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domingo, 5 de março de 2023

A SITUAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Serão precisos muitos mortos e feridos numa guerra, para a cidadania europeia acordar e exigir Paz aos seus dirigentes? Creio que sim, creio que - infelizmente - as pessoas ficaram dessensibilizadas da guerra por múltiplas técnicas de supressão dos sentimentos (pelo medo e pelo horror), suprimiram a solidariedade humana, que uma guerra deveria suscitar.




Da parte dos poderes, da OTAN e dos seus chefes, dos parlamentares, dos primeiros ministros europeus, dos seus governos, em relação à Ucrânia, assistimos a mais de oito anos de manipulação dos sentimentos, de mentira institucionalizada e o militarismo descarado, que vai até à recusa de negociar. Assistimos a tudo isso - nós - da cidadania europeia. Mas, a cidadania manteve-se numa letargia inquietante da qual está, apenas agora, a despertar.
Não sei sobre o assunto, senão consultando fontes diversas, não apenas da media «mainstream», como também opiniões críticas, de pessoas que têm um conhecimento aprofundado e - nalguns casos - direto do que se está a passar nesta guerra do «Ocidente» contra a Rússia, em solo ucraniano e usando o povo ucraniano como «carne para canhão».
A eficácia da neutralização dos sentimentos pelo aparelho ideológico - da media e governos fusionados- experimentou-se durante a crise do SARS-Cov-2. Esta pseudo- pandemia continua a fazer vítimas. As das injeções de «vacina», que apenas serviram para aumentar os lucros da Pfizer e doutros gigantes da indústria farmacêutica. Mas, também são vítimas, as corajosas pessoas que se ergueram contra a monstruosidade e perderam o emprego, não receberam indemnização nenhuma, nem será feita justiça, pelo andar das coisas.
Juntaram as duas coisas: A psicose coletiva do COVID e a crença na propaganda de guerra do Ocidente sobre as sua própria população. Estes mecanismos implicaram a supressão ou inversão dos sentimentos das pessoas «normais» que receberam constantes mensagens de propaganda, como avisos assustadores, falsas informações, descrevendo o inimigo como inumano, tranquilizando a má consciência que grande parte poderia ter, através de respostas ilusórias, tais como:
«O vírus é muito mau e muito mortífero, mas nós sabemos resolver o assunto, que se resume a que te submetas e te vacines, não prestando atenção a avisos vindos de pessoas maldosas, pois a única cura é uma vacinação maciça de todos, incluindo idosos, grávidas e crianças...»
ou
«O Putin é o novo Hitler, a Rússia é o reino do Mal, mas nós vamos apoiar sem desfalecer, de todos os modos, a valente e democrática Ucrânia. Não há dúvida que os maus dos russos vão sofrer uma derrota, face às sanções impostas pelo Ocidente e ao seu apoio em armamento, peritos, mercenários, biliões e mais biliões de dólares».
Note-se que, até pouco tempo antes da invasão russa, o perigo de milícias ucranianas de extrema-direita, integradas nas forças armadas desse país, foi assinalado pela própria media mainstream. Depois, esses elementos de extrema direita desapareceram do «écran mediático» e passaram a ser «heróis». Estas mentiras cosidas com um fio bem visível não apoquentam as pessoas, mesmo depois delas perceberem que, afinal, foram enganadas. Isto só é possível com a ilusão continuada de que as «democracias» ocidentais têm eleições ditas «livres».
Os partidos autorizados pertencem ao espectro de «admissibilidade» dos donos do sistema. De qualquer maneira, só têm hipótese de vencer, quando forem partidos bem financiados, o que implica grandes donativos de grandes multimilionários e das suas empresas. Na comunicação social, a janela de Overton ainda é mais estreita, com seus «fazedores de opinião» nos diversos canais televisivos. Partidos ou candidatos que saem fora do «script» de antemão decidido, são logo calados ou difamados. Ficarão com sua imagem associada àquilo que o eleitor típico mais detesta. Os partidos ou candidatos atacados não têm meios para desfazer as calúnias e repor a verdade. E as coisas estão feitas exatamente para funcionar deste modo.
Qualquer pessoa que use o seu cérebro, que não vá atrás de qualquer propaganda e que conheça algo da história do século vinte, não através das «histórias míticas» mas através de bons autores, que analisam em profundidade os regimes totalitários do passado, irá reconhecer que ou estamos já num totalitarismo, ou para lá caminhamos.
Os que apontam o dedo a regimes «comunistas», dizendo que esses é que são os «verdadeiros» totalitários, são pessoas imbuídas da ideologia neoliberal, ou seus propagadores. Com efeito, é um facto que vários regimes, ditos «comunistas», são capitalismos de Estado com pouca preocupação pela liberdade dos cidadãos.
Mas no «Ocidente» estamos em capitalismo de grandes monopólios (multinacionais), que capturaram o Estado; são outra modalidade de capitalismo de Estado. Os cidadãos não são ouvidos ou respeitados: São antes enganados, manipulados, nutridos de falsidades, de propaganda, como «manada de gado» para fazer exatamente o que a oligarquia quer. Não há qualquer respeito pelos indivíduos, pelos seus direitos cívicos e humanos.
Em que é que uns e outros diferem? No modo como agem e se posicionam, mas ambos os sistemas estão basicamente a fazer a mesma coisa, ou seja,  manterem-se no poder, alargando o controlo a todas as esferas; suprimindo a verdadeira concorrência, tanto no plano económico (com as "rendas de monopólio", presentes em ambos os sistemas), como no plano político, anulando os direitos individuais, coletivos e sociais (suprimem-nos na prática, embora os mantenham nas suas constituições).
Só com imenso trabalho de educação (auto- educação) e de abertura crítica, podemos sair da redoma mental (a Matrix verdadeira) que nos encerra a todos, com o resultado de ficarmos impotentes: Não sabendo «ler» a realidade, não são somente os bons sentimentos que nos permitem combater esta situação. É também necessária uma inteligência de como funcionam os sistemas, para se conseguir mudar algo.
Isso não é dado pela educação formal. Nem vale a pena explicar porquê: Se houvesse uma aprendizagem de pensamento crítico, a cidadania despertaria e nunca permitiria que a acorrentassem, como o têm feito as «elites» políticas e económicas deste mundo.


segunda-feira, 24 de outubro de 2022

A CHAVE PARA DESENCRIPTAR O PODER

 

Por mais absurdo ou chocante que nos pareça o comportamento de um «grande ator coletivo», este tem sempre uma lógica intrínseca, tem uma estratégia, persegue objetivos, justos ou injustos, realistas ou utópicos. O que, à primeira vista, pode parecer irracional, não o é, mas antes obedece a uma lógica que nunca nos é revelada.

Por exemplo, a lógica dos grandes bancos centrais, em particular da FED, parece estar intencionalmente a conduzir o mundo para uma severa recessão. Os bancos centrais não são - de modo nenhum - independentes dos grandes interesses  financeiros privados, visto que estes estão representados no capital e na administração das referidas instituições. Com a expansão da massa monetária, seguida de sua contração, com a descida e subida da taxa de juros de referência, eles desestabilizam o sistema monetário e financeiro mundial: As suas intervenções estão na base dos grandes ciclos de expansão e contração do crédito, que desencadeiam as bolhas especulativas, seguidas pelas recessões. Isto parece contrário ao bom funcionamento do sistema capitalista, mas a realidade é que sem estas instabilidades, não haveria tantas oportunidades para operações lucrativas (aquisições e fusões) que são - de facto - as que permitem a expansão da banca, das grandes empresas e das grandes fortunas...

Outro exemplo, os setores de serviço ao público, a educação, a saúde, o fornecimento de água, de eletricidade, as infraestruturas básicas: No pós 2ª Guerra mundial, estas funções eram assumidas com naturalidade pelos diversos Estados capitalistas, não apenas pela necessidade premente de reconstruir as sociedades e de somente o Estado estar em condições de o fazer, como também, deste modo ficarem garantidos os serviços básicos (não lucrativos) indispensáveis ao funcionamento da sociedade. O Estado investia-se em setores indispensáveis, mas não rentáveis, permitindo que os capitais privados se investissem na indústria e noutros setores rentáveis. Mas, a lógica do capitalismo fez com que os setores antes rentáveis, ficassem cada vez menos. Então, decidiram os grandes grupos capitalistas atacar os setores que antes eram considerados reservados ao domínio público. Por volta dos anos 1980/90, o panorama mudou radicalmente. Descobriram «o milagre das privatizações»: bastava o Estado ceder a exploração desses setores, para  eles se tornarem rentáveis. O Estado tinha efetuado - ao longo de décadas - investimentos em infraestruturas, em formação dos funcionários etc.: Isso era posto de lado, na avaliação do valor das empresas estatais destinadas a serem alienadas ao setor privado. As avaliações eram feitas por «agências»  vinculadas aos interesses dos grandes capitalistas, pelo que foram eles que ditaram os preços e mesmo as condições das operações de privatização. Os representantes do Estado não defenderam os interesses do Estado, foram corrompidos e fizeram o jogo dos beneficiários  da privatização. Muitos desses políticos e altos funcionários corruptos continuam no poder, quer em cargos do executivo, quer em agências e institutos públicos, quer em administrações de empresas privadas. Outros já estão aposentados, com reformas que são um insulto aos pobres que eles supostamente deveriam ter servido. O público ignora - devido a ocultação intencional pela media - a quantidade de corrupção, de privilégio, de reformas douradas, que aqueles políticos e burocratas obtiveram pela venda ao desbarato de bens e empresas do domínio público. 

O «sucesso» das grandes empresas consiste -afinal de contas - em capturar um setor dos serviços (saúde, educação, fornecimento de água, de telefones, etc...), obtendo garantias de «rentabilidade», ou seja, em condição de monopólio, ficando afastada a hipótese de concorrência. Chegam a cozinhar clausulas nos contratos de privatização, em que o Estado é condenado caso tome decisões que façam diminuir os lucros.  Por exemplo, se houver - da parte do Estado - uma decisão de aumento de impostos, novas regulamentações, para atender a preocupações sociais, ou ambientais, etc. 

Esta fase de privatização generalizada do que tinha sido do domínio público, está a encerrar-se atualmente no Ocidente. Aquilo que se verifica atualmente é  ascensão do poder duma casta de multimilionários que - não apenas controla conglomerados de empresas, que dominam completamente o mercado internacional - como têm captado instâncias nacionais e internacionais, que passam a ser veículos dos seus interesses. 

Por exemplo, veja-se o caso do Fórum de Davos, que não é o único, longe disso: As teses de Schwab, com o apoio de multimilionários com Bill Gates e de outros, vão no sentido de uma sociedade sob controlo total. Ele inspira-se na sociedade chinesa atual. Nesta, já estão em funcionamento muitos dos mecanismos que eles gostariam de ver aplicados, em grande escala, nas «democracias ocidentais»: A vigilância generalizada, o sistema de crédito social, a (quase) universalidade do dinheiro digital, a censura e a vigilância permanentes dos conteúdos on-line. Finalmente, as medidas drásticas supostamente para «parar» o vírus, como os lockdowns e os sistemáticos testes PCR, que na China se traduzem num inferno chamado «Zero-COVID». 

Note-se que tudo isto é feito com a aceitação passiva, mas não lúcida da cidadania. Os que são lúcidos, a cidadania que reage, protesta, denuncia, é um incómodo para os globalistas. Sua imagem tem de ser denegrida têm de ser declarados «neo-nazis», «fascistas», «terroristas internos» e outros «mimos de linguagem», tanto por «fontes governamentais» como por «ex-esquerdistas» que foram cooptados, a maior parte com plena consciência disso. Por outro lado, os manifestantes não possuem meios de se defender, de contrariar a lama e os insultos raivosos que lhes dirigem. A «liberdade de expressão» tornou-se uma piada de mau gosto, pois o que resta de «liberdade» é a de ficar calado perante todas a infâmias cometidas em nosso nome, ou em alternativa, denunciá-las e ser violentamente reprimido, excluído, difamado, perseguido, despedido, preso. Este é o grau a que se chegou, no orgulhoso Ocidente. 

Para mim, os totalitarismos equivalem-se, não existe um que seja melhor que o outro. Todos eles fazem a sua auto- apologia, todos eles mostram realizações muito impressionantes... publicitárias. Mas todos eles perpetuam o poder duma casta, 

- sejam os burocratas «vermelhos», cuja fortuna está nas mãos de parentes (filhos, sobrinhos, noras, etc.), na China «comunista»,

- ou os multimilionários, que fazem e desfazem os governos das «democracias ocidentais», cujos líderes são os seus fantoches, nos encontros de Davos, de Bilderberg ou outros.

Para se saber realmente deslindar a verdade, seja em política nacional, internacional, ou noutro domínio, o ponto fundamental a analisar, não são os discursos, declarações, slogans, ou gestos teatrais, cerimónias, etc. 

São os atos, que realmente são portadores de significado na pugna pelo poder, que é todo o jogo político (e empresarial), ao nível local ou global. 

O que eles/elas fazem - e não aquilo que declaram - é que pode dar-te a chave para compreenderes, por detrás das máscaras, seus motivos, intenções e estratégias.

domingo, 22 de agosto de 2021

ASSIM VAI O IMPÉRIO


Uma ténue esperança desponta... Esperemos que não seja um efeito superficial, uma ilusão efémera.

Com efeito, a máquina de guerra implacável do império foi - de novo - revelada, na sua obscena exibição de força, naquilo que é, na verdade: um conjunto de mercenários, não só os que se podem designar propriamente como tal, como também as forças oficiais do aparato bélico do império.
Os generais foram derrotados pela enésima vez, mas também os estrategas de gabinete do Pentágono e da Casa Branca, ou os lóbis e «think tanks» que os manipulavam. Eles todos mostraram, uma vez mais, a inanidade do seu pensamento estratégico.


A política do caos, que foi a marca imperial durante dois decénios, pós 11 de Setembro de 2001, foi uma máquina de destruição, mas também corroeu as estruturas que garantiam a estabilidade do «Ocidente», assim como a confiança dos países na esfera de influência mais alargada da potência hegemónica.

No plano monetário também, está-se claramente a chegar ao fim de um ciclo. Agora, o dólar US como moeda de reserva mundial, já é visto como estando perto do fim.
Não se pode ignorar que os maiores atores do sistema monetário ocidental estão a procurar freneticamente uma saída para a enorme crise: O perigo real de colapso do sistema monetário e da montanha de uns 300 triliões de US dólares de dívida, que se acumularam sobretudo nas economias dos EUA e da Europa.


Estão em curso tentativas de lançar moedas digitais, pelos bancos centrais do Ocidente. Elas serão apenas variações das moedas «fiat» atuais, caso não estejam garantidas por algo de sólido, nomeadamente, o ouro.
A este contexto financeiro-monetário, soma-se ou potencia-se o desesperado esforço para descolar as economias ocidentais, financeirizadas, da dependência em relação às economias produtivas do Extremo-Oriente, em particular, da China.
Mas, esta tentativa é fútil. Ela irá provocar um maior empobrecimento nas economias europeias e norte-americanas, já muito depauperadas. Não se pode imaginar, senão no domínio da ficção, que as economias, esvaziadas durante os últimos decénios da sua componente industrial, poderão rapidamente readquirir sua capacidade industrial perdida.

As potências que vão moldar o futuro, goste-se ou não, são a China e a Rússia, com uma constelação de outros Estados, possuindo maior ou menor poderio económico e geoestratégico. Todos eles, estão a agregar-se em várias plataformas, com vista a potenciar mutuamente suas vantagens numa ordem multipolar, sem ter que prestar vassalagem a um «dono e senhor», como é o caso dos países sujeitos ao império, sejam eles fortes ou fracos.
Veja-se o estatuto real da Alemanha: Por maior que seja esta potência, do ponto de vista económico, ela continua a prestar vassalagem à potência hegemónica americana que, sob cobertura da NATO, ocupa o Centro e Oeste da Europa, há mais de 70 anos.


Não se deve, porém, desprezar o poderio dos EUA: Continuam a dispor dum poder temível, pois têm uma capacidade nuclear maior que qualquer outra potência e forças armadas hipertrofiadas. Possuem bases militares - cerca de 800, segundo estimativas prudentes - nos cinco continentes. 
Além disso, reservam-se o privilégio de acumular, sem contrapartida de qualquer espécie, uma dívida astronómica, tendo défices estatais e comerciais durante décadas a fio, graças ao controlo do sistema monetário internacional e da emissão de papel-moeda. 
Os EUA, graças ao seu poderio militar-económico, obtêm a submissão dos governos e políticos corruptos nos países-vassalos.

Mas, a política do caos chegou ao seu fim, no Afeganistão:
Assim como a experiência amarga do Vietname serviu de lição aos jovens americanos que deixaram de ver seu governo como essencialmente benéfico para eles e para os seus «aliados», também a experiência afegã está a mostrar aos americanos e ao mundo que o império tem pés de barro, que os políticos estão sempre a mentir e apenas querem dar a ilusão de que controlam as situações.


No entanto, estes políticos são completamente impotentes para inverter, ou somente travar, as tempestades que eles próprios desencadeiam e lhes vêm parar à porta. Uma economia em involução, nos EUA e nos países da sua órbita, vai desencadear múltiplos fenómenos políticos e sociais.

A crise do «COVID» tem-se revelado como a tentativa de controlar os cidadãos e os Estados, de forma a evitar poderosos movimentos de massas, decorrentes da situação de depressão económica, que se abateu sobre o Ocidente e que poderá arrastar-se durante várias décadas. Esta crise começou em 2008, mas tem sido camuflada pelas medidas cosméticas dos governos e bancos centrais. 


Os poderes precisam, neste contexto, de reforçar os mecanismos do controlo e repressivos. Mas, esta viragem autoritária, totalitária, quer se chame «Great Reset» ou outra coisa, tem uma grande limitação: A impossibilidade de obterem o consentimento dos cidadãos.
Nas democracias liberais, o consenso da cidadania era fundamental para o funcionamento - sem sobressaltos - da economia, até à burocracia de Estado e aos partidos políticos.
Com a coerção e patente violação das liberdades fundamentais, os poderes poderão obter a submissão pelo medo, mas não a adesão voluntária às suas políticas, usurpadoras dos legítimos direitos dos cidadãos. As pessoas comuns vão sofrer perdas, a todos os níveis: económico, de segurança e das liberdades.
Enquanto muitos no Ocidente sofrem as consequências da viragem autoritária, incluindo as campanhas de terror psicológico ao estilo da guerra-fria, o que se passa nos países do «eixo Euro-Asiático»? No sistema multipolar Euro-Asiático em construção, um número considerável de povos sairá da pobreza, terá capacidade de gerar a sua produção e desenvolvimento. Estas nações estarão, cada vez mais, «no centro». 
Pelo contrário, as democracias ocidentais decadentes, incluindo a potência hegemónica que as controla, estão em vias de «terceiro-mundialização».


É impossível prever precisamente como as coisas se vão passar, mas - de uma ou outra forma - a cidadania irá reagir: A dissociação entre governantes e governados origina, necessariamente, uma instabilidade. A casta política e a oligarquia que a sustenta, nunca irão devolver 'de mão-beijada' o poder retirado aos seus súbditos.

Neste contexto, as pessoas devem preparar-se, o melhor  possível:
Há dois conceitos que se deveriam pôr em prática, tanto ao nível individual, como das famílias e comunidades: os conceitos de resiliência e de autonomia, os quais estão ligados.
Prometo escrever sobre esta questão, sob um ângulo prático: «como enfrentar agora um mundo em completa transformação, aos níveis dos indivíduos, das famílias e das relações sociais».

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PS1: Inicia-se nova era pós- invasão americana do Afeganistão. O estado de espírito dos imperialistas parece ser o que vingança, de querer castigar o povo afegão por ter feito sofrer a humilhante derrota ao poderoso exército e ao complexo militar industrial: https://www.moonofalabama.org/2021/09/why-us-plans-for-revenge-in-afghanistan-may-not-succeed.html#more

domingo, 8 de agosto de 2021

O QUE É O «CYBER-POLYGON»?

Um consórcio das maiores empresas criou e gere o «cyber polygon»(1, 2), aparentemente para desenhar estratégias de segurança e treinar os especialistas e dirigentes dessas empresas, na eventualidade de ataques malignos. 

                          

Esta iniciativa parece ser muito apropriada, num mundo onde se multiplicam «ciberataques», sejam eles devidos a «hackers», ou a supostos (impossíveis de rastrear, «convenientemente») agentes do «império do mal» designado (seja ele Rússia, China, Coreia do Norte, ou Irão...). 
Mas, por detrás do écran da propaganda, surgem vozes que - apropriadamente - nos avisam da potencial tomada de controlo total (totalitária) sobre um instrumento que tem sido, apesar dos ataques e censuras, um bastião de expressão livre dos cidadãos e das organizações que, de outro modo, não poderiam fazer-se ouvir no espaço público, cujo alcance ficaria limitado somente a dezenas ou centenas de auditores, ou de leitores. 

                   

Como não podia deixar de ser, o Fórum de Davos (WEF) está metido no assunto. Citando Robert J. Burrowes: «O interesse do WEF em criminalizar e censurar conteúdos on-line tornou-se evidente com a recente criação da nova Global Coalition for Digital Safety para facilitar a crescente regulação do discurso on-line, quer por elementos dos sector privado, quer público. Veja: ‘Ending Anonymity: Why the WEF’s Partnership Against Cybercrime Threatens the Future of Privacy’.

Hipótese de trabalho
Estaria em curso, por um lado, uma preparação psicológica das massas (crescendo das «notícias» sobre ciber-espionagem e ciber-pirataria) e, por outro lado, o treino das elites, para a eventualidade dum massivo ataque cibernético, ou uma série de muitos e graves ciberataques.  
Uma tal possibilidade, foi detalhada por «Inspired 2021»(3): They Want To Shut Down The Internet. Segundo este vídeo, o ataque maciço (ou uma série de ataques) criará pânico, muito sofrimento e «justificará» o desligar da Internet. Depois, só terá acesso à Internet, quem tiver (adquirir, comprar?) uma «Internet ID», ou seja, um número de identidade com autenticação conectada a outras bases de dados, incluindo à base de dados de identificação dos cidadãos do país a que pertence o utilizador. 
Isto dará às grandes corporações que controlam a Internet (Facebook, Google, Youtube, Twitter, etc.) o controlo total sobre o que se publica. 
Se juntarmos a isso, a digitalização a 100% do dinheiro e a generalização (na prática, a obrigatoriedade) do «passe vacinal» (4), vemos que, caso os planos da oligarquia globalista se concretizem, iremos viver constantemente sob uma ou outra forma de vigilância algorítmica que, tanto poderá estar em mãos privadas (grandes corporações), como dos Estados...
Algo muito escuro está a ser preparado fora do olhar do público, como sempre, a pretexto de segurança.

Note-se, que embora as empresas e os Estados tenham sua segurança acrescida,  isto é à custa da segurança, da liberdade, da privacidade e da autodeterminação dos cidadãos. Não é por acaso que um dos cofundadores da Wikipedia, Larry Sanger (4) está a construir uma nova rede global, parecida com a WWW, que todos nós utilizamos.

Numa sociedade em que tudo o que dê lucro é privatizado e em que é classificado como subversivo tudo o que escapa ao poder e controlo tanto dos grandes consórcios, como dos políticos corruptos (... que sabem que nós sabemos), o controlo da Internet surge como um objetivo essencial para ambos. 

Quem detém o poder não quer vê-lo ser posto em causa, é lógico!

Por isso mesmo, vos peço para seguirem as pistas que vos forneço. Basta dizer que todas elas têm algo interessante, não que sejam «a verdade» sobre este controverso assunto. 

Aqui fica o alerta, no entanto.

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terça-feira, 2 de junho de 2020

ARRISCAS PENSAR... OU FICAS PARALISADO DE MEDO?

                                  

A estratégia de «choque e pavor» funciona a muitos níveis. Ela inclusive adapta-se perfeitamente a ser exercida sobre pessoas inteligentes, cultas, com uma vida relativamente desafogada. 
Não se trata de uma questão de racionalidade. O problema é mais vasto, porque se trata de encerrar as pessoas numa narrativa e mantê-las encerradas nessa narrativa. 
A matrix, como eu tenho explicado, é inteiramente imaginária. Mas pode bem ser um factor mais eficaz no confinamento, do que as paredes de uma prisão. 
As paredes da prisão são físicas, enquanto a matrix é mental. Transporta-se a matrix para todo o lado. É o espírito que está prisioneiro. 
Neste contexto, a libertação desta escravidão do século XXI, passa pela paciente desmontagem, pelo reconhecimento das técnicas psicológicas, tornando possível o desmascarar da teia de meias-verdades, de fabricações, de desinformação,  de manipulação através do medo, mas também de outros instintos básicos (o instinto sexual, a ganância, o fascínio pelo poder, etc...), que são conjuntamente postos em jogo no que passa por «informação» mas na realidade, faz parte do aparato de domínio mental, de reforço dos laços que nos mantêm dentro da matrix. 
Este domínio é muito mais vasto que a media «mainstream», pois ele se estende a uma grande parte do que se auto-intitula de «alternativo». 
O «alternativo», é sobretudo um instrumento mais para desviar as pessoas bem intencionadas e desejosas de saber, para além da propaganda disfarçada de informação, que é o «mainstream». Toda esta abundância de canais de «informação», são como que uma enorme cacofonia, tornando fútil que uma voz que tenha algo de significativo a dizer tente fazer-se ouvir. Porque nos casos em que isso tem acontecido, as mais das vezes, essa voz é afundada no meio da algazarra, não ficando praticamente nada da mesma: é como falar para o vento, à beira de um promontório... Uma vez pronunciadas, as palavras deixam de existir. 
Por esse motivo, estamos realmente inseridos numa estrutura totalitária, em que quaisquer discursos autenticamente dissidentes são suprimidos do modo perfeito, sem parecer que o são. É o crime perfeito, pois nem sequer é reconhecido como tal. 
Algumas das suas vítimas nem se apercebem dele. Pior, elas são cúmplices inconscientes desse crime. O Estado totalitário precisa do medo, quer ele seja desencadeado pela visão duma «pavorosa» epidemia - que causa menos mortes a nível mundial que as gripes sazonais - quer de «hooligans» que partem, incendeiam, saqueiam, destroem, confrontam a polícia... 

Mas, já antes de 2020 havia o medo das «alterações climáticas», o medo do «terrorismo islâmico», etc, etc... Todos estes medos não o seriam, sem a «ajudinha» duma media que se especializou em transformar algo banal em fenómeno inédito, em amplificar a histeria das massas, alimentadas constantemente com imagens de pôr os cabelos em pé.  

O Estado totalitário suprime os críticos, os verdadeiros dissidentes, da maneira mais cómoda, pois eles «não interessam» às massas ignorantes, intoxicadas com lixo informativo, odiando tudo que seja afinal contrário à sua narrativa interior. 
São as próprias massas que «lincham» literal, ou metaforicamente esses lançadores de alerta, esses críticos do sistema totalitário. 
A perpetuação do sistema precisa que a grande maioria das pessoas esteja convencida, quando faz ou pensa qualquer coisa, que o faz de seu «livre arbítrio», quando na realidade, está sendo manipulada, pela imensa teia de mensagens sub-liminais que povoam o seu ambiente. 
As pessoas vêm nos ecrãs dos seus smart-phones, não apenas imagens coloridas em movimento; elas são imediatamente interpretadas no cérebro e encaminhadas para secções, que permitem fazer sentido das mesmas. Este processo é inconsciente e não está portanto sujeito a decisão racional do indivíduo. O cérebro de ninguém decide: vou armazenar isto, vou deitar isto para o lixo, etc... 
O nosso hardware está construído desde os primórdios, mesmo antes do início do processo de humanação, que começou há 7 milhões de anos. Está inscrito na estrutura e fisiologia neuro-cerebral dos mamíferos, dos vertebrados...

É a esse nível que trabalham psicólogos comportamentais, os especialistas de condicionamento: 
- Desde os que estão directamente ao serviço dos governos, como nos serviços de informação (espionagem), até aos que trabalham nas empresas de media e de publicidade. Eles sabem, pela teoria e pela prática, como «vender», não apenas um produto, como também uma ideia a um grupo-alvo, a desencadear um fenómeno de moda, a focalizar a atenção das pessoas, em exclusivo, em tal ou tal indivíduo, que pode ser um ídolo do desporto ou do cinema,  mas também pode polarizar-se em torno de um político (incitando a adoração ou o ódio, conforme...).
Depois, a continuação dessa «indução» é relativamente fácil, pois basta «alimentar» constantemente os sujeitos com narrativas que reforcem a narrativa já interiorizada. Há um efeito de reforço. É mais fácil incutir ódio do que amor, por isso os manipuladores escolhem sempre alguém concreto, para as massas  odiarem. Assim, serão mais facilmente manipuláveis, tanto mais que o medo será correlativo desse ódio, na realidade misturam-se. 

O «terror islamista» da campanha terrorista mediática para as pessoas aceitarem a «inevitabilidade» da invasão do Afeganistão precisou de um alvo/símbolo/espantalho concreto: Osama Bin Laden. O mesmo, com Saddam Husein, na preparação psicológica da invasão do Iraque, apenas dois anos depois.  

Quando a guerra ao terror se transformou numa guerra sem fim, os exércitos USA e seus acólitos mercenários estavam completamente afundados em termos militares: o pior para os exércitos convencionais, pois não conseguem alcançar nenhum dos objectivos, enquanto vão esgotando os recursos humanos, materiais e financeiros. 
Para desviar a atenção duma cidadania «esquerdista» e ecologista dos monstruosos crimes que estavam sendo cometidos, em nome «da liberdade, da democracia», accionaram o «Armagedão climático», erguendo os modelos catastrofistas do GIEC e outras fantasias computorizadas, a verdades absolutas: Assim, tivemos uma outra lavagem ao cérebro, em como havia «prova irrefutável» da existência de um aquecimento global causado pelos humanos, sendo portando necessário uma «Green New Deal», ou seja, um capitalismo «verde», um sistema produtivo dito «amigo do ambiente». 
Mas, o próprio «aquecimento global» revelou-se uma enorme «fake news», que fora desde o princípio, sobretudo porque a partir de 2015 se entrou num novo ciclo de menor actividade solar e, portanto, de arrefecimento, o que era já quase impossível de ocultar e falsificar. 
Mas, era preciso continuar a distrair as massas dos roubos colossais que a super-elite (oligarquia) financeira, a grande banca, em conluio com os Estados, ia fazendo às finanças públicas, desde a grande recessão de 2008. 
Há alguns meses  (em Setembro de 2019), começaram a surgir sinais anunciadores desta grande crise estrutural do presente, resultante da não resolução dos problemas na origem  da crise de 2008. 
A constante manipulação dos mercados financeiros pelos bancos centrais e governos, em proveito dos seus verdadeiros donos (os Rothschilds, os Gates, os Soros, os Rockefeller...) estava a chegar ao ponto de paralisia, ameaçando um colapso. 
Era tempo de fazer o «grande reset». Mas, em teoria, este podia ser algo que desse oportunidade a uma maior justiça para os povos e indivíduos, ou algo que reforçasse a oligarquia e o poder dos Estados. 
Para por em prática o que estava já há longo prazo planeado, surgiu ou foi fabricada a «epidemia do coronavírus». Caiu às mil maravilhas para os Estados, nomeadamente as «democracias» do Ocidente, para poderem limitar as liberdades, as garantias dos cidadãos, os seus direitos, a sua autonomia. 
Que melhor ambiente para efectuar o tal «reset», na tranquilidade de salas de conferência, entre os grandes deste mundo, do que ter a turba fechada em prisão domiciliária, com regras draconianas que lhes permitem controlar quaisquer movimentos, impedir agrupamentos, colocando tais insectos/humanos sob dependência absoluta da caridade do próprio Estado e dos seus apêndices ONGs??? 

Mas a turba está a reagir nos EUA e, também de outro modo (muito mais cívico...), na Alemanha. O fenómeno pode vir a alastrar a outros países. 
As autoridades de Hong Kong já ensaiaram uma resposta aos sinais de reactivar de contestações face à nova lei de segurança promulgada pela Assembleia Nacional do Povo. Eles detectaram «novos focos de infecção do coronavírus», que justificam o prolongamento do «distanciamento social» (logo, a proibição do agrupamento de pessoas em manifs, sit-ins, comícios, etc...). 
Este modelo de contenção, pelas medidas de «distanciamento social», pode ser copiado noutras ocasiões e noutras latitudes. Porém, a capacidade de controlo destas situações, eles sabem-no, é muito ténue. 
Porque, lá para Outubro, Novembro deste ano de 2020, é provável que haja uma severa escassez de alimentos. Isto significará fome, em países mais pobres e a brusca subida dos preços dos alimentos, no mundo mais afluente. 
As pessoas que já tinham muito pouco a perder antes disto, vão ter ainda menos. Se estiverem famintos, tanto lhes faz morrer duma bala da polícia ou exército, ou de inanição. 
O grau do medo, em relação à morte violenta, até  vai diminuir: é menos doloroso - ao fim e ao cabo - morrer subitamente pelas balas das «forças da ordem», do que arrastar uma agonia durante semanas a fio...  
De qualquer maneira, as pessoas deviam acordar, perder o medo, analisar como têm sido enganadas, manipuladas, e revoltarem-se pacificamente, para reconstruir o que os senhores feudais deste mundo têm destruído: as relações inter-pessoais, comerciais ou outras, de troca ou de partilha, de construção do dia-a-dia, aquilo que faz o tecido SOCIAL. 
O distanciamento social é uma ideia realmente perversa e não sustentada pela CIÊNCIA EPIDEMIOLÓGICA real!
   

sexta-feira, 8 de maio de 2020

ESTAREMOS A ASSISTIR À BATALHA FINAL?

Uma batalha não é a guerra e esta batalha faz parte de uma guerra híbrida. Neste tipo de guerra, é ainda mais útil - em comparação com a guerra «clássica» - a sabedoria de um Sun Tzu. Ele ensina que o vencedor será quem souber esperar e avaliar acertadamente as forças no terreno, para desferir o golpe decisivo, no momento exacto.  

Gold Coins In Hand

Quando a FED não consegue evitar que a « FED FUNDS RATE implícita» se torne negativa, estando negativas as taxas de referência, incluindo as taxas de juro bancárias, na Europa e no Japão, desde há bastante tempo, isto significaria que a batalha entrou numa fase decisiva: mas qual batalha? 
- A batalha da perda da hegemonia do dólar, pela instauração duma «ordem global monetária» multicêntrica.
Acredito que esta seja a fase definitiva, mas que se trata do início do «último Acto». Por outras palavras, não creio que a tal «ordem global» se erga já amanhã, substituindo a ordem caduca (o petrodólar, que reinou desde 1973, até hoje). Mas, tudo me leva a crer que a hegemonia do dólar US está definitivamente posta em causa.
 O efeito transitório da subida do dólar US, nestes dias de crise económica disfarçados com maciças doses de propaganda (como se fosse «a crise do coronavírus», uma crise...sanitária, portanto), não pode enganar senão o mais ingénuo e crédulo; aquele que pensa que os números a subirem num ecrã da bolsa é sempre bom, em termos de apreciação real dos activos que detém.
Para se perder esta ilusão, basta estudar o caso da Venezuela: a sua bolsa de valores atingia novos cumes a cada dia que passava, à medida que a crise se aprofundava e o Bolivar ia perdendo qualquer resto de valor. As pessoas, em pânico, compravam acções, porque esperavam que algumas empresas não se afundassem e voltassem a ser rentáveis, passada a crise. Qualquer outro investimento (excluindo o ouro e prata físicos, que não são realmente investimentos financeiros) estava destinado a dissolver-se no éter... 
No caso do dólar US, principal divisa de reserva e havendo imensos activos denominados em dólares pelo mundo fora (incluindo as obrigações soberanas de vários países emergentes...), é inevitável que ele cresça, nesta fase. Com efeito, a procura de dólares é motivada tanto pelo medo, que leva os investidores a procurarem refúgio no (falso) porto de abrigo, como pelas vendas maciças de obrigações do Tesouro americano (treasuries) e de outras obrigações denominadas em USD, que são necessariamente saldadas nesta divisa. 
Tal subida do dólar não significa, portanto, que ele seja «mais forte», como repetem «ad nauseam» os noticiários financeiros, mas bem pelo contrário, pois se acompanha duma perda de influência. Precisamente, trata-se da perda de confiança no que foi - durante muitos anos - considerado o melhor «porto de abrigo» financeiro, as «treasuries»! 
Mas, esta subida do dólar, ainda por cima, é muito relativa! Ela apenas se verifica em relação às outras divisas: o dólar está constantemente a desvalorizar-se perante o ouro, a verdadeira reserva de valor, o verdadeiro porto de abrigo.
Nestas circunstâncias, tal como na Venezuela e no Zimbabwe, o dólar irá inflacionar ainda mais os mercados de acções, por um mero cálculo do valor. Com efeito, se tivermos uma acção duma empresa, sendo X a sua cotação num dado momento e numa dada divisa, se o valor dessa mesma divisa descer de modo substancial, então a referida acção vai automaticamente ajustar-se para cima: isto não significa que a empresa - em si mesma - esteja melhor, em termos de desempenho...
Vemos, portanto, como são falsas e enganadoras as narrativas da media financeira: reflectem o interesse muito directo dos seus patrões. Estes patrões podem ser magnates (como Bloomberg, por exemplo) ou Estados (muita imprensa, na Europa, sobrevive graças às ajudas estatais ...), ou uma combinação dos dois.  

Esta guerra é híbrida e global. Oxalá, não haja uma guerra «cinética»! Mas, se perante a guerra híbrida (económica, financeira, comercial, monetária...) temos de raciocinar em termos militares, então é melhor aprender, num curso intensivo, a «Arte da Guerra» de Sun Tzu ou fazer uma revisão aprofundada, à luz dos acontecimentos mais recentes.

PS1: Cynthia Chung, no seu artigo https://www.strategic-culture.org/news/2020/05/07/the-art-of-war-in-the-21st-century/
desenvolve o conceito de Sun Tzu de qual a verdadeira batalha e qual a melhor maneira de a combater.

domingo, 18 de agosto de 2019

A CRISE VIRÁ DO LADO DA DÍVIDA SOBERANA, DOS TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA


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Sabe-se que o grave problema que afecta o sistema económico e financeiro ocidental é a enormidade da dívida. Dívida dos Estados, dívida das empresas e dívida das famílias... tudo somado, a quantidade de dívida é muito maior do que a existente nas vésperas do colapso de Lehman Brothers!

O processo de um Estado se ver livre da dívida pública é somente um, na prática. Embora, em teoria, um governo pudesse decretar insolvência, reconhecendo estar falido e portanto não pagar aos seus credores, isso é demasiado penoso e politicamente suicida. Portanto, os governos irão fazer aquilo que sempre fizeram, ou seja, inflacionam a sua moeda nacional (no caso do Euro, será antes a moeda comum de uma série de Estados da União Europeia).

Um dos casos mais graves de acentuado crescimento da dívida pública, sem fim à vista e com tendência para se agravar, é o dos EUA. Obama conseguiu o «glorioso feito» de duplicar, durante os seus dois mandatos, a dívida pública acumulada antes dele, desde o início da existência dos EUA.
Nada menos fiável do que os EUA. Se decidirem que algum país está com exigências excessivas, podem simplesmente obliterá-lo do mapa... veja-se o caso da Líbia! 
Mesmo os aliados não estão a salvo de serem «esfolados»: como clausula secreta dos acordos que instituíam o sistema do petro-dólar (em 1973), os sauditas foram obrigados a fornecer muitos biliões em treasuries, que provinham do petróleo, para os seus protectores de Washington disporem dessas somas colossais. Não estão nominalmente na posse do Tesouro, mas é como se estivessem: as tais treasuries servem como «fundo de estabilização» do Tesouro. Quando os mercados variam bruscamente ou quando algo vai num sentido desfavorável aos interesses de Washington, esse fundo gigantesco intervém, discretamente. Os especialistas dos mercados conhecem bem as intervenções do referido fundo.    
É basicamente o medo, a impressionante máquina militar, que impõe «respeito» pelo dólar US, com o qual os EUA compram tudo o que precisam, dando em troca... esses papéis verdes impressos! 

A China foi acumulando, em resultado do seu comércio com os EUA e outras partes do mundo, a gigantesca soma de 1,3 triliões de dólares, que estão sob forma de obrigações do Tesouro dos EUA («treasuries»).
Há quem diga que esta constitui uma arma poderosa da China, que poderá despejar no mercado fazendo baixar subitamente o valor dos referidos treasuries. Mas, isso é falso. Não só não é possível eles desfazerem-se de tal soma bruscamente, como teria um efeito oposto ao desejado. Ainda por cima, poderia desencadear uma guerra, por os EUA se sentirem acossados naquilo que é fundamental para eles, a sustentabilidade da sua dívida...

Os russos, há algum tempo, desfizeram-se de quase todas as suas treasuries. Mas eles tinham muito menos, do que a China tem. O que eles fizeram foi genial: Eles deram os treasuries como aval a vários bancos europeus, para garantia de empréstimos aos mesmos bancos. Depois, fizeram default sobre as dívidas a esses bancos e estes tomaram posse das treasuries, dadas como aval. Assim, não colocaram no mercado essas treasuries e obrigaram a outra parte a aceitá-los. Não me parece que se possa repetir isso.

Os Chineses fizeram a Belt and Road: é - além de outras coisas - um processo lento de se desfazerem de treasuries. Com esses dólares, eles financiam grandes obras, portos, aeroportos, caminhos de ferro, etc. nos países mais diversos, com os quais têm acordos. Ficam aliviados do excedente em dólares e tornam-se credores de vários países, sendo possível que recebam em pagamento géneros (matérias-primas), ou notas de crédito denominadas em Yuan.

Segundo uns analistas, os americanos têm de comprar a si próprios (a FED compra ao Tesouro, o qual emite dívida) cerca de 70% da dívida emitida e têm de fazer malabarismos, usando derivados (credit default swaps), para criar a ilusão de procura de treasuries e assim sustentar seu preço. 
Também conseguem procura porque têm uma taxa ligeiramente acima de zero, enquanto muitas das obrigações europeias (como os bunds alemães) estão com juros negativos, ou seja, o emprestador tem - ao fim de x anos - a soma investida, MENOS uma determinada soma y, correspondente ao juro negativo. 

A dívida excessiva a nível mundial não poderá ser aliviada por uma espécie de «jubileu», pois haverá países que ficam a perder imenso com isso por comparação com outros que até incluem os mais ricos, pois estes têm tido um comportamento irresponsável de acumulação de dívida, sem contrapartida em criação de riqueza. Quando uma pessoa ou uma empresa ou um Estado se endividam pode ser uma coisa boa e sensata ou o contrário: se for para investir em algo que por sua vez irá gerar rendimento, irá produzir algo (bens ou serviços), irá traduzir-se por um acréscimo de rendimento (ao nível dos Estados, maior receita de imposto), então é provável que tal investimento seja sensato e produtivo. Mas um empréstimo gasto em despesa não reprodutível, que não vai gerar capital que o pague no médio/longo prazo, é somente um peso suplementar que incide sobre as economias, sobretudo das gerações futuras. 

Num contexto de sobre-endividamento, a inflação é desejada por bancos centrais e por governos, porque vai «comer» parte da dívida acumulada, ou seja, é como um «default» suave, a uma taxa de uns pouco por cento ao ano, que o público não compreende e atribui à ganância dos comerciantes ou às reivindicações excessivas dos assalariados, etc... mas, não aos verdadeiros culpados.

Perante um aumento descontrolado da dívida, a tentação é desvalorização correspondente do dinheiro, o que tem sido feito, de forma sistemática, sem que as pessoas percebam o que se está a passar: se a inflação registada nas estatísticas ao longo de um ano, for de 2%, por hipótese mas - na verdade -  sendo esta de 4 ou 5 %, como se tem verificado, é muito difícil alguém contrariar o discurso oficial. Seria preciso um instrumento independente, de recolha e tratamento estatístico, algo como um Instituto de Estatística alternativo, ou algo parecido, com credibilidade igual ou superior aos institutos do Estado. 

Portanto, a aceleração da impressão monetária, ou seja,  «Quantitive Easing» e as taxas de juro próximas de zero ou negativas  anunciadas pelos bancos centrais ocidentais, irão apenas contribuir para manter durante algum tempo (quanto?) as bolhas das bolsas de acções, das obrigações, do imobiliário... em que se tem vivido. 
Mas, chegará o momento em que as pessoas compreenderão que estão a ser aldrabadas, que números crescentes não representam aumento de valor, não correspondem a nada de sólido. 

A perda de confiança numa divisa, nas divisas «em papel», é um processo muito rápido: compreende-se que os bancos centrais dos países do Oriente se previnam disso, comprando todo o ouro que podem nos mercados. Alguns financeiros, gerindo fundos bilionários, também compreendem o que se está a passar e também estão a aconselhar os seus clientes a fazer o mesmo.

A subida dos metais preciosos, em especial do ouro (e isto é notável) faz-se, apesar da existência confirmada de conluio entre bancos centrais ocidentais e grandes bancos, emissores de contratos de futuros (um tipo de derivado) sobre o ouro e a prata. Eles despejam no mercado, em momentos especiais, quantidades abismais de contratos. É assim que o preço do ouro e da prata têm sido reprimidos, ao ponto de, em paridade do poder de compra, a prata nunca ter estado tão barata! Se estes contratos correspondessem - de facto - a ouro físico, seria necessária várias vezes a produção anual minerada. Evidentemente, trata-se duma fraude, mas fraude consentida pelas entidades ditas supervisoras dos mercados e pelos bancos centrais.
O sistema de emissão de dinheiro ilimitado e controlado pelas entidades globais, é inviável: dentro de um prazo (não determinável exactamente, pois dependerá da duração e profundidade da crise vindoura), terá de haver uma profunda reforma do sistema monetário.  
Mas, entretanto, é bem provável que haja guerras, revoluções, fomes, transferências de riqueza, fenómenos que se verificaram no passado, em associação com as crises económicas mais graves.