quinta-feira, 10 de julho de 2025
FINALMENTE! PODE-SE ATRIBUIR UM ROSTO AOS DENISOVANOS
quinta-feira, 24 de junho de 2021
EVOLUÇÃO HUMANA ARBORESCENTE
Nos anos 70, em que estudei biologia na faculdade, a visão clássica da evolução humana era de um percurso linear, com a linhagem evolutiva que iria dar origem à nossa espécie, emergindo de um tronco comum ancestral.
https://observador.pt/2015/09/10/descoberto-primo-misterioso-da-raca-humana-na-africa-do-sul/
Ao longo desse percurso evolutivo linear, as fronteiras entre as diferentes espécies do género Homo eram pouco nítidas, mas a possibilidade de ter havido uma sobreposição era descartada, como sendo resultante do muito pouco que sabíamos na altura. Este estado de coisas, podemos agora dizê-lo, era devido a uma influência ideológica na Ciência da Evolução. A linearidade mais era uma construção académica, do que um facto de observação. Mas, isso satisfazia a mente humana. Pelo menos da maioria, que gosta de imaginar processos lineares, gosta de fronteiras bem delineadas e de mecanismos que se coadunem com categorias estanques. Esta maneira de ver o humano, o seu evoluir, o ser biológico, foi completamente subvertida em menos de meio-século.
Não apenas as espécies de homininos não se revelaram conjuntos genéticos fechados, estanques, como sua progressão também não obedeceu a um modelo linear, mas arborescente.
Figura:
Quatro das sete espécies humanas que viveram em África e na Eurásia ao mesmo tempo há centenas de milhares de anos (H. erectus, H. heidelbergensis, H. neanderthalensis, H. sapiens) © The Trustees of the Natural History Museum, London
O nosso conhecimento sobre as espécies antepassadas de Homo sapiens e sobre os Homo sapiens mais antigos sofreu uma aceleração e uma transformação radical com a técnica de isolamento, purificação e sequenciação de genomas em ossadas quase completamente fossilizadas.
Mas, estas espécies humanas - Homo neanderthalensis e Homo denisovans - coexistiram, no tempo e no espaço com a nossa espécie (Homo sapiens). Houve fluxo de genes entre elas e temos a prova disso nos genomas atuais da humanidade contemporânea.
Entretanto, ainda há muito por descobrir: «Sequências mistério» estão presentes em vastas populações africanas subsaarianas. Espera-se, um dia, obter ADN de um fóssil que corresponda às referidas «sequências mistério».
Outra impressionante e recente descoberta foi a de Homo naledi, um hominino que viveu até há cerca de 300 mil anos, ou seja, contemporaneamente aos Homo sapiens mais antigos, que têm essa mesma idade. H. naledi contradiz muitas ideias-feitas: se não tivesse havido, no local da sua descoberta, um manancial de ossos fossilizados juntos e que permitem uma reconstituição particularmente precisa, teria sido possível imaginar que os ossos cranianos fossem atribuídos ao género Homo, enquanto os ossos não-cranianos seriam compatíveis com o género Australopithecus.
Temos de reconhecer que as novas evidências mostram uma evolução radiante (ou seja, arbustiva e não linear) com períodos de intensa produção de novidades, seguidos de períodos em que espécies do mesmo género vão evoluindo em paralelo, porém, com esporádico entrecruzamento (introgressão) entre espécies próximas parentes. Com efeito, são conhecidos híbridos de Homo sapiens e H. neanderthalensis; de H. sapiens e H. denisovans; e de H. denisovans e H. neanderthalensis.
A evolução humana, afinal, tal como noutros grupos de espécies animais, parece enquadrar-se melhor no modelo de «equilíbrios pontuados» de Niles Eldredge e Stephen Jay Gould, ou seja, de longos períodos estacionários, pontuados por períodos de mudança acelerada, com a formação rápida de novas espécies.
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PS1: Já depois de ter publicado este artigo, li a notícia da descoberta em Israel de uma nova espécie humana, anterior e contemporânea de neandertais. Esta notícia vai ser tema de um artigo neste blog, proximamente.
PS2: Um crânio em ótimo estado de conservação proveniente do norte da China foi revelado recentemente. Especula-se que poderá ser uma nova espécie do género Homo ou pertencer à espécie H. denisovans.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2020
H. ERECTUS durou mais que todas as outras espécies de Homo, nossa incluída

Em vez do modelo linear, temos um modelo arborescente, no qual apenas a nossa espécie terá sobrevivido, não sem se ter cruzado (por hibridizações interespecíficas) com outras.
Transportamos um pouco dessa humanidade extinta no nosso ADN, o qual contribuiu para aquilo que somos hoje, enquanto espécie e enquanto indivíduos.
sábado, 5 de outubro de 2019
ROTEIRO PARA ESCAPAR DA MATRIX/LABIRINTO [parte III]
sexta-feira, 4 de outubro de 2019
ROTEIRO PARA ESCAPAR DA MATRIX/LABIRINTO [parte II]
Para si, leitor/a, isso significa que o/a leitor/a pode encontrar o seu próprio método, também! Não será isto uma boa notícia?
É curioso ver as pessoas imbuídas das suas roupagens e adereços, como se fossem personagens de teatro, ou de ópera. Serão elas capazes de descolar de suas próprias «representações teatrais», verem-se a si próprias e o papel que estão desempenhando?
Além disso, o reforço constante da imago do ídolo, na media popular de massas, cria e alimenta em permanência, o mecanismo de identificação com ele: os adoradores recebem através da imago, um pouco de sua aura, do seu poder mágico, etc, etc.
Esta tendência já está presente, antes do aparecimento dos humanos, no mundo animal, não sendo portanto uma contribuição original da evolução humana, mas antes uma herança ancestral, transportada pelos homininos até Homo sapiens e presente em todas as culturas humanas, passadas e presentes.
Irei desenvolver este tema no capítulo seguinte.
quinta-feira, 30 de maio de 2019
DOCUMENTÁRIO: ORIGENS DA LINGUAGEM - DO GESTO À PALAVRA
sábado, 20 de outubro de 2018
DO NEOLÍTICO À IDADE DO BRONZE (Parte I)

“I am especially interested by one issue: It is possible, maybe even likely, that an important fraction of the genetic medical variation that we find in our species arose in the last 10,000 years. Such variation/adaptation may be the result of the intense cultural development that led to agropastoral economies, a lifestyle that introduced major differences in the lives of large sections of humanity in almost every part of the world.”
Era notória a sobreposição das árvores construídas apenas com dados de genética, com as que utilizavam os dados da linguística.
O conhecimento das migrações, por outro lado, era a dimensão geográfica indispensável, quer para compreender as afinidades e diferenças genéticas, quer as de língua e cultura.
- quais foram os processos genéticos, populacionais, evolutivos, que levaram as espécies ancestrais - homininos - a se transformarem na nossa espécie?
Pelas estimativas mais recentes, a espécie Homo sapiens existe há cerca de 300 mil anos, enquanto as várias espécies da linhagem «Homo» surgiram há milhões de anos.

... Sobre a «revolução neolítica», estas e muitas outras questões se podem colocar...
quinta-feira, 12 de julho de 2018
EVOLUÇÃO HUMANA: «OUT OF AFRICA»... OU «OUT OF ASIA»?

Ao fazer-se recuar a presença de homininos na Ásia para uma data não inferior a 2 milhões e cem mil anos atrás, está-se perante uma data de saída de África muito recuada.
A favor desta tese, pode alegar-se o muito grande intervalo de tempo durante o qual a espécie Homo erectus esteve nas várias partes da Ásia. Isso trouxe diferenças morfológicas, «raças» identificáveis pela variação anatómica de fósseis, assim como adaptações ecológicas importantes. Dmanisi trouxe a revelação (através dum número de indivíduos sem precedentes, no que toca a restos fósseis desta época), da enorme variabilidade intra-grupo.