Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

PROPAGANDA 21 (nº20) «A BANALIDADE DA PROPAGANDA*»

 Patrick Lawrence, no seu recente artigo «A Banalidade da Propaganda» analisa os mecanismos pelos quais os poderosos transformam as palavras e as usam como instrumentos de ataque contra a inteligência dos seus súbditos, sem qualquer preocupação pela verdade, pela coerência, pela justiça. Os exageros e as inversões lógicas abundam nos discursos propagandísticos do poder. 

O exemplo mais recente, é o do poder de Estado de Israel, que nos quer fazer crer que as vítimas (os pobres civis esmagados e desfeitos pelas bombas israelitas) seriam, afinal, os «maus». O Chefe de Estado de Israel, Isaac Herzog, vai ao ponto de fabricar uma história envolvendo uma tradução árabe de «Mein Kampf» de Hitler** como tendo sido encontrada em Gaza, num esconderijo do Hamas! 

https://caitlinjohnstone.com.au/2023/11/15/theyre-just-insulting-our-intelligence-at-this-point/

Mas é preferível ler a história no artigo original, com o talento de Patrick Lawrence e os detalhes!

Pessoalmente, o que mais me impressionou, foi a justeza absoluta da reflexão de Hannah Arendt, judia e grande filósofa política, feita numa conversa em 1975, pouco tempo antes de morrer, com Roger Errera, um ativista da liberdade de expressão. As palavras deste diálogo são aplicáveis às situações que  enfrentamos hoje, cinquenta anos depois:

 “If everybody always lies to you,” she said to Roger Errera, “the consequence is not that you believe the lies, but rather that nobody believe anything any longer.” ***

As circunstâncias e acontecimentos presentes não podiam ser mais ilustrativos do que disse Hannah Arendt, há cinquenta anos!  

-----------------------

*Nota 1: O título do artigo de Lawrence, na revista Consortium News, evoca o célebre livro de Hannah Arendt sobre o processo do nazi Eichmann, «A Banalidade do Mal».

**Nota 2: Livro escrito por Hitler na prisão «Mein Kampf» (A Minha Luta), tornou-se o principal instrumento de propaganda do nazismo.

***Nota 3: " Se toda a gente te mentir, a consequência não é que acredites nas mentiras, mas antes que ninguém acredite jamais em seja o que for."

2 comentários:

Manuel Baptista disse...

Relacionado com o assunto acima, veja também: https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2023/11/a-manipulacao-do-holocausto.html

Manuel Baptista disse...

O chamar-se de «ANTI-SEMITA» a qualquer um que se indigne e denuncie o genocídio, corresponde à destruição dos princípios éticos sobre os quais assentava a ordem jurídica e política do «Ocidente».
o seguinte excerto de artigo de Paul Craig Roberts, sobre este assunto:

«The Biden Regime is so terrified of Israel that it will even sacrifice America’s reputation for Israel:
100 State Dept Officials Sign Dissent Memo Saying Biden “Complicit In Genocide” in Gaza. The State Dept memo bluntly asserts that the United States is supporting Israeli “war crimes”.
Will 100 with a conscience be declared anti-semites and forced to resign?
https://www.zerohedge.com/geopolitical/diplomats-warn-white-house-gaza-crisis-destroying-us-image-middle-east#google_vignette »