pode dar origem ao totalitarismo, que é o assunto do seu novo livro, saído no mês passado de Junho de 2022, "The Psychology of Totalitarianism."


[Em baixo - em tradução minha - uma passagem da referida obra]

“Ao fim e ao cabo o desafio último não será tanto o de mostrar às pessoas que o coronavírus não era tão perigoso como esperávamos, ou como a narrativa do COVID estava equivocada, mas antes que esta ideologia  é problemática; que este transumanismo e esta ideologia tecnocrática são um desastre para a humanidade. Este pensamento mecanicista, esta crença de que o Universo e o Homem são uma espécie de sistema mecanístico, que deveria ser conduzido e manipulado dum modo mecanístico, tecnocrático e transumanista. Este é o desafio último: Mostrar às pessoas que a visão transumanista do humano e do mundo implicam a desumanização radical da nossa sociedade. Portanto, penso que este é o desafio verdadeiro que temos de enfrentar.

Trata-se de mostrar às pessoas o seguinte: 

Vejam, esqueçam por momentos a narrativa do Coronavírus. Aquilo para o que nos dirigimos - se continuarmos no mesmo caminho - é uma sociedade transumanista radical e tecnologicamente controlada, que não deixará qualquer espaço para a vida do ser humano.”

Foi com intenso prazer (pela qualidade da obra) e preocupação (pela seriedade das situações reveladas), em simultâneo, que li esta obra. Estou certo que nenhum dos meus leitores se irá arrepender em também ler esta obra, que eu considero um marco para a reflexão em psicologia social e em política. Acredito que a sua importância vai ser reconhecida cada vez mais, como uma das grandes obras deste século.  

O ensaio de Mesmet está a revelar-se como o grande «best seller» deste início de Verão. 


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Ler também: 

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/12/prof-mattias-mesmet-entrevistado-sobre.html


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PS : O que é porno- de medo?

What is Fearporn? Is it really a thing?


quarta-feira, 25 de maio de 2022

TRANSIÇÃO TOTALITÁRIA E JOGO DOS PODEROSOS

Os Estados, ditos de «democracia liberal», que se gabam de superioridade moral perante todos os outros, são objeto, AGORA MESMO, duma transição acelerada para uma distopia totalitária.

Como é que este processo se desenvolve?

As "garantias e liberdades" vão continuar nas constituições e nas leis desses países, mas serão letra morta. Isto define a transição para um Estado totalitário, agora a um nível global e não apenas dentro das fronteiras de um, ou de alguns países.
Hannah Arendt já tinha avisado sobre tal mecanismo, tendo analisado como se processa. Por exemplo, no caso do regime hitleriano, quando os nazis tiveram o Estado parcialmente sob controlo, fabricaram um atentado de falsa bandeira, o incêndio do Reichtag (parlamento), atribuindo-o «aos comunistas», para porem fora de lei definitivamente, não apenas o partido comunista, como todos os partidos e correntes que se opusessem ativamente ao nazismo. Mas, não aboliram a constituição democrática liberal de Weimar, formalmente. Limitaram-se a ignorá-la. A partir desse momento, a lei eram eles: Só eles, os nazis e o seu Führer, é que a faziam.
O processo também existiu, de forma algo semelhante, na URSS de Estaline, com a constituição herdada do princípio do regime soviético. A constituição soviética de 1918 reconhecia, no papel, garantias e direitos aos cidadãos.
No Portugal de Salazar, a constituição de 1933 também consagrava direitos e liberdades, porém, por efeito do estado de exceção permanente e leis de «segurança interna» do Estado, na prática, eram anuladas aquelas disposições da constituição. Mas, o regime declarava-se «cumpridor das leis e da constituição».
Devido à ignorância abismal de muitas pessoas, não identificam os evidentes paralelos do que se passa agora, com situações passadas de transição para o totalitarismo, tanto mais que o novo totalitarismo é suficientemente perverso para se mascarar no seu contrário.
O totalitarismo de hoje mascara-se com declarações de liberdade, pluralismo, antifascismo, etc. Tudo o que for preciso, ao nível verbal. O objetivo é fazer um écran de fumo, com um efeito neutralizador nas pessoas comuns.
Estas estão iludidas, pois só conhecem a «casca» dos fenómenos políticos. Quase ninguém estuda, e muito poucos conhecem em profundidade, a natureza política e económica do fascismo.
O fascismo, uma forma de Estado totalitário, está descrito pelo seu mentor – Mussolini - como «a fusão do poder do Estado e das corporações». 



Literalmente, é o que acontece, hoje em dia, sobretudo nos países que proclamam ser (mas já não são) democracias liberais:
- Há um regime fascista quando o Estado e as corporações se fundem, se conjugam para levar a cabo obra comum. Quando o Estado, ao fim e ao cabo, se torna realmente instrumento direto das corporações.
Erroneamente, a expressão «fascismo» evoca em muitas pessoas, perseguições a opositores e polícia política, somente. É aqui que começa o erro, porque se toma a superfície («a casca»), pelo fundamental («o cerne»).
Nos regimes totalitários houve diferentes graus de violência política: repressão violenta e implacável sobre a oposição, em certos períodos, enquanto noutros períodos, parecia que toleravam um mínimo de dissidência. Estas diferenças no grau da repressão, ocorreram na Alemanha nazi, na Itália fascista, no Portugal salazarista ou na Espanha franquista. O mesmo também se passou no regime soviético, nas «democracias populares» e na China maoista.
O erro primordial é considerar que, se não houver ações policiais de repressão, não se estará perante um fascismo. Além de poder haver momentos em que estas situações existem e outras em que não, na história dum mesmo regime, é notório que esta repressão se exerce sempre de forma seletiva, sobre uma categoria de pessoas, uma classe, ou setor da população, o que faz com que muitas pessoas permaneçam alheias, para elas, «não há» esses crimes, esse espezinhar dos direitos humanos.
Além disso, em determinados contextos, os fascismos contam com uma massa alienada e iludida, que os apoia entusiasticamente, havendo um efeito de grupo, que é repressor por si mesmo. Este anula a possibilidade de expressão significativa de qualquer dissidência.
Quando as coisas começam a correr mal para esses regimes, os bodes expiatórios são acusados de todas as desgraças do povo e da Nação:
No episódio recente da pandemia de COVID eram os não-vacinados, acusados publicamente de serem disseminadores, egoístas, incapazes de «solidariedade», etc.
Este discurso esmoreceu quando veio uma variante (Omicron) infetar, com igual facilidade, os «vacinados» e os não-vacinados, além de que os «vacinados», se fossem infetados, transmitiam efetivamente o SARS-Cov-2. Mas, o efeito de designar uma parte da população como «culpada» permanece, não desaparece. Funciona como um «ruído de fundo» na psique coletiva. Esta persistência do irracional mantém-se, porque as pessoas são movidas por instintos primários, como o medo da morte.
A concentração de poder nunca foi tão grande como hoje em dia. Nenhum ditador do passado tinha ao seu dispor os instrumentos de controlo que existem agora. Estes são constantemente usados para controlar. Na ignorância da maior parte do público, servem-se dos meios informáticos, incluindo «Inteligência Artificial», para analisar as tendências do «rebanho» e detetar as ovelhas negras.

Onde se enganam os globalistas-eugenistas triunfantes de hoje?

- Eles tomam o discurso como substituindo a realidade. Ora a história mostra que, ao fim e ao cabo, a realidade é mais forte que qualquer ficção, por mais elaborada ou perfeita que esta seja.
Um regime político, tido como «perfeito», não é compatível com pobreza, marginalidade, violência nas ruas, etc. Como conciliar então o seu elogio permanente, com a realidade que vem negar esse mesmo discurso?
Daí a necessidade de censura, de fabricar a realidade, através dum tecido de mentiras e de propaganda. Nada disto é inédito, nós verificamos isso agora, mas os historiadores descrevem a mesma manipulação da informação, a propaganda, o encobrimento e a mentira que desempenharam, nos séculos passados, exatamente o mesmo papel.
A maneira de manter as pessoas na ilusão, passa também por as distrair constantemente com algo de novo. O que mais chama a atenção, são coisas que fazem medo, que assustam. Os média sabem fazê-lo.
Por isso, as pessoas estão constantemente a ser bombardeadas por notícias alarmistas, quer tenham um fundo de verdade, ou não. Muitas vezes, um pequeno incidente é ampliado até se parecer com uma grande catástrofe. Faz parte das técnicas de manipulação. Assim como fazer variar a atenção das pessoas; ora focalizando a sua atenção num objeto, numa pessoa, num assunto, ora noutro: O efeito é de confusão mental, de incapacidade de apreensão do real.
Nas notícias, o contexto é quase sempre omitido, ou meramente aflorado. A forma como as notícias são apresentadas vem intencionalmente reforçar os preconceitos das pessoas. É espantoso o número de adultos que «acreditam» numa informação, apenas porque esta foi veiculada por jornalista ou político da sua simpatia. 
Dada a propensão para pertencer e para acreditar, na generalidade das pessoas, é fácil os manipuladores terem um ascendente sobre elas, parecendo que tudo se passa na mais genuína «democracia».


terça-feira, 29 de março de 2022

QUANDO A CENSURA SE TORNA PARTE DA «GOVERNANÇA GLOBAL»

 Já se sabe que há uma censura cada vez maior nas chamadas redes sociais, nas plataformas controladas pelos gigantes tecnológicos. Existe também uma íntima relação destas empresas globais com o governo, em particular, o dos EUA. Estão criadas as condições para um controlo totalitário. 

Esse controlo exerce-se até em relação ao que foi produzido no passado. Nos regimes totalitários Estalinismo, Nazismo... ou na ficção de George Orwell «1984», o passado era reescrito ao sabor das conveniências da clique no poder. 

Chris Hedges viu todas as suas produções em vídeo serem eliminadas. Tinha acumulado vídeos com entrevistas de toda a espécie, não apenas a políticos, como a figuras da cultura, etc. Todo esse trabalho e documentação foi apagado pela Google (proprietária do Youtube). 

Isto parece uma punição por aquilo que Chris Hedges pensa, uma perseguição indiscriminada, mas é precisamente aquilo que os regimes totalitários costumam fazer.



“The moment we no longer have a free press, anything can happen,” Hannah Arendt warned.

“What makes it possible for a totalitarian or any other dictatorship to rule is that people are not informed; how can you have an opinion if you are not informed? If everybody always lies to you, the consequence is not that you believe the lies, but rather that nobody believes anything any longer. This is because lies, by their very nature, have to be changed, and a lying government has constantly to rewrite its own history. On the receiving end you get not only one lie — a lie which you could go on for the rest of your days — but you get a great number of lies, depending on how the political wind blows. And a people that no longer can believe anything cannot make up its mind. It is deprived not only of its capacity to act but also of its capacity to think and to judge. And with such a people you can then do what you please.” 

domingo, 6 de março de 2022

«MUNDOS SEPARADOS». O AUTORITARISMO, A GUERRA E A GEOPOLÍTICA

                  


Incessante tendência dos autoritários de todas as cores ideológicas em querer moldar o mundo exterior à IMAGEM DO SEU MUNDO INTERIOR, TEM CONSEQUÊNCIAS que estão de todos à vista. 

Comento o excelente artigo, de LIAM COSGROVE «The US Is Culpable in Today's Ukraine Crisis  - How the incessant neo-conservative urge to reshape foreign nations in the Western image has brought us to the brink of World War.»
Curiosamente, os herdeiros da ideologia liberal (quase toda a classe política dos países ditos do «ocidente») têm muito mais traços de autoritarismo, do que os que estiveram (caso dos russos), ou mesmo ainda estão (caso dos chineses), debaixo de regimes totalitários.
Mas, ao fim e ao cabo, como eu repetidas vezes avisei, o cisma entre o Ocidente e o Oriente, vai traduzir-se por dois mundos separados
Quando não se confrontarem com armas, quando não fizerem guerra por procuração («proxi-wars») farão pelo menos, guerra económica, política, ideológica, ou «de informação». A globalização «feliz» advogada por ambos, acabou. Agora, será a pseudo-globalização do calvário dos povos, com a forma simbólica de cruz: o eixo «vertical» - os atlantistas, contra o eixo «horizontal» - os euro-asiáticos.
Ver o meu artigo QUEM SÃO OS VENCEDORES DA TRANSFERÊNCIA DE RIQUEZA DO «GREAT RESET»?. Quanto aos vencidos, o resultado desta crise é o empobrecimento geral, mais cruel para os pobres, o reforço dos traços autoritários, o estreitamento da «janela de Overton» até ser praticamente indistinguível de um regime fascista, como foi Portugal, durante os 48 anos de Salazar e Caetano, um dos membros iniciais da NATO*. Talvez piores sejam estes regimes, que agora se estão a instalar em toda a Europa, na concha vazia das democracias liberais. Não só haverá uma profunda ruptura dentro da sociedade, como não haverá qualquer tolerância para pessoas com ideologias divergindo da ortodoxia imposta pela ditadura «democrática». O «fascismo Mc Donald» irá fazer com que estas pessoas sejam ostracizadas, perseguidas, não haverá «direitos humanos» para elas. Os dissidentes no Ocidente, estão já a ser pior tratados, nalguns casos, do que os da URSS, quando esta existia. É que a campanha continuada dos media corporativos, juntamente com a aprovação, em grande parte do público, das discriminações a pretexto de COVID e o infame passe vacinal, vieram mostrar que os governos ocidentais podiam avançar com este autoritarismo, deixando intacta a letra da lei, para a esvaziar do seu conteúdo, impondo novas realidades sociais e políticas, em seus respectivos países. Isto foi analizado por Hannah Arendt, há quase um século. Porém, os que se reclamam de esquerda, anti-fascistas, etc, estão completamente olvidados da análise que ela fez dos totalitarismos.
É que estes «esquerdistas» também são autoritários; são adoradores do Estado. Eram eles, que achavam que as medidas de «lockdown» e a imposição do passe vacinal, não apenas eram justificadas em nome da «saúde pública», como queriam mais energia e celeridade na sua implementação.
De facto, os liberais genuínos, os libertários, os anarquistas pacifistas e outros não-autoritários, já estão completamente excluídos do discurso público, que se tornou num discurso meramente do poder, com várias cambiantes, para dar ilusão de democracia. 
Não sei até onde a ausência de vergonha, a hipocisia e o puro sadismo poderão chegar, mas podemos ver o paralelo histórico da instalação das ditaduras totalitárias do passado onde, após o esmagamento da oposição (quer na Alemanha de Hitler, quer na URSS de Estaline), aumentou o nível de repressão feroz, indiscriminada e sem qualquer preocupação em guardar as aparência da legalidade. Nas ditaduras «vulgares», tais regimes, depois de terem triunfado, de terem consolidado a sua vitória, vão querer dar uma aparência de respeito pelos direitos humanos, de tolerância, etc. Mas, nos regimes totalitários, uma vez consolidado o poder, a repressão é intensificada, como nunca antes. Isto é um facto que se tem observado repetidas vezes, que os dissidentes de hoje terão de ter em conta. 
Esperemos que tal não aconteça, mas não sejamos ingénuos ao ponto de acreditar que a salvação esteja nos bandidos de um bando,  que eles se vão arriscar a derrubar os do outro bando, sobretudo quando estão a beneficiar do estatuto de «oposição» tolerada, construtiva, etc. dentro do regime!
No plano mundial, teremos uma polarização, do «império ocidental» sob a garra reforçada dos EUA, enquanto no «império oriental», a China dominará a Rússia. Isto será consequência da Rússia ter sido expulsa violentamente da esfera internacional e diabolizada pelos europeus.

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*Sim, a NATO aceitou no seu seio o regime fascista de Portugal, a tal estrutura atlântica destinada a defender as democracias contra o comunismo totalitário!

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

FALSIFICAÇÃO DO REAL ENQUANTO ESTRATÉGIA

 As palavras servem para educar, para informar, para esclarecer, mas também servem para confundir, para agredir, para iludir.

Apenas breves apontamentos sobre o papel, hoje mais do que nunca, da propaganda disfarçada de informação a todos os níveis, dos domínios económico e financeiro, ao ideológico.

A necessidade dos governos ditos democráticos se servirem da propaganda rebatizada «public relations» (relações públicas) foi teorizada e, de certo modo, posta em prática, por Edward Bernays. A propaganda tornou-se tal, que as realidades ficaram completamente ofuscadas para o público, em geral, crédulo e desinformado, mas com a ilusão (isto, também, efeito da propaganda) de estar mais bem informado, do que jamais no passado. 

A dominação, o poder, será sempre uma questão de saber-se quem detém o controlo económico e militar, mas com uma componente de propaganda, que se disfarça de «informação», «educação» e «ciência». Neste contexto, a cidadania deve ser levada a seguir o caminho traçado pela oligarquia. Para o poder, será muito mais fácil ele realizar seus objetivos com a adesão passiva, o consentimento fabricado, da cidadania. 

No mundo de hoje, ditaduras que realizam o esmagamento sangrento da dissidência, não são raras, contrariamente ao que possa parecer, mas esta modalidade violenta não é a preferida pelos poderosos, pois eles sabem que correm certos riscos: Nem todos os ditadores do passado, tiveram morte tranquila no seu leito. Só recorrem à ditadura aberta, quando não têm outro meio de manter ou de retomar o poder.

Nos dois anos que estamos a viver e sob a cobertura da pandemia de COVID, estão a ser transferidas imensas riquezas, dos mais fracos economicamente e dos Estados, para a posse de multimilionários, das grandes corporações, da grande banca e da finança privadas. 

Esta transferência objetiva tem a cobertura dos Estados, de instâncias supranacionais (OMS, FMI, UE. etc.) e da media corporativa, ponta-de-lança da propaganda ao serviço dos poderosos. Ela é acompanhada pela violação das constituições, dos direitos individuais e coletivos, particularmente, em nações que antes se apresentavam como um «modelo» de democracia liberal*.

Verifica-se a verdade afirmada por Che Guevara e por muitos outros, de que: «Os  Estados burgueses mais democráticos transformam-se em ditaduras, quando eles - burgueses - sentem o seu poder seriamente ameaçado. Nessa ocasião, deixam de ser democratas e passam a ser fascistas.» 

É isto que se está a passar e as forças políticas que se autoproclamavam representantes dos oprimidos, da classe trabalhadora, ao nível dos seus chefes e grupos parlamentares, alinharam plenamente no golpe. Vimos casos de partidos «de esquerda» serem os mais exigentes no cumprimento das restrições impostas, para demonstrar (a quem, senão aos seus donos?) que eram cumpridores das diretrizes vindas do verdadeiro poder. 

Creio que o efeito de obscurecer, camuflar, de fazer manobras de diversão, foi fundamental para o golpe ter sucesso. Sem isso, era impossível a monstruosa operação, que levou, no mundo inteiro, à ruína de muitos milhares de pequenos e médios empresários, ao desemprego de milhões de trabalhadores e à miséria de incontáveis pobres, que resvalaram para a indigência. Isto passou-se,  com a total conivência  e indiferença das classes possidentes e governantes das nações. Porém, se é verdade que o mundo está largamente globalizado, então, aquilo que se passa em «Wall Street», terá efeitos catastróficos nas ruas de Calcutá ou de Nairobi. 

Em 2020, a falsa narrativa saiu imediatamente, ela estava bem preparada e ensaiada: A epidemia de COVID (real, mas banal, como tem havido muitas e bastante benigna, em comparação com os registos históricos das pandemias)  foi cozinhada de modo a parecer um cenário de catástrofe, com um vírus «incontrolável», «sem tratamento eficaz» e, sobretudo, «muito mortífero». As pessoas caíram nessa rede de mentiras, com a consequência de aceitarem como «mal necessário» os confinamentos e outras restrições à sua liberdade. Esta primeira operação (iniciada em 11 de Março 2020) teve um tal êxito, para os globalistas, que eles rapidamente adotaram a estratégia de «terror covidiano», com a imposição de ditadura vacinal

Relativamente ao passe vacinal, já expliquei noutros artigos que o objetivo não é sanitário. Trata-se de conseguir o rastreio permanente e ubíquo, a possibilidade de controlo de tudo o que se faça, e mesmo de «empurrar» as pessoas a consumir, na quantidade que eles acharem: isto está previsto, com o dinheiro 100% digital. Estes são objetivos reais. Estão anunciados claramente, pelo Fórum Económico de Davos e pelo BIS (Bank of International Settlements). É este o verdadeiro objetivo do pânico fabricado e da imposição de vacinação. 

Mas, embora isto seja importante para a oligarquia, a sua ofensiva não irá parar aqui: Eles sabem que são criminosos. Sabem que seus crimes são tipificados - pelos Códigos de Nuremberga e pela jurisprudência do Tribunal Penal Internacional, sobre genocídios e crimes em massa, cometidos em vários países. Têm de obter a impunidade permanente, de ficar «acima das leis».

Como se verifica já ao nível dos Estados, ditos democráticos, a capacidade de fazer respeitar a Lei que emana diretamente das constituições, foi subvertida. Os governos tornaram-se ditatoriais, subvertendo as constituições respetivas, sem que houvesse séria oposição da magistratura. Esta, em grande parte e salvo honrosas exceções, curvou-se: Fingiu que aquilo que os governos faziam estava de acordo com a ordem constitucional, quando eles sabiam que não era assim.

Estamos portanto numa etapa pré-totalitária, como caracterizou Hannah Arendt, onde a legalidade anterior -embora se mantenha formalmente em vigor -  é letra morta. Quem é o produtor de leis, o juiz exclusivo interpretando essas leis e o controlador de que estão a ser bem aplicadas? É o executivo, o governo, apoiado por uma fação política. A mesma situação ocorreu no século XX, em várias ditaduras. Só que estas ditaduras, para se instalarem, tiveram de enfrentar uma grande resistência, por isso houve uma repressão mais brutal.

As pessoas que julgam invalidar o argumento acima, apontando a existência de eleições, que se desenganem: Estudem a história contemporânea e verão que eleições não são incompatíveis com ditadura. Pelo contrário; esta ilusão permite que as pessoas acreditem que «existe democracia, pois há eleições». 

Umas eleições, mesmo que formalmente respeitem os preceitos, são feitas no contexto duma media controlada pelos que detêm o poder económico e, portanto, também político. São eles que decidem qual a largura da «janela de Overton»: Decidem quais opiniões são aceitáveis e quais as pessoas e correntes de opinião, que devem ser censuradas, excluídas, pois estão «fora do consenso» (Nota: consenso fabricado por eles!). 

Nestas condições, embora não se saiba exatamente qual a composição do governo seguinte, isso não importa, pois os que são realmente candidatos ao poder (e não a assentos em bancadas da oposição) sabem quais os limites do que podem, ou não, fazer. Têm de o saber, enquanto lacaios dos muito poderosos. Com efeito, estes, são os principais doadores, que lhes subsidiam as campanhas eleitorais e lhes alimentam as contas em off-shores. Isto é bem conhecido de todos, inclusive das autoridades judiciais: Mas, não são inquietados. 

Isto, não é apenas típico de países periféricos, como Portugal. Existem provas de corrupção, ao mais alto nível, nos EUA, na França, na Alemanha, etc. A conclusão é que, aquilo que chamam «democracia», tornou-se numa farsa. 

Quanto à questão da subida constante da extrema-direita, que rejeita qualquer modelo democrático, embora se sirva das eleições para o acesso ao poder, já não pode ser vista como «sendo culpa exclusiva da extrema-direita». O que se tem vindo a constatar, é que os regimes do «Ocidente», ditos democráticos, há decénios que estão numa deriva: cada vez mais autoritários e corruptos, cada vez mais parecidos com ditaduras, pelo que as suas posturas, face à real ameaça da extrema-direita, são também cada vez mais fracas. 

E depois, chega um momento em que os patrões de uns e de outros - os grandes capitalistas - decidem que o regime de democracia «para-lamentar» já não serve. Nesse momento, este regime entra numa crise aguda e morre de colapso cardíaco. Os novos poderes, a «respeitável» direita nacional-socialista, irão servir muito melhor os objetivos de manter a multidão tranquila, com as necessárias doses de repressão e de demagogia. 

Após um certo intervalo de tempo, que pode ser de decénios, as «elites», que governam por detrás dos cortinados, decidem que o desgaste do regime autoritário começa a ser prejudicial, ou potencialmente catastrófico (perigo de uma revolução vinda «dos de baixo»). Vai substitui-lo, através de uma «revolução», por novo regime, mas sempre sob o controlo dos mesmos. 

As pessoas só podem recorrer a si próprias, aos seus iguais, à entreajuda e solidariedade verdadeiras. As formas de auto-organização em cooperativas, ou outras formas, tornam-se como as «boias de salvação», num naufrágio. Nas circunstâncias criadas, muitas pessoas vão sofrer. É mais provável que sofram mais, caso fiquem passivas ou equivocadas, caso não tenham consciência clara de que não há salvação no Estado, no Partido, na Igreja, ou qualquer outro poder exercido sobre o povo. 

Para sobrevivermos nesta tormenta, teremos de fabricar, nós próprios, nossas «boias» e  «barcas salva-vidas». É indispensável construirmos tais meios ANTES da catástrofe se abater e reforçarmos os já existentes. Também implica aprendermos (ou reaprendermos) a ter um comportamento humano, uns em relação aos outros: «Respeitar e fazer respeitar a igualdade de direitos», é um sempre atual - e frequentemente desprezado - princípio ético. 

Note-se que, hoje, os oligarcas (Clinton, Soros, etc.) manipulam alguns esquerdistas, anarquistas, ecologistas, etc. que se tornam seus agentes. São eles, os oligarcas, que têm acendido os fogos da discórdia, da divisão. Deste modo, conseguem dominar tranquilamente na esfera económica e financeira, pondo o fogo - por vezes literalmente - nas sociedades, fragmentadas pelos fanatismos identitários.

Eu acredito que as pessoas têm um grande potencial, que são inteligentes. Todos percebem que é muito melhor que haja cooperação, do que antagonismos. 

Ingénuo? - Talvez, mas o certo é que não estou interessado na perpetuação duma sociedade da desigualdade extrema, da arrogância, do hedonismo, da opressão e da alienação. 

Acho que psicopatas e sociopatas, apenas, são favorecidos por tal contexto. Mas, o seu poder é ilusório. Irá ruir num instante, quando as pessoas acordarem e compreenderem como têm sido enganadas.

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*O problema principal dos sistemas políticos da UE, é o afunilamento da democracia à existência de eleições. Esta visão estreita já vem de longe, tem sido promovida durante décadas. Ela ajuda a manter a massa inibida, inerte, perante um ataque frontal às suas liberdades individuais (liberdade de palavra, de movimentos, de trabalho, etc.) e às liberdades coletivas (liberdade de associação, de reunião, de manifestação, etc.). Porque as pessoas deveriam perceber a incoerência fundamental em suspender ou restringir ou suprimir as liberdades, com o pretexto de combater uma epidemia viral. Devia ser claro para as pessoas, que isso era um mero pretexto, um expediente para reforçar (como num golpe de Estado, que realmente é) o controlo sobre os cidadãos, por parte do Estado, para além de tudo o que é tradicionalmente considerado aceitável. Proibir a alguém de trabalhar, de subsistir por não querer ser inoculado é de uma crueldade absoluta, idem, em relação a ter as crianças (não inoculadas) na creche ou escola. Concordo com Mesmet em como existe um efeito semelhante à hipnose, pois as pessoas não estão a «ver» aquilo que deveria ser evidente.

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PS1: No gráfico abaixo, relativo aos EUA, mas que será semelhante na Europa, vê-se como a disparidade entre ricos e pobres se alargou, nas últimas duas décadas. Os discursos de que «somos uma grande família», de que «temos todos os mesmos interesses», etc. falham redondamente e não podem convencer as pessoas que vivem cada vez com maiores dificuldades. Elas podem ver muito bem as riquezas que se acumulam, nos muitos ricos. A propaganda não pode suprimir o real.