quarta-feira, 6 de março de 2024
O YUAN ULTRAPASSA O EURO, NA SUA UTILIZAÇÃO INTERNACIONAL
sábado, 1 de abril de 2023
Inflação: o imposto oculto
Não existe ainda uma consciência na generalidade das pessoas, sobre o modo como o Estado obtém o financiamento para as despesas que faz. Teoricamente, ele funcionaria com o dinheiro dos impostos. Mas, é fácil constatar que ele gasta muito mais do que recebe e, ainda por cima, tem despesa que não está inscrita no Orçamento de Estado.
Como é que os Estados se mantêm, muitas vezes com défices orçamentais que se avolumam de ano para ano?
Existem vários mecanismos que levam a um aumento da receita de imposto, sem que isso se torne muito óbvio para a generalidade das pessoas. Assim, se houver um aumento geral dos preços, todos os produtos que têm o imposto de valor acrescentado (IVA) aumentam na mesma proporção. Dirão: mas o valor maior cobrado vai cobrir as maiores despesas do Estado, portanto em termos líquidos, não é propriamente um aumento.
- Certo, só que as despesas do Estado são, numa grande fatia, despesas fixas ou que pouco aumentam: Estou a referir-me a despesa com ordenados dos funcionários e agentes do Estado, assim como as pensões de reforma e invalidez. Estas despesas deveriam aumentar na devida proporção do aumento do custo de vida, mas tal não acontece nunca. Um funcionário público, ou um pensionista do Estado, terão mais alguns euros no seu ordenado ou pensão, mas de forma nenhuma tais aumentos atingem o valor que corresponderia à inflação.
Além do mais, o índice de inflação não é objetivamente avaliado. Desta forma, o Estado não tem de desembolsar tanto como seria o caso, se a inflação fosse avaliada corretamente. Se o verdadeiro índice de inflação for de 12 % ao ano, o «cozinhado» que fazem com as estatísticas poderá dar um índice (falso) de 8%. Nestas circunstâncias, não apenas o Estado desembolsa menos 4% com ordenados e pensões, como vai buscar mais na receita do IVA.
Em geral, o Estado, sobretudo quando estiver em défice, cobre as despesas emitindo obrigações do Tesouro, títulos de dívida que vencem a prazos de 2, 5 ou 10 anos, por exemplo. Nesse intervalo, o Estado vai dar um juro fixo. Se nesse intervalo de tempo houver uma inflação maior do que a taxa de juro fixo, o Estado vai pagar menos (em valor real) pelo empréstimo feito: nominalmente é a mesma coisa mas, tanto o principal da obrigação, como o juro a ela associado, terão menor valor real (menos capacidade aquisitiva).
Os Estados do Euro, têm sido «premiados» com a compra automática das obrigações que colocam no mercado e que não encontraram comprador, pois o BCE (Banco Central Europeu) comprometeu-se a comprar todos os títulos do Tesouro dos Estados aderentes ao Euro. Então, os juros foram baixando para estas obrigações, até ao ponto em que Estados muito débeis, em termos financeiros, como Portugal, tinham um juro associado a sua dívida semelhante, ou mesmo inferior, a Estados com melhor situação económica e financeira. Assim, Portugal estava obrigado a pagar juros da dívida no valor (por hipótese) de 3% em média durante um longo período, mas semelhante juro era o de obrigações estatais de países com muito melhor situação global. Era como se os compradores da dívida portuguesa aceitassem adquiri-la, embora o valor real das obrigações fosse muito menor.
Com efeito, o valor de uma obrigação é tanto maior quanto mais baixo for o seu juro. Isto reflete o cálculo do mercado sobre os riscos que correm os compradores de - ao fim do tempo definido - não receberem pagamento do principal (situação de bancarrota do Estado), ou de haver interrupção temporária no pagamento dos juros, ou outro tipo de incumprimento. Nestas circunstâncias, o apoio sistemático do BCE através da compra de obrigações dos Estados mais débeis, reflete-se a vários níveis: Estes empréstimos têm comprador garantido, com juro mais baixo e com menor despesa nos orçamentos públicos desses Estados (Os juros da dívida pública são obrigatoriamente inscritos no orçamento de Estado).
Os ordenados e pensões são sistematicamente depreciados: o seu «ajuste» é feito tardiamente, num intervalo que pode ser dum ano; é baseado num índice oficial de inflação fictício; nalguns casos, provoca o aumento no imposto (IRS), por mudança de escalão, o que anula o pequeno aumento recebido.
Os grandes capitalistas também aproveitam a inflação em seu favor. Não apenas nos ordenados que têm de pagar; mesmo aumentando-os, estes terão menos valor, em termos relativos. Eles «antecipam» as subidas de preços, colocando a mesma mercadoria, cuja compra foi ao «preço antigo», com preço inflacionado ou aumentando a margem de lucro porque decidem vender a um preço muito maior que a inflação, que eles próprios sofreram no processo de fabrico.
Em Portugal, o Estado não tem verdadeiros motivos para se preocupar muito com a subida dos preços, até certo ponto. O ponto crítico é a capacidade da população em suportar uma forte descida do seu nível de vida. Esta descida pode significar a caída na pobreza extrema, para alguns, e o empobrecimento relativo para a imensa maioria. Penso que a generalidade das pessoas estaria de acordo que, em Portugal, o bem-estar económico tem diminuído para a grande maioria, desde há alguns anos, sobretudo desde há cerca de ano e meio, com o agravamento da inflação.
Há perdas acentuadas nos pequenos comércios e nos serviços, que são as empresas mais criticamente dependentes da retração brusca da clientela. Muitos têm de abrir falência, outros têm de reduzir pessoal para fazer face ao novo contexto. Esta concentração favorece os grandes grupos, por exemplo os hipermercados, ao eliminar a concorrência do pequeno comércio de bairro.
Por fim, a injustiça desta taxa, ou imposto oculto, ressalta se verificarmos que as pessoas pobres, ou com rendimentos médios-baixos, têm como principal despesa a alimentação (e outras necessidades quotidianas): A inflação é sempre mais acentuada neste item. Ora, os ricos têm, proporcionalmente às despesas, muito menos impacto, com o aumento dos preços da alimentação: A alimentação pode representar uns 60% do rendimento, numa família pobre e somente 20% numa família rica.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2023
OURO REGRESSA AO CENTRO DO SISTEMA FINANCEIRO
domingo, 2 de outubro de 2022
A EUROPA METEU-SE NUM BECO SEM SAÍDA
ALGUMAS REFERÊNCIAS RELACIONADAS:
https://thecradle.co/Article/Columns/16307
https://consortiumnews.com/2022/09/30/scott-ritter-the-onus-is-on-biden-putin/
https://www.nakedcapitalism.com/2022/09/michael-hudson-on-the-euro-without-germany.html
https://www.youtube.com/watch?v=2wpMMSvKUTU
https://www.globaltimes.cn/page/202209/1276456.shtml
https://www.unz.com/article/nordstream-the-signal-that-washington-knows-it-has-lost-the-great-game/
PS1: Agora, que Blinken classificou (na Sexta feira passada, 30 de Set.) as explosões dos gasodutos no Báltico como «uma tremenda oportunidade» ou seja, agora, os europeus têm de comprar LNG americano em grande quantidade, não há mais lugar para dúvidas. A húbris da administração Biden é reveladora de QUEM fez essas sabotagens. Não me custa crer que os americanos tiveram a colaboração operacional dos britânicos e polacos e conhecimento prévio dos membros da NATO do Báltico, Alemanha, Dinamarca, Suécia. Veja:
Se os Estados da Europa ocidental tivessem governos nacionais e não fantoches, esta situação deveria conduzir à rutura com os EUA e ao rebentamento da própria NATO.segunda-feira, 5 de setembro de 2022
ESTRUTURA DEFEITUOSA DO EURO E COLAPSO DA ECONOMIA EUROPEIA
quinta-feira, 19 de maio de 2022
PERDIDO POR CEM, PERDIDO POR MIL...
Sobretudo quando se trata de dinheiros públicos, ou seja, aquele dinheiro que - cedo ou tarde - todos nós teremos de pagar, porque somos nós a fonte donde o Estado vai buscar o dinheiro.
Isto vem a propósito dos biliões que se vão enterrar (ou melhor, vão entrar... e sair) nesse poço sem fundo:
- Quando a guerra está perdida, quando os próprios ministros do governo Zelensky declaram que só com muitos biliões a podem aguentar porque o Estado ucraniano está falido. Vem, depressa, Úrsula ajudar!
A ajuda da União Europeia consistirá (para já) em 9 biliões frescos. Eles serão devorados até ao último cêntimo, num Estado falido. Estado esse que é o mais corrupto do mundo. O mais certo, é o dinheiro ir parar às contas do Kolomoisky e outros oligarcas e apoiantes do regime, além das contas off-shore do comediante Zelensky, feito presidente.
Porém, a palhaçada não acaba aqui, pois o congresso dos EUA já decidiu enviar 40 biliões, para «ajuda». Isto é o negócio do século, para muitos cleptocratas, e não apenas da Ucrânia, também dos próprios países «doadores». (Eu coloco «doadores» entre aspas, pois nós não fomos ouvidos nem chamados. )
Nós, «os servos», dum lado e doutro do Atlântico, apenas servimos para fornecer os tais biliões, com mais impostos, medidas de austeridade, etc. Não há distinções. Os chefes dizem que é preciso enviar tantos biliões para a Ucrânia; e que os súbditos não se atrevam a levantar a voz!
Isto faz-me lembrar um pouco de história recente de Portugal:
- Em tempos de crise profunda, Portugal tinha uma espécie de gestores, que se poderia caracterizar como «abutre dos negócios». Estes gestores, bem vestidos e engravatados, tomavam conta de empresas em falência. Mediante falsas garantias e esquemas de corrupção, conseguiam obter, junto de bancos, empréstimos para «salvar as empresas».
Estas, já estavam falidas, na prática, mas não tinha sido ainda decretada a sua falência. Porém, os trabalhadores não recebiam salário há meses e as mobílias, as matérias-primas, os equipamentos, eram secretamente vendidos ao desbarato.
Nem a empresa «a salvar», nem os trabalhadores, viam a cor do dinheiro de tais empréstimos. Os «gestores» tinham a arte de fazer desaparecer o dinheiro sem que se pudesse apontar o dedo, pois «eles tinham feito o seu melhor», para salvar a empresa.
Agora, a comédia macabra tem como cenário a Ucrânia. A sua população não terá outra escolha senão emigrar para terras dos seus «benfeitores», ou então, viver no «Zimbabwe europeu».
Não o merecem; são - para todos os efeitos - irmãos e irmãs de infortúnio. Nós devemos acolhê-los, mas - em simultâneo - devemos denunciar os abutres que se acoitam, a todos os níveis do poder e da casta política, nos países da NATO. Povoam ministérios, ONGs, administrações de empresas de toda a espécie, mas, em especial, as de «segurança» e de armamento. Para eles, isto é «uma party»!
O dinheiro vai desaparecer e ninguém se espantará que assim seja. O Estado, afinal, é como uma monstruosa empresa. E sabemos bem que o dinheiro despejado em empresas falidas, é dinheiro perdido. Isto aplica-se aos Estados, também! Embora, no caso dos Estados, esse dinheiro não esteja perdido para todos: Há sempre uns mais iguais que os outros. Há os que enchem os bolsos com uns milhões e vão gozá-los em estâncias de férias bem agradáveis. Quanto aos outros, que fossem espertos e aprendessem com os oligarcas.
Mas, o processo de entrada em falência do sistema Euro, já está bastante avançado; ultimamente sofreu uma aceleração. Vejam como o dólar está «forte» e o euro, como está «fraco». Pois, a divisa europeia vai estar ainda mais fraca. Vai ser um sorvedoiro, até ao rebentamento final do sistema monetário europeu. O sorvedoiro de dinheiro da guerra ucraniana, vai acabar por levar à falência total e irrecuperável e ao rebentamento - de um modo ou doutro - do sistema da União Europeia.
Os magnates dos EUA ficam a olhar todos contentes, pois a economia americana, por mais disfuncional que seja, vai aparecer aos olhos dos capitalistas, como o «último porto de abrigo» («safe haven») e os capitais do mundo vão afluir de novo aos USA ... Penso que este é o cálculo do lado do Tio Sam. Posso estar completamente enganado; até gostava de estar completamente enganado, mas o cenário para os povos da UE é realmente negro. Os dirigentes ocidentais traíram os seus eleitores, só que estes ainda não o sabem e quando o souberem, já será tarde demais.
Só desejo que os povos da Europa aprendam, duma vez por todas, com a dura lição que está a desabar em cima de suas cabeças.
sábado, 2 de abril de 2022
CRÓNICA (nº5) DA IIIª GUERRA MUNDIAL: UM RESET PODE ESCONDER UM OUTRO.
PS2 : Vale a pena ler na íntegra o artigo muito rigoroso e lúcido de Ellen Brown, autora célebre nos EUA. Ir para: The Coming Global Financial Revolution
VER:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial_13.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial_24.html
sábado, 16 de outubro de 2021
GRANDE ENTREVISTA de J.-J. SEYMOUR a PIERRE JOVANOVIC (em francês)
A NÃO PERDER ...
Fala da prostituição da media,
Da dependência do presidente Macron em relação aos sauditas
Do facto do mediático Bernard Henry Lévy ser estipendiado pelo Qatar
Da campanha incessante contra Erdogan
Dos motivos da CIA para fazerem a guerra encoberta à Turquia
Do papel fundamental do Bósforo no comércio mundial
Das perspetivas florescentes da Turquia e Ásia Central,
Da saúde económica e financeira da Turquia
Do contraste com a Europa, principalmente a do Euro
Do endividamento da banca francesa e europeia
Do desequilíbrio causado pelo Euro, a favor da Alemanha
Da liberdade de indumentária e da segurança nas ruas de Istambul
E muito mais.
Um vídeo recheado de informação!
domingo, 27 de junho de 2021
AINDA NÃO SABE, MAS A SUA NOTA DE 20 € EM BREVE, VALERÁ APENAS 2
(... e a moeda de 2€, valerá 20 cêntimos, claro!)
segunda-feira, 4 de janeiro de 2021
NA ECONOMIA, «BOM ANO» DE 2021?
Abaixo, tentarei fazer uma síntese do que Charles Sannat apresentou neste vídeo, juntando a minha avaliação própria.
Primeiro, a questão da «crise do COVID»: Quando temos um Bill Gates a vaticinar que a crise do coronavírus não vai desaparecer antes de 2022, dá um arrepio na espinha, pois ele e seus congéneres «previram» em 2019 o essencial do que se passou ao longo do ano 2020.
Segundo, as empresas ficam totalmente dependentes de ajudas dos governos, não apenas nos EUA, como na UE e noutras economias desenvolvidas. Estas empresas não irão ter subsídios eternamente e, nalgum momento, os subsídios irão parar. Nessa altura, haverá uma aceleração do desemprego. Se os bancos centrais continuarem a imprimir divisas como no ano passado, vão desencadear uma crise de hiperinflação. Neste caso também, haverá destruição acelerada de empresas e de postos de trabalho.
Nos gráficos abaixo, da Reserva Federal de St. Louis, pode-se ver o que se passa nos EUA.
Nos países europeus*, tanto do Euro, como os outros, a situação é substancialmente a mesma: um crescimento vertiginoso da massa monetária, do endividamento estatal e, tudo isto, com um pano de fundo de séria depressão da economia.
* Nota: No caso do ECB e outros bancos centrais, os gráficos revelam situações bastante semelhantes ao que se passa com a Reserva Federal Americana.
https://fred.stlouisfed.org/series/MABMM301USM189S
Terceiro, a descolagem completa da finança em relação às realidades de economia produtiva vai acelerar. Os valores bolsistas já estão, em geral, completamente dissociados do valor real das empresas cotadas e das suas performances, em termos de produção e de lucro.
O que se observa agora com a economia financeirizada dos países ocidentais, é aquilo que se observou nas crises económicas e financeiras, que levaram à bancarrota o Zimbabué e a Venezuela: uma fuga para a frente, com multiplicação da impressão monetária, conjugada com o desejo do público salvar as suas poupanças, consciente de que o valor das moedas estava a ser destruído. As pessoas aplicavam tudo o que tinham em acções das bolsas. Nesta fase, as bolsas da Venezuela e do Zimbabué obtiveram subidas espectaculares, mas o valor em termos reais dessas acções, descia mais depressa do que as subidas nominais.
No geral, mantenho o que afirmei na minha avaliação periódica OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA - PARTE IX. Convido-vos a ler e discutir esta e outras análises, pois o colapso (termo usado também por Sannat) não está longe; está em cima das nossas cabeças e , por isso, temos de saber muito bem o que fazer nestas circunstâncias.
Estão todos/todas convidados/as a escrever comentários sobre estes temas. A discussão é livre no meu blog; podem exprimir vossas opiniões sem censura, aqui!
segunda-feira, 27 de julho de 2020
É SÓ UMA QUESTÃO DE TEMPO...
Estou a falar do desenvolvimento da grande crise, supostamente causada pelo coronavírus, mas que - na realidade - deriva inteiramente da incrível dívida que se tem vindo a acumular, ao nível mundial.
São cerca de 4 quadriliões de dólares de dívidas no total mundial, de Estados, empresas e indivíduos. Um número com 4, seguido de 15 zeros!
A possibilidade dessa dívida jamais ser cobrada, está para além da mais fantasiosa imaginação. É absolutamente impagável.
A oligarquia sabe-o e não é de agora; simplesmente, tem aproveitado a situação da melhor forma (para seus interesses), à custa da saúde da economia mundial.
Desde que Nixon descolou o dólar do ouro em 1971, a «impressão monetária» tem sido o «instrumento de governação financeira nº1» de todos os governos.
A história não serve de lição aos políticos, nem - tão pouco - aos economistas ao serviço do sistema: Ambos têm sido beneficiados com as migalhas que caem do banquete da oligarquia.
Mas o crescimento - durante décadas - da dívida, tanto pública como privada, significa que muitas das empresas e não poucos Estados estão na bancarrota, tecnicamente.
Chegou-se a um ponto em que o serviço da dívida, que inclui juros cada vez mais pesados, é incomportável para o orçamento de cada Estado.
A maneira de disfarçar isso é de inflacionar. É fazer com que o dinheiro corresponda a cada menos valor, a muito menos poder de compra.
A explicação que dão os economistas «mainstream» para a suposta necessidade de inflação seria a de um efeito psicológico sobre os consumidores, que assim teriam a sensação de que a economia está «a crescer» e portanto, seriam mais inclinados a gastar dinheiro. Por outro lado, a inflação vai diminuir a carga de juros e de prestações de capital em dívida, se um empréstimo for a taxa fixa, o que - no longo prazo - confere vantagem ao devedor.
Simplesmente, a economia não se esquematiza da forma simplista como estes economistas «certificados» a entendem. No cômputo geral, deve-se ter em conta o declínio do poder de compra de salários e pensões, tanto maior, quanto maior for a inflação:
Como - infelizmente - nem aos assalariados, nem aos pensionistas lhes é reconhecido o direito de aumento automático na mesma proporção da inflação, eles vão perdendo capacidade aquisitiva à medida que vai passando o tempo, mesmo num contexto de inflação dita «baixa».
Chega-se ao ponto de ruptura quando as sociedades, até então usufruindo de bem-estar generalizado, começam a sofrer o empobrecimento rápido das várias camadas laboriosas. Na mesma ocasião, uma minoria ínfima de especuladores consegue acumular e enriquecer muito mais, sem gerar qualquer coisa real, em termos de bens ou serviços.
Na UE, com o pacote decidido recentemente pelos Estados membros, permitindo que as dívidas (sobretudo as do Sul) sejam garantidas pelo Norte, o euro caminha para um processo inflacionário acelerado, mesmo que os míopes declarem que as constantes injecções de biliões de euros, saídos do nada, não terão efeitos na inflação:
Não apenas terão efeitos visíveis, como desencadear inflação é justamente um dos objectivos dos governos da UE e do Banco Central Europeu (BCE).
A destruição do valor dos meios de subsistência - que são os salários e as pensões - é sempre passada sob silêncio, como se a economia fosse independente da população.
Com efeito, se aumenta a massa monetária em circulação, por exemplo, por um factor de 50%, é inevitável que os preços disparem, porque a quantidade de bens e serviços transaccionáveis irá manter-se sensivelmente a mesma, mas a quantidade de dinheiro disponível para a adquirir, vai aumentar: Se um quilo de laranjas valia 1 euro antes, agora vai valer 1,5 euros.
Dizem-me que a enorme crise de produção resultou numa escassez de bens e serviços, havendo uma retracção da economia e logo uma severa deflação; dizem-me também que o aumento da massa monetária não irá implicar inflação mais acentuada, porque terá pela frente o fenómeno contrário. Uma situação deflacionária tem toda a probabilidade de se verificar agora, em relação a determinados bens: equipamentos, automóveis, imobiliário, bens de «prestígio» e de «luxo», etc.
Mas, pode muito bem ocorrer - em simultâneo e em paralelo - com uma inflação acrescida, incidindo sobre os bens de consumo corrente, como alimentos, transportes públicos e fornecimento de serviços diversos, desde restauração a cabeleireiros.
Tudo isto é provável que esteja a acontecer, mas é ocultado pela descarada falsificação dos números oficiais da inflação. Com efeito, uma pessoa sente no quotidiano a generalização do aumento dos preços, mas ela deverá ser quantificada pela estatística.
Em Portugal, a fraca informação, não atempada e claramente distorcida, para favorecer o governo, faz parte da panóplia que permite manter um nível de salários e pensões próximo, ou ao nível da indigência, em muitos casos.
O disparar da inflação irá ocorrer, inevitavelmente, quer a nível nacional, com a acumulação de divida pelo Estado e particulares, quer na Comunidade Europeia, com os défices crónicos das balanças de pagamentos de todos os países do Sul. Tristemente, o único remédio que os dirigentes conhecem (ou estão disponíveis para aplicar), face ao crescimento incipiente, ou à estagnação, é a acumulação de mais dívida.
Por isso, é apenas uma questão de tempo, até a hiperinflação se desencadear. Não será nada bonito de se ver, pois irá acompanhar-se dum imenso sofrimento social.
Mas, a oligarquia pretende levar as coisas ao extremo, seguindo a estratégia de «choque e pavor», ou de «problema- reacção - solução». Desta forma, pretende perpetuar-se no poder, fazendo o tal «Great Reset» à sua medida, isto é, na forma que permita conservar o essencial dos seus privilégios.