sábado, 27 de setembro de 2025

TODA A EVOLUÇÃO HUMANA TERÁ DE SER REESCRITA?










A origem dos Denisovanos e do Homo longi, estaria revelada num fóssil de crânio com um milhão de anos, encontrado em Yunxian. Este, teria vivido 400 mil anos mais cedo do que se pensava ser a bifurcação entre neandertais e homens «modernos». 
Além disso, também a origem da nossa linhagem poderá ser razoavelmente considerada como estando na Ásia e não em África, como era consenso geral, até há pouco tempo. 
Mas, a revolução na cronologia das formas ancestrais não se fica por aqui: Estudos recentes, reavaliando a datação de fósseis da Sima de los Huesos (Espanha), situam-nos anteriormente aos primeiros neandertais: Isto implica que a divergência entre neandertais e homens «modernos»  é necessariamente anterior à idade dos referidos fósseis da Sima de los Huesos. Se a emergência acima referida dos neandertais foi há cerca de 800 mil anos, a divergência entre linhagens conducentes ao «homem moderno» e aos neandertais, deve ter sido - no mínimo - há um milhão de anos.
Assim, a linhagem específica produtora dos H. sapiens, tem uma profundidade insuspeitada e que põe em causa um conjunto de relações filogenéticas do género Homo.
Estas descobertas recentes revelam igualmente a profundidade doutras linhagens, mais  diversas e mais antigas do que inicialmente postulado.
Estas evidências reforçam a nossa visão da evolução humana seguindo um «padrão arbustivo». Muitos ramos desenvolveram-se em paralelo, havendo introgressões (cruzamentos entre espécies diferentes mas próximas) e migrações numa enorme área geográfica (África e o continente Euro-asiático). 
 O facto de hoje haver apenas uma espécie humana, tem muito a ver com o acaso, visto que numerosas espécies aparentadas connosco viveram e prosperaram antes e durante a presença de H. sapiens.



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Algumas leis monetárias que todos devíamos saber

 


quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Obras de Manuel Banet: «SE EU PUDESSE VOAR...»



Se eu pudesse voar, levantava voo

De cada vez que troassem os céus;

Que reflexos metálicos, meus olhos

Subitamente captassem.

Não deixaria nem pluma

Nos pavimentos de sangue

Mental escorrendo dos carrascos.

Nem hesitaria procurar

Abrigo nas sombras do arvoredo

Certo de que a sombra é aliada

Quando o Sol ilumina

Infâmias, traições e cobardias




Se eu pudesse voar

Estaria numa ilha deserta

Junto dos meus semelhantes.

Com eles, mesmo doutras espécies,

Faria como que uma sociedade,

Mas nunca poderia integrar

As tropas de rapinadores

Só procurando destruição

Só interessados em sangue




Se eu pudesse voar

Não iria nunca descer

Aos antros das hienas

Em que se rasgam as carnes

Pelo prazer da destruição.

Ficaria junto de minhas gentes

Aladas, sobrevoando cidades

Campos, colinas e rios

...

Ah, se eu pudesse voar!





quarta-feira, 24 de setembro de 2025

ENDOGAMIA E EVOLUÇÃO


A ideia muito divulgada de que os cruzamentos consanguíneos terão necessariamente como resultado o enfraquecimento das gerações futuras, é muito simplista e pode até induzir-nos em grave erro.

Primeiro, a existência de um par de alelos idênticos num indivíduo, só é problemática se estes forem de genes causadores de deficiência. No caso contrário, com genes alelos idênticos e «normais», ou seja, perfeitamente funcionais, esta homozigotia não deve apresentar problemas, nem para os seus portadores, nem para a descendência.

Só assim se compreende a existência de animais perfeitamente viáveis, seleccionados pelo homem, portadores de características próprias (as raças artificiais), que resultam de séculos de «apuramento», ou seja, da rejeição dos genes não-conformes ao padrão desejado e da reprodução selectiva dos animais portadores dos genes desejados. Se houvesse problemas graves resultantes da homozigotia numa extensa parte do genoma, estes animais não seriam viáveis, ou seriam de tal maneira frágeis, que não serviriam os propósitos dos criadores.

Num ambiente natural, pequenas populações isoladas não terão outro modo de subsistir e de perpetuar-se, senão através de cruzamentos consanguíneos, numa percentagem mais ou menos elevada. 
O conceito de especiação por «genetic drift» implica que a população isolada, possuíndo determinado conjunto de genes, irá cruzar-se entre si (endogamia), originando assim uma nova espécie, se o isolamento desta população for por tempo suficiente.
No caso da espécie humana (e englobando aqui os homininos que antecederam, ou viveram em simultâneo com Homo sapiens), a estrutura das populações seria de pequenos bandos isolados, em extensos territórios. Por vezes, dois bandos encontravam-se e haveria trocas, incluindo «noivos e noivas» de um bando que passavam para o outro, sendo automaticamente adoptados como novos membros do bando de acolhimento.

Deve ter sido tal norma que proporcionou encontros fecundos entre humanos modernos e neandertais, entre denisovanos e neandertais e entre homens modernos e denisovanos. Os estudos com ADN antigo mostram a existência de híbridos, assim como a integração, no genoma antigo, de pedaços de ADN mais ou menos extensos, vindos doutra(s) espécie(s).

O que é notável, neste caso, é que os genes conservados não sejam ao acaso. Isto significa que havia um certo grau de incompatibilidade genética entre estes híbridos. 
Nos humanos modernos, verifica-se a exclusão de certos conjuntos de genes de origem neandertal, por exemplo, os relacionados com funções reprodutoras.
Mas, outros genes de origem neandertal, conferindo imunidade, ou da cor da pele, do cabelo, dos olhos, etc, foram conservados. As populações euroasiáticas atuais contêm de 1 a 4% de ADN de origem neandertal, individualmente; mas, no seu conjunto, cerca de 40% do genoma neandertal está representado na população humana contemporânea. Isto quer dizer que houve uma selecção positiva para certos genes neandertais e uma exclusão por incompatibilidade, para outros genes da referida espécie, no ambiente genético prevalecente nos humanos (sapiens).

De qualquer maneira, duvido da tese segundo a qual os neandertais se terão extingido por excessiva endogamia. 
De facto, tanto os neandertais como os humanos modernos (sapiens) atravessaram fases extremamente difíceis para sua subsistência, devido ao clima e à escassez de alimentos. Estes fatores causaram um estreitamento dos efetivos populacionais, em populações que - normalmente - já viviam dispersas.

Nestas centenas ou milhares de anos de máximos glaciares, a endogamia seria absolutamente indispensável para dar continuidade à espécie. Nestas condições extremamente rudes, a selecção natural atuava em pleno: Ela excluía as combinações de genes deficitárias,  que incapacitam seu portador, face às rigorosas condições de existência. Se uma característica desfavorável resulta desse(s) gene(s), ele(s) seria(m) excluído(s), não havendo, em geral, oportunidade do seu portador chegar ao estado adulto e reproduzir-se. É a exclusão sistemática dos genes deficientes, que se observa hoje nas populações de animais selvagens. Ela mantém o grau elevado de adaptação destas populações, perante as exigências do ambiente.

Os genomas neandertais têm evidências de introgressões, resultantes de cruzamentos com H. sapiens. Em seguida à reprodução, um mecanismo complexo de exclusão, por incompatibilidade nos híbridos, parece ter existido. Ainda assim, seria necessário dispormos de evidências sólidas de que isto efetivamente aconteceu. Tal mecanismo iria operar segundo o princípio da exclusão dos híbridos (nas duas espécies). É um mecanismo ao nível cromossómico que acaba por levar à separação de populações, parcialmente interférteis, que - ao longo do tempo - foram divergindo, ao ponto dos seus genomas se tornarem incompatíveis em certas sequências. É uma forma de especiação observada em várias espécies, tanto no Reino Animal, como no Reino Vegetal.

A adaptabilidade às variações do ambiente tem sido a característica mais notável do género Homo. De outro modo, como viveriam eles  - originários dos climas tropicais equatoriais de África - durante as eras glaciares, na Europa e na Ásia, em climas semelhantes aos das estepes siberianas de hoje? Sabemos que os humanos (H. sapiens, ou espécies irmãs) estiveram próximos da extinção, em várias ocasiões. Se não houvesse recurso à endogamia, os pequenos grupos iriam extinguir-se e, com eles, seria  a extinção da própria espécie. 
Se a endogamia fosse causadora de extinção, então não haveria descendentes para repovoar o planeta, depois desses tais estrangulamentos populacionais (e sabemos que houve vários).
As causas da extinção dos neandertais (ou dos denisovanos), que foram durante milénios contemporâneos do homem «moderno»,  será sempre um mistério. Haverá evidências que irão favorecer mais uma hipótese, enquanto outras evidências apontam noutra direcção. Mas, os estudos sobre populações animais que, durante várias gerações, praticam endogamia, quer no estado selvagem, quer em cativeiro, não apoiam a tese da extinção por excesso de endogamia.

Creio que a «ciência popular» difundiu uma ideia errada: O incesto é mau porque perpetua «defeitos» genéticos. No fundo, trata-se dum moralismo encoberto por argumentação falsa, vinda da biologia, pois pretende «justificar biologicamente» o tabu do incesto nas sociedades atuais. Mas, querer justificar tais escolhas éticas e comportamentais do homem contemporâneo à custa de argumentos especiosos, não é nem etica, nem cientificamente defensável.

O último a saber ...



 «O último a saber» é a expressão que se aplica, proverbialmente, para se referir ao marido enganado. 

Mas, neste caso, não se trata do marido enganado, trata-se antes da grande maioria do público nos países «ocidentais», que incluem os do Ocidente (Europa e América do Norte) e países que se situam na Ásia (Japão, Coreia do Sul) e na Oceânia (Austrália, Nova Zelândia). 

Porque, aquilo que está em jogo é uma mudança do sistema monetário, o «Great Reset». O sistema financeiro mundial, desde há vários anos, pelo menos desde a grande crise financeira de 2008, que quase se tornou a crise definitiva do capitalismo, está em ruptura. As moedas dos vários países, foram desenhadas para se irem desvalorizando. Assim, iam possibilitando que os governos e grandes empresas entrassem em dívida, mesmo de maneira crónica, sem grandes consequências para eles, pois estariam apenas obrigados a pagar dentro de X anos, numa divisa que perdeu - em termos reais - uma parte do seu valor. Mas, um sistema que queira conservar uma certa fiabilidade, uma certa estabilidade, tem de ser adossado a algo sólido. E dizer «algo sólido», em termos monetários, traduz-se em metais preciosos como garantia e - em particular - em relação ao ouro.

Desde cedo, que eu estava numa posição de descrença em relação ao sistema no qual vivíamos. Para mim, a crise de 2008 não foi a surpresa, mas foi-o seu «epílogo». Os grandes bancos, as multinacionais, as grandes fortunas, serem refinanciados apesar do que tinham desbaratado, em particular, na financiarização e desindustrialização (auto-induzida): Por exemplo, empresas industriais «convertidas» em empresas de gestão de capitais bolsistas. As injeções de dinheiro fresco, não correspondente a maior riqueza, nem a contrapartida de qualquer espécie, foram-se sucedendo sob o nome de «Q.E.». O pretexto falacioso, totalmente contrário ao mantra do «livre mercado» capitalista, era de que os grandes bancos, as grandes empresas, eram «demasiado grandes», para se deixar ir à falência. Esta extravagância na proteção aos mais ricos, em detrimento de todos os outros, induziu o comportamento de irresponsabilidade total, tanto nas finanças públicas, com nos grandes empórios monopolistas. Acentuou-se a divisão entre aqueles que tinham acesso ilimitado ao crédito barato, virtualmente com zero de juros, e todos os outros que, para comprar casa, carro, etc, tinham de pagar  empréstimos aos bancos, com juros que pesavam nos seus orçamentos.  

Entretanto, a crise do COVID pôs a nu a situação que já vinha de antes e se traduziu numa crise, em Setembro de 2019, com a subida brutal dos juros nos mercados Repo ( = mercados interbancários de empréstimos a muito curto prazo). 

Não sei a partir de quando as altas oligarquias deram ordens para accionar o seu «Grande Reset», mas o facto é que, logo a seguir ao «COVID», se preocuparam muito pouco com qualquer semblante de equilíbrio e preferiram gastar milhares de milhões numa guerra estúpida, cruel e destinada a ser perdida, mas que lhes permitiria travar os BRICS e as " Novas Rotas da Seda" ou «Cintura e Estrada» (Belt and Road Iniciative). Estas, correspondem à verdadeira globalização, a das mercadorias e das trocas comerciais em todo o planeta.

Agora, Honk Kong vai ter um depósito de ouro, para comerciar com o resto do mundo, sendo claro para o «Sul Global» e para os BRICS, que o ouro é o veículo de troca ideal para intercâmbios internacionais, não estando sujeito aos abusos do dólar, ou de qualquer outra moeda que viesse a suceder ao dólar, depois deste ser destronado. 

O público ocidental foi mantido no escuro, foi enganado vezes sem conta sobre o ouro e sobre a «subida» das moedas fiat, sobre os ativos bolsistas e doutros ativos financeiros sem substância no mundo real. Entretanto, paulatinamente, os bancos centrais iam comprando ouro às dezenas de toneladas (tanto os bancos centrais de países orientais, como ocidentais) e os muito ricos convertiam em ouro, ou em propriedades, uma grande parte dos ativos financeiros.

Agora, quem quiser comprar ouro (ou prata), terá de desembolsar uma soma bem maior do que há poucos anos atrás (ver gráfico* sobre o custo do ouro em dólares, no último decénio). Pois, o público ocidental é «o último a saber»...



* Custo do ouro em dólares, no último decénio



terça-feira, 23 de setembro de 2025

O MELHOR DE TOM JOBIM




 Interpretando suas próprias canções, Tom Jobim dá-nos o seu melhor...

EXPLORE ESTE ÁLBUM 

(poesia de Vinícius de Moraes em muitas das faixas)

No mundo não lusófono, Tom Jobim não é adequadamente celebrado como compositor de real talento e inventor de um novo estilo (a Bossa Nova). As pessoas conhecem a «Garota de Ipanema», mas nem sequer conhecem a sua versão original (em português) e desconhecem o nome do compositor. Mas, Tom Jobim é nome indelével, incontornável, da música brasileira e lusófona...

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

A NOVA DESORDEM MUNDIAL [CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL, Nº 49 ]

 Não sei se algum título como este já existe, é provável - mas no caso deste escrito - entendo que se trata do título mais apropriado.

Senão vejamos; a liberdade é proclamada e negada, na prática. Não se pode defender um determinado ponto de vista perfeitamente legítimo e racional, sem se ter consequências gravosas, se este ponto de vista se traduz numa desacralização do poder.

Pelo contrário, podem cometer-se atrocidades, violações sistemáticas dos direitos humanos, impunemente, se forem cometidas sob a tutela e seguindo o guião da potência hegemónica. As coisas não mudaram, desde há cerca de 75 anos. Um adjunto do presidente dos EUA, Truman, fez-lhe notar que se estava a apoiar uns «bastardos» (já não sei de que país latino-americano); ao que Truman respondeu...«Sim; mas são os NOSSOS bastardos».

Hoje em dia, a ditadura totalitária de Zelensky tem as honras de governos ocidentais, enquanto vai prendendo os opositores, que «desaparacem», ou vai colocando para sacrifício inútil, centenas de milhares de soldados na mira de fogo das tropas russas, sobretudo vai construíndo - ele e seus associados - fortunas colossais, à custa do erário  público ucraniano (e nosso). Mas ninguém se preocupa, nas administrações que têm doado sucessivos  biliões, para onde vão estas somas. 

Os manifestantes que protestam contra o genocídio dos palestinianos, são dispersos à bastonada, são presos às centenas; isto tem lugar no suposto «modelo» da democracia e dos direitos civis, a Grã Bretanha. 

Em simultâneo, a indústria armamentista, nomeadamente, na UE, no Reino Unido e nos EUA, envia para Israel o que este precisa para efetuar o referido genocídio. Como podem os políticos  se apresentar como «observadores impotentes», durante estes quase três anos de genocídio, sabendo-se que um embargo de armas a Israel iria fazer parar rapidamente o Holocausto Palestiniano?

Claro que jogam os interesses económicos e a importância dos lobis pró-sionistas. Aliás, não devemos confundir estes com as comunidades judaicas: Estas podem estar completamente dissociadas da mentalidade suprematista e colonialista do governo de Israel. 

Em todo o lado, a igualdade dos seres humanos perante a lei, a sua dignidade fundamental, estão postas em causa. Um assassinato irá fazer a primeira página dos noticiários, consoante a vítima seja judeu (sionista ou não) ou um arauto «cristão», em associação com o sionismo, ou consoante se trate de um árabe, que pode ser muçulmano, cristão, de outra religião ou mesmo, ateu. No caso do árabe, nem será referido na maior parte dos noticiários; se o for, será classificado de «terrorista» ou de membro do Hamas, para desencadear repúdio e não qualquer sentimento de compaixão no público.

A ordem moral é a primeira a desfazer-se, quando se inicia a derrocada da ordem política-económica-jurídica.

 Aquilo que se chama «civilização» é um estado de imposição duma falsa ordem, porque baseada na repressão: É isso que significam expressões como «Pax Romana», ou «Pax Americana». 

A ordem moral não pode subsistir quando os do topo da hierarquia são impunes, face às regras aplicadas ao comum dos mortais. Vejam-se os casos (abafados) dos escândalos sexuais em torno da figura de Jeffrey Epstein, ou a total impunidade dos criminosos que lançaram a operação COVID («vacina anti-COVID») para benefício das multinacionais farmacêuticas Pfizer, Moderna, Astra-Zeneca...

Apenas dois exemplos acima citados, mas haveria muitos mais, se contabilizarmos os que no establishment se especializaram em lançar guerras  (Afeganistão, Iraque, Líbano, Líbia, Palestina, Irão...) que têm causado milhões de mortes, incontáveis feridos e deslocados. Mas, a media corporativa reserva sempre o melhor acolhimento para estes senhores e senhoras. 

Em desespero, os antigos aliados de ontém do Ocidente, estão em massa a aderir aos BRICS ou, pelo menos, a  estabelecer acordos comerciais frutuosos com estes países, pois vêm que do lado Ocidental e Americano, só há a perspectiva de manter os países mais fracos sob o seu domínio, por todos os meios, incluindo militares.

 Mas, o comércio precisa de liberdade. Sobretudo, de liberdade de escolha; em dado país participar ou não num dado acordo. Também precisa de um conjunto de regras. Porém, estas regras (acordadas e ratificadas na OMC) são sistematicamente ignoradas ou violadas pelos mesmos que clamam pelo seu respeito.  

A utilização do dólar como arma, abusando do privilégio de ser a principal moeda de reserva mundial (uma herança do acordo de Bretton Woods, 1944), levou a que mais trocas sejam efetuadas nas divisas dos respetivos países, não envolvendo o dólar. O dólar deixou de ser visto como «porto seguro», como reserva nos Bancos Centrais, em muitos países:  Estes passaram a acumular ouro, o qual não pode ser instrumentalizado. Quanto muito, poderá ser expropriado ou roubado, num contexto de guerra, com invasão e tomada do ouro do banco central (como aconteceu na Líbia e noutros casos).

A «lei» da força, ela própria, está posta em causa quando os rivais dos EUA e dos países da OTAN, possuem armas ao mesmo nível, ou que ultrapassam as ocidentais. Em relação à guerra assimétrica, temos assistido aos danos severos causados por mísseis e drones das milícias Houthis (Iemene), a instalações militares e civis israelitas, assim como mantêm o bloqueio no Mar Vermelho, para a navegação destinada a Israel, incluindo porta-aviões dos EUA. Podíamos também descrever o efeito do uso maciço dos drones que - com uma tecnologia relativamente simples - conseguem ultrapassar defesas anti-aéreas de uns e de outros, no teatro da guerra Russo-Ucraniana.

O mundo está cada vez mais complexo e as armas mais perigosas (armas nucleares) estão sob controlo de psicopatas, nalguns casos. A determinação de Netanyahu, ou do seu sucessor, em fazer explodir bombas nucleares contra inimigos (Irão, principalmente) pode configurar a «alternativa Sansão». Ou seja, tal como na narrativa bíblica, trata-se de deitar abaixo todo o edifício (Israel), de modo que os seus inimigos também morram. É uma loucura completa, mas que está consignada em manuais de estratégia militar israelitas, pelo que não pode ser tomada ao de leve.


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Ps1: Jeffrey Sachs e a nova ordem  mundial 

https://youtu.be/97pxh5BifVU?si=H58F_pxUbI0pYdi_

domingo, 21 de setembro de 2025

ALASDAIR MCLEOD: O YUAN, internacionalizado, vai ser garantido por ouro

 


Há razões para ter esperança. Não que a «limpeza» do sistema monetário internacional, que o yuan/ouro vai certamente ajudar, seja a resolução definitiva para os graves problemas económicos e distorções financeiras, que temos vivido durante mais de 50 anos. Mas, no contexto atual, vai permitir «retirar os dentes» da víbora do poder financeiro que se acoita em Wall Street e na City de Londres. A nova ordem mundial não poderá ser outra coisa senão multipolar, queiram ou não queiram os EUA e seus aliados.



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quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Assassinos Silenciosos - Como a Política Ocidental Causou 38 Milhões de Mortes

 NOVO RELATÓRIO PUBLICADO NO PRESTIGIADO JORNAL MÉDICO «THE LANCET»

Veja o mais recente vídeo por Lena Petrova:


O que este estudo mostra, é que as sanções não são «alternativa pacífica» para a guerra. São antes uma forma de guerra através de outros meios.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

FORMAÇÃO PODENDO ORIGINAR UM TERRAMOTO COMO O DE LISBOA DE 1 DE NOV. DE 1755 (*)



(*) A data 1 de novembro de 1755 marca o
 evento cataclísmico que devastou a capital portuguesa e outras regiões, seguido por um maremoto e incêndios que causaram milhares de mortes e uma destruição quase total da cidade. Este sismo é considerado um dos mais importantes e mortíferos da história e deu origem à sismologia moderna.

DESCIDA AO INFERNO DA DÍVIDA ( ...DOS EUA)


Como dizia um membro da administração dos EUA, no início dos anos 70: "o dólar é a nossa divisa, mas é   o VOSSO problema!"
Esta era de dominância da divisa dos EUA, enquanto moeda de reserva universal, está a chegar ao fim!
 

terça-feira, 16 de setembro de 2025

OS CHINESES SÃO MUITO MAIS RICOS QUE OS AMERICANOS!

 

[retirado de:

Godfree Roberts, Here Comes China! herecomeschina@substack.com





O POVO MAIS RICO DO MUNDO É O CHINÊS , NÃO O AMERICANO

"O rendimento líquido das famílias médias é basicamente nada.  Nós temos problemas graves na nossa economia»" – Carl Icahn.


Quatro anos depois de derrotar militarmente os EUA, em 1955, Mao disse aos seus  colegas: «Se não conseguirmos ultrapassar a América em 100 anos, não merecemos existir. Deveríamos ser varridos da face da terra». Menos de setenta anos depois, a China ultrapassou a América.

Hoje, os chineses são muito mais ricos que os cidadãos da América e da Europa, vivem mais tempo, com vidas mais saudáveis e seus filhos formam-se - em grande número -em cursos superiores nas áreas de Matemática, Informática e Engenharia.

 Mas, antes de examinar a subida da China, vejamos o declínio do Ocidente:
  • A maioria dos americanos poupou menos de $10 000. Apenas 0.1% possui $5 milhões (ou mais), sendo este o mínimo para uma reforma sem sobressaltos.

  • “Duas vezes por semana a YMCA organiza distribuição gratuita de comida para a comunidade de ex-militares, e cada semana, há mais famílias na fila do que refeições para servir.” NBC News, 8/2/25.

  • A taxa oficial de pobreza nos EUA é de 11.6%, com 38 milhões de pessoas a viverem na pobreza. US Census

  • “A maior parte dos americanos não ganha o suficiente para garantir os custos básicos de vida, segundo uma análise,”

    Megan Cerullo, CBS News.

  • Os 50%  cidadãos americanos mais pobres possuem 2.5% da riqueza nacional. St. Louis Federal Reserve.

  • Em 2007, um comprador mediano de casa nos EUA, tinha 39 anos. Hoje, tem 56.

  • Em 2025, o dinamarquês médio trabalha 6500 horas por cada ano de pensão de reforma. Os chineses trabalham 4600 horas.

  • No ano passado, a riqueza média na cidade alemã mais rica, Berlim, era de $89 000, diz o Bundesbank.


Como é que a China realizou isto

Em termos reais, o rendimento dos trabalhadores americanos não subiu desde 1975, as suas poupanças têm diminuído constantemente desde 1989 e os resultados são incontestáveis.

Os trabalhores chineses, por contraste, duplicaram os seus rendimentos cada 10-12 anos, desde 1955 e pouparam 35% dos seus rendimentos cada ano. Em  2020, as famílias medianas urbanas na China, tinham um património de $200 000. Em 2025, este será de $250 000.

Os nossos media e governos irão continuar a suprimir os dados sobre estas mudanças, enquanto for possível. Mas, uma vez que isto for um conhecimento comum, ele irá mudar permanentemente o mundo.


segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Passacaglia - Haendel (Fernando Cordella ao cravo)


 A energia que se desprende desta Passacaglia, por Haendel, tem a virtude de nos dar alento para continuar. É por isso que publico aqui vídeos musicais. São escolhidos pela qualidade dos interpretes e das próprias composições. Por vezes, são pouco conhecidos.

sábado, 13 de setembro de 2025

Natalia Lafourcade - "Tú sí sabes quererme"


 A alegria de viver desta cantora e do seu conjunto, ajuda-nos a viver! 
- A canção foi inicialmente publicada no álbum «Musas».

PS1: 
ÁLBUM DE NATÁLIA LAFOURCADE EM 2025 , CANCIONERA


quarta-feira, 10 de setembro de 2025

FRANÇA EM INSURREIÇÃO & UE INCAPAZ DE AGIR // FALHANÇO DE OFENSIVA DE TRUMP






Chegou um ponto para Van der Leyen, a representante da elite globalista e para Trump, em que ambos acumulam erros sobre erros. Querem «endireitar» a situação e ainda se atolam mais, porque os povos do chamado Sul, já não os temem e muito menos os respeitam. 

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PS1: A recente farsa sangrenta da tentativa de decapitação da direção do Hamas em Doha, acaba por se virar conra Netanyahu e Trump. Segundo a discussão abaixo, está fora de questão que o comando regional dos EUA (com uma importante base militar no Qatar) não soubesse de antemão do golpe assassino: 

A IMPOSIÇÃO POR TRUMP DE TARIFAS À ÍNDIA "SAÍU-LHE PELA CULATRA"


As políticas da Administração Trump têm, repetidas vezes, conduzido a resultados exatamente opostos aos pretendidos!
 

terça-feira, 9 de setembro de 2025

BOICOTE ÀS COMPANHIAS QUE ESTÃO ASSOCIADAS A ISRAEL





 O boicote resulta e traduz-se numa perda de mercados e de lucros para as companhias que estão a apoiar o genocídio dos palestinianos, em Israel. 

PS1: LEIA ARTIGO DE JONATHAN COOK, 
"O COLONIALISMO DO OCIDENTE FICOU DESMASCARADO EM GAZA". 


sábado, 6 de setembro de 2025

FIM-DE-SEMANA EM VLADIVOSTOK

 Pepe Escobar faz a sua crónica do Fórum do Extremo-Oriente, em Vladivostok, Rússia. 

Uma arquitetura global alternativa à hegemonia dos EUA está a surgir e a semana que passou foi emblemática a esse respeito.






John Helmer desmascara os políticos que odeiam a Rússia


Sobretudo, esta longa entrevista de Glenn Diesen ao famoso John Helmer* (*jornalista australiano residindo há  mais de 30 anos em Moscovo),vem nos aclarar quais os objetivos estratégicos que Rússia  por um lado, e EUA e europeus da OTAN por outro, procuram alcançar para o  início duma negociação de paz 
 

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

JEAN FERRAT CHANTE ARAGON

FERRAT CHANTE ARAGON é uma playlist criada exclusivamente  com canções baseadas em poemas de Aragon, compostas e interpretadas por Jean Ferrat.

Muito me lembro do álbum de 1971 : as suas melodias tão apropriadas aos conteúdos, fizeram-me amar (ainda mais) a poesia do grande e ímpar poeta francês.  
Hoje constato que as canções reunidas neste álbum não  envelheceram!
 

       
Clica neste link JEAN FERRAT CHANTE ARAGON para ter acesso às canções da lista!



O mon jardin d'eau fraîche et d'ombreMa danse d'être mon cœur sombreMon ciel des étoiles sans nombre, ma barque au loin douce à ramerHeureux celui qui devient sourd au chant s'il n'est de son amourAveugle au jour d'après son jour, ses yeux sur toi seule fermés
Heureux celui qui meurt d'aimerHeureux celui qui meurt d'aimer
D'aimer si fort ses lèvres closes qu'il n'ait besoin de nulle choseHormis le souvenir des roses, à jamais de toi parfuméesCelui qui meurt même à douleur à qui sans toi le monde est leurreEt n'en retient que tes couleurs, il lui suffit qu'il t'ait nommée
Heureux celui qui meurt d'aimerHeureux celui qui meurt d'aimer
Mon enfant dit-il ma chère âme, le temps de te connaître ô femmeL'éternité n'est qu'une pâme, au feu dont je suis consuméIl a dit ô femme et qu'il taise, le nom qui ressemble à la braiseÀ la bouche rouge à la fraise, à jamais dans ses dents formée
Heureux celui qui meurt d'aimerHeureux celui qui meurt d'aimer
Il a dit ô femme et s'achève, ainsi la vie, ainsi le rêveEt soit sur la place de grève ou dans le lit accoutuméJeunes amants vous dont c'est l'âge, entre la ronde et le voyageFou s'épargnant qui se croit sage, criez à qui vous veut blâmer
Heureux celui qui meurt d'aimerHeureux celui qui meurt d'aimer

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Há uma musicalidade instrínseca nos poemas de Louis Aragon (o nome literário do médico Louis Andrieux). Não sei se deva atribuí-la à sua frequentação assídua dos poetas franceses medievos, renascentistas e do classicismo, se à libertação da palavra e da imaginação onírica, durante os anos de participação nas aventuras coletivas do Dadaísmo e Surrealismo
Muito se fala sobre as divergências ideológicas nestes grupos literários. Acabavam por ser mais os dissidentes, que os que permaneciam fiéis aos princípios estéticos e doutrinários destes movimentos
Mas, para mim, a participação de Aragon em vanguardas literárias, assim como a posterior adesão ao PCF, interessam-me relativamente pouco. As  suas produções literárias  (recolhas de poemas e romances), pelo contrário, são a parte da biografia que nos levam a reconhecer a grandeza do poeta. 

Note-se que outros grandes nomes da canção francesa homenagearam a poesia de Aragon: Leo Ferré, Georges Brassens, Françoise Hardy, Catherine Sauvage e muitos mais...

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Aquilo que não nos dizem sobre Rep.Popular da China /Taiwan

 


A língua do diálogo de Sophie com Alexander é o inglês. Mas, tem dobragem em francês (falado) que cobre as vozes originais. Talvez exista uma versão sem dobragem, permitindo ouvir/ler em inglês.
De qualquer maneira o diálogo é denso e cheio de pontos muito interessantes e sobretudo cuja probabilidade de serem veículados pela media corporativa ocidental é próxima de zero. 
Taiwan é um dos principais assuntos da conversa, mas não o único.

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quarta-feira, 3 de setembro de 2025

MYRET ZAKI: PROJETO DO GRANDE ISRAEL ESTÁ ACABADO


 Esta entrevista com Myret Zaki tem cerca de um ano; porém, não perdeu interesse.

 Diretora de revista de negócios  suíça, tem uma visão realista e um discurso desinibido. O Estado de Israel já  não  é  um projeto viável. 

Não deixa de mostrar o enviesamento da media europeia. Ao ponto em que as informações mais credíveis são,  muitas vezes, as das redes sociais.

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Ps1:

Apresentação de livro de Myret Zaki sobre jornalismo:

https://youtu.be/xfCJmlso4Bs?si=2ekMAbVfYmPA-m6x

UM HOMEM [Obras de Manuel Banet]


 Nem alto, nem baixo

Nem Adonis, nem Herói 

Mediano em tudo, vulgar

Esse homem que desprezais

Foi quem arriscou a vida

Para salvar muitas outras

Num ato sem dramatismo

Fez o que era preciso 

Não se vangloriou,

Nem tentou aproveitar-se.

- Quantos, homens e mulheres

Cumpriram seu destino

Sabendo o que os esperava?


terça-feira, 2 de setembro de 2025

ÍNDIA E CHINA RECONCILIADAS. CONFIRMADO NA CIMEIRA DA OCX

 Andrew Korybko explica como o "elefante e o dragão" voltam a dançar juntos:

The SCO Finally Condemned The Pahalgam Terrorist Attack


COMENTÁRIO DE MANUEL BANET:

Quando, em Janeiro deste ano, Trump e a sua equipa tomaram conta das rédeas da Casa Branca, parecia ser um momento favorável às relações bilaterais Indo-Americanas. Havia, pelo menos do lado de Nova Delhi, a esperança de que a atitude «equidistante» dos indianos em relação a disputas asiáticas, mormente com a China, valeriam à Índia  uma atitude mais condescendente da potência hegemónica. 

Mas, qual quê? 

Os indianos estão muito dependentes do petróleo russo para a sua economia, eles não podiam sancionar o principal fornecedor de energia para as suas atividades industriais e agrícolas, sem provocar imediatamente um colapso. 

Pensaram que os americanos teriam o bom senso de fechar os olhos em relação à aplicação das sanções contra a Rússia, pela Índia. Tanto mais que estes dois últimos países têm sido, ao longo de décadas, excelentes parceiros estratégicos, não apenas no petróleo, como em relação a centrais nucleares (de tecnologia russa), a armas e dispositivos (grande parte de origem russa) e ao grande volume de trocas comerciais. 

Mas os EUA, viam a situação de maneira totalmente diferente: Viam-na ao «modo imperial», ou seja, eles decretaram as tais sanções às exportações de petróleo russo e todos tinham de as aplicar, sob pena de ficarem eles próprios sujeitos a sanções «secundárias», apenas pelo facto de terem desrespeitado o «decreto» do Império (note-se que este é que é ilegal, face à lei internacional, pois sanções só podem ser válidas se sancionadas pelo Conselho de Segurança da ONU, o que - obviamente - não é o caso).

Assim, de uma penada, os americanos ficaram sem um país neutro, mas com possibilidade de se tornar aliado, integrando a «OTAN do Indo-Pacífico», a aliança militar (QUAD), destinada a bloquear a «progressão» chinesa no continente asiático. 

Pelo contrário, os indianos perceberam que - para eles - era vital sanarem as divergências com a China, cujo inimigo comum estava realmente disposto a intensificar a guerra económica (taxas de 50% nas tarifas alfandegárias para exportações indianas destinadas aos EUA) e, de provocação em provocação, ir até ao ponto de guerra «física», para manter a sua suzerania naquela parte do mundo.

Os chineses perceberam perfeitamente a situação da Índia. Devem ter aplanado o terreno o mais possível, para que os acordos em múltiplas áreas económicas e de defesa fossem firmados, enquanto as disputas territoriais - causas de fricção do passado - eram discretamente remetidas para resolução por via diplomática, excluíndo a repetição de episódios bélicos nos Himalaias.

Razão têm os chineses, nas redes sociais, em chamar o presidente dos EUA, «camarada Trump»! Quem mais tem feito pelos interesses geoestratégicos da República Popular da China, senão o «camarada» e sua Administração?

segunda-feira, 1 de setembro de 2025