segunda-feira, 1 de julho de 2024
EDITH PIAF [1915 – 1963] (Segundas-feiras musicais nº7)
sexta-feira, 14 de junho de 2024
FRANÇOISE HARDY- A ROSA DA CANÇÃO FRANCESA ASCENDEU AO CÉU
Françoise Hardy - All Over The World (1965)
Françoise Hardy - Mon amie la rose (1965)
terça-feira, 9 de abril de 2024
PLAYLIST: CHARLES AZNAVOUR - 20/20
Digam-me se concordam que os 20 sucessos de Aznavour desta playlist pertencem às suas vinte melhores composições/interpretações !
sábado, 10 de fevereiro de 2024
Ínfima homenagem a Françoise Hardy
Não a vi nunca, pessoalmente. Nem à distância, numa sala de espetáculos. Porém, poucas artistas marcaram, tanto como ela, a minha vida. Na infância, adolescência, idade adulta e nesta idade, já perto do fim. Apercebi-me, agora que ela partiu, como foi importante em toda a minha vida.
Autora e compositora, além de sublime intérprete da canção francesa, foi reconhecida nas várias línguas* em que cantou. Mas, a língua francesa deve-lhe algo muito especial. Foi imensa a sua irradiação artística: Com a sua voz inconfundível, ela exprimiu a música intrínseca dos poemas, os seus e os de uma profusão de poetas.
A qualidade das letras, das melodias e das orquestrações parece-me patente na discografia de Françoise Hardy: Foi o que procurei ilustrar, nesta amostra, com as mais belas canções**. São das que eu ouço sem me enfastiar: a cada vez, encontro algo de novo, que me tinha escapado até então.
Até amanhã na outra vida, Françoise Hardy.
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* Canções em inglês, alemão, italiano, espanhol...
** Playlist por Manuel Banet:
«FRANÇOISE HARDY - INFIME HOMMAGE»
quarta-feira, 24 de janeiro de 2024
LE DERNIER REPAS - JACQUES BREL
https://www.youtube.com/playlist?list=PLUv1WgIwP9IPk6USCWVJbq7e4t8JFCOss
Je veux voir mes frères
Et mes chiens et mes chats
Et le bord de la mer
Je veux voir mes voisins
Et puis quelques chinois
En guise de cousins
En plus du vin de messe
De ce vin si joli
Qu'on buvait en Arbois
Après quelques soutanes
Une poule faisane
Venue du Périgord
En haut de ma colline
Voir les arbres dormir
En refermant leurs bras
Lancer des pierres au ciel
En criant Dieu est mort
Une dernière fois
Je veux voir mon âne
Mes poules et mes oies
Mes vaches et mes femmes
Je veux voir ces drôlesses
Dont je fus maître et roi
Ou qui furent mes maîtresses
De quoi noyer la terre
Je briserai mon verre
Pour faire le silence
À la mort qui s'avance
Les paillardes romances
Qui font peur aux nonnettes
En haut de ma colline
Voir le soir qui chemine
Lentement vers la plaine
J'insulterai les bourgeois
Sans crainte et sans remords
Une dernière fois
Je veux que l'on s'en aille
Qu'on finisse ripaille
Ailleurs que sous mon toit
Je veux que l'on m'installe
Assis seul comme un roi
Accueillant ses vestales
Mes souvenirs d'enfance
Mes rêves inachevés
Mes restes d'espérance
Pour habiller mon âme
Que l'idée d'un rosier
Et qu'un prénom de femme
Le haut de ma colline
Qui danse, qui se devine
Qui finit par sombrer
Qui bientôt s'éteindra
Je sais que j'aurai peur
Une dernière fois
Esta soberba canção abre a minha playlist, dedicada ao mais notável autor-compositor de origem franco-flamenga. Ele nos encantou enquanto adolescentes, encarnando todo o fulgor de revolta e de amor que nos incendiava também.
Sabemos muito sobre a vida deste grande vulto da canção francófona, mas isso não explica nada, pois o fenómeno de criatividade, quer nas letras, quer nas melodias, continua a ser, para mim, um caso ímpar. Dificilmente, se encontra meia dúzia de interpretes/compositores, que tenham atingido a perfeição e qualidade de Jacques Brel.
Jacques Brel é também um formidável intérprete. Tem imensa qualidade vocal, nas gravações ao vivo ou em estúdio: Elas são de grande perfeição, não apenas pela sua musicalidade, como pela sua perfeita dicção: consegue-se perceber todas as palavras, mesmo nas canções com um ritmo muito vivo.
Algumas canções do «grand Jacques» foram interpretadas por outros cantores/cantoras. Mas, para mim, nenhuma dessas interpretações (embora algumas tenham real qualidade) vale a versão original.
Brel escreve sobre o amor, sobre os desencontros do amor, sobre os seus fracassos, sobre a condição humana, sobre os problemas sociais, sobre a guerra e a paz, sobre o militarismo, sobre a morte, etc. Dizer - porém - que é um «cantor/autor de intervenção» ou «engagé» é um bocado redutor, não se aplica ao personagem e à sua obra. Ele transcende as divisões esquerda/direita, ou ateísmo/religião. Por isso, pode ser amado ou odiado por muitos, em todos os quadrantes: as canções que eu escolhi na playlist dão, espero, uma amostra representativa das temáticas das canções de Brel.
Brel viveu apaixonadamente, nunca recusando os desafios que a vida lhe colocava. Pode dizer-se que é um exemplo de comportamento «heroico» ou voluntarista, mas não cai dentro da categoria típica das «stars», pois ele não gostava nada que os media da altura se imiscuíssem na sua vida privada. Tinha, além disso, um sentido profundo de solidariedade e de justiça social, que não era fictício, pois ele assumia estes valores que proclamava. Pode dizer-se que o seu substrato profundo fosse de um libertário social, que assumia o humanismo como herança da civilização em que estava inserido, mas rejeitava as hipocrisias dos burgueses, dos falsos devotos, etc.
Gostaria que houvesse outros artistas como ele, que estivessem vivos e atuantes, que soubessem fazer a denúncia das iniquidades e das brutalidades dos poderosos, com a mesma verve, pois a força da expressão artística tem a capacidade de abrir os corações. Uma das coisas que mais falta faz, neste século, parece-me ser a coragem de se ser coerente com os ideais proclamados.
quarta-feira, 6 de setembro de 2023
BAUDELAIRE POR LÉO FERRÉ
ALBUM COMPLETO, AQUI.
Causerie
Vous êtes un beau ciel d'automne, clair et rose!
Mais la tristesse en moi monte comme la mer,
Et laisse, en refluant, sur ma lèvre morose
Le souvenir cuisant de son limon amer.
— Ta main se glisse en vain sur mon sein qui se pâme;
Ce qu'elle cherche, amie, est un lieu saccagé
Par la griffe et la dent féroce de la femme.
Ne cherchez plus mon coeur; les bêtes l'ont mangé.
Mon coeur est un palais flétri par la cohue;
On s'y soûle, on s'y tue, on s'y prend aux cheveux!
— Un parfum nage autour de votre gorge nue!...
Ô Beauté, dur fléau des âmes, tu le veux!
Avec tes yeux de feu, brillants comme des fêtes,
Calcine ces lambeaux qu'ont épargnés les bêtes!
Conversa
Sois um belo céu de Outono, claro e róseo!
Mas a tristeza invade-me como a maré,
E deixa, ao refluir, no meu lábio dormente
A lembrança ardente do limo amargo.
— Tua mão deslisa em vão sobre meu seio tenso;
O que procuras, amiga, é um local arruinado
Pelas garras e dentes ferozes da mulher.
Não procures mais o coração; as feras o devoraram.
Meu coração é um palácio invadido pela turba;
Ela se embebeda, se mata e se agarra pelos cabelos!
— Um perfume flutua em torno de vosso seio nu!...
Ó Beleza, duro flagelo das almas, tu o exiges!
Com teus olhos de fogo, luzindo como festas,
Calcina estes farrapos que sobraram das feras!
quarta-feira, 14 de setembro de 2022
Chanson: Années d'Or
Uma nova playlist, com o melhor do melhor da canção francesa. Não posso agradar a todos os gostos, evidentemente, por isso usei o critério de agradar a mim próprio.
Há quem pense que «as pessoas são aquilo que comem»... Porém, eu sou aquilo que amo. As canções que eu amo, com os interpretes que eu considero os melhores*.
JULIETTE GRÉCO, ÉDITH PIAF, BORIS VIAN, LÉO FÉRRÉ, JACQUES BREL, ADAMO, FRANÇOISE HARDY, MIREILLE MATHIEU, CHARLES AZNAVOUR, YVES MONTAND, CHARLES TRENET, GEORGES MOUSTAKI.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2022
[Catherine Sauvage] BLUES - canção de Léo Ferré sobre poema de Aragon
Este poema de Aragon evoca suas recordações de vigílias enquanto médico externo no hospital Broussais.
Com efeito, os primeiros versos do poema, não incluídos na canção de Ferré, explicitam essa referência. Mas o poema musicado não deixa de citar o hospital Broussais, indiretamente, enquanto local da morte de Verlaine, «que aqui se extinguiu suavemente».
Mas Aragon, igualmente, evoca o seu período «Dada» e Surrealista. Faz referências à vida precária em Montparnasse, nos anos 1920: «avant l'autre, il faut que je parte...» Exprime a pobreza e precariedade do artista não reconhecido, com uma expressão (quase) proverbial: «Tout le monde n'est pas Cézanne».
PS1: playlist com as canções de Léo Ferré, que eu mais aprecio:
segunda-feira, 29 de novembro de 2021
GAINSBOURG - LA JAVANAISE
Ele é completamente não-assimilável. Muitos anos depois de ter desaparecido, apetece-me revê-lo pela sua genialidade e porque tinha a capacidade de ser provocante, sem ser vulgar.
Enfim, uma seleção para quem tem a nostalgia dos anos 60 e 70: AQUI, ALGUMAS CANÇÕES
La Javanaise
Mon amour
Avant d'avoir eu vent de vous
Mon amour
Ne vous déplaise
En dansant la Javanaise
Nous nous aimions
Le temps d'une
Chanson
De l'amour?
De vous à moi vous m'avez eu
Mon amour
Ne vous déplaise
En dansant la Javanaise
Nous nous aimions
Le temps d'une
Chanson
À l'amour
J'avais envie de voir en vous
Cet amour
Ne vous déplaise
En dansant la Javanaise
Nous nous aimions
Le temps d'une
Chanson
Sans amour
Mais c'est vous qui l'avez voulu
Mon amour
Ne vous déplaise
En dansant la Javanaise
Nous nous aimions
Le temps d'une
Chanson
quarta-feira, 7 de outubro de 2020
[JULIETTE GRÉCO] «JE SUIS COMME JE SUIS»
Je suis comme je suis (SOU COMO SOU)
Et n'y puis rien changer
Mes lèvres sont trop rouges
Mes dents trop bien rangées
Mon teint beaucoup trop clair
Mes cheveux trop foncés
Et puis après?
Qu'est-ce que ça peut vous faire?
Je suis comme je suis
Je plais à qui je plais
Je suis comme je suis
Je suis faite comme ça
Quand j'ai envie de rire
Oui, je ris aux éclats
J'aime celui qui m'aime
Est-ce ma faute à moi
Si ce n'est pas le même
Que j'aime chaque fois?
Je suis comme je suis
Je suis faite comme ça
Que voulez-vous de plus?
Que voulez-vous de moi?
Je suis faite pour plaire
Et n'y puis rien changer
Mes talons sont trop hauts
Ma taille trop cambrée
Mes seins beaucoup trop durs
Et mes yeux trop cernés
Et puis après?
Qu'est-ce que ça peut vous faire?
Je suis comme je suis
Je plais à qui je plais
quarta-feira, 24 de junho de 2020
LÉO FÉRRÉ - POETA, COMPOSITOR, INTERPRETE
- Talvez seja um dos melhores meios de iniciação à língua francesa, a uma cultura viva e não académica.
https://www.youtube.com/playlist?list=PLUv1WgIwP9IPTjPI4OwAPya_ijM6lD5X_
quinta-feira, 7 de maio de 2020
FRANÇOISE HARDY - «CONTRE VENTS ET MARÉES» [música de Eric Clapton]
PS1: Descobri agora que a música original é de Eric Clapton:
terça-feira, 1 de outubro de 2019
BRASSENS - DUAS CANÇÕES MINHAS PREFERIDAS
Eu escolhi duas, das que me agradam mais, pessoalmente, pelas suas qualidades poéticas e musicais.
De la Méduse, ce bateau
Qu'on se le dise au fond des ports
Dise au fond des ports
Il naviguait en pèr' peinard
Sur la grand-mare des canards
Et s'app'lait les Copains d'abord
Les Copains d'abord
C'était pas d'la litterature
N'en déplaise aux jeteurs de sort
Aux jeteurs de sort
Son capitaine et ses mat'lots
N'étaient pas des enfants d'salauds
Mais des amis franco de port
Des copains d'abord
Des petits Castor et Pollux
Des gens de Sodome et Gomorrhe
Sodome et Gomorrhe
C'était pas des amis choisis
Par Montaigne et La Boetie
Sur le ventre ils se tapaient fort
Les copains d'abord
L'Évangile, ils l'avaient pas lu
Tout's voil's dehors
Jean, Pierre, Paul et compagnie
C'était leur seule litanie
Leur Credo, leur Confiteor
Aux copains d'abord
C'est l'amitié qui prenait l'quart
C'est elle qui leur montrait le nord
Leur montrait le nord
Et quand ils étaient en détresse
Qu'leurs bras lançaient des S.O.S.
On aurait dit les sémaphores
Les copains d'abord
Y avait pas souvent de lapins
Quand l'un d'entre eux manquait a bord
C'est qu'il était mort
Oui, mais jamais, au grand jamais
Son trou dans l'eau n'se refermait
Cent ans après, coquin de sort
Il manquait encore
Mais le seul qu'ait tenu le coup
Qui n'ai jamais viré de bord
Mais viré de bord
Naviguait en père peinard
Sur la grand-mare des canards
Et s'app'lait les Copains d'abord
Les Copains d'abord
Mais le seul qu'ait tenu le coup
Qui n'ai jamais viré de bord
Mais viré de bord
Naviguait en père peinard
Sur la grand-mare des canards
Et s'app'lait les Copains d'abord
Les Copains d'abord
Pour donner le goût des fêtes charnelles,
La femme qui suscite en nous tant de passion brutale,
La femme est avant tout sentimentale.
Main dans la main les longues promenades,
Les fleurs, les billets doux, les sérénades,
Les crimes, les foli’s que pour ses beaux yeux l'on commet
La transportent, mais...
Refrain :
Quatre-vingt-quinze fois sur cent,
La femme s'emmerde en baisant.
Qu'elle le taise ou le confesse
C'est pas tous les jours qu'on lui déride les fesses.
Du contraire sont des cocus.
A l'heure de l'oeuvre de chair
Elle est souvent triste, peuchèr’ !
S'il n'entend le coeur qui bat,
Le corps non plus ne bronche pas.
Sauf quand elle aime un homme avec tendresse,
Toujours sensible alors à ses caresses,
Toujours bien disposé’, toujours encline à s'émouvoir,
Ell’ s'emmerd' sans s'en apercevoir.
Ou quand elle a des besoins tyranniques,
Qu'elle souffre de nymphomani’ chronique,
C'est ell' qui fait alors passer à ses adorateurs
De fichus quarts d'heure.
Quatre-vingt-quinze fois sur cent,
Qu'elle le taise ou le confesse
C'est pas tous les jours qu'on lui déride les fesses.
Les pauvres bougres convaincus
Du contraire sont des cocus.
A l'heure de l'oeuvre de chair
Elle est souvent triste, peuchèr’ !
S'il n'entend le coeur qui bat,
Le corps non plus ne bronche pas.
Les "encore", les "c'est bon", les "continue"
Qu'ell' cri’ pour simuler qu'ell' monte aux nues,
C'est pure charité, les soupirs des anges ne sont
En général que de pieux mensonges.
C'est à seule fin que son partenaire
Ne soit pas déçu.
Quatre-vingt-quinze fois sur cent,
La femme s'emmerde en baisant.
Qu'elle le taise ou le confesse
C'est pas tous les jours qu'on lui déride les fesses.
Les pauvres bougres convaincus
Du contraire sont des cocus.
A l'heure de l'oeuvre de chair
Elle est souvent triste, peuchèr’ !
S'il n'entend le coeur qui bat,
Le corps non plus ne bronche pas.
J'entends aller bon train les commentaires
De ceux qui font des châteaux à Cythère :
"C'est parce que tu n'es qu'un malhabile, un maladroit,
Qu'elle conserve toujours son sang-froid."
Peut-être, mais si les assauts vous pèsent
De ces petits m'as-tu-vu-quand-je-baise,
Mesdam’s, en vous laissant manger le plaisir sur le dos,
Chantez in petto...
Quatre-vingt-quinze fois sur cent,
La femme s'emmerde en baisant.
Qu'elle le taise ou le confesse
C'est pas tous les jours qu'on lui déride les fesses.
Les pauvres bougres convaincus
Du contraire sont des cocus.
A l'heure de l'oeuvre de chair
S'il n'entend le coeur qui bat,
Le corps non plus ne bronche pas.