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terça-feira, 29 de julho de 2025

ESCOLHAS POÉTICAS: «O grau zero» [OBRAS DE MANUEL BANET]


É que chegámos mesmo ao grau zero;
o grau zero absoluto:
Não da Física; esta tem limites 
mas, nas Ciências Sociais e Humanas.
O grau zero da reflexão política,
da filosofia, da sociologia e de tudo
o que implica esforço, trabalho
interior, aprofundamento do que
havia antes da nossa ínfima existência.
Mas, isso é demasiado esperar
dos espertos que por aí abundam:
Conhecimento do passado? - Sim, 
vão buscar citações, fica bem, 
mostra «cultura»...

A ética, a coisa mais declamada 
e mais negada. Seria caso de dizer,
estamos na nulidade transcendente
do zero à potência zero, ou ao infinito.
A arrogância e o cinismo vão de par.
Acompanham ou adiantam-se
às nulidades que se passeiam, 
e, cientes da sua importância,
vão polindo, solenes, os cadeirais 
académicos...

Hoje em dia, são inúmeras as instâncias 
de nulificação no plano intelectual
mas, também nas coisas materiais.
A qualidade do que é feito
é só aparente; se queres qualidade,
terás que procurar objetos da era
industrial; não os frívolos dejectos
desta enganosa «pós-modernidade».

Serei reaccionário? - Sim, porque reajo! 
À estupidez eregida em saber
À fraude de vender falsas jóias
À mentira como maior virtude!
Tudo isto mereceria um simples
encolher de ombros, se...
fosse apenas o trági-cómico
folclore duma pseudo elite. 
Ela vai-se babando e cacarejando
medíocre, boçal e obscena
a conspurcar o quotidiano

Disse e redigo: A melhor resposta
perante a estupidez cósmica
é de erguer uma muralha
real contra a fealdade
não apenas exterior, mas do espírito
Senão, acabamos afogados,
entascados no lodaçal imundo
de vaidades e canalhices
onde prosperam exemplares
típicos da pseudo-civilização.







 

quinta-feira, 17 de julho de 2025

CARTILHA ELEITORAL [OBRAS DE MANUEL BANET]


CARTILHA ELEITORAL


Querem que tu decidas sobre as coisas da tua vidinha. Quanto a assuntos complexos, envolvendo os destinos da nação, do mundo, da civilização, podes opinar, dizer os teus disparates, dá-te uns ares de bem informado, de alguém com 'ideias'... Mas, não vai influir em nada no decurso dos acontecimentos.
Podes também votar em quem entenderes, sem problema. O teu voto será contabilizado religosamente.
As eleições serão correctas, tecnicamente falando. Mas não genuínas, pois nos põem numa posição de dar o voto em total ignorância do que os eleitos farão.
É pior do que dar um cheque em branco, pois as pessoas convencem-se que estão - de algum modo - envolvidas nas políticas que resultam dessa eleição. Mas isso é falso. E faz com que muitos teimem que «a democracia» é aquilo que existe nos nossos países.

As verdadeiras regras da sociedade são as não-escritas, mas que tens de saber. Quanto às escritas, ninguém as sabe exactemente. São feitas para os juristas destrinçarem; eles e somente eles, decidem sobre o sentido preciso da legislação.
Dizem: Não te preocupes com nada, não vale a pena e não te serve de nada... Quem nos diz isto são os Senhores, apoiados por um cortejo quase unânime de seguidores.
O desencorajar da tua participação começou muito cedo, acompanhado com declarações solenes do contrário. Como se a tua participação fosse a atitude mais desejada pelos políticos. A hipocrisia está no poder!
Nisso, eles mostram talento: Montam o circo eleitoral e consegem convencer-te que és tu o soberano. A ilusão é bonita; dá-te esperança, aquele ingrediente que nos ajuda a aturar o quotidiano.
Se queres tomar a vida em tuas próprias mãos, não delegues nos outros o que tens de fazer. Se não tiveres as condições para o fazer, cria essas condições, em conjunto com os outros: A família, os amigos, os colegas...
Não caias em ilusões:
O voto não te dá poder; mas, tira-te o poder. É assim que os sistemas políticos estão organizados. Deves ser adulto e ver as coisas tal como são, na realidade. A polarização da atenção em torno de figuras-líderes, é um meio subtil de nos fazer esquecer que nós somos tão capazes como os políticos, de definir o que desejamos para o nosso futuro.
Pois o futuro está inteiramente nas nossas mãos. Delegar isso nos outros, é perder o sonho...
















terça-feira, 8 de julho de 2025

ESCOLHAS POÉTICAS: «O Barco Encalhado» [OBRAS DE MANUEL BANET](*)


Navegando ao longo de costa rochosa, avistei um dia os escombros dum barco encalhado.

Perguntei ao piloto do meu navio se tivera notícia dalgum naufrágio, nos tempos mais recentes.

Ao que ele me respondeu: "Não, Senhor. Este deve ter encalhado há bastante tempo."

O casco de madeira apodrecida, negra, era colonizado por lapas e mexilhões; carangejos pequenos corriam à superfície.

A carcaça em decomposição ainda exibia, no centro, um fragmento de mastro; como um braço erguido para o céu .

A vida borbulhava nos seus destroços, como num cadáver de cetáceo morto que dera à costa.

Este, lentamente, é descarnado pelas brigadas de criaturas oceânicas até nada mais restar senão o esqueleto.

A visão daquele esquife imóvel no meio de rochedos bravios, lentamente devorado pelo exército voraz dos mares...

Fez-me pensar...

A cena apareceu-me como perfeita analogia das construções intelectuais que navegam na sociedade, como navios nos oceanos.

As construções defeituosas não vogam até muito longe. As correntes arrastam-nas, metem água e acabam por naufragar!

Depois, seus destroços presos nos rochedos, sob as furiosas vagas, ficam desconjuntados, irreconhecíveis.

Por fim, o que resta do navio, desfaz-se; só alguns pedaços a boiar, ou nem isso. O que sobra, vai para as profundezas.

Ninguém advinha que ali se ergueu um orgulhoso navio. Da praia ao horizonte, o mar permanece tão vazio como no começo do Mundo.

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(*) Ao meu amigo, Maximiano Gonçalves e, geralmente, a todos os outros amigos.  Com eles, consigo melhor enfrentar as realidades mutáveis do presente.

sexta-feira, 27 de junho de 2025

ESCOLHAS POÉTICAS: Guerras Sem Fim [OBRAS DE MANUEL BANET]



 Gostava de voar para um país distante, 

Muito mais distante, que a tecnologia atual

Nos pode transportar. Aí, pisaria o solo

e abraçaria as gentes; mas não teria ilusões:

Este país seria como os outros, apenas

Poupado aos horrores deste século moderno.


Não será algo assim que muitos de nós procuramos

Atingir? - O paraíso terreal ou refúgio

Contra a fealdade, a cobardia e crueldade

Dos nossos contemporâneos?


Estamos à procura do que não existe,

De uma utopia no sentido estricto

Não estamos porém errados, na essência:

É o nosso coração humano que nos diz


Outros procuram aconchego dentro da tribo

Dentro da família, do grupo a que pertencem

Não os critico pelo desejo de auto-preservação

Embora seja irrisório, neste Mundo em guerra


A guerra não poupa as simples gentes

Fustiga todos, todos nós somos sem-abrigo

Só os sanguinários poderosos têm meios;

Eles sabem-no e usam-se disso! 

 

sexta-feira, 14 de junho de 2024

OPUS VOL. III. N. 18 : ASSIM OS LEVA O VENTO

 


Era um tempo sem bússola 

De parte a parte parecia

Um mundo fictício 

Porém era real

Para onde quer que olhasse

Já não reconhecia 

Os meus amigos

Vivia num pesadelo

Acordando em suor

Com a memória 

Misturando-se de sonhos

E estes não eram doces

Mas de calafrios

As lindas criaturas

Transformadas em hienas

Meus leais companheiros

Em verdugos sádicos 

Oh! Meu Deus, serei

Eu o louco, afinal?

Não sei; as conversas

Com o Senhor do Universo

Têm estado difíceis 

Ultimamente 

Mas, ao acordar, recebi

Uma críptica mensagem :

"Assim os leva o vento"

domingo, 10 de março de 2024

OPUS. VOL. III 6. OUVI O ANJO DA MORTE

6.   OUVI O ANJO DA MORTE



Ouvi o Anjo da Morte;

 falou-me ao ouvido

Serena, amistosa, disse-me estas palavras:


" Não temas, homem, esta passagem

Ela parece difícil e terrível

Porque os humanos

A descrevem como algo horrendo 

No entanto, a vida (essa sim)

Pode ser horrível e bela

A morte é passagem, somente

Ela não te faz sentir nada

Tu deixas de sentir

Nem sentes, nem guardas consciência

 Como poderias sofrer  

Chega um momento de passagem

Para o Além

Não te posso dizer nada sobre o Além 

Nem o que lá irás encontrar

Só te digo que as imagens

De todas as Religiões

São infantis, são projeções  

Serena pois e prepara- te

Para esta jornada;

- Nada do que seja teu

Vai quedar-se tal qual

Teu corpo, teus pertences

Pessoais, teus bens, tua obra

Tudo vai cambiar e a marca

Da tua personalidade

Vai esbater-se, até mesmo

Nos entes queridos;

É assim e não vale a pena lamentar

A lei da vida inclui a morte: 

Descansa sobre a sabedoria

Destas palavras."


Assim me falou ela.

E como anjo belo 

Alevantou-se,

Retomando o caminho

Das nuvens.




sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

OPUS. VOL. III 2. SUSSURRANDO

 


Ao teu ouvido

Amor

Estas palavras

Ofereço

São ínfimo som 

Só tu ouves

Mais ninguém

Não partilho segredos

Dos nossos enredos

Sacode os medos

Ouve a melodia

Da canção nossa

A letra sabemos

De cor, la la la

di di ri di

Em exclusivo

Até ao fim

Só nós sabemos

Essa letra e guardamos

Seu significado

Tu e eu

Até que o Mundo acabe


(Murtal, 12 de Janeiro 2024)




quinta-feira, 23 de novembro de 2023

A UM DEFENSOR DO 'STATUS QUO' [OBRAS DE MANUEL BANET]



- Tu, que olhas sobranceiro
Os humildes que sofrem
Labutam e lutam
Por sustento de miséria



- Tu, que te julgas superior
Porque o merecias
Quando afinal pouco
Tens de juízo e saber



- Tu, que te orgulhas
De ser escravo
Exibes como adorno
As grilhetas mentais




- Tu, ricaço estás afinal
Nu, sem resguardo
No meio da sociedade
Que sustenta teu fardo



- Tu, esqueces depressa
A quem tudo deves
Ficas mais frágil
Ainda mais exposto




- Tu, serias cómico
Na tua bruteza
Mas és responsável
Por tantos males




- Vai pró Inferno
Aí tens teu lugar
Corre, ocupa-o!
É bem quentinho.

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

ARQUEOLOGIA/ ATUALIZADA EM 2023 [OBRAS DE MANUEL BANET]

                                   



 Recolha de 3 poemas inéditos de 1987 a 2016 , ATUALIZADA EM 2023


1- A Revolta dos Anjos


- Quem somos nós? Quem sou eu, quem és tu?
Somos instantes perdidos na imensidão do tempo
Somos transitórios como a carne
Somos menos estáveis que um grão de areia
Somos somente um elo duma cadeia que se estende desde um ser vivo primitivo…
… Somos tudo isso e temos vaidade em reclamar a imortalidade!

- Segui estrada fora… conheço-lhe os prazeres e os perigos…
… Toda a verdadeira caminhada é solitária
Que este pensamento não sofra contestação
… Bem louco seria aquele que emprestasse os pés, em vez das botas!




   2- Quando…


… Todas as profecias se gastaram no vão desejo do amanhã
… As bocas se calaram no súbito ruir da noite em tom de incêndio
… As fontes secaram fechando as gargantas sedentas de cristal
… A Terra foi a enterrar no espaço sideral





          3-  Tudo…


                     … Nasce, cresce e morre;
Se transforma,
Se vai escoando, se vai esvaindo
Se vai crescendo, se vai desenvolvendo
Se vai… …
… E tu, pra onde vais?
Tu, alma desvalida
Feres onde, vida?
Vives onde, ferida?
Do chão até às nuvens
Clamam vidas
Em seus quatro sentidos
Na água também,
Que é túmulo e fonte de Ti,
- Ó Vida!
....


4- O depois...

Quando a Terra inteira foi a enterrar
Eu lá estava, transformado em poeira
De estrelas, olhando com meus irmãos
O Sol nuclear que se alevantou 
Tudo iluminou de luz glauca
Cegando quem olhava de longe

Quando todas as profecias se cumpriram
Restou uma nuvem de pó denso, tóxico
Na Terra outrora transbordante de vida
Agora, enorme rochedo, imensa esfera
No vazio circula incansavelmente
Em torno do Sol indiferente 
Mais estéril que a própria Morte

Dizem que o Universo
É feito de infinitos paralelos
Podem ter razão; mas cada um
Vai divergir do outro:
Se houver «outros eus»
Não serão «eu mesmo»
Se houver outros viventes
Não serão deste Mundo

Porque o aqui e agora
É o que me interessa
Neste oceano de vida
Eu nado e respiro
Como todas as outras
Vidas, assim percorro
O meu percurso.

5- Uma Simples Prece
 
Ó Vida: salva-te
E salva-nos
Da loucura
Dos humanos!




segunda-feira, 31 de julho de 2023

Se o poema fosse confissão [OBRAS DE MANUEL BANET]

 


Se o poema fosse confissão

Falsa seria. Seria pose, artifício

Porém, num certo sentido

Confessa o que a mente

Ignora


Reflexo e sombra, é o poema

Sopro sussurrado ao ouvido

Do poeta 


Eu não tenho a vaidade

De ser o autor do vento

Da chama, da música

Ouvida ou sonhada.


Produzo um balbuciar

Olhando espantado

O maravilhamento

Deste Mundo


E confesso embaraçado

Que -afinal- os ditos versos

Propriamente de meu

Têm pouco, ou nada.




sábado, 24 de junho de 2023

DEIXAR O PASSADO MORRER? [OBRAS DE MANUEL BANET ]

 

                           Detalhe de quadro de Salvador Dali «Persistência»




Há quem diga, «deixa o passado morrer»

Mas, este estribilho não tem sentido

Além de afundar mais e mais a pessoa

Numa perplexa e obscura ignorância


Eu digo, «somos todos feitos do nosso passado»

Ele habita connosco e assim será até morrermos

Mesmo depois da nossa morte, 

Venha lá o que vier, o passado não se apaga. 


Permanece neste mundo como

Entalhe ou relevo do real

Esquecer o passado é como

Apagar a tua personalidade


Eu gosto do passado, porque ele

Tem a ver comigo e com os meus

Os falecidos também vivem em mim

Sem eles, o que seria eu?


Compreendo que não se deva ficar 

Agarrado ao passado, cismando

Por aquilo que não pode voltar

Mas não devemos recalcá-lo


O relegar as memórias 

Para um poço sem fundo

É um exercício violento

Destruidor da psique


Mais sensato é pegar nas recordações

Boas e más, conversar com elas

Dar-lhes espaço para respirarem


Transmutando os momentos

Maus, em lições de vida

E os momentos bons, em alegria

Recorrente.


Nunca sigas falsos sábios, feirantes,

Chupadores de sangue, que nos querem

Transformar em zombies e nos dominar



Busca sabedoria nos grandes sábios do passado,

Nos verdadeiros valores do presente...

E ouve o teu coração:

Ele te dirá, melhor que ninguém,

O que deves fazer e como ...


Murtal, Parede (24-06-2023)

 

terça-feira, 6 de junho de 2023

Yevgeni Sudbin Barcarolle Piotr Tchaikovsky & POESIA [OBRAS DE MANUEL BANET]





E na Primavera tudo mudou
Tudo se tornou mudo 
Bruma e silêncio
Outonal

Aqui ouvimos
Vozes de cantares
Jovens risonhos
Caminham

Ignoram o que acontece
Longe dos seus olhares
A vida floresce
Ao Sol dourado

Porque vens então
Angustiar-nos
Com teu
Agourento verso?

-Deixa, amor
Eles nunca aprenderão:
Que o fruto suculento
Guarda o pior veneno

Substância imaterial
No  âmago da  Inocência mesma
Se infiltra e corrompe...
E
chama-se
Indiferença 






 

sábado, 8 de abril de 2023

NAS TRINCHEIRAS, UMA FLOR TEIMOSA NASCEU [OBRAS DE MANUEL BANET]



 Nas trincheiras, uma flor teimosa nasceu

Ela queria o que sempre fora terreno seu

Não podiam botas cardadas vencer seu vigor

Ela sobreviveu como semente ao rigor


O Inverno aqui é a estação dormente

A Primavera é quando germina a semente

Haverá uma fecunda descendência

Que em paz encontra a resistência


Que podem os canhões obliterar?

Querem a Natureza dominar?


 -  Só homens loucos fazem a guerra

Há só uma Terra, só uma raça humana

Vencedores ou vencidos, acabam por morrer !


Mas as humildes flores, de todas as cores

Em festivo triunfo, erguem ao Sol

Doador da Vida, o fruto de seus amores! 


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Páscoa, 9 de Abril de 2023


sexta-feira, 3 de março de 2023

HOJE QUERO-TE FALAR [OBRAS DE MANUEL BANET]

... ao som de «Deve ser Amor»*

 Hoje quero-te falar

Da nostalgia do tempo

Do tempo que não vivi

E que ressinto

Como se fosse este

O tempo certo


Para me espairecer

Nada poderá fazer 

Aquele que persegue

O tempo sem descanso


Eu prefiro ficar 

No doce remanso

Apreciando aquele

Charme indefinido

Que se desprende

De uma canção

De uma foto

Duma recordação


Pudera eu voltar

Ao tempo antigo

E que faria?

Seria como pássaro

Fora do céu, ou peixe

Fora de água?

Tomaria logo 

O jeito de falar e de ser

Nesse tempo doirado

Que não foi meu?


Há quem viva em sonho

Eu vivo em recordação

Tenho na arte

Mas a arte que me toca

O refúgio mais seguro

A barreira estanque

Contra a fealdade da vida


Outros terão as suas

E não lhes levo a mal

Mas eu gosto demais

Do passado, por opção


Não deixo de olhar

O presente, mas pouco

Só para ficar à tona

Só para não tropeçar

Só o passado que amo

Não se esfuma

Ele dá a batida

Certa do coração


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*Retirado do álbum Recorded in Rio de Janeiro Herbie Mann , João Gilberto, António Carlos Jobim