Mostrar mensagens com a etiqueta Territórios do Don. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Territórios do Don. Mostrar todas as mensagens

domingo, 2 de outubro de 2022

A EUROPA METEU-SE NUM BECO SEM SAÍDA

   Maidan (2014) a violência do golpe de Estado, instigado e apoiado pelos Ocidentais

Quando diversos governos europeus se precipitaram, na sequência da invasão russa da Ucrânia, para executarem as sanções, é notável que um certo número destas, como a expulsão dos Bancos russos do sistema SWIFT, ou a tomada (não o congelamento) das reservas em divisas detidas pelo Banco Central da Rússia, não tivessem sido jamais consideradas como possíveis, publicamente. O efeito devastador de tais sanções inéditas seria de causar um colapso da economia da Rússia, a sua descida subsequente no caos e a revolta contra Putin e o seu governo. Estas expectativas foram, nessa altura, enfaticamente afirmadas pelos governos atlantistas e seus propagandistas. Essa tal ênfase, faz-me pensar que estavam 100 % confiantes do seu resultado.
O facto é que a economia e o próprio Estado russo se tinham estado a preparar para esta guerra económica, desde que verificaram o papel dos ocidentais no golpe de Estado na Ucrânia, o golpe dito de Maidan, que derrubou um governo legítimo e instalou forças nacionalistas, chauvinistas, as piores de que há memória, desde o fim da IIª Guerra Mundial. Eu lembro-me perfeitamente das declarações histéricas de certos líderes do triunfante golpe de Maidan em 2014. A perseguição furiosa aos elementos russófonos, foi ao ponto de uma guerra de extermínio, de etnocídio, contra uma parte do próprio povo ucraniano. As províncias do Don eram províncias russas ofertadas por Lenine à república soviética da Ucrânia em 1922, a Crimeia foi povoada por russos desde o final do século XVIII, e estes são muito maioritários nesta península. Por outro lado, houve impunidade total dos elementos (conhecidos) pelo bárbaro crime de imolação pelo fogo de mais de 40 pessoas que se refugiaram no edifício dos sindicatos, em Odessa (outra cidade claramente russófona). Em consequência do ataque violento à sua cultura, às suas propriedades, meios de subsistência e -sobretudo- à sua própria vida, os russófonos da Ucrânia foram empurrados para a guerra civil pelos bandidos de extrema-direita. Estes foram chamados, eufemisticamente, pelas chancelarias e pelos órgãos de imprensa, de «nacionalistas», quando na verdade, integravam uma extrema-direita nazi, em continuidade com a divisão SS formada por ucranianos durante a IIª Guerra Mundial e culpada de inúmeros massacres e atrocidades.
Nada do que ocorreu durante estes oito anos, incluindo a invasão russa e a recente inclusão as ex-províncias ucranianas de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, no território da Rússia, teria acontecido, se europeus e americanos, desde 2014, não tivessem jogado no confronto e na provocação com a Rússia, às suas fronteiras, nesta área tampão extremamente complexa do ponto de vista das etnias, da História, etc.
Todo este jogo absurdo, por parte dos governos da Europa ocidental, mostra até que ponto eles são vassalos do poder de Washington. Com efeito, é este que mantém a Europa refém e «protege-a», assim como os gangsters «protegem» os comércios que lhes pagam um tributo. A cobardia e corrupção dos seus dirigentes políticos, é o que torna viável o jogo americano. Ao ponto de se aplicar perfeitamente a interrogação retórica, «com amigos assim, para que são precisos inimigos?»
Agora, estamos perante uma classe política que não sabe o que fazer. Toda ela está totalmente impotente para evitar os rigores de austeridade, de inflação galopante, de miséria e de fome, causados nos respetivos povos pela sua própria estupidez. O povo e os trabalhadores já percebem e não perdoarão. Os dirigentes europeus embarcaram numa violenta guerra de sanções, em proveito alheio (Washington) sem sequer se precaverem das (prováveis) consequências de ficarem cortados dos principais fornecimentos de gás, petróleo, adubos e cereais! Absurdo, mas verdade. Incrível, mas autêntico. Nada nem ninguém poderá negar a evidência dos factos.
Todos os dados apontam para isto. Os governos europeus da OTAN caíram na armadilha, que seu «suserano» os EUA, lhes pregou, para os ter na mão.
Tinham ainda uma pequena «tarefa» a fazer para dar o golpe final. A sabotagem, tornando inviáveis, no curto e médio prazos, os fluxos de gás dos gasodutos NS 1 e NS2. Assim a Alemanha e outros, não iriam poder retomar as importações de gás russo. A saída diplomática da guerra é do interesse dos europeus ocidentais, além de ser - obviamente - vital para o povo ucraniano. Mas, encontrar uma saída diplomática, é aquilo que Washington mais deseja evitar, no  presente conflito no Leste da Europa.
Penso que as circunstâncias em que se encontra a Europa ocidental hoje, podem causar um choque de tomada de consciência. Não creio possível a continuação da pantomima de que os Americanos são «amigos» e «aliados» dos europeus:
- O dólar joga claramente contra o euro e agora contra a libra: OS MEIOS FINANCEIROS, A COMEÇAR PELA FED E POR WALL STREET, agem como inimigos dos europeus, querem captar as suas indústrias mais valiosos, as indústrias de ponta. Eles querem que a Europa se desindustrialize, para as melhores indústrias europeias se instalarem nos EUA. Estas indústrias beneficiarão de regimes especiais de proteção. As economias dos países ocidentais, sobretudo as dos mais poderosos, são agora privadas do acesso às fontes de energia seguras e baratas, para depois serem saqueadas e exportadas (as mais interessantes) para territórios do Tio Sam.
O que digo acima é evidente. Pois, de uma forma ou de outra, é exatamente o que JÁ OCORRE DEBAIXO DO NOSSO OLHAR. Talvez eles consigam salvar a sua economia da hecatombe, à custa da hecatombe dos seus «amigos e aliados» europeus. Mas, será isto um verdadeiro triunfo?

 ALGUMAS REFERÊNCIAS RELACIONADAS:

https://thecradle.co/Article/Columns/16307

https://consortiumnews.com/2022/09/30/scott-ritter-the-onus-is-on-biden-putin/

https://www.nakedcapitalism.com/2022/09/michael-hudson-on-the-euro-without-germany.html

https://www.youtube.com/watch?v=2wpMMSvKUTU

https://www.globaltimes.cn/page/202209/1276456.shtml

https://www.unz.com/article/nordstream-the-signal-that-washington-knows-it-has-lost-the-great-game/


PS1: Agora, que Blinken classificou (na Sexta feira passada, 30 de Set.) as explosões dos gasodutos no Báltico como «uma tremenda oportunidade» ou seja, agora, os europeus têm de comprar LNG americano em grande quantidade, não há mais lugar para dúvidas. A húbris da administração Biden é reveladora de QUEM fez essas sabotagens. Não me custa crer que os americanos tiveram a colaboração operacional dos britânicos e polacos e conhecimento prévio dos membros da NATO do Báltico, Alemanha, Dinamarca, Suécia. Veja:

 https://www.zerohedge.com/geopolitical/blinken-calls-sabotage-attacks-nord-stream-pipelines-tremendous-opportunity

Se os Estados da Europa ocidental tivessem governos nacionais e não fantoches, esta situação deveria conduzir à rutura com os EUA e ao rebentamento da própria NATO.
https://www.unz.com/runz/american-pravda-of-pipelines-and-plagues/


PS2: A candidatura da Ucrânia à «entrada de emergência» na NATO, teve como resposta um frio «NÃO» do lado da NATO. Aos americanos, obviamente, não lhes interessa que a Ucrânia esteja dentro da NATO. Querem que a Ucrânia lute contra a Rússia até à exaustão das suas forças, mas sem alastramento à NATO, o que iria certamente significar uma guerra direta NATO-Rússia.