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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA, PARTE XV

               
                                    Imagem: Mansarda com janela em «olho de boi»

Muitas coisas tenho para contar.
Mas, brevemente, primeiro tenho de saudar o que passou: O passamento da Rainha Elizabeth II, personagem tão simpática e incontroversa, que muitas pessoas cismam de não serem súbditos da sua Coroa (não é bonito assistir-se a um casamento real?). Para tais pessoas, muitas vezes, não há cura: Estão cronicamente infetadas com o vírus da «Servidão Voluntária», uma maleita diagnosticada pelo sempre jovem Etienne De La Boétie.

Hoje em dia, há pessoas que rejubilam com mortes na guerra, desde que sejam «os outros», aqueles que fomos ensinados ou condicionados a odiar, desde pequeninos. A humanidade está à beira duma guerra nuclear. Porém, reage como se de nada de importante se tratasse: Com a impressionante tecnologia de persuasão e condicionamento das mentes, a qual anula nos humanos quaisquer laivos de revolta, ou apenas de pensamento crítico. Que caminho percorrido desde os «cães de Pavlov»! Os cientistas comportamentais devem estar orgulhosos.

Não há qualquer outro fator que ative mais as pessoas a pensar, como carências de bens essenciais: no pior dos casos - a fome, mas a simples ausência de condições mínimas de conforto (como aquecimento das casas), ou ainda a impossibilidade de continuar a servir-se do automóvel, já têm consequências. As revoluções de amanhã serão totalmente diferentes das passadas. Os revolucionários «encartados», de todas as tendências, vê-las-ão passar e só depois destas terem um certo avanço, acordarão.

A autoinfligida crise energética tem de ser vista em perspetiva. Farei essa perspetiva decorrer de dois ângulos diferentes:

- No campo atlantista, predomina a raiva anti- soviética, perdão, anti- russa. Eles, atlantistas, são capazes de nos sacrificar alegremente: Um terço dos soldados da Ucrânia (mortos ou estropiados), a quase totalidade da população destroçada económica, psicologicamente, além de ser vítima «colateral» dos combates, uma enorme percentagem foi obrigada a refugiar-se em países vizinhos. Do lado dos «aliados» da NATO, constata-se já o empobrecimento massivo dos que estavam no limiar da pobreza. A Europa ocidental irá sofrer muito mais, nos próximos meses, de frio, de carências alimentares, de desemprego, de rutura dos serviços essenciais. Soma-se a perda de qualquer possibilidade das multidões fazerem eficazmente ouvir-se e respeitar-se pelos poderosos, devido à campanha non-stop de medo, propaganda de guerra, censura, difamação, cilindrando quaisquer vozes, mesmo tímidas, que se pudessem erguer contra o «establishment». Em suma, um Estado totalitário pan-europeu está sendo preparado pelas «elites».
Eles - os atlantistas - podem estar orgulhosos, têm aquilo que sempre procuraram obter: Uma Europa ocidental sujeita a regimes fascistoides, com um semblante de eleições, um semblante de opinião pública, um semblante de oposição - quer política, quer social: A dominação total e sem limites. Torna-se cada vez mais clara e transparente a tentativa da oligarquia de impor uma sociedade distópica, moldada sobre os romances de futurologia mais célebres, desde Aldous Huxley e George Orwell, até à literatura de ficção científica mais recente, descrevendo as distopias mais negras. Estes romances são usados como guias, como manuais de «Como Fazer?».

- No campo não-autoritário, as previsões cumprem-se. Foram baseadas na observação do real, do terreno social presente, não em narrativas mitológicas, nutridas por ideologias completamente ultrapassadas. As pessoas começam a acordar para o facto de terem entregue demasiado poder, sob pretexto de «democracia representativa»*, a  sociopatas, que irão fazer tudo para manter esse poder, sobre os outros.
Podia-se esperar este despertar. Ele tem que ver com a impossibilidade teórica e prática do condicionamento de massas ser permanente e total. Se ele fosse permanente, já teríamos todos sido transformados em «robots» ou «zombies», o que - felizmente - não é o caso. Muitas pessoas não foram inoculadas com o vírus mortal do medo de pensar. Por outro lado, verifica-se que algumas pessoas começam a despertar da letargia em que estavam mergulhadas, desencadeada pelo pavor induzido (estratégia «Shock and awe»). Elas, portanto, recomeçaram a raciocinar. Muitas pessoas, guardam apego à verdade, à honestidade, ao sentido de justiça. Não suportam ver amigos, vizinhos, parentes, serem enxovalhados, despedidos e ostracizados. Nem todas ficam encolhidas de medo, esquecendo o significado de palavras como amizade, solidariedade, dignidade humana. Estas pessoas corajosas, graças a Deus, existem em todas as sociedades. Não posso ter uma percentagem rigorosa destas, mas sei que qualquer um de nós conhece duas ou três pessoas, pelo menos, que não alinham com a narrativa «mainstream». Calcula-se que, em média, existirão 150 relações significativas (familiares, amizades, colegas, etc.) na vida de cada um. Portanto, haverá no mínimo 1 -3 % de pessoas que não dobram a espinha, que mantêm o espírito de luta. É importante percebermos que não  estamos isolados: Num país atávico e onde reina uma ignorância crassa, como é o caso de Portugal, estamos a falar no mínimo de 100.000 a 300.00 indivíduos, de todas as condições, idades e localizações, que manifestam estar em contradição com o sistema totalitário.
É importante que todas estas pessoas se exprimam, senão publicamente, pelo menos, no seu círculo de amigos e de íntimos. Tendo estudado a fundo a psicologia do totalitarismo, Ariane Bilheran, na senda de Hannah Arendt e de Mattias Mesmet, deu-nos o aviso: Ao contrário das «simples» ditaduras, a ditadura totalitária, uma vez plenamente instalada, irá impiedosamente esmagar toda a oposição sobrevivente. Nunca irá flexibilizar as condições para a dissidência, pelo contrário, irá suprimi-la. Isto aconteceu repetidas vezes na História. Para que se atinja este estádio, tem de haver uma renúncia, um baixar de braços da oposição a esse regime. Enquanto existirem denúncias dos comportamentos totalitários, estes mesmos totalitários não estarão à vontade para «limpar o terreno». Afinal, eles também sabem que o povo, embora se deixe enganar algumas vezes, não pode ser enganado na sua totalidade e durante todo o tempo.
                                      
São iniciativas de base e cidadãs, como da Associação «Habeas Corpus», que têm o maior potencial para manter o espírito de liberdade. Infelizmente, os partidos, incluindo os de esquerda**, seja qual for sua tendência ou dimensão, estão completamente paralisados, ou comprados, ou sem orientação, pois continuam a não fazer o seu papel.
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(*) O termo «democracia representativa» é tanto mais inadequado que, mesmo nos moldes estreitos do pensamento político convencional, há uma constante e plena fraude: com efeito, os partidos são eleitos em função dos muitos milhões que são «oferecidos» (com condições) por grandes magnates e donos de grandes corporações, para as suas campanhas eleitorais. O debate é falseado sem vergonha, pois não têm voz nos grandes media, aqueles que não se vergam ao poder corporativo. Estes regimes são - na verdade - o poder das corporações, são plutocracias (= poder dos muito ricos). Chamá-los «democracias» ou «poder do povo» é um insulto à inteligência do povo, é escarnecê-lo. Nunca teve tão pouco poder como agora, o pobre povo, por muito que os poderosos se autoelogiem de terem uma «democracia».

(**) Note-se que a «esquerda parlamentar», em peso, tem-se mantido numa ambígua posição, a de «parecer» oposição, sem o ser. Nos períodos iniciais da «crise do COVID», os dirigentes e deputados do PCP e do BE, partidos que se reclamam do socialismo e das classes trabalhadoras, insistiam em aplicar um regime mais estrito de confinamento/«lockdown». «Lockdown» é um termo que  significa o castigo do fechamento dos presos, especialmente quando estes fazem reivindicações. Aplaudiram ou ficaram calados perante a repressão selvática aos que não aceitavam as regras arbitrárias e anti-constitucionais. A existência duma classe coordenadora ficou mais uma vez demonstrada. A sua utilidade para o capital é evidente, pois ela permite que os trabalhadores se mantenham «tranquilos», «ordeiros», dentro da «legalidade»...

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

PROPAGANDA 21 Nº15: A GRANDE BOLHA MEDIÁTICA QUE TUDO RECOBRE


Nós estamos inseridos numa espécie de «Matrix», ou seja, numa redoma em que o Universo nos aparece através dos filtros cuidadosamente calibrados para que, aquilo que se convenciona ser «a realidade» ou a perceção da mesma, não seja disruptiva, não afete o moral das tropas, não lhes permita ver através duma brecha, algo que não seja conveniente aos nossos Senhores Feudais

Em suma, a nossa capacidade crítica tem de ser completamente anulada ou muito diminuída, incluindo táticas de propaganda de guerra, que antes da era da Internet, eram dirigidas e aplicadas contra os países «inimigos» do nosso. Lembro a enorme máquina de propaganda Ocidental e Americana, que foi montada e desenvolvida para os países de Leste e da URSS, em particular, com «notícias» destinadas a mostrar a sociedade capitalista como infinitamente melhor que as suas, apontando e amplificando os contrastes desfavoráveis para os sistemas ditos de socialismo real. Não está aqui em jogo saber se o socialismo real  era de facto socialismo, ou se era outra coisa. Todas as sociedades têm aspetos negativos e todas têm aspetos positivos também. A propaganda é verdadeiramente uma arma de guerra, como foi  reconhecido por Edward Bernays há um século. Tem sido o principal instrumento de domínio das classes «superiores» sobre as populações, desde então. 

Não admira, portanto, que a «guerra informativa» seja levada a cabo pelo império anglo-americano, contra a Rússia e a China e vários países que se têm oposto à globalização capitalista. Mas, devo sublinhar que num mundo de informação globalizada, necessariamente, a guerra de informação tem de abranger tanto populações «inimigas», como «amigas», tanto um público doméstico, como um estrangeiro. Não pode ser de outro modo, pela natureza global do sistema mediático e pela impossibilidade de se cortar o acesso à Internet de forma demasiado óbvia, devido ao efeito desastroso, que os iria desmascarar. 

Ainda assim, têm feito muito no complexo «militar-industrial-policial-tecnológico-mediático» para o domínio das nossas mentes.  As catadupas de propaganda constante que se apresentam como «notícias», são - na verdade - o modo mais eficaz para distorcer a imagem da realidade no público, sem que este suspeite disso. O público está convencido que pode confiar nos media da sua escolha, da sua confiança política, sejam estes «mainstream», ou «alternativos». A distorção é eficaz, porque deriva da própria parcialidade das pessoas: Todos nós temos preconceitos, sobretudo no que toca a assuntos de política, de sociedade, de valores, de ideologias. 

A «ciência dos media» é uma psicologia aplicada, usa os avanços do saber fundamental em psicologia. Edward Bernays, no princípio do século XX, serviu-se do modelo psicanalítico e adaptou-o à sua teoria das Public Relations. Aliás, ele escreveu o famoso livro «Propaganda»; porém, depois viu que o termo propaganda tinha adquirido conotação negativa, após o III Reich e a IIª Guerra Mundial, e inventou a expressão Public Relations. 

Desde Bernays e desde Freud, muito se descobriu em relação à psicologia, ao estudo do comportamento humano, ao estudo da sociedade, das interações individuais e coletivas, da forma como a mente se apercebe do real, como as memórias se formam, como são modificadas e atualizadas, etc.

Na guerra da informação em curso, não existe um lado «bom» e um lado «mau». Todos os lados fazem a sua propaganda, todos os lados usam e abusam do seu controlo sobre meios de comunicação de massa para manter ou reforçar os preconceitos no público. 

Se existe arte «maquiavélica», é esta da comunicação mediática, acoplada - como gémea siamesa - à política. Se o que parece ser, é... então para que algo se insira nos nossos neurónios cerebrais, é preciso que haja um «efeito de realidade», que as pessoas «aprendam» a ver e interpretar as coisas, tal como os «senhores feudais» querem. Para esse fim, os poderosos dispõem do acesso ilimitado aos media, à máquina administrativa dos Estados, para exporem e defenderem as suas posições, além de poderem anular a informação dissidente através de blackout ou censura (hoje em dia, no Twitter, Facebook, Youtube...) e com a distorção e difamação dos pontos de vista contrários, sem que os atingidos possam defender-se eficazmente.

 Porém, há um aspeto não evidente do controlo mediático: A torrente constante de «notícias» triviais, misturadas com assuntos importantes, tem o efeito ao nível subconsciente, de fazer equiparar tudo o que chega ao conhecimento do indivíduo. Não se trata de relativizar a informação, o que seria positivo, mas de menosprezar tudo por igual, o que impede de ver o que é importante. Este efeito de «overflow» anula a possibilidade da construção de uma visão pessoal do mundo e do real. As pessoas das sociedades híper-conectadas mostram uma surpreendente ausência de «Weltansschauung». Para muitas, as coisas acontecem «por acaso», ou sem existir relação de umas com as outras. Para esta incapacidade de compreender o mundo, contribui o caos propositado dos fluxos contínuos de notícias. Em consequência, a lógica da narrativa dos media sobre um dado assunto é (inconscientemente) apreendida como correta, também porque é reproduzida pelas inúmeras bocas da hidra mediática.


Reflexão: Às vezes, sonho com o desaparecimento da Internet e das formas de informação de cima para baixo, que veiculam uma certa imagem do Mundo, como a televisão, a rádio, os grandes jornais, a escola, etc. Mas, isso não teria só lados positivos, com certeza. Muito mais realista será encontrar maneira de viver com estes meios, sabendo que não são neutros, que nunca o foram, que estão intrinsecamente ligados ao modo como é exercido o poder. Por outro lado, se a nossa mente está aberta e crítica, conseguimos nutri-la com informação consistente e com pensamentos originais, criativos. Para não «deitarmos fora o bebé com a água do banho», é preciso nos (auto) educarmos no domínio da comunicação, recorrendo a ciências tão variadas como a psicologia social, a neurologia, a etologia comparada, a evolução biológica.

NOTA: Gostaria que o modesto contributo desta série «PROPAGANDA 21», fosse o de chamar a atenção dos leitores para a importância da comunicação de massas. O exame crítico da informação que nos envolve é o meu objetivo, não é inculcar-vos qualquer  ponto de vista sobre estes assuntos.

PS1: Veja este vídeo com excertos de conversas de Andrew Tate (a partir dos 29 min.) e veja a razão real porque foi banido da Internet. Eles usam a falsa acusação de misoginia, como cobertura para a descarada censura política que fazem.

sábado, 2 de julho de 2022

[MATTIAS MESMET] A PSICOLOGIA DO TOTALITARISMO

 

                                           












O Professor Mattias Desmet é um psicólogo belga, com um mestrado em estatísticas, que ganhou reconhecimento mundial nos finais de 2021, quando apresentou o conceito de «formação de massas» como explicação para o comportamento absurdo e irracional que tínhamos vindo a verificar, em relação à pandemia de COVID e às contramedidas que foram decretadas. 

Ele também nos avisou que a formação de massas pode dar origem ao totalitarismo, que é o assunto do seu novo livro, saído no mês passado de Junho de 2022, "The Psychology of Totalitarianism."


[Em baixo - em tradução minha - uma passagem da referida obra]

“Ao fim e ao cabo o desafio último não será tanto o de mostrar às pessoas que o coronavírus não era tão perigoso como esperávamos, ou como a narrativa do COVID estava equivocada, mas antes que esta ideologia  é problemática; que este transumanismo e esta ideologia tecnocrática são um desastre para a humanidade. Este pensamento mecanicista, esta crença de que o Universo e o Homem são uma espécie de sistema mecanístico, que deveria ser conduzido e manipulado dum modo mecanístico, tecnocrático e transumanista. Este é o desafio último: Mostrar às pessoas que a visão transumanista do humano e do mundo implicam a desumanização radical da nossa sociedade. Portanto, penso que este é o desafio verdadeiro que temos de enfrentar.

Trata-se de mostrar às pessoas o seguinte: 

Vejam, esqueçam por momentos a narrativa do Coronavírus. Aquilo para o que nos dirigimos - se continuarmos no mesmo caminho - é uma sociedade transumanista radical e tecnologicamente controlada, que não deixará qualquer espaço para a vida do ser humano.”

Foi com intenso prazer (pela qualidade da obra) e preocupação (pela seriedade das situações reveladas), em simultâneo, que li esta obra. Estou certo que nenhum dos meus leitores se irá arrepender em também ler esta obra, que eu considero um marco para a reflexão em psicologia social e em política. Acredito que a sua importância vai ser reconhecida cada vez mais, como uma das grandes obras deste século.  

O ensaio de Mesmet está a revelar-se como o grande «best seller» deste início de Verão. 


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Ler também: 

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/12/prof-mattias-mesmet-entrevistado-sobre.html


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PS : O que é porno- de medo?

What is Fearporn? Is it really a thing?


segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Documento ao Congresso dos EUA SOBRE GUERRA DE INFORMAÇÃO/PERCEÇÃO

Deparei-me com um documento interessante, um estudo destinado ao Congresso dos EUA, datado de 2018. A autora, Catherine A. Theohary, é especialista em políticas de segurança nacional, operações no ciberespaço e informação:

 https://sgp.fas.org/crs/natsec/R45142.pdf

Este documento é interessante porque caracteriza em pormenor toda a panóplia que os governos, ou forças não-governamentais, dispõem para levar a cabo a guerra informativa. Se lerem em pormenor o documento, verão que ele ajuda a clarificar muito do que se fala sobre ciberataques, sobre ataques de falsa bandeira, sobre a propaganda e sua utilização quer pelos Estados, quer por forças rebeldes. 

O que sobressai deste estudo sistemático é que estamos em pleno numa era, em que a guerra informativa toma a dianteira. 

Nesta guerra de perceção, os cidadãos - quer cidadãos do país-alvo, quer cidadãos do próprio país que leva a cabo as operações - é sobre eles que se exercem as ditas técnicas. 

O objetivo central  é - de uma ou outra forma - a construção duma imagem*. As pessoas, uma vez construída uma determinada imagem do mundo e adotada determinada visão de como as coisas funcionam, aderem a ela, sem terem consciência do processo que as levou a adotar precisamente essa visão das coisas e do mundo e não outra. Se essa visão do mundo for constantemente reforçada pelos media, pelo discurso do governo, dos políticos, incluindo políticos ditos de «oposição», então, essa tal visão do mundo e da  perceção da realidade que implica, ficam completamente «congeladas», «cristalizadas» na mente dos indivíduos. 

Em qualquer caso, as pessoas assim «capturadas», podem ser de convicções de esquerda ou direita, de cultura elevada ou baixa, de inteligência elevada ou medíocre: como eu já tinha apontado noutro ensaio publicado neste blog, a capacidade de criar ilusão através desta influência abrangente, exerce-se sobre os mais diversos tipos de pessoas, vai influenciar todos.  Uma das razões disto, tem a ver com o mecanismo de interiorização: A pessoa assimila a propaganda como se fosse a verdade, como se tivesse testemunhado pessoalmente determinados factos (quando isso não aconteceu, é apenas ilusão). A vítima torna-se defensora de seu molestador (síndroma de Estocolmo). A pessoa fica convicta de que os pensamentos são seus, foram o resultado dos seus processos de raciocínio, quando - na verdade - foram plantados no seu subconsciente, através de processos de condicionamento.

Estas táticas tornam-se muito mais eficazes na era da massificação da Internet, das redes sociais, da universalidade dos telemóveis de tipo «smartphone». A diferença em relação à era anterior, é a seguinte: As pessoas podiam ficar temporariamente hipnotizadas pela a TV mas, em confronto com a realidade, a ilusão plantada nas suas mentes acabava por se dissipar, em muitos casos. Mas, atualmente, as pessoas têm - ao contrário da era anterior - a ilusão de «procurar por elas próprias», de aceder às fontes, mesmo àquelas que estão de facto (ou aparentemente), em contradição com o discurso dominante. Isso dá-lhes uma convicção profunda de que aquilo em que creem seja verdadeiro, que seja o real. Porque elas, aparentemente, não foram guiadas, induzidas, ou canalizadas na sua pesquisa. É evidente que tal não é assim. Os algoritmos dos motores de pesquisa são manipulados de modo a dificultar o acesso a certas páginas Internet. Quando observamos a censura digital, sob pretexto de «COVID», de «segurança», ou outro, sabemos que já não existe  liberdade de expressão e informação na Internet, em especial, nos canais de vídeos, ou em redes sociais.  

Edward Snowden tem avisado e explicado em vídeos, ou entrevistas o funcionamento de todo o aparato que se destina a influenciar a perceção das pessoas. Ele, assim como Julian Assange e Wikileaks, são diabolizados e considerados «espiões», devido ao facto de terem desmascarado militares e «contratantes» (mercenários) dos EUA e seus crimes de guerra, a total ausência de respeito pela lei dos EUA, até com a utilização de táticas de guerra psicológica (guerra de informação) dirigidas ao público dos próprios EUA. O que está em causa é a exposição da técnica da ciberguerra, a técnica psicológica, a qual se aplica (com instrumentos e usos diferentes, claro) às próprias populações e às populações de potências inimigas.

O documento que Catherine A. Theohary escreveu é apenas um documento, entre muitos. Ele está redigido de modo a não ofender deputados e senadores, está feito com a hipocrisia necessária para não colocar em causa as estruturas dos EUA, que levam a cabo esta guerra psicológica, esta guerra de informação. Estou a falar da CIA, a NSA, etc. mas também de fundações como a NED e ONGs, em estruturas governamentais desde os ministérios, até às embaixadas. 

Mas, essencialmente, é um documento utilizável como «manual», ou um «guia» para se perceber o que são as jogadas de uns e de outros. Não apenas EUA, e NATO, como igualmente Rússia, China, etc...

O «Information Warfare», que eu traduzo por Guerra de Informação, é um instrumento e técnica da guerra híbrida. É uma parte importante nesta IIIª Guerra mundial, que não se afirma enquanto tal, mas que se vai desenrolando diante dos nossos olhos, com início na queda do Império Soviético e aceleração com o 11 de Setembro de 2001. Desde esta segunda data, os processos utilizados da Guerra-Fria Nº1 têm sido aplicados de forma massificada, multiplicados pela potência da Internet, tanto na população doméstica**, como nos aliados e inimigos. 

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(*) O termo «imagem» é tomado aqui no sentido mais lato possível, pois também pode ler-se como sinónimo de: «narrativa», «ideia», «conceito».

(**) Joe Rogan entrevista o autor e investigador: The secret history of MK ULTRA

Alguns artigos deste blog, relacionados com o tema:

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/12/prof-mattias-mesmet-entrevistado-sobre.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/11/mattias-desmet-condicionamento-de.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/09/olhando-o-mundo-da-minha-janela-n10.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/08/aldous-huxley-1962-derradeira-revolucao.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/08/propaganda-21-n-7-psicose-de-massas.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/06/servidao-voluntaria-e-great-reset.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2019/11/obras-de-manuel-banet-roteiro-para.html


domingo, 5 de dezembro de 2021

PROF. MATTIAS MESMET SOBRE A PSICOLOGIA DO TOTALITARISMO

                                           Saturno devorando um dos seus filhos (Goya)

Mattias Desmet é entrevistado por Chris Martenson. Marteson, tem sido um dos raros que tenta, regularmente, nestes dois últimos anos, dar aos auditores um ponto de vista científico, não enviesado por ideologias, sobre a pandemia covidiana.
O seu convidado, Mattias Desmet é professor de Psicologia Clínica na Universidade de Ghent (Bélgica); um investigador dos fenómenos de psicologia de massa, com muito trabalho de campo e teórico publicado. Os leitores deste blog poderão consultar (aqui e aqui) outra intervenção sua e a opinião muito positiva do Prof. Robert Malone. Penso que, em conjunto com a presente entrevista, permitirão ajuizar da pertinência e originalidade de sua análise. Nesta conversa com Chris Marteson, explica em detalhe como chegou ao diagnóstico da «formação de massas», antes também chamada «psicose coletiva ou de massas».
Tal estado corresponde e resulta, no conjunto da sociedade, duma narrativa que se impõe de forma totalitária, embora isso não transpareça ao princípio, sobretudo porque as pessoas ficam sideradas, com a massiva perceção dum perigo mortal e difuso, impossível de avaliar e de realmente prevenir, algo que inspira terror. Assistimos então ao acordar de todas as fobias, medos atávicos e descargas de sentimentos reprimidos, aversivos e antagonistas.
Mas o melhor é ouvir diretamente da boca do Prof. Mesmet sua análise, em termos de psicologia coletiva e da gravidade do momento que estamos a passar enquanto civilização.


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PS1: À medida que o tempo passa vão-se acumulando provas de que não só a intenção é controlar a população através do «passe vacinal», como, ainda pior, é uma bio-arma de longa duração destinada a reduzir drasticamente a população. Leia o último artigo de Mike Whitney

PS2: Veja o 2º Simpósio de «Doctors For Covid Ethics» 

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

DR. ROBERT MALONE: ELES ESTÃO A HIPNOTIZAR AS POPULAÇÕES




Robert Malone é um dos que desenvolveu a tecnologia para colocar nas células informação genética, sob forma de ARNm. Ele, aqui, esclarece que está participando numa coligação de cientistas e médicos para parar com a inoculação das crianças. Cita Mattias Desmet (1) sobre o condicionamento, «mass formation psychosis» (psicose de condicionamento de massas). Malone dá como exemplo o regime nazi e vai buscar acontecimentos anteriores à «pandemia» de COVID, como a histeria que antecedeu e sucedeu à eleição presidencial nos EUA, em que nada fazia sentido. O público ficou completamente obcecado com os assuntos de virologia e epidemiologia: a mente humana fica hipnotizada, focando a atenção num pequeno domínio, num objeto singular. A partir daí, fica hipnotizada (2). O efeito da media e o ambiente geral são causadores de um reforço permanente. 
Fomos manobrados psicologicamente por uma entidade, que nos colocou neste estado, diz Robert Malone. A partir daí, quem tiver posição contrária à ortodoxia, deve ser atacado. Isto já está no romance «1984», de George Orwell. 
Fala do totalitarismo global, dá o exemplo da Áustria, seguida, em breve, pela Alemanha, de segregação e confinamento dos não-vacinados, quando se sabe que a vacina não vai impedir a propagação do vírus. 
Também propõe uma forma de quebrar o efeito da hipnose.

Veja e oiça; porque é mesmo muito importante!

ps1: Importante entrevista a Joe Rogan, com resumo no site de Zero Hedge, AQUI.

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(2) Um ponto importante, sublinhado pelo dr. Malone, é o facto de pessoas sob hipnose, não terem a faculdade de ajuizar, não são capazes de considerar opiniões contrárias, ou factos que contrariem sua obsessão, hipnoticamente induzida. Mesmo pessoas com cultura científica e médica, recusam-se a ouvir argumentos racionais. Isto mostra, claramente, que estão sob hipnose.  
 

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

[Mattias Desmet] CONDICIONAMENTO DE MASSAS E HIPNOSE

 O condicionamento de massas é um fenómeno social complexo, que se aparenta com a hipnose, mas não é exatamente a mesma coisa. O vídeo abaixo tem grande mérito, porque nos esclarece quais as condições que favorecem o aparecimento deste fenómeno coletivo. Quais são os pressupostos que permitem o aparecimento do fenómeno do condicionamento de massas (aqui, no vídeo abaixo, designado por  «formação de massas»)? - Esta e muitas outras questões são esclarecidas neste profundo diálogo de Aubrey Marcus com Mattias Desmet*, incidindo sobre os tempos de hoje, à luz da história dos totalitarismos.

[*Mattias Desmet é professor de psicologia clínica na Universidade de Ghent (Bélgica); também possui um grau de mestrado em estatística.]


00:00- Introdução 1:22- Estatísticas que não dão certo 3:30- Dinâmica Psicológica 9:50- Condicionamento de Massas (Mass formation) 17:45- Algo muito específico pode ocorrer nestas condições 25:10- O condicionamento de massas no séc. XIX 31:55- Mentecídio 37:27- A experiência de Asch 41:35- Perigos da nossa paisagem presente 47:42- Precisa de média de massas para o condicionamento das massas 53:53- Uma Terceira Via 58:49- Mecanismo do totalitarismo 1:05:10- A importância de estruturas paralelas 1:19:13- Consequências de erguer a voz?