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domingo, 20 de outubro de 2024

ISRAEL ATACA AS NAÇÕES UNIDAS [Thierry Meyssan, Rede Voltaire]

Israel ataca as Nações Unidas
Thierry Meyssan

Contrariamente a uma ideia feita, a Assembleia Geral das Nações Unidas aceitou a adesão de Israel apenas de forma condicional (Resolução 273). No entanto, mesmo assim Telavive jamais respeitou os seus compromissos. Recusa-se a aplicar 229 Resoluções do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral. Acaba de declarar uma agência da ONU de « organização terrorista », apelou à demolição da sua sede em Nova Iorque, designou como persona non grata o seu Secretário-Geral, António Guterres, e acaba de atacar quatro vezes as forças da ONU no Líbano (FINUL- UNIFIL), ferindo dois capacetes azuis .


Benyamin Netanyahou, declarou numa alocução televisionada, em 13 de Outubro : « Eu queria lançar um apelo directo ao Secretário Geral da ONU. Chegou o momento para retirar a FINUL dos bastiões do Hezbolla e das zonas de combate. O Exército israelita solicitou isto em várias ocasiões e recebeu recusas repetidas, o que tem por efeito providenciar escudos humanos aos terroristas do Hezbolla. A sua recusa em evacuar os soldados da FINUL transformou-os em reféns do Hezbolla, coloca-os em perigo, assim como aos nossos soldados ».

Durante a retirada britânica da Palestina do Mandato (ou seja, da Palestina colocada pela SDN sob administração provisória do Reino Unido), em 14 de Maio de 1948, o Conselho Geral sionista, emanação da Haganah (ou seja, a principal milícia da comunidade judaica imigrante), proclamou unilateralmente a independência do Estado de Israel. Ela foi proclamada pelo presidente da Agência Judaica (ou seja, o executivo da Organização Sionista Mundial).
Importa salientar aqui que o ocupante britânico se retirou apenas de cerca de um quarto da Palestina do Mandato. Ele já havia oficialmente saído dos outros três quartos, o que formava a Transjordânia do Mandato, a futura Jordânia.

Em nome do Conselho Geral sionista, David Ben Gurion lê a declaração de independência do Estado de Israel.

Após alguns dias de reflexão, a Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu reconhecer o novo Estado, mas não sem ter sublinhado que, em princípio, não cabia a uma milícia, a Haganah, proclamar um Estado, ainda que esta proclamação viesse preencher o vazio da partida da autoridade do Mandato, ou seja, os Britânicos. A Assembleia Geral salientou que a proclamação da independência nada afirmava sobre o regime deste Estado (teocracia ou república), nem sobre as suas fronteiras. Ela pretendia prosseguir o seu plano, o qual tinha em vista a criação de um Estado binacional, árabe e judeu, sem continuidade territorial entre as duas entidades (Jerusalém e Belém com estatuto internacional). Ela ficara tranquilizada pela referência do novo Estado a « uma completa igualdade de direitos sociais e políticos para todos os cidadãos, sem distinção de credo, de raça e de sexo ».
No dia seguinte à independência, o Egipto, o Iraque, a Transjordânia, o Líbano, a Síria e o Iémene enviaram os seus exércitos para a Palestina. A história oficial garante hoje que estes seis países (os «árabes», entenda-se os «muçulmanos») não aceitavam um Estado judeu, e que enquanto cinco deles se opunham à colonização judaica após a colonização britânica, o sexto apoiava Israel. A religião era um problema apenas para Izz al-Din al-Qassam, os Irmãos Muçulmanos e o Mufti nazi Mohammed Amin al-Husseini. Identicamente, a propaganda garante que estes Exércitos foram derrotados pelo valoroso Exército israelita, subentendendo-se que « desde o primeiro dia, os judeus são moralmente superiores aos árabes ». Mas, a realidade foi bem diferente. A Guerra mundial tinha acabado de terminar e nenhum destes países, com excepção da Transjordânia, tinha um exército digno desse nome. As suas tropas eram exclusivamente compostas por voluntários. Além disso, o Exército da Transjordânia, que pôs fim ao conflito, bateu-se ao lado de Israel contra os outros árabes. Na verdade, a Transjordânia, sempre sob influência britânica, esperava impedir a criação de um Estado palestiniano e anexar o seu território. O seu Exército não era outro senão o anterior exército dos Britânicos (a «Legião Árabe») e esteve sempre sob o comando do General John Bagot Glubb (de alcunha «Glubb Pacha»). Foram os Transjordanos (na realidade, os Britânicos) e não os Israelitas que venceram os outros Exércitos árabes. No decurso do conflito, o seu soberano, o Rei Abdallah I foi, aliás, proclamado « Rei da Palestina».

Durante este conflito, as Forças israelitas deixaram os Britânicos da Transjordânia lutar contra os árabes e aplicaram a estes o Plano D (em hebraico : Plano « Dalet »). Com efeito, a Haganah pretendia partilhar o mínimo de território possível com a Transjordânia. As Forças israelitas importaram ilegalmente armas da Checoslováquia (já dirigida pelos comunistas), provavelmente com o acordo da URSS, supostamente para lutar contra a colonização britânica, mas na realidade para expulsar os Palestinianos. Foi a Nakhba (catástrofe). Assim, são expulsos à força 750 mil Palestinianos (entre 50 e 80 % da população) .

No ano seguinte, Israel solicita e obtêm a sua adesão às Nações Unidas. À época, nenhum estado descolonizado fazia parte dela. Os países de influência anglo-saxónica formam a maioria. No entanto, eles só aceitam Israel de forma condicional. Na sua Resolução 273, a Assembleia Geral da ONU faz referência a um compromisso escrito do Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo Provisório de Israel, Moshe Shertok, no qual ele « aceita sem qualquer reserva as obrigações decorrentes da Carta das Nações Unidas e se compromete a cumpri-las a partir do dia em que se tornar membro das Nações Unidas [1].

Em 15 de Novembro de 1970, Chaïm Herzog, representante permanente de Israel nas Nações Unidas (e futuro Presidente do Estado de Israel), rasga na tribuna da Assembleia Geral a Declaração 3379 que qualifica o sionismo de « forma de racismo e de discriminação racial. »

Até à data, Israel não respeitou este compromisso e não cumpriu 229 Resoluções do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral. A sua adesão poderia, portanto, ser suspensa a qualquer momento.


No decurso dos últimos meses,
• O Ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israël Katz, declarou, em 23 de Março, que a ONU se tinha tornado « uma organização anti-semita e anti-israelita que abriga e encoraja o terrorismo ».
• Israel lançou uma campanha contra uma agência das Nações Unidas, o Gabinete de Socorro e de Operações das Nações Unidas para os refugiados da Palestina no Próximo-Oriente (UNRWA), acusando-a de estar ao serviço do Hamas. Em Julho passado, o Knesset (parlamento-ndT) adoptou três leis (1) interditando a UNRWA de operar em território israelita (2) privando o seu pessoal de imunidade diplomática (3) declarando-a uma organização terrorista.
• O Representante permanente de Israel nas Nações Unidas, Gilad Erdan, declarou aquando do final do seu mandato, em Agosto último, ao falar na sede da ONU em Nova Iorque, que « este edifício deve varrido da face da Terra. »
• O Ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israël Katz, declarou o Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, persona non grata.
• As Forças de Defesa de Israel (FDI) visaram deliberadamente os soldados, franceses, italianos e irlandeses da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL).



O que é preciso ter em conta :
• Israel não foi criado pelo seu povo, mas pelo seu exército.
• A primeira guerra israelo-árabe não foi ganha pelos Israelitas, mas pelos árabes da Transjordânia sob comando Britânico.
• Ao aderir às Nações Unidas, Israel comprometeu-se a respeitar todas as suas resoluções, o que nunca fez por 229 vezes.
• Após a Palestina, o Líbano, a Síria, o Iraque, o Iémene e o Irão, o governo de Netanyahou abriu uma oitava frente contra as Nações Unidas.


Tradução

quinta-feira, 4 de julho de 2024

ISRAEL: O COLAPSO ISRAELENSE É A CONSEQUÊNCIA DO GENOCÍDIO

Apesar do muro de silêncio e desinformação dos «nossos» media, pode-se compreender muito pela audição dos três vídeos abaixo: 

O colapso da sociedade israelita e a perda da sua autonomia económica são os factos mais salientes. 

A guerra, num Estado com fraco efetivo populacional, não pode ser sustentada numa escala temporal demasiado dilatada: A fragilidade das forças armadas de Israel, a resistência palestiniana e os movimentos de emigração de população israelita (para Chipre, Grécia, Alemanha, etc.), mostram isso. O objetivo decidido em 07 de Outubro 2023, pelo governo Netanyahu, era irrealista (além de criminoso), à partida.

Depois, a guerra de extermínio mostra que não existe real superioridade dos israelenses face ao Hamas e à resistência palestiniana. Este horror deixa um peso moral, uma mancha indelével, que os países, amigos ou hostis, não deixam de registar: As forças armadas agem  sem princípios, sem qualquer preocupação em prevenir ou condenar crimes de guerra. Este ato genocida é uma vingança sem qualquer objetivo militar, nem real estratégia, que põe Israel ao nível do pior «Estado-pária».

Por fim, é impossível Israel pretender ser, num futuro próximo ou longínquo, o Estado placa-giratória entre os mundos Europeu Ocidental e Árabe (Os «acordos de Abraão»). Esta ambição ficou completamente arredada, mesmo em relação a monarquias árabes ditas «moderadas», como a saudita, a jordana ou a marroquina.  









PS1: Numa louca corrida para a autodestruição, as forças armadas do Estado de Israel preparam-se para invadir o Líbano, de novo: A experiência passada não lhes ensinou nada. Esperam que os EUA entrem também nesta aventura para contrariar o avanço do seu inimigo Irão. Porém, se tal acontecer, irá desencadear o jogo das alianças, com a entrada direta de potências maiores, de um lado e de outro: Será o deflagrar da guerra mundial generalizada. 

terça-feira, 23 de abril de 2024

PORQUE BIDEN APOIA GOVERNO GENOCIDA DE NETANYAHU ?

 



Além das motivações políticas, não esqueçamos que Biden é o perfeito presidente da máfia sionista, pois ele foi escolhido pelos seus muitos «telhados de vidro». Era do conhecimento público (antes das eleições, há 4 anos) o enorme escândalo do seu filho Hunter Biden (psicopata sexual, adicto em drogas), que fazia a compra de influências, nomeadamente, entre altos dignatários do Partido Comunista Chinês, que são simultaneamente grandes acionistas de empresas chinesas e o vice-presidente Biden. O estado senil do seu pai e vice-presidente de Obama, já era conhecido. O facto de ter sido um «falcão», que apoiou entusiasticamente a invasão do Iraque em 2003, idem. Tudo isso, fazia dele o candidato mais fraco possível, mais facilmente manipulável: A AIPAC, a ADL (lobbies judaicos, pró-sionistas), o lobby do armamento e os grandes bancos é que elegeram Biden. 
O poder não reside da Casa Branca, nem no Capitólio: é claro que este reside em conglomerados de interesses, doadores das campanhas multimilionárias e aos quais os candidatos respondem, antes de mais. Por isso, há um divórcio tão grande entre o sentimento da «rua» nos EUA e aquilo que faz a «elite», a «oligarquia». 
Os dirigentes europeus, subservientes, são rápidos a copiar os piores exemplos de corrupção e de cinismo dos colegas americanos. Com a agravante de - na Europa - estarem a «suicidar» os seus países, seus Estados, suas economias, sacrificando os seus povos, só para demonstrar fidelidade ao seu «senhor feudal», os EUA.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Thierry Meyssan: «Vivemos, talvez, os últimos dias do fascismo judeu»

 

À distância de alguns dias, a explicação da demissão brusca de Victoria Nuland é-nos dada por Thierry Meyssan na seguinte entrevista:

 https://www.youtube.com/watch?v=f3Rq15HzaHU

Um dos mais lúcidos comentadores sobre o Médio-Oriente, tendo uma vasta experiência na zona, publica um boletim e mantém um site, indispensáveis para se compreender a geoestratégia de hoje e a evolução histórica nos últimos cem anos. 

A maior parte dos artigos, escritos em francês, estão traduzidos para português (e para outras línguas).

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Presidente Lula : Netanyahu e seu governo cometem crimes semelhantes aos dos nazis

[Israel bem pode declarar Lula da Silva «persona non grata»; eu e todos os lusófonos estamos gratos ao presidente do país irmão do Brasil, por dizer a verdade sem rodeios]




Transcrevo artigo de Lucas Leiroz:

Brasil e Israel vivem fortes tensões diplomáticas. Numa declaração recente durante uma visita à África, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva comparou as práticas de Israel em Gaza ao Holocausto contra os judeus cometido pela Alemanha Nazista. As suas palavras foram extremamente reprovadas pelo Estado Sionista e pelo Ocidente Coletivo, levando a uma crise diplomática.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou Lula persona non grata e convocou o embaixador brasileiro em Israel para esclarecimentos. Então, o governo brasileiro reagiu chamando de volta seu embaixador, deixando o Brasil sem representação diplomática em Tel Aviv.

O chefe da diplomacia israelense, Frederico Meyer, acusou Lula de cometer um grave “ataque antissemita” e prometeu “não perdoar nem esquecer” a declaração do político brasileiro. Muitos especialistas acreditam que a crise poderá culminar na ruptura total das relações diplomáticas entre Brasília e Tel Aviv.

Obviamente, o Brasil não está sozinho nas críticas a Israel. Vários países foram ainda mais duros contra Tel Aviv, chegando a uma ruptura completa. Contudo, o valor político da declaração de Lula é notório. Fundador dos BRICS e cumprindo seu terceiro mandato como Presidente do Brasil, Lula é atualmente um dos líderes mais respeitados do mundo, por isso o valor de seus posicionamentos é alto e relevante.

Na prática, isto poderá significar o início de uma nova onda entre as nações emergentes. A posição do Brasil poderia encorajar mais países a endurecerem as suas críticas a Israel, o que seria desastroso para a diplomacia sionista e minaria a influência ocidental no Sul Global. Não por acaso, a condenação a Lula tem sido forte entre os países ocidentais – e conta com o apoio das alas mais reacionárias e pró-Israel da política interna brasileira.

Na verdade, esta não é a primeira vez que o Brasil desafia Israel. Na década de 1970, durante o Regime Militar brasileiro, houve um impasse entre os dois países. Na época, sob o governo do general Ernesto Geisel, o Brasil planejava se tornar uma potência-chave entre os chamados “países não alinhados”, razão pela qual o Brasil assumiu uma postura cética em relação ao Ocidente, chegando a votar na ONU pelo reconhecimento da ideologia sionista como forma de racismo, manifestando apoio ao povo árabe na luta contra a ocupação israelense.

Há muitas suspeitas de que Israel tenha reagido às iniciativas brasileiras da época com operações complexas de espionagem e inteligência, incluindo sabotagem industrial e até suposto envolvimento no assassinato de José Alberto Albano do Amarante, então chefe do programa nuclear brasileiro. Nesse sentido, há temores de que Tel Aviv possa voltar a lançar uma campanha de “guerra secreta” contra o Brasil, mobilizando o seu aparato de inteligência para prejudicar setores estratégicos brasileiros.

Nos últimos anos, especialmente após a ascensão do ex-presidente direitista, Jair Messias Bolsonaro, o Brasil passou por um processo de profunda reaproximação com Israel, revertendo sua histórica política soberanista. Mesmo o próprio Lula até então estava sendo “bem equilibrado” em suas ações e pronunciamentos sobre a crise no Oriente Médio. Por exemplo, ele chegou a condenar a Operação Dilúvio Al Aqsa como um “ataque terrorista”, sendo fortemente criticado pela comunidade árabe no Brasil por tal posição.

No entanto, o agravamento da crise humanitária em Gaza impossibilitou que o Brasil continuasse neutro. Brasília tem uma tradição de política externa baseada na defesa da paz, dos direitos humanos e do direito internacional. Todos estes princípios elementares foram fortemente violados por Israel na sua campanha de agressão contra Gaza. O Brasil foi então forçado pelas circunstâncias a endurecer a sua posição e formalizar uma condenação aos crimes de Israel.

Com isso, Lula dá um passo importante para restabelecer a tradição diplomática brasileira, além de incentivar mais países emergentes a condenarem Israel. Porém, o presidente brasileiro precisa estar ciente das consequências que isso trará ao seu governo. Além das manobras secretas de inteligência por parte de Israel, o Ocidente Coletivo poderá reagir impondo sanções ao Brasil. O governo Lula deve ser forte o suficiente para administrar a situação e sobreviver às pressões externas.

Políticas de reindustrialização são vitais para que o Brasil supere, internamente, os desafios que virão sem enfrentar grandes problemas econômicos. No mesmo sentido, é necessária uma postura mais sólida do Brasil na política externa. O país tem hesitado muito entre posições pró-multipolares e pró-Ocidente. É preciso dar um “passo adiante” e colocar definitivamente o Brasil como um Estado interessado na transição geopolítica multipolar, consolidando um eixo de resistência contra o Ocidente ao lado de parceiros dos BRICS como Rússia, China e Irã.

Só assim será possível angariar apoio internacional suficiente para superar a pressão imposta sobre Brasília.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

DMITRY ORLOV: «A OTAN JÁ PERDEU O JOGO»


 Dmitry Orlov já tem sido citado neste blog. É cidadão americano de origem russa, cujos pais emigraram para os EUA, quando Dmitry tinha cerca de 6 anos. A partir de um certo ponto, considerou que já não se sentia bem na sociedade americana, tendo emigrado para a Rússia e tornando-se cidadão russo. Mas, independentemente do percurso pessoal, Orlov tem mostrado uma visão acutilante, tanto da sociedade russa em  crise aguda, durante a presidência de Yeltsin, como da sociedade americana nos anos mais recentes. Ele tem uma grande agudeza na análise dos acontecimentos e das grandes fraturas ocorrendo neste momento. Não significa que tenhamos que endossar as suas análises, mas temos vantagem em refletir sobre os seus pontos de vista, por mais audaciosos que sejam; eles não são destituídos de fundamento na realidade e de lógica. 

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

SCOTT RITTER SOBRE EUA-ISRAEL E A GUERRA NO MÉDIO ORIENTE


 Danny Haiphong recebe Scott Ritter: Desenrola-se uma troca absolutamente esclarecedora sobre os termos em que a guerra no Médio Oriente é levada a cabo, quer por israelitas, americanos , países da OTAN, quer pelos Houthis do Iémen, pelo Hezbollah do Líbano, as milícias do Hamas, que põem em cheque as tropas de Israel em Gaza e todo o eixo de Resistência, que está coordenadamente a levar a cabo uma guerra em múltiplas frentes, face ao poder enfraquecido dos EUA. Não é tomar os desejos pela realidade, é antes a realidade que se impõe, desfazendo as sucessivas narrativas enviesadas da media mainstream ocidental. Os americanos e os sionistas seus aliados estão a receber um castigo que se designa por «morte por mil feridas»: cada ferida não é mortal por si, mas o sangramento no total é tão grande que acabam por morrer. É isto que se está a passar, mas os loucos neocons e sionistas não têm a mínima ideia de como combater numa guerra destas. Como diz Scott Ritter, eles só são capazes de fazer coisas estúpidas e causarem a morte (inútil) dos seus soldados.

domingo, 5 de novembro de 2023

OPINIÃO PÚBLICA MUNDIAL CONDENA GENOCÍDIO EM GAZA [CRÓNICA (Nº22) DA IIIª GUERRA MUNDIAL]

 A opinião pública, em países muçulmanos e árabes, está tradicionalmente ao lado da resistência palestina. A dos países não submetidos à hegemonia dos EUA, tem recebido informação não filtrada sobre as atrocidades cometidas por Israel. Apenas a ocidental tem sido regada com narrativas horripilantes e falsas, sobre as ações do Hamas, pela media ocidental, no mais puro estilo «propaganda de guerra».

https://www.aljazeera.com/news/2023/10/28/protesters-shut-new-yorks-grand-central-station-demanding-gaza-ceasefire

Na ONU, muito embora esteja, em muitos planos, sujeita  ao Ocidente e aos EUA, vozes se levantam que não podem deixar de condenar os crimes patentes do exército de Israel contra populações civis, crimes continuados durante o cerco de mais de 16 anos a Gaza, agravados agora, com uma ofensiva de bombardeamento aéreo, que alveja estruturas civis, hospitais, igrejas, mesquitas, centros de acolhimento de refugiados das Nações Unidas. 

Os que erigiram o sionismo em doutrina de Estado estão a ter uma «vitória de Pirro». Como dizia Alexander Mercouris, o tempo joga contra os israelitas. Quanto mais tempo a resistência dos grupos armados dentro de Gaza (não apenas do Hamas, Jihad Islâmica e outros) durar, mais baixas haverá nos soldados israelitas, mais vozes se levantarão em Israel para parar esta guerra, mais o governo sionista de Netanyahu ficará isolado diplomaticamente. 

Com efeito, os sionistas, ao escolherem agir de modo genocida, fizeram uma jogada muito arriscada. Ela só se explica pelo seu sentimento de «superioridade racial», sua húbris, e pelo convencimento de que teriam apoio dos ocidentais, fizessem o que fizessem.  

A guerra em Gaza e nos territórios ocupados não irá acalmar-se tão cedo, porque os EUA têm sistematicamente vetado na ONU qualquer resolução exigindo um cessar-fogo. Mas, com ano eleitoral próximo, o genocídio apoiado plenamente pelo Presidente e governo dos EUA, não pode agradar ao eleitorado. Há pouco tempo, um numeroso grupo de judeus religiosos manifestou-se em Nova Iorque, ocupando transitoriamente a Estação Central (ver foto acima). Os judeus religiosos são contra a existência do Estado de Israel e têm manifestado solidariedade não fingida com as populações palestinianas.

O governo conservador britânico faz leis decretando a equivalência entre anti-sionismo e anti-semitismo. Porém, a falácia - já patente para quem está bem informado - salta agora à vista de todos.

Os governos ocidentais estão com Israel, numa campanha genocida sem precedentes no século XXI. De qualquer maneira, cidadãos com um mínimo de «decência humana», qualquer que seja a sua posição política, repudiam o castigo coletivo bárbaro e cruel, que se abate sobre mulheres, crianças e velhos. Já morreram mais de 9 mil civis em Gaza, dos quais, pelo menos 3 mil crianças. 

Eu temo que judeus e ocidentais inocentes sofram agressões e humilhações em países que não são o «Ocidente», nem alinhados com o Ocidente. Não me surpreenderia. Tudo desemboca no alargamento da intolerância e do fanatismo. Globalmente, aumenta a possibilidade  de uma guerra mundial total, em todas as frentes. Até agora, a IIIª Guerra Mundial tem sido «jogada»* em palcos regionais (Ucrânia-Rússia; Israel- Árabes ). 

Note-se que o único fator que impede maior inflamar das hostilidades é a existência de arsenais nucleares nas mãos de potências adversas umas das outras. É um paradoxo. 

Embora haja grande violência em Gaza, nos Territórios da Cisjordânia e na Ucrânia, não se assiste (por enquanto) a novos grandes fogos. Assiste-se, sobretudo, ao inflamar da retórica, às declarações incendiárias, à propaganda de guerra, protagonizada pela media corporativa, etc.  Não apenas «numa guerra, a primeira baixa é a verdade», como «na preparação duma guerra em grande escala, a  propaganda dos media faz uma barragem de tiro de artilharia pesada para enfraquecer o moral do campo inimigo e - principalmente- forçar a adesão ao seu próprio campo».

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(*) Considero que a IIIª Guerra Mundial já começou há bastante tempo, pois as ações observadas são de natureza mista: militares, subversão de governos, embargos, sanções económicas, diplomáticas, etc.

PS1: A Turquia de Erdogan é provável «baixa» na nova guerra «de proxi» que os países da OTAN estão a levar a cabo, ao lado de Israel. Veja as declarações do presidente turco: https://www.zerohedge.com/geopolitical/turkey-recalls-ambassador-israel-holds-netanyahu-personally-responsible-gaza

PS2: Veja foto de uma das manifestações que têm ocorrido em Washington:



Cimeira dos Países Muçulmanos aqui:




(13/11/2023) As vítimas civis israelitas em 07 de Outubro, devem ter sido causadas em grande maioria pelo próprio exército israelita. Acumulam-se evidências de corpos calcinados junto de parque de estacionamento do local o festival que não podiam ser causados pelo Hamas que só transportava armas ligeiras. Os próprios pilotos de helicópteros disseram que dispararam contra tudo o que mexesse, porque era impossível distinguir os fugitivos, dos militantes do Hamas. Portanto, mesmo a media mais conservadora, agora reconhece que muitos israelitas morreram por fogo do IDF (exército de Israel) :




quarta-feira, 18 de outubro de 2023

CENÁRIO PLAUSÍVEL PARA UMA IIIª GUERRA MUNDIAL


Albert Einstein é bem conhecido como um grande físico teórico, pai da Teoria da Relatividade. Poucas pessoas, no entanto, sabem que ele foi socialista revolucionário e pacifista*

Tenho feito uma análise frequente das relações internacionais, dos aspetos militares das mesmas, aos económicos e diplomáticos. Tenho avisado em várias ocasiões, que o Mundo tem estado a encaminhar-se (não por fatalidade, mas por loucura de certos dirigentes) para uma nova confrontação. A dinâmica dessa confrontação já se tornara patente, em múltiplos aspetos. Somente não viam esta situação, as pessoas demasiado condicionadas pela propaganda dos media (máquinas de propaganda, disfarçadas de órgãos de informação).

A propaganda já não chega - agora - para ocultar a situação. Porque estamos em grave risco de assistir ao desencadear dum confronto generalizado, como na Primeira Guerra Mundial. Nessa época, pelo jogo das alianças, a agressão contra um país, implicava declarações de guerra de todo um conjunto doutras potências. 

Assim como nesse tempo, hoje, pode acontecer que um ataque contra a Síria, por Israel (como tem havido nestes últimos dias) receba resposta. Neste caso, o Hezbollah, o Irão e, na retaguarda, a Rússia, estarão do lado sírio, assim como a população palestiniana. Os israelitas serão apoiados pelos EUA e pela OTAN, mesmo que não seja a OTAN formalmente, enquanto organização.

Temos assim o cenário deliberado, claramente provocatório, com os ataques de Israel contra os aeroportos sírios de Damasco e Alepo.

Israel procura envolver diretamente os EUA no conflito. Mas o envolvimento direto dos EUA vai atingir interesses geoestratégicos vitais da Rússia e do Irão. Será impossível, nesse caso, eles não defenderem a Síria e não se defenderem a si próprios. 

Pode parecer loucura haver um governo apostado em desencadear eventos cataclísmicos. Mas Netanyahu e a extrema-direita sionista em Israel, têm demonstrado serem capazes de tudo para se manterem no poder.

Um confronto direto entre os dois grandes blocos, significa, a termo, uma escalada ainda maior, com o risco de utilização de arma nuclear. Logo que esta seja usada por um dos lados, o outro irá desencadear um contra-ataque nuclear. Provavelmente, será o fim da civilização humana.

*Como dizia Einstein «Não sei como será exatamente a IIIª Guerra Mundial, mas a 4ª Guerra, se ela vier a acontecer, será - com certeza - combatida com paus e pedras»

PS1: A recusa de vários países árabes (Jordânia, Autoridade Palestiniana, Egipto, Arábia Saudita) em receber Biden, depois de terem tratado o Secretário de Estado Blinken (nos EUA, secretário de Estado equivale a ministro dos negócios estrangeiros) muito friamente, mostra que a diplomacia dos EUA não é tomada a sério, que falhou completamente em relação aos árabes. Estes, provavelmente irão acolher os serviços de Putin e/ou de Xi, para intermediação no conflito Israelo-Árabe. 

Os neocon nos EUA, que dominam a política externa e de defesa, empurram constantemente para políticas de confronto e provocação com outras potências rivais.