Um excelente documentário sobre o mecanismo da dívida e como acabou por capturar a economia dos Estados, empresas e pessoais.
(Falado em francês, com legendas em francês)
Um excelente documentário sobre o mecanismo da dívida e como acabou por capturar a economia dos Estados, empresas e pessoais.
(Falado em francês, com legendas em francês)
FANDANGO- FLAMENCO - FOLIA - PASACALLES - CHACONA
O Fandango é uma dança popular, de origem espanhola do séc. XVII, mas que pode ter sido adaptada de danças extraeuropeias, tal como outras danças, originadas na América Central ou do Sul, ou ainda nas Canárias.
Em Portugal, o fandango surge no séc. XVIII, provavelmente trazido por trupes teatrais castelhanas. Tornou-se rapidamente elemento do património folclórico português.
Hoje em dia, o fandango está muito associado aos forcados do Ribatejo (uma espécie de «cowboy português») mas os grupos instrumentais e de danças, do Minho aos Açores, utilizam o fandango.
Dois grandes músicos de origem italiana, que exerceram a maior parte da carreira de músicos nas cortes da Ibéria, Domenico Scarlatti e Luigi Boccherini, compuseram fandangos, ou melhor, arranjos do fandango para cravo (Scarlatti) e para pequeno conjunto instrumental (Boccherini).
A origem do fandango será talvez sempre obscura, como muitas expressões da criatividade popular, depois retomadas como moda pelas classes mais elevadas, como a aristocracia, no séc. XVIII.
Sua difusão e perpetuação dá-se pela apropriação pelo povo e com modificação da dança cortesã. Isto é observável com as Pasacalles e a Chacona (ambas oriundas da América hispânica e trazidas pelos marinheiros), a Folia (de provável origem portuguesa). Todas estas danças, de origem plebeia, foram codificadas por músicos «eruditos» e integradas em Suites de danças ou em peças autónomas, do tipo «Tema com variações».
Quanto ao flamenco, a sua origem remonta ao início do Renascimento. Foram compostas versões instrumentais, por António de Cabezón (músico da corte de Carlos V), usando a sequência do baixo e a estrutura harmónica do Villancico «Guarda me Las Vacas», dos Séc. XV e XVI.
Diferencias «Las Vacas», A. de CabezónDevido à relativa similitude do ritmo e das formas de dançar, muitas pessoas confundem o fandango e o flamenco. Porém, são duas formas de dança distintas, culturalmente pertencentes ao mundo ibérico, ambas de origem popular e posterior apropriação erudita.
Em Portugal, é muito conhecida a toada do fandango; consiste num baixo obsessivo*, sobre o qual se vêm desenvolver variações do tema melódico.
https://www.youtube.com/watch?v=E3NSldeHE_0
O esquema é semelhante ao das danças supracitadas, a Pasacalle, a Chacona, a Folia e o Flamenco.
Para finalizar, vejamos/oiçamos uma versão para conjunto de câmara, sobre original para cravo de D. Scarlatti, interpretada no Palácio Nacional de Ajuda (Lisboa), pela Orquestra Sem Fonteiras.
https://www.youtube.com/watch?v=7EMgb4BimxE
É curioso que as cortes europeias do passado tenham -repetidas vezes- assimilado danças populares, transformando-as em modas cortesãs. É difícil de imaginar isso hoje em dia, pois a aristocracia do dinheiro ou oligarquia, não tem qualquer afinidade com o sentir do povo; suas músicas e modas preferidas são totalmente diferentes das populares. Conservam assim a separação estrita da sua casta, originada pela fortuna.
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*) O «basso ostinato» é muito usado noutras composições, em escolas não-ibéricas: É o caso do célebre ground em Dó menor, por William Croft (durante muito tempo atribuído a Henry Purcell)
Dizia algum literato, que a cultura é aquilo que resta, depois de se ter esquecido todas as outras coisas.
Eu sou daqui, desta praia ocidental. Porém, tive ocasião de frequentar universos culturais variados desde a minha infância. Considero que as minhas referências culturais são tanto de Portugal, como de diversas outras nações (principalmente europeias).
Mas, o meu espanto - que não é de agora - perdura, quando sou confrontado com produções artísticas de portugueses. Dentro de um espaço geográfico modesto, numa economia subordinada, desde há centenas de anos, às potências maiores, e com uma massa de gente muito sincera e boa, mas com fraca instrução (não são as pessoas que têm a culpa, mas os governantes, os poderosos)...
O mistério é que, dentro desse espaço chamado Portugal, surgem em séculos passados e neste, autores literários, poetas, músicos, artistas plásticos, cientistas, que se colocam ao mesmo nível do melhor que existe no estrangeiro, nas capitais europeias mais prestigiosas... Ainda por cima, com uma forte originalidade.
Não sou nacionalista [ talvez só um pouquinho em relação à língua, a bela língua de Camões e de Fernando Pessoa], pelo que meu cosmopolitismo permite-me rejeitar algo, seja qual for a sua proveniência, se não for esteticamente ou cientificamente significativo. Algo que não tenha qualidade, para mim, não presta; seja de Portugal ou de qualquer outra proveniência. Inversamente tenho de me render à evidência de que uma produção intelectual de primeira qualidade pode ser obra de pessoas dum país atrasado, até mesmo atávico, por vezes, um país subdesenvolvido. Onde uma classe política abjeta se pavoneia, esbanjando os recursos (financeiros e outros) deste magnífico país. Um país destes, parece-me uma aberração lógica, que seja o solo onde floresceram tantos homens e mulheres de talento.
Será devido à necessidade dos intelectuais se expatriarem, para usufruírem de novas oportunidades, trazendo a sua bagagem própria, mas que misturam com o que encontraram nos países de acolhimento?
Sem dúvida que o número de grandes vultos portugueses nas artes e nas letras não é assim tão impressionante, se confrontado com países como a França, a Itália, o Reino Unido, a Alemanha e a Espanha. Mas, estes países têm e tiveram uma população muito maior que a população portuguesa. O fenómeno da criatividade não pode ser visto como «linear», como uma função direta do número de indivíduos que compõe uma nação.
Podemos dar as voltas que quisermos, mas temos de assentar em dois pontos:
A produção artística e literária portuguesa tem sido de grande qualidade, ao longo dos séculos (por vezes menosprezada).
Não se consegue isolar um fator (ou uns poucos fatores), que explique(m) a continuidade de produção ímpar. Pelo contrário; Pode-se invocar fatores diversos, geográficos, históricos, étnicos ou psicológicos, mas nenhum deles é convincente, tanto mais que fatores semelhantes estão presentes noutras nações europeias.
Acredito que aquilo que empurrou os portugueses para o mar, para a exploração do além, desencadeou neles um complexo cultural único. E não vejo outro povo que tenha sido tão moldado pela aventura marítima. Pesem embora as potências marítimas, como o Reino Unido, a Holanda e outras.
A existência duma tendência nostálgica, misteriosa, insatisfeita, produziu letras e músicas como o fado, mas outras produções também espelham esta característica em muitos poetas e escritores.
Mais tarde, depois da decadência económica e política de Portugal, muitos dos melhores sonharam com um renovo, com um "novo renascimento", com a passagem dum império físico, para um império do espírito (ideação do Quinto Império).
No século presente, estamos -nós, humanos - coletivamente e sem consciência clara disso, a construir a «Nooesfera» (o domínio universal das trocas sem hierarquias, da comunicação instantânea, da multiplicação do saber em todos os domínios, etc.), sonhada ou profetizada por Teilhard de Chardin.
Se este planeta Terra não for definitivamente destruído pela brutalidade criminosa dos dirigentes, os que detêm as rédeas do poder, seja económico, financeiro, político, militar ou tecnológico, talvez exista oportunidade para um florescimento, das ciências às artes, neste cantinho europeu ocidental.
Portugal sempre acolheu bem os estrangeiros. No passado, houve a grande mancha da expulsão dos judeus (reinado de D. Manuel I) e a violenta repressão das «heresias» pela Inquisição (que durou até meados do século XVIII). Mas, o povo, em geral, não aplaudiu. Em qualquer dos casos, não foi ouvido nem chamado, como em relação a muitos outros assuntos.
Como hipótese, posso estimar que essa vitalidade das coisas do espírito dos portugueses, reside na dupla característica seguinte:
- facilidade em se expatriarem e absorverem as culturas dos países para onde emigraram,
- abertura em relação aos estrangeiros que vêm para aqui, de tal maneira que eles possam viver e produzir, influenciando o povo-hóspede.
Mas, isto tudo são conjeturas e não há nenhuma afirmação, que não possa ser contrariada com certos factos, invalidando as referidas conjeturas. Pelo que, no essencial, considero que o «mistério de Portugal» permanece por explicar.
Being an “ally” with the USA does not guarantee immunity against economic interference, subversion and sabotage, quite the opposite.
The Chinese foreign minister, Wang Yi, once said that the formula used by the European Union to manage its relations with China is “impractical”, “it’s like driving a car to an intersection and looking at the traffic light and seeing the yellow, green and red lights on at the same time”. I would say more… In addition to the confusion with the traffic light indications, the driver — for the Chinese only — still has to watch out for nails, oil and potholes in the road, which can lead to a crash or damage to the vehicle.
And who would cause such dangers along the way? Given the desperation of the actors involved and the unidirectional nature of the actions… Consequently, the exasperated and catastrophic tone that we find in the Western press, as opposed to a more triumphalist tone that was still in force six months ago (maybe even less than that), tells us everything we need to know. It’s incredible how Western emotions run riot, going from one extreme to the other in very short periods of time. From certain victory in Ukraine against Russia, we move on to widespread panic, in which Sullivan, Biden, Borrell or Macron, who as recently as September were already bathing in the good waters of Crimea, have now moved on to the certainty that Russian troops will not stop at the Dnepr and perhaps not even at the Danube, Rhine or Elbe.
During 2023 we all watched the unstoppable succession of predictions of the fall of the Chinese economy — remember, the Russian one was already “in taters — only now to be panicked by the flood of high-quality, low-cost products that the lazy West can’t even dream of competing with. It’s happening in cars, as well as semiconductors and agricultural machinery, and we’re gradually discovering, from the hysterical tone of Janet Yellen and Blinken, that if anything is falling, it’s American hegemony, whose containment strategies have so far only resulted in even stronger and more capable opponents. After all, it’s hard work that shapes character. The rentier capitalist elite of the West is too used to the easy money of royalties to be able to compete with those who have never abandoned industry, agriculture and truly productive activities.
The fact is that, in the Washington Post, David Ignatius, a researcher linked to the U.S.’s largest think thank, based on work by the Rand Corporation itself, says that analysts say the U.S. is entering a decline from which few powers have recovered; it is also RAND that provides us with an article entitled “U.S.-China rivalry in a new middle age”, pointing to the need for decision-makers to develop a neo-medieval mentality, namely by having to wage war in the knowledge that the “public” doesn’t want it; Borrell says that the U.S. is no longer hegemonic and that China has already become a superpower, something that Brzezinski had promised would never happen again; or the statistics on the U.S. economy, which say that it grew by only 1.6% in the first quarter of 2024, which shows a slowdown compared to the forecast. A big slowdown, considering the 2.7% predicted by U.S. broadcasting networks such as the IMF.
Curiously, it is from RAND itself that the best advice comes. In its study “The Fates of Nations”, two reflections are suggested which, considering their content and topicality, have no other destination than the political power based in Washington: 1. When nations stand between victory in war or national collapse (between the sword and the wall, I say), the punitive and coercive imposition of conditions is not an adequate path to success in rivalries; 2. Excessive ambition and oversized strategic scope contribute to many types of failure.
These reflections are the current portrait of the U.S.: wanting to extend itself everywhere, it is beginning to open cracks in the center, because the larger the surface, the thinner the cover; taking positions of strength in all situations — threatening all contenders with sanctions — causes those involved and those who might be the target of these actions to flee and become averse. If we add to this the fact that, according to various sources, Trump’s team of advisors has proposed that he impose penalties on countries that want to reduce their dependence on the dollar, we can already see that 2024 is going to be a terrible year for the world’s largest reserve currency. For now, gold has never been higher and almost 1/3 of the oil traded in 2023 was in currencies other than the dollar. If I were president of any country, I would do everything I could to reduce dependency until Trump takes office, considering that the prospects for Biden re-election are not the most enthusiastic.
Confronted with this reality, what is Washington doing? Failing to situate itself in this multipolar world in the making and failing to adopt a cooperative and respectful approach towards other states, preferring to focus on “a competition of great superpowers”, contrary to what, e.g., the Carnegie Endowment for International Peace proposes, in its report “The United States Policy Challenge”, the administration headed by Biden operates as if it still had all the power on its side and, lacking the strength it normally relied on, adopts the stance of sabotage, disruption and causing instability in the “business environment” of its own “allies”, when they are in the way between China and U.S.’s “national security” needs.
In Mexico, threats have been made — no one has confirmed them — against the López Obrador government if it persists in its intention to allow BYD factories to be set up so that they can make use of the exemption from customs duties applicable to the USMCA free trade agreement. The U.S. itself is unilaterally saying that the rules agreed between the three countries no longer apply to Mexico, without Mexico, supposedly a party to the agreement, having any say in the matter. If this situation isn’t proof of who’s really in charge when a country signs an “agreement” with the U.S…
This process of disruption, which aims to make it impossible for Chinese companies to set up shop, is taken so seriously that even a country like Portugal could be caught in the net and see its economy profoundly affected by U.S. intervention and interference.
Take the case of the oil company GALP, a privatized company with 51% of its capital held by U.S. “institutional investors”. First, we saw the news that the 8th largest oil well in the world, located in East Africa, more specifically off the coast of Namibia, had been awarded “to Portugal”. Specifically, the oil well had been awarded, not “to Portugal”, but to GALP, it would have been “to Portugal”, if the company were still public (only 8% are). The company is run by a Portuguese oligarch family, whose holding company “Amorim Energia”, which holds 35.8% of the capital, is based in the Netherlands.
It should be said that it would be more accurate to say that, 80% of the exploration, of the 8th largest oil well in the world, was awarded, not “to Portugal”, but “to the Netherlands”. And although the Amorim family manages the company, the capital is held by an overwhelming majority of North American, English and Canadian capital (75.2% in all). You can see who’s really in charge.
This same GALP, whose transition program towards sustainable energies and sectors envisaged a gradual move away from fossil fuels, has now announced that it has abandoned the proposal to set up a lithium refinery in southern Portugal. GALP, a profit-driven private company, is abandoning a lithium refining business, largely financed by European and Portuguese funds and with a guaranteed market?
Let’s not forget that the ultimate aim would be, with taxpayers’ money, to guarantee GALP entry into a strategic sector from the point of view of “sustainable” industries, and with guaranteed profitability, since the lithium would be explored also in Portugal, refined in Portugal and installed in batteries in Portugal. An extremely lucrative business guaranteed and with the development of important know-how. This explains why GALP accessed the 8th largest well in the world and why it has now come to say that, after all, the decarbonization objectives will have to be postponed. What do these people care about “climate change”?
For Portugal, this project was fundamental, as it would close the cycle of production and electric vehicles within its borders. From lithium mining to the production of electric cars, everything would be done in Portugal. However, there was a catch to this ambitious project. This project, which is one of the most important to be financed under the European Union’s Recovery and Resilience Plan in the country, was based on the production of batteries through the installation of a Chinese enterprise factory named CALB, which has already been approved by the previous government, which curiously suffered a judicial coup of “lawfare”, after which another government was elected, supposedly with different ideas on this matter. Let’s see how the differ.
Once again, we will have to listen to what the U.S. ambassador to Portugal said about the businesses in which Washington would not welcome China’s entry. Wouldn’t welcome is an understatement, as we know. Lithium, personal data, ports and 5G.
This is how a small country like Portugal was caught in the middle of a tectonic dispute between superpowers, in which the still hegemonic power developed a process of destroying the “business environment” applicable to its competitor. As we know, history doesn’t say much about those who are always on the defense, and so they have become increasingly closed. But that’s another story.
This example contains all the complexity, fallacy and aggressiveness of the “decoupling” strategy, which, when translated by Ursula von der Leyen into the “language of the EU”, became “derisking”. It also shows how, in the EU, it is the U.S. that calls the shots and how being anchored to the European Union, and everything it stands for, is in fact a serious brake on development. Portugal, like Mexico, like Germany, Spain, France and the whole of Europe, is seeing investment projects that could keep Europe industrialized closed down, boycotted and destroyed. Just because they are projected with Chinese companies.
Perhaps even then the Chinese company CALB won’t give up on its factory in Portugal. However, this foreseeable foreign interference will not fail to diminish the company’s expectations of future profitability and, above all, create a brake on its competitiveness for better prices. Symptomatically, this continued sabotage of the European economy and that of the “allied countries” is based above all on technologies that the U.S. wants to dominate. In this context, we should also have conscience that Volkswagen has signed an agreement with China’s Xpeng, and that a factory for the German brand is also located in Portugal. We can’t help but get a whiff of the traditional U.S. persecution of the German economy, which suffered a severe setback with the destruction and closure of Nord Stream and what was left of it. It all ties together again.
What this case proves is that today, in the West, and especially in territories that are in some way controlled by the tentacles of U.S. monopoly power (the Portuguese case proves the importance of the public nature of companies like GALP), they are limited to businesses that they are unable or unwilling to sabotage or destroy.
If the Think Thank and research institutes themselves suggest to the U.S. political elite that the best approach would be cooperation, respect for the sovereignty of others and, above all, not trying to get everywhere, it is not for lack of informed knowledge that these elites behave so savagely. Their objective is very clear, and consists of creating such an insecure, unpredictable and erratic environment for Chinese companies that they should abandon their desire to set up and trade with Europe and Latin America, without it being possible to say that it was the U.S. itself that sabotaged the economic development of countries that claim to be “allies”.
The means used range from unilaterally changing the rules, their own rules, promoting agendas such as “decoupling” or “derisking”, or, if necessary, and as Nord Stream proves, directly destroying supporting infrastructures, subverting democracies by organizing judicial coups and color revolutions, threatening sanctions and other penalties. In the last resort, war is even promoted, as was done in Ukraine and is now being attempted in Taiwan.
And this is how everything that has been said before, about open markets that close when at a disadvantage or open when there is a guarantee that only the hegemonic power wins; climate agendas that are a priority but are soon abandoned when the defined accumulation cycles are at stake; respect for the sovereignties of other countries that are protected when it comes to getting closer to rivals and are unprotected when it comes to defending U.S. dominance.
The terms under which the “national security” of the USA is defined, its protection grows at the pace of the destruction of the sovereignty, economy and freedom of its “allies”. Being an “ally” with the USA does not guarantee immunity against economic interference, subversion and sabotage, quite the opposite. It guarantees that this interference is carried out more easily, as the traditional defenses that result from national sovereignty do not exist. To be a friend of the USA today is to watch its own destruction and remain silent.
With friends like these… Who needs enemies?
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Nova Bandeira dos Estados Unidos da América:
Quais as consequências do alheamento do público em relação ao setor da investigação pública e privada nacionais?
É difícil destrinçar as causas e consequências do atraso secular de Portugal no campo dos saberes e da infraestrutura industrial.
Mas, há interesse dalguns em manter o público arredado. Na base, trata-se por parte dessa «elite», de criar um sentimento de perplexidade no auditor/leitor: «Se isto é tão complicado, com certeza é muito profundo. De tal maneira que eu não consigo penetrar...» A pessoa ingénua é colocada na postura da criança que perante um discurso dos adultos, está desprovida de instrumentos conceptuais, para avaliar o seu conteúdo concreto. Porém, o conteúdo concreto, para quem se dê ao trabalho de esmiuçá-lo, pode ser de uma completa banalidade, quando não de imbecilidade, que apenas as catadupas de termos rebuscados, ocultam.
Quando estes discursos rebuscados são produzidos, normalmente em congressos, ou outras reuniões entre pares, as pessoas estão numa de duas posturas: ou estão coniventes, porque fazem exatamente o mesmo e - portanto - não vão levantar problemas. Vão coibir-se de fazer críticas demasiado acerbas, pois elas também têm «telhados de vidro». Ou, não percebem realmente que se trata de «pechisbeque», em vez de algo com valor, estão neste caso pessoas que se deixam enganar, entontecidas pelas «luzes da ribalta» e não se atrevem a questionar o «discurso de poder», para não fazer «má figura». É literalmente aquilo a que se resume a maior parte das comunicações de filósofos, economistas, cientistas sociais, etc. que enxameiam a academia.
Mas, as coisas não se ficam por aqui: O grande - exponencial - crescimento de publicações nas ciências ditas «duras» (física, química, biologia), também é um caso de fancaria, em numerosos casos. Não se trata de publicação de novos avanços, nem enquanto descobertas, nem de algo original, muitas vezes são reproduções de resultados já existentes, ou resultados de duvidosa legitimidade. O prestígio de um cientista individual mede-se pelo número de publicações que este pode apensar ao seu currículo, não à relevância das mesmas para o seu ramo de ciência.
Como as atividades dos laboratórios de investigação - sejam de instituições públicas ou privadas - estão na dependência de grandes empórios, como a poderosa indústria farmacêutica em relação às ciências da vida e da saúde, o que sai deles é apenas o que esteja dentro dos parâmetros, dos interesses e das conveniências desses mesmos grandes grupos. O fenómeno é transversal. O resultado, é que se instalou uma relação inversa entre o número de pessoal altamente qualificado na atividade de investigação, e a qualidade intrínseca da investigação realizada, já para não falar da sua relevância social.
Todos, seja a nível de pessoas individuais, seja a nível de instituições, têm de justificar avultados investimentos, com as tais publicações, com os relatórios, com as comunicações a congressos, etc. Que tal seja o produto natural da investigação científica, não nos surpreende: Desde há muitos decénios que é assim. Mas, o que choca é ausência de mecanismos de controlo, de real avaliação da qualidade da investigação. Chegou-se a um ponto em que a fraude é coletivamente encoberta, para conseguir-se uma aparência de respeitabilidade, na dita investigação.
O resultado concreto, é que o discurso vai sendo cada vez mais esotérico, mas não traz nada de novo, em conteúdo. A ciência que se faz, seja em termos de ciências humanas ou de ciências físicas e naturais, é de qualidade intrínseca cada vez mais fraca. Sobretudo, confrontando a qualidade média de publicações académicas de há 30, 40 ou 50 anos atrás, com a qualidade média dos artigos produzidos hoje. Esta degradação da qualidade intrínseca é também notória noutros países, que eram considerados «locomotivas» da investigação científica, como o Reino Unido e a França, por exemplo.
A divulgação científica atingiu um nível tal que é impossível descer mais baixo: Vimos isso, a propósito do episódio da «pandemia do COVID», com o nível deplorável das intervenções mediáticas, completamente falseadas e a reboque da propaganda governamental. Mas, para haver tal monstruosa operação de propaganda, que atingiu o grau de terrorismo psicológico de massas em muitos casos, foi importante a colaboração ativa de alguns, que se apresentaram como especialistas disto ou daquilo, enquanto difamavam e silenciavam os poucos especialistas que tentavam colocar a discussão em termos honestos, no debate científico. Este episódio, cuja importância não pode ser menosprezada, teve - pelo menos - a vantagem de abrir os olhos a muitos, que tinham uma visão ingénua da ciência e da integridade dos cientistas, principalmente dos que desempenhavam funções de poder e de prestígio.
O dispositivo académico está totalmente dependente dos poderes: Seja da indústria, seja dos políticos com importantes cargos no Estado, eleitos ou não. Este dispositivo académico tem cada vez maior necessidade do financiamento destas entidades, visto que as somas atribuídas para investigação, projetos específicos, bolsas, etc., são cada vez mais de exclusiva decisão dos poderes políticos e/ou industriais. Ora, como é bem conhecido, «quem paga é quem manda». O resultado disso, não é apenas uma diminuição da qualidade intrínseca dos resultados da investigação. É também o desperdício de verbas cada vez maiores e de recursos técnicos e humanos, para ir ao encontro de agendas nada transparentes, no mínimo. Não haveria problema que uma parte da investigação fosse financiada pela indústria, se resultante de contratos estabelecidos, de forma transparente, entre instituições. Mas, o problema surge com as inúmeras influências exercidas desde os planos pessoais de certos investigadores, até às influências exercidas através dos ministros e outros em cargos de poder.
Nos países dependentes, como Portugal, é frequente pessoas serem doutoradas no estrangeiro e virem exercer cargos de responsabilidade no país, onde tentam continuar projetos em que estavam envolvidas, nos países onde fizeram o doutoramento: Neste país (Portugal) não existe verdadeiro programa conferindo prioridades e canais de financiamento privilegiados, para certas áreas científicas. Assim, o trabalho destes investigadores, por muito meritório que seja, acaba por ter como principais beneficiários outros países, outros projetos científicos, aqueles onde foram originados.
No conjunto, a classe política tem estado «à vontade» em relação à ciência, seja ela feita em laboratórios do Estado, ou em departamentos de Universidades: É um domínio em que tem podido exercer a sua influência, para comprar e deixar-se comprar, pelos grandes interesses. Que estes dominem o país, do ponto de vista económico e financeiro, não nos pode surpreender. Daí decorre a ausência de controlo e fiscalização dos recursos que estão destinados pelo Orçamento de Estado às entidades universitárias e de investigação: É impossível que sejam encaminhados para áreas realmente prioritárias, se os critérios não são os do interesse nacional, numa perspetiva ampla, diferenciada dos interesses particulares, sejam de grandes empórios, ou até pessoais, de «bonzos» instalados nas instituições em causa.
As pessoas, em geral, não fazem ideia de quanto dinheiro é mal aplicado na investigação, mas ainda menos têm noção da riqueza que deixa de ser produzida, em virtude da forma peculiar, irracional e por vezes criminosa, como este setor é gerido. Só um país do terceiro mundo (ou do quarto?) esbanja desta maneira seus recursos financeiros destinados á investigação, os seus recursos de «massa cinzenta» também. Embora isto seja somente um aspeto da dependência face aos países mais poderosos, é sintomático. A possibilidade de arranque para o desenvolvimento autónomo fica posto em cheque pela política corrompida, neste setor tão crítico.
Foto: Rei de Espanha, Filipe VI e Pedro Sanchez, presidente do governo
As ondas que agitam a vizinha Espanha são quase ignoradas pelos portugueses. Mas, não deviam, pois o momento é realmente grave.
Um coro de vozes indignadas, da direita, faz muito barulho, porque o presidente do PSOE, Pedro Sanchez, negociou com os independentistas catalães o apoio à votação do novo governo socialista, em troca duma lei de amnistia. Esta, iria resolver a situação dos políticos catalães independentistas que em 2017, organizaram e executaram um referendo pela independência da Catalunha. O referendo foi declarado anticonstitucional e seus organizadores foram presos ou tiveram que se exilar.
Eu não vou - aqui e agora- discutir questão do independentismo, tal como se colocou em 2017. A questão de fundo é importante e grave, mas não estou suficientemente por dentro dos assuntos políticos de Espanha, para opinar de modo esclarecido.
O que vou dizer aqui, é exprimir a minha estranheza por forças da direita considerarem que o indigitado presidente do governo estava a cometer uma falta grave, ao negociar apoio parlamentar junto dos deputados eleitos dos partidos independentistas catalães.
Indigna-se a gente de direitas, por esse apoio ter implicado negociar uma lei de amnistia. Porém, em muitos países e em diversas circunstâncias, foram feitas leis de amnistia para os crimes políticos. Inclusive em Espanha, os independentistas da ETA, do País Basco, foram amnistiados.
Os catalães perseguidos e condenados podem ter razão ou não, no que fizeram. Podem ter violado ou não, a constituição de Espanha. Mas, ainda assim, a sua ação foi realizada dentro dos limites da democracia representativa. Por outras palavras; não se tratou de um ato insurrecional.
Os que berram nas ruas contra o recém-empossado Presidente do governo espanhol, estão simplesmente a descarregar o seu rancor contra a esquerda, no que ela representa como posição mais tolerante, mais respeitosa do direito dos outros terem pontos de vista diferentes do nosso.
Amnistiar, não significa dar razão às pessoas que tinham sido condenadas, nem opinar se a condenação foi justa ou injusta. Significa que, no interesse da sociedade, o facto dessas pessoas serem amnistiadas, é preferível a cumprirem a pena até ao fim. É um processo de sarar as feridas resultantes dos choques políticos que dilaceraram o tecido da sociedade.
Para os direitistas que agitam «o papão» da ditadura, da perda da liberdade e do Estado de direito, o que seria «justo»? Seria que os implicados no processo sofressem o castigo mais severo? Seria só de prisão? Talvez mesmo, de pena de morte? Tudo isto, por se terem atrevido a desrespeitar a «sacrossanta» constituição espanhola. Lembro que a constituição atual foi negociada após a morte de Franco, entre governo, forças franquistas e os outros grupos e partidos, na chamada «transição*».
Para mim e para as pessoas com formação ética, qualquer que seja sua posição partidária, o extremar de posições - neste caso concreto - é criminoso, pois vai reabrir feridas antigas mas nunca totalmente saradas, da trágica Guerra Civil Espanhola de 1936-39.
Alguém, doutra região de Espanha que não da Catalunha, deveria ver com bons olhos a amnistia e também um referendo. Este, deveria ser de tal modo, que não fosse considerado anticonstitucional. Porque, mais vale um divórcio sem demasiados dramas, do que uma guerra civil. Além do mais, a entidade geográfica Península Ibérica foi sempre um conjunto heterogéneo de povos, de culturas e de reinos.
E, já agora, para lembrança dos portugueses, recordo que os Restauradores de 1640, que «traíram» o Rei (pois Filipe IV era Rei de Portugal, além de ser de Espanha), obtiveram sucesso nesta insurreição, porque havia uma revolução - em simultâneo - na Catalunha. A Restauração da independência de Portugal deve-se - em parte - aos independentistas catalães, que se revoltaram contra a coroa de Espanha e fracassaram. Os portugueses não tiveram que enfrentar logo os poderosos exércitos espanhóis, ocupados na repressão da revolta catalã; tiveram tempo para se organizar na defesa das fronteiras do território.
Mas, hoje em dia, é lamentável que demagogos de extrema-direita e ditos «de centro-direita», venham agitar suas hostes, criando um clima de alarme falso porque, na verdade, são eles que põem intenso dramatismo em torno dum processo que é - afinal de contas - banal: A negociação de apoio parlamentar para um governo minoritário. A amnistia para os independentistas catalães é equiparada por eles, a "traição à pátria".
Na verdade, eles querem criar uma situação de rutura ao nível institucional, político e sociológico. Eles querem uma grande agitação, um caos. O grande «argumento» deles é falso e nulo, quer em termos políticos, quer jurídicos. A agitação deles visa claramente o derrube do governo recém-nomeado. Pretendem assim reconquistar a maioria e retomar o poder.
Pelo menos, é o que vejo à distância de umas poucas centenas de quilómetros. Em todo o caso, os meus amigos espanhóis é que têm de resolver o problema, sem se deixarem arrastar por demagogias, de uns e de outros.
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*Veja-se os «Pactos de Moncloa»
Foto: Raça Bovina Barrosã
A crise política rebentou esta semana, com o pedido de demissão do primeiro-ministro António Costa ao Presidente da República. Para além de envolver suspeitas de corrupção do ex-ministro da energia Galamba, já indiciado como suspeito, envolve também colaboradores diretos de António Costa. Sabe-se muito pouco da substância, mas sabe-se já que as questões sob inquérito judicial têm relação com licenciamentos de exploração do lítio em Portugal. O caso pode ser grave, em si mesmo e pelas consequências políticas que venha a ter. Não irei aprofundar o assunto nos seus aspetos político e institucional, neste artigo.
O que é preocupante, a vários títulos, é que, em Portugal, estejam em risco - por causa da exploração do lítio - o património mundial e de reserva da biosfera e os parques naturais (como o da Serra da Estrela). São áreas de grande relevância para a salvaguarda dos ambientes naturais, ou pouco modificados pelos humanos.
Isto significa também:
- correm risco várias zonas de proteção de espécies, tanto animais como vegetais,
- depredação de paisagens protegidas
- destruição de economias sustentáveis, baseadas na agricultura e pecuária de elevada qualidade,
- riscos reais para a saúde das populações,
- destruição de comunidades rurais autossuficientes e com produções de qualidade reconhecida e certificada.
Nos meandros da política portuguesa anda muito pó varrido para debaixo do tapete. Os escândalos políticos são, quase todos, resultado de abuso de indivíduos colocados em altas posições do aparelho de Estado e que servem lóbis, em vez de servirem o interesse do País e do seu povo.
A crise politica que agora rebentou tem relação com a exploração do lítio em Portugal e com o «hidrogénio verde».
Não vou comentar o extenso artigo-inquérito (abaixo) sobre as terras de Barroso e a mineração de lítio, a cargo de uma empresa mineira britânica, senão para referir que - em geral - os processos de licenciamento e os «estudos de impacto ambiental» em Portugal, são frequente ocasião de corrupção. Um indício disso, é que são, numa grande proporção no sentido desejado pelo governo e pelo grande capital. O caso do lítio, não apenas em Terras de Barroso, é exemplo triste desta realidade.
Citação: «Este, em particular, também começou mal. Existe muita vontade do governo de que este projeto vá para a frente. Todo o processo demonstrou que o estudo deveria resultar num parecer positivo, independentemente do que qualquer avaliação dissesse. Há uns três anos, dizia que este processo acabaria com um "parecer favorável condicionado". É o que temos hoje. É uma decisão estritamente política.»
Porém, eu pessoalmente não posso acreditar que Costa não tenha tido conhecimento do facto de que seus dois colaboradores estavam sob inquérito da polícia judiciária. É estranho que António Costa não os tenha (pelo menos) suspendido, durante o decurso do inquérito policial.
Costuma-se dizer que «a mulher de César, não só deve ser virtuosa, como deve parecê-lo». António Costa, ao não agir de forma legítima, para um primeiro-ministro, em defesa do cargo e do governo, face a dois colaboradores sobre os quais impende inquérito judicial mostra, no mínimo, despreocupação pela sua imagem e do governo de Portugal.
Não se pode deixar de pensar que, se não os suspendeu, foi porque queria manter a coisa o mais discreta possível. Só que o processo exigiu que o primeiro-ministro viesse prestar declarações na Procuradoria Geral. Essa convocatória não era, ao contrário do que disse no comunicado lido em público após apresentar a demissão ao PR, nem uma «suspeição», nem um «atentado ao bom nome». Com efeito, ele não foi indiciado, não foi sequer submetido oficialmente a inquérito no processo. Como primeiro-ministro, ele tinha toda a obrigação de colaborar no inquérito da Polícia Judiciária aos seus colaboradores.
Temo que a atitude dele seja um golpe publicitário, para dar a impressão de ser vítima de perseguição política. Na verdade, ele não tinha motivo plausível para pedir a demissão.
Creio que a única postura lógica, para alguém que esteja perfeitamente inocente, e que -por isso- não teme, seria responder às questões colocadas na PGR.
Ao pedir a demissão de forma extemporânea, reagindo de forma extremada àquilo que não é - em si mesmo - ofensivo, nem sequer suspeitoso, ele está a usar um truque político, no melhor dos casos; no pior, está a tentar ocultar - baralhando as pistas - sua efetiva conivência num esquema de corrupção grave. O futuro o dirá.
A hipocrisia dos intitulados políticos e economistas ocidentais, faz com que as pessoas vivam na doce ilusão de que as coisas estão a melhorar, globalmente. Há alguns «recuos», mas a exploração dos trabalhadores não é aquilo que era noutros tempos. A sério?!?
Em boa lógica, as pessoas - quase todas - vivem em estado de denegação. Pois a intensificação da exploração do trabalho e a depredação dos recursos ambientais, abrangem cada vez mais zonas do globo, são cada vez mais impiedosas para os povos indígenas e para o próprio sustento do ecossistema Terra. Esta é a verdadeira face da globalização.
Por exemplo, a quantidade enorme de gadgets que as pessoas adquirem, nas partes do mundo mais afluentes, têm um tempo «de vida útil» muito curto. Cada vez mais curto (pensem nos computadores, nos smartphones, etc.) . Nestes gadgets de «high-tech» estão inseridos componentes minerais que são extraídos de inúmeros locais, mas quase todos eles situados no Terceiro Mundo. As chamadas «terras raras» são um bom exemplo. Na realidade, não são assim tão raras, pois o elemento mais raro deste grupo é mais abundante na crosta terrestre, que o ouro. Só que o ouro é explorado quando se encontra em veios, mas tal não acontece com as «terras raras». Para se concentrar o suficiente de um dado elemento pertencente a este grupo, é preciso extrair toneladas e toneladas de terra e de rocha, formando imensas escombreiras. O solo fica estéril durante muitos anos. O processo de concentração e refinação destes «metais raros» também é muito poluidor, criando-se enormes lagos envenenados contendo os subprodutos tóxicos destes processos.
A China é o principal produtor de «Terras Raras»; porém não é por possuir concentrações favoráveis desses elementos, visto que eles estão mais ou menos dispersos - em concentrações semelhantes - por toda a crosta terrestre. Aquilo que é diferente, é que na China as «regulamentações ambientais» estão quase ausentes. Igualmente, as condições salariais e de higiene são deploráveis, mas as autoridades chinesas têm tudo sob controlo. As pessoas sensíveis aos direitos humanos e à ecologia (a maior parte, vivendo no conforto híper tecnológico) não se inquietam muito também com as zonas do interior da China e seus habitantes.
O mesmo, ou pior, se passa com a exploração na República Democrática do Congo dos minérios estratégicos para a indústria eletrónica e componentes obrigatórias em qualquer bugiganga digital que utilizamos. A depredação da floresta tropical-equatorial e a transformação de crianças em escravos das minas, não é dos séculos passados, é de agora!
Sem esquecer a louca corrida para explorar todo e qualquer depósito de Lítio (incluindo na Serra da Estrela, um Parque Natural de primeira importância no centro-norte de Portugal), para alimentar a indústria automóvel EV, para consumo (e paz de espírito) dos cidadãos dos países ocidentais: Estes são ricos, ecologistas, preocupados com questões sociais, mas só dentro do perímetro das suas sociedades e das paisagens abrangidas pela sua visão estreita!
Então, a questão do mercado resume-se aos termos seguintes:
- Os mercados hoje são internacionais, globalizados, numa escala sem precedentes.
- O que é consumido pelos países afluentes (Norte América, Europa Ocidental, Austrália) em termos agrícolas mas, sobretudo, industriais vem - na sua grande maioria- de países do Terceiro Mundo
- As razões principais disto são: a enorme discrepância salarial, da ordem de dez vezes menos nos países pobres em relação aos ricos. A total ausência ou o não cumprimento de normas de proteção do ambiente e depredação constante dos recursos.
- Além disso, as multinacionais que exploram os recursos minerais nesses países, têm capacidade para corromper e/ou vergar a vontade dos governos locais. Estes, preferem fechar os olhos, a terem uma perda de rendimentos sob forma de «royalties» e também perderem muitos postos de trabalho, caso as multinacionais saiam.
- Portanto, os mercados de matérias-primas e do trabalho não são de todo «livres», pelo menos no sentido comum do termo. Seria um mercado livre, se um comprador e um vendedor (quer em termos individuais, quer coletivos) têm ambos uma certa capacidade de negociação e o preço (quer de mercadorias, quer da mão-de-obra) é o resultante dessa negociação.
- Os recursos da minoria da população mundial que beneficia desta situação, são fruto da superexploração do trabalho no Terceiro Mundo; da completa rapina e destruição de recursos naturais dessas partes do Globo.
Uma análise económica honesta dos custos globais, deveria ter em conta os factos evidentes que eu mencionei acima. Mas, a narrativa dos economistas contemporâneos é quase toda uma enorme falácia, para adormecer as consciências. Digo isto, porque sei que eles sabem: os economistas ocidentais sabem perfeitamente os factos acima apontados.
Não há leis do mercado, no sentido de «Leis da Física», ou de outra ciência exata, ou natural. A «lei» do mercado é somente a imposição violenta da exploração.