PODERIO MILITAR
sábado, 18 de novembro de 2023
4 FRAGILIDADES DO IMPÉRIO [ Parte II]
PODERIO MILITAR
domingo, 13 de agosto de 2023
TALIBAN ERRADICAM 90% DAS CULTURAS DE ÓPIO- NUM ANO !
TALIBAN ERRADICAM 90% DAS CULTURAS DE ÓPIO- NUM ANO ... Mas, os americanos «não conseguiram» fazê-lo em mais de 20 anos!
Um marine, à esquerda, colhe uma flor de planta do ópio (2012). Um camponês (à direita) parte os caules de plantas do ópio durante a campanha de erradicação de 2023
Um artigo muito bem documentado e que diz a verdade sobre a invasão em 2001 e a permanência americana no Afeganistão:
Do artigo acima, traduzo um excerto:
«Os proprietários da Purdue Pharma, têm sido frequentemente descritos como a família mais maléfica da América, havendo muitos que lhe atribuem a responsabilidade dessas centenas de milhares de mortes por «overdose», sem hesitação. Em 2019, debaixo dos milhares de processos contra a empresa, Purdue Pharma abriu falência. Após um ano, assumiu-se culpada das acusações de crime sobre as práticas de marketing antiéticas do OxyContin (nome comercial do opiáceo sintético).
Consulte também:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/05/opio-e-retirada-dos-americanos-do.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/01/epidemia-de-opioides.html
quinta-feira, 10 de agosto de 2023
TODOS OS IMPÉRIOS TÊM UM FIM. PODERIO DOS EUA PERTO DO COLAPSO
- https://www.armstrongeconomics.com/world-news/civil-unrest/just-us-the-rising-tide-of-civil-unrest/
- https://goldswitzerland.com/keeping-your-head-amidst-debt-blind-madness/
- Armstrong mostra como o sistema de justiça americano, ao contrário do estipulado na constituição, está permanentemente a produzir julgamentos monstruosos, nomeadamente porque o indiciado é fortemente pressionado a aceitar dar-se como culpado, em troca de uma sentença mais leve, mesmo quando ele está inocente, porque para poder provar sua inocência é preciso ter-se um grande poder económico, para se contratar um escritório de advogados com peso. Mesmo neste caso, não está garantido que a inocência do indiciado seja reconhecida, dado que a máquina da justiça está praticamente nas mãos do partido democrata e de seus homens de mão.
Matthew Piepenburg mostra como a política financeira e fiscal dos EUA têm sido um completo disparate, indo contrariar não apenas todas as escolas de economia, como o próprio bom senso. O facto da dívida ser cada vez mais pesada e ingerível, não parece incomodar quem controla as finanças do país: Tanto Powell, como Janet Yellen são demasiado cultos para «se enganarem» desta maneira. Eles apenas estão a fazer um exercício de ilusionismo junto do público. Porém, o presente agravamento da situação financeira e monetária, não pode conduzir a outro desfeche, senão à catástrofe.
Ambos os artigo são dignos de uma leitura atenta. Mas, eu resumi o seu conteúdo para o que vem a seguir.
A denegação é um sintoma de psicose, de persistência no erro: Como dizia Einstein, um sinal de loucura é fazer-se sempre a mesma coisa, obtendo um mesmo resultado, mas repetindo na esperança de que seja diferente.
A população americana não é responsável inteiramente pelo que seus políticos andam a fazer, pois ela é doutrinada desde a infância sem ter - salvo exceções - possibilidade (ou curiosidade) de se confrontar com outras leituras das realidades política e económica.
A media reforça constantemente as inanidades que passam por «reflexão» política e económica, tornando tudo o que se passa opaco à maioria. O seu domínio da narrativa equivale a um totalitarismo «brando», mas que cumpre a sua função de aceitação do status quo pelas massas. Estas nunca questionam o seu fundamento.
Quanto ao exercício do controlo internacional manu militari, também conseguiram «naturalizar» isso. Muitos americanos estão realmente convencidos da sua «excepcionalidade» e da «missão» do seu país em manter uma «ordem internacional baseada em regras».
As coisas funcionaram muito bem, com vantagem para os EUA, durante longo tempo. O dólar - desde 1944 - tem sido a moeda de reserva hegemónica (exorbitante privilégio, Giscard D'Estaign dixit). A instrumentalização do dólar foi possível graças ao poder militar: A capacidade de invadir, bombardear, subverter regimes que tivessem a veleidade de resistir à «versão americana da democracia». Este facto esteve e está diante dos olhos dos povos e de seus dirigentes. Sem esta superioridade militar esmagadora, não seria possível manter o modo de chantagem permanente a numerosos regimes, incluindo neutrais e mesmo aliados de Washington. Porém, o Mundo está a assistir a uma perda acelerada da eficiência militar, comprovada pelos fiascos das guerras do Afeganistão, Síria e até da Ucrânia. Os EUA já não são a potência com superioridade militar inquestionável que foram, até há bem pouco tempo. Com orçamentos muito mais baixos de despesas militares, tanto a Rússia como a China, têm mostrado a superioridade dos seus armamentos sofisticados. Vários países do Terceiro Mundo (Turquia, Arábia Saudita, e muitos outros) até há bem pouco tempo clientes exclusivos dos EUA, estão a fazer fortes jogadas para se aproximarem dos BRICS, têm adquirido sistemas de mísseis avançados aos russos e têm «de-dolarizado» a grande velocidade. Estas mudanças são muito significativas, estão realmente a acontecer diante dos nossos olhos e os dirigentes ocidentais sabem-no bem. Eles também sabem o que isso significa, mas vão continuar a fazer de conta, para iludir os cidadãos de seus próprios países.
Dizer que o colapso é inevitável, que o colapso fará com que o dólar não mantenha o poderio monetário e financeiro dos EUA, como também afetará todos os planos, não é mais do que uma constatação banal, hoje em dia. Mas, note-se que a mesma afirmação, há muito pouco tempo, suscitava um coro de críticas e sátiras, apodando quem se atrevesse a afirmá-lo de epítetos nada bonitos. Agora, os que, orgulhosos, «enchiam o peito» para proclamar a solidez do Império, estão calados ou estão a esgrimir com a realidade, num estilo realmente patético.
Foto aérea do Pentágono, símbolo do poderio militar dos EUA, retirado do artigo de Caitlin Johnstone.
Espero que as pessoas que me lerem percebam que eu não estou a escrever isto com triunfalismo. Qualquer império acaba: Tem uma ascensão, até um zénite e depois um ocaso. A minha preocupação é o grau de violência que acarreta a queda de um império. Não vale a pena retraçar o destino dos impérios, desde a antiguidade, neste curto artigo. Mas, podeis consultar obras que descrevem os acontecimentos históricos da decadência e queda de vários impérios.
Na era nuclear, tanto nos países detentores de armas nucleares, como nos outros, é importante que se erga uma consciência verdadeiramente cidadã e global: Isto será o maior dissuasor face aos responsáveis políticos e militares desses países, para que eles não subam a tensão com seus adversários e não se sintam «justificados» em utilizar armas nucleares.
quarta-feira, 26 de outubro de 2022
RULES BASED ORDER; O QUE É, AFINAL?
sábado, 2 de abril de 2022
CRÓNICA (nº5) DA IIIª GUERRA MUNDIAL: UM RESET PODE ESCONDER UM OUTRO.
PS2 : Vale a pena ler na íntegra o artigo muito rigoroso e lúcido de Ellen Brown, autora célebre nos EUA. Ir para: The Coming Global Financial Revolution
VER:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial_13.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial_24.html
quinta-feira, 24 de março de 2022
CRÓNICA (nº4) DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL - ECONOMIA, O NERVO DA GUERRA
É atribuída a Napoleão a expressão de que «o dinheiro é o nervo da guerra». Ou, por outras palavras, é o fator que mais importa, numa guerra. O facto continua a ser verdadeiro, hoje. Embora as guerras do século XIX sejam tão diferentes, em muitos outros aspetos, das guerras atuais. Para não irmos demasiado longe, as guerras levadas a cabo pelo império Yankee, apenas no século XXI, tiveram todas elas uma forte componente económica por detrás:
- Antes de mais, a necessidade de vender equipamento militar, incluindo novos armamentos, que a indústria de guerra americana constantemente produz. O lobby da indústria dos armamentos é um dos mais poderosos com influência muito vasta em Washington;
- O acesso às matérias-primas e fontes de energia: O Afeganistão possui recursos minerais cobiçados por multinacionais, o Iraque, a Líbia, a Síria e o Iémen têm petróleo. O controlo das matérias-primas estratégicas, assim como dos combustíveis fósseis, é considerado um argumento válido para se fazer a guerra, para os falcões que enxameiam os estados -maiores e «think-tanks» da NATO. Lembro-me que, do lado americano, por alturas da invasão do Iraque, argumentavam que a «guerra se pagaria a si própria» com as «royalties» do petróleo. Estas, seriam vertidas nas contas dos EUA, como «indemnizações de guerra».
Note-se que os americanos não tardam em tomar de assalto o banco central nos países invadidos e a roubarem o ouro. Na sequência do golpe da Maidan, ficaram com as toneladas de ouro do banco central da Ucrânia, à sua «guarda» e não o devolveram, nem nunca o farão. O mesmo com o Iraque, a Líbia e o Afeganistão.
As motivações, na presente guerra Russo/Ucraniana, são mais complexas. Penso que o aspeto estratégico, na perspetiva russa, ultrapassa o aspeto económico, apesar deste estar presente, ao nível das sanções e contrassanções. Parece-me que estará fora das intenções dos russos anexarem a Ucrânia. Porque haveria, em tal hipótese, somente custos, sem quaisquer benefícios: Se ocupassem permanentemente a Ucrânia, teriam de reconstruir a sua economia, teriam de a sanear, visto ela ter sido profundamente depauperada em todos estes anos de corrupção. Eles querem apenas que a Ucrânia seja um Estado neutro, com um relacionamento normal e não hostil, com a vizinha Rússia.
Aqui, jogam considerações geoestratégicas, joga também uma visão integrada do que se passa na esfera económica. Em vez de uma guerra para tomada de matérias-primas, ou outros recursos*, trata-se de uma guerra imposta pela pressão constante dos EUA/NATO, sobre as fronteiras da Rússia. Esta, não podia continuar a fazer de conta que não era grave para a sua existência, enquanto nação independente. A história da guerra atual deverá recuar, pelo menos, a 1991. Deverá registar e analisar as muitas peripécias dramáticas e trágicas, incluindo o golpe de Maidan. Além disso, em todos os anos do Século XXI, os EUA e seus aliados estiveram envolvidos diretamente, ou através de forças por eles apoiadas, em guerras regionais.
Na perspetiva russa, a possibilidade da NATO incluir oficialmente a Ucrânia - já com extensa colaboração com a NATO - implicava o risco de que os russófobos mais extremos tivessem acesso a sofisticados mísseis e armamento nuclear. Com efeito, Zelensky na Conferência de Segurança de Munique de 2022, sugeriu que a Ucrânia deixaria de subscrever o acordo de Budapeste, segundo o qual a Ucrânia renunciava a possuir ou estacionar armamento nuclear. Por outro lado, a tresloucada declaração de Stoltenberg da NATO, com certeza incitada pelos americanos, de que a cada queixa russa, iram redobrar as forças e dispositivos da NATO, às fronteiras da Rússia, soou-me como uma declaração de guerra da NATO, como um momento funesto de húbris, de rejeição de qualquer abertura negocial e de provocação para o desencadear a guerra.
A invasão da Ucrânia, pode-se pensar que foi uma má jogada de Putin. Porém, ela foi explicada ao povo russo e este - na sua imensa maioria - aceitou a explicação. Segundo Putin, não podia ser de outro modo, pois os americanos e a NATO estavam a tentar realmente «apontar uma arma à cabeça da Rússia».
A guerra que se está a desenvolver tem muitos aspetos militares complexos. Um dos mais notórios, é as forças russas terem começado por neutralizar toda a força aérea, todas as defesas antiaéreas e toda a frota dos ucranianos. Depois, graças a uma penetração muito rápida no Leste, para bloquear qualquer tentativa de invasão dos territórios separatistas do Don, o exército russo cercou, em grandes áreas, o que eles chamam «caldeirões», as forças ucranianas. Estas, estavam concentradas no Leste (cerca de 75 a 60 mil homens), prontas a atacar as repúblicas autónomas de Donetsk e de Lugansk. Progressivamente, as forças russas fecharam o cerco e agora estão a encerrar o remanescente das brigadas ucranianas em «caldeirões» mais pequenos. Esta é a ação militar mais relevante, no terreno, pois estas forças ucranianas são a melhor parte do seu exército.
A cidade de Mariupol, na costa do Mar de Azov, foi cercada e, perante a resistência das tropas sitiadas, tem vindo a ser conquistada em lutas urbanas. Não há utilização maciça da força aérea, pois os russos não pretendem arrasar a infraestrutura. É isso que leva alguns agitados ocidentais a gritar que as forças russas estão a encontrar dificuldades. Querem alimentar a falsa esperança, de que as forças ucranianas conseguem contra-atacar. Mas, isto é completamente ilusório.
No caso de Kiev, é particularmente notório que a estratégia russa tem sido de poupar a capital, de poupar o próprio governo, pois precisam de ter interlocutores com quem negociar um cessar-fogo e uma paz. Se eles quisessem arrasar as urbes, não teriam qualquer dificuldade em fazê-lo. Como prova disso, basta notar como os mísseis certeiros, disparados de enormes distâncias, liquidaram centenas de mercenários em dois acampamentos, que se situavam perto da fonteira com a Polónia.
O chinfrim sobre a «zona de exclusão aérea», era apenas propaganda dos mais extremistas da NATO, ou pró-NATO, sem substância alguma. Aliás, a impossibilidade de tal coisa, foi reconhecida pelo presidente Joe Biden. Se existe uma exclusão aérea, é aquela que os russos impuseram. Não há aeronave que possa cruzar o espaço aéreo ucraniano, sem ter autorização deles.
O número de falsidades propaladas pela media ocidental sobre o desenrolar da guerra, é também aumentado pelas mais incríveis histórias que são reproduzidas, sem «fact-checking»: São meras peças de ficção, oriundas do governo ucraniano, ou dos seus partidários. Acossado em Kiev, o governo Zelensky não é autorizado, pelos americanos, a negociar um cessar-fogo, só a arrastar as negociações. Os partidários do governo de Kiev fazem a «guerra informativa», já que perderam a guerra no terreno. É por demais evidente que os EUA e a NATO estão a assoprar os ventos da guerra, incitando à formação de legiões de mercenários e despejando armas de todo o tipo**. A esperança (vã) dos dirigentes dos EUA/NATO, é que a guerra se prolongue, o mais tempo possível. Isto implicaria mais mortes (inúteis) e destruições avultadas. Eles esperam que haja uma espécie de guerrilha mas, de facto, estão completamente enganados.
Não se trata do Afeganistão. Os russos conhecem muito bem o território e as gentes. Além disso, devem ter planeado a invasão com muita antecedência. Têm mostrado grande precisão no que toca à «inteligência militar»: Inúmeros depósitos de combustível, de munições, de partes suplentes para veículos do exército ucraniano, foram destruídos. O modo como as forças russas têm atuado, indica que querem sobretudo quebrar a resistência do exército. Para tal, manobram para cercar as forças militares ucranianas e depois bombardeiam até estas se renderem, ou ficarem fora de combate. Eles estão a evitar a tomada de cidades, com exceção de Mariupol e de mais duas ou três, de pequeno tamanho. Os russos querem evitar muitas baixas civis e grandes destruições. Tanto Kiev, como Kharkov, estão isoladas. Mas, não é um cerco total, há saídas possíveis, porque querem que o máximo de gente fuja destas cidades.
Do ponto de vista técnico-militar, vários especialistas militares americanos têm dito que a guerra - para as forças ucranianas - está perdida. Isto, porque não existe a possibilidade duma unidade (uma divisão, ou brigada) se coordenar com outra. Só assim poderiam travar a ofensiva russa e desencadear uma contraofensiva. Os que agitam histórias fantasiosas «a favor» da Ucrânia, não estão a fazer favor nenhum à Ucrânia e às suas forças armadas. Quanto pior for o estado das forças armadas sobreviventes, no fim da guerra e quanto mais durar a sua resistência, sem benefício tático nenhum, pior serão as situações, militar e política, futuras. Uma Ucrânia, como Estado independente, precisa de um cessar-fogo, de negociações e duma situação de paz. É isso que os imperialistas americanos mais temem: a paz. Pois, eles têm realmente uma visão imperial dos povos. O povo ucraniano só lhes serviu para desestabilizar a Rússia, esta é a sua obsessão.
Creio que a Rússia está muito bem preparada para enfrentar o boicote, o embargo total pela Europa e pelos EUA; muito melhor do que estes jamais pensaram. A arrogância dos que se julgam (ainda!) donos do mundo, está levá-los a descolar completamente da realidade. As sanções contra a Rússia só têm fortalecido a aliança Sino-Russa. Contrariamente à mentira propalada no Ocidente, muitos países continuam a ter relações diplomáticas, comerciais e outras, com a Rússia. Pelo contrário, devido à vaga de sanções anti Rússia, o Ocidente já «garantiu» para si próprio, uma recessão severa que se irá abater, sobretudo, na Europa ocidental.
Do ponto de vista global, tanto no plano económico, como das alianças políticas e militares, o bloco ocidental fica cortado de toda a espécie de trocas com mais de metade da população mundial e de boa parte das matérias-primas estratégicas. Perde também mercados importantes para seus produtos. Mas, o pior seria o seguinte: Se houver uma escalada de sanções contra a China e, em retaliação (muito provável), cessarem as exportações chinesas para os EUA e Ocidente, será o golpe mais devastador para as nossas economias.
A loucura dos dirigentes ocidentais deve-se ao seu sentimento de superioridade, a um racismo muito profundamente entrincheirado no seu subconsciente, que transmitem aos seus povos respetivos. Daí, a onda de histeria, que se observa agora nas populações ocidentais. Os que glorificam os dirigentes imperialistas ocidentais e demonizam Putin e o povo russo, os que mentem, não somente impedem que o público tenha uma imagem objetiva do que se está a passar; estão a ser coniventes de crimes.
--------------
(*)Embora, caso os russos capitulassem, os imperialistas iriam explorar os recursos riquíssimos da Rússia, tal como fizeram na era de Yeltsin e como têm feito no Terceiro Mundo.
(**) o perigo destas operações é que as armas vão parar ao mercado negro, as que não são destruídas pelos russos, assim que passam a fronteira.
__________________
PS1: Faço notar que o Mundo já estava a braços com uma crise profunda, a qual não foi causada pela guerra na Ucrânia, nem pela pandemia covidiana. Os media irão martelar que as subidas de preços, a escassez de bens essenciais, o desemprego e todo os males do mundo se devem exclusivamente à situação de guerra. Porém, a realidade dos mercados mundiais mostra-nos que o mesmo se passaria, quer houvesse, ou não, crise ucraniana, pois as raízes do mal são profundas e têm a ver com o sistema financeiro mundial. Leia o esclarecedor artigo de Egon von Greyerz sobre esta questão:
https://goldswitzerland.com/all-hell-will-break-loose/
PS2: Publiquei sob o mesmo título genérico, «CRÓNICA DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL», os seguintes artigos neste blog:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial_13.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial.html
PS3: Em resposta à exigência russa de pagamento em rublos para as suas exportações de combustíveis, sobretudo gás, a UE estabeleceu contrato com os EUA para entrega de gás liquefeito LNG, em navios-cisternas.
PS4: O vídeo AQUI coloca a questão da divisa de reserva (o dólar, até agora) e a sua relação com os sistemas de pagamento SWFT, o sistema CIPS, chinês e o significado das mudanças em curso.
PS5: Fala-se de «nova Guerra Fria» e do consequente aumento das despesas militares. Porém, nos piores momentos da Guerra Fria Nº1 (guerras da Coreia e Vietname), a despesa militar dos EUA foi menor do que AGORA !
https://consortiumnews.com/2022/03/25/warnings-for-washington-about-cold-war-2-0/
sexta-feira, 11 de março de 2022
CRÓNICA (nº1) DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL - MÚLTIPLOS TIROS NO PÉ
Vivemos em tempos interessantes; interessantes, no sentido de algo inédito. Não é todos os dias que se observa um Império a desmoronar-se. Pois creio, sinceramente, que é este espectáculo que temos diante dos nossos olhos.
O gigante americano ficou ébrio da vitória sobre seu arqui-inimigo, a URSS. Desde então (1991), tem multiplicado as agressões. Começou depressa e em solo europeu. Lembremos que foi por sua iniciativa e com ajuda do governo vassalo da República Federal da Alemanha, que começou o desmembramento da República Federativa da Jugoslávia. O Ocidente mostrou particular raiva contra os sérvios, que sempre foram russófilos. Toda a história da horrível guerra civil jugoslava está manchada pela ingerência «humanitária» (criminosa, na verdade) dos ocidentais, com ou sem a capa da ONU, até ao ponto máximo da guerra dita do Kosovo (1999), em que foi bombardeado pela NATO um país europeu, a Sérvia, que não estava a ameaçar nenhum membro daquela Aliança. Foi um crime de guerra, agravado pelo facto de terem efetuado bombardeamentos aéreos indiscriminados, matando e ferindo inúmeros civis, nomeadamente, em hospitais e noutros locais sem função militar, assim como na embaixada da China, um muito sério incidente diplomático.
Mas, eles não se ficaram por aqui. Como vingança contra os Talibans, que afinal de contas, tinham dito apenas que queriam ver provas de que Osama Bin Laden estava implicado nos ataques do 11/9, para o entregar às autoridades americanas, decidiram fazer um ataque-relâmpago ao Afeganistão, com «carpet bombing», ou seja, um attaque aéreo com uma densidade de bombardeamento que não deixava pedra sobre pedra, nem qualquer sobrevivente. Foi assim que iniciaram a campanha. Depois, puseram no governo de Kabul, fantoches por eles escolhidos: Senhores da guerra, subsidiados pela CIA, que se dedicavam a proteger o cultivo do ópio e a traficá-lo na Ásia Central. Também tinham interesse num projetado gasoduto, que conduziria o gás natural da Ásia Central, para portos nas costas da Ásia do Sul e daí, para o resto do mundo (projeto da UNOCAL).
Digo isto, porque as pessoas são bombardeadas pela falsa narrativa (fake news) de que «nunca tinha havido uma guerra no solo europeu desde 1945»! Com esta falsa narrativa, tipicamente orwelliana, a media mainstream está a tentar erradicar a memória do crime da chamada guerra do Kosovo. Continuam a fazer o jogo da superpotência americana e dos seus «gnomos» europeus. Quando referem a invasão e ocupação do Iraque, mostram-se falsamente objetivos, pois escondem que as causas desta invasão foram completamente diferentes. A superpotência americana não tolerava que Saddam Hussein (o ex-vassalo, que fez guerra por procuração contra o Irão Xiita, lembrem-se) se tivesse rebelado e iniciado a venda do petróleo noutras divisas (nomeadamente, o euro), que não o dólar. Isso custou-lhe a vida e de um milhão de civis iraquianos, que - supostamente - os americanos e seus aliados tinham vindo «libertar» !
Mas o monstro globalista entendeu que não era ainda chegado o momento de partilhar o poder, fosse com quem fosse. Obama e Hillary e os neocons que os apoiavam, fizeram a guerra da Líbia, outro Estado próspero. Era o Estado com mais elevado nível de vida, em toda a África. E tudo isto, porquê? Porque Kaddafi tinha tido a ousadia de propor, numa cimeira africana, uma moeda única africana (à semelhança do euro) para os africanos deixarem de entregar suas riquezas, a troco duma moeda sobre a qual não tinham qualquer controlo (em dólares e/ou euros). Para cúmulo, tinha proposto que o «novo dinar» fosse garantido pelas reservas de petróleo dos participantes e em ouro. Duram até hoje os efeitos da destruição da Líbia e sua transformação em campo de treino e ação para diversas fações da Jihad. Fizeram reverter à miséria total um país que foi rico. Foi transformado num Estado falido onde, nas praças centrais, se podem observar mercados de escravos (em pleno século XXI). Só quem está fanatizado, é que não vê os intuitos civilizacionais e democráticos do «Ocidente»!
A densidade e velocidade dos acontecimentos faz com seja difícil manter atualizada uma cronologia. Para mim, é ponto assente, que os que em 2013-14 incitaram e promoveram o golpe Neo-Nazi de «Euromaidan» (Victoria Nulan, o embaixador dos EUA na Ucrânia e o Presidente Barack Obama), deveriam sentar-se na bancada dos réus, dum tribunal penal internacional. Mas, tal tribunal teria de se guiar pelas regras do Direito Internacional para fazer justiça. Embora eu não acredite que tal aconteça, estou convicto que, para estes criminosos não haverá nunca perdão. São criminosos contra a humanidade. As pessoas que reviram os olhos e pensam que estou a exagerar, infelizmente, só "sabem" o preconceito, não sabem Direito Internacional, nem as Convenções de Genebra, nem a Jurisdição resultante dos Julgamentos de Nuremberga, nem os princípios e declarações vinculativas da ONU, etc.
Claro que nenhum dos povos-mártires vai esquecer. Só para falar dos últimos 25 anos: ex-Jugoslávia, Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Iémen. E, agora é a vez da Ucrânia, incitada pelos americanos a fazer a guerra nos territórios do Donbass, causa imediata da intervenção russa. Também não esquecerão, que têm sido objeto de bárbaras e ilegais sanções económicas, definidas (pela ONU) como actos de guerra. Têm sofrido sanções ilegais os seguintes países: Rússia, China, Irão, Venezuela, Coreia do Norte, Cuba, etc., países não alinhados com Washington. Lembro que as convenções internacionais consideram crime, o que os ocidentais fazem constantemente: Impor sanções unilaterais (ou seja, sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU), sabendo muito bem que, quem sofre é a população inocente dos crimes, supostos ou reais, cometidos pelos governos respetivos.
A loucura dos chamados «líderes» do Ocidente, chegou ao ponto de diabolizarem e encorajar atitudes raivosas e histéricas de discriminação, quando não de agressão, contra cidadãos russos. Estes, para manterem seu posto de trabalho, teriam de vir a público e por escrito declarar que estão contra Putin e contra a invasão. Estes, que não se ajoelham, mesmo que estejam de acordo com ambas as afirmações, podem recear ser destituídos da nacionalidade russa, em consequência de declaração pública, assimilável a traição. Seja qual for o motivo da recusa, os recalcitrantes são corridos, enxotados, demitidos, expulsos dos empregos. Ah! Esta União Europeia, paladina dos Direitos Humanos, estamos realmente edificados pelo seu sentido de justiça, de equidade! Que belo exemplo estão dando ao Mundo!
Agora, com as loucas sanções, o senil Joe Biden e sua coorte de neoconservadores (disfarçados, ou não) pensa estar a dar o golpe mortal à economia russa, proíbindo a importação de petróleo russo. Este constituía cerca de 7% do petróleo total importado pelos EUA, muito pouco, mas o suficiente para impedir a operação de muitas refinarias que, durante décadas, estiveram adaptadas a processar petróleo «pesado» venezuelano e, depois das sanções impostas à Venezuela (e do roubo das suas contas e de seu ouro!), recorriam ao petróleo do Yukon (Rússia) com uma composição compatível com as ditas cujas refinarias. Seria surpreendente que Biden conseguisse a reviravolta do Congresso, para anular as sanções impostas. Mas, mesmo nesta eventualidade, para a Venezuela iria demorar dois anos, responder à procura acrescida de «crude», porque teria de repor em funcionamento poços e meios para transportar o petróleo. O preço do crude e da gasolina refinada, aumentaram exponencialmente, nos EUA. Coisa que determina - em qualquer país - uma recessão económica, visto que com o preço da gasolina, sobem os preços de todas as mercadorias, dos alimentos aos produtos das indústrias que ainda lá restam. A medida recebeu um «não» da UE e dos países tradicionalmente aliados de Washington, pois atualmente dependem em 40% (petróleo e gás) em média, das importações vindas da Rússia.
É notável que a Rússia, no meio de tantos atos hostis, de sanções contra o seu banco central (ação inédita, o congelar dos ativos do mesmo), da expulsão do sistema SWIFT de muitos bancos russos etc., não tenha decidido fechar a torneira do gás e não receber novas encomendas de crude, dos países que adoptaram tais sanções.
Esta guerra é híbrida. No teatro da Ucrânia, há operações militares, com mortos e feridos, deslocados, destruição de infraestruturas. Noutro plano, o da economia e finanças, há a outra guerra, de sanções e contra-sanções. A consequência é o que estamos a presenciar em todo o mundo (inclusive, em países neutrais): os preços dos combustíveis fósseis sobem em flecha; há escassez de matérias-primas, por não-produção, ou por falta de abastecimento, ou estrangulamentos nos transportes; há receio fundado de uma crise alimentar mundial, visto que os adubos precisam de componentes do petróleo. Além disso, a Rússia e a Ucrânia, juntas, asseguravam uma percentagem muito elevada das exportações de trigo (da ordem de 30% do total mundial, salvo erro). A Rússia não usou (até agora) a arma alimentar; caso o fizesse, as nações mais atingidas seriam as do Terceiro Mundo. Vão, os «mentirosos» dos governos e da média dizer que isto tudo «é culpa do Putin», etc., mas quem se deixa convencer por tais «argumentos», é a faixa da população mais desinformada e acrítica.
A guerra contemporânea joga-se em múltiplos planos. Não falei aqui dos ciber-ataques, prefiro deixar o tópico para outra ocasião. Resumindo, a guerra contemporânea reveste-se, simultaneamente:
- Da forma clássica, com tropas, armamento, etc.
-De guerra diplomática, com nações não envolvidas, a serem capturadas e arrastadas para tomar posição.
- Da guerra económica, que no presente atinge o auge, com sanções e contra-sanções, bloqueios e mudanças rápidas de parcerias comerciais.
- De guerra cibernética, com ações de «hackers», ao serviço das agências de espionagem, quer para obter informação do inimigo, quer para danificar seus ficheiros e dispositivos.
- Finalmente, a guerra «cognitiva» (ou guerra de propaganda), está dirigida tanto às populações inimigas, como amigas.
Todos nós - queiramos ou não - estamos envolvidos; quer estejamos a milhares de quilómetros das operações militares ou muito próximos, vamos ter dificuldades económicas, devido à hiperinflação, a escassez de bens (quer por falta de produção ou de transporte, ou devido ao regime de sanções); seremos bombardeados por notícias ( tal como na pandemia do COVID), muitas falsas, distorcidas, fora do contexto, impondo uma «ortodoxia» sobre todos os assuntos relativos à guerra e a posição que seria «correto», «moral», «patriótico», tomar.
Receio que a minha posição de condenar toda e qualquer guerra e de levantar a voz por conversações de cessar-fogo, seguidas de conversações de paz, não se faça muito ouvir, nestes tempos. A «bandeira» da liberdade de expressão, sem a qual não existe democracia liberal, já caíu das mãos dos que, ontém, se diziam seus defensores. Eles são, agora, defensores duma censura férrea!
A ruína do sistema mundial capitalista está em curso. A globalização está completamente posta em causa. O dólar está em apuros e não acredito que possa continuar durante muito tempo a ser a principal moeda de reserva do sistema bancário, ou até, em termos comerciais.
As criptomoedas mostram a sua instabilidade inerente: Não terão, no futuro, capacidade para substituir o sistema monetário, dito de Bretton Woods, já muito abalado. Mas, a única forma dum mundo caótico funcionar, quando a paz voltar, quando for necessário estabelecer um novo sistema monetário, é a seguinte:
- Haverá várias divisas, assim como ouro e petróleo (e, talvez, outras matérias-primas), formando um cabaz, parecido com o atual «SDR» (Special Drawing Rights) do FMI, mas com estatuto muito mais amplo. Com efeito, os SDR funcionam sobretudo como moeda contabilística interna do FMI, embora seja possível os governos fazerem empréstimos em SDR e podem também ter fundos em SDR. Mas, o dólar americano continua a ser a moeda de reserva mais usada, pelos bancos centrais do mundo inteiro. Ora, isto inclui a China, a qual possui perto de um trilião em bonds do tesouro dos EUA . Ela vai tirar as suas conclusões do comportamento do Ocidente, que rouba o ouro e as reservas dos bancos centrais. Foram os casos recentes, com a Venezuela e Afeganistão. Agora, também, com o roubo das reservas do Banco Central da Rússia. A ligação estratégica entre a Rússia e China vai-se reforçar e aprofundar. Um maior fluxo comercial existirá entre eles, os dois gigantes do Continente Euro-asiático. Uma fatia substancial do comércio, abrangendo também outras nações, vai fazer-se em rublos ou em yuan, ou até com troca de mercadorias por ouro (ou certificados-ouro). O ouro vai de novo, tal como fez durante milhares de anos, entrar por via das trocas comerciais, no sistema financeiro mundial. Isto equivale à morte do dólar, enquanto moeda de reserva. Pois, será claro para muitos países que, em vez de reservas em dólares, que podem ser congeladas, ou mesmo expropriadas por decisão de Washington, mais vale terem ouro em reserva, podendo facilmente transacionar bens de importação ou exportação, por ouro (os bonds em Yuan convertíveis em ouro, no mercado de Xangai, são para isso).
Os EUA e aliados da NATO e UE, têm estado a dar tiros no pé; as medidas que tomam contra a Rússia estão a «fazer boomerang». Estranhamente, eles próprios estão a precipitar a queda do Império do dólar, a perda de sua hegemonia mundial. Não perfilho os sistemas políticos e ideológicos vigentes na Rússia ou na China; porém, reconheço que seus governos estão a usar, com inteligência e astúcia, os instrumentos ao seu dispor, nesta guerra total e híbrida, característica da IIIª Guerra Mundial.
PS1: Omiti a guerra biológica na panóplia da guerra híbrida: Talvez seja tão ou mais horrível que a guerra atómica. Os russos encontraram na Ucrânia laboratórios, financiados pelos EUA e cumprindo encomendas dos mesmos, dedicados ao fabrico e testagem de armas biológicas, perto da fronteira com a Rússia.
PS2 : O «think tank» Rand Corporation é extremamente poderoso e influente na determinação da política externa e na geo-estratégia do governo dos EUA. Aqui, Manlio Dinucci dá-nos a análise impressionante dos seus planos em relação à Rússia, com particular destaque para o papel da Ucrânia.
Overextending and Unbalancing Russia.
https://www.globalresearch.ca/rand-corp-how-destroy-russia/5678456
PS3: O fim do reino do dólar está próximo. Prova disso, é a proclamada vontade da Arábia Saudita em vender petróleo, recebendo yuans. Embora continue a vender uma maioria do petróleo em dólares, a outros clientes , o «tabu» está quebrado. O Emirato de Abu Dhabi já está a alinhar-se pela mesma posição. Se os produtores de petróleo começarem a aceitar outras divisas, que não o dólar, a base financeira do império americano fica ferida de morte. Saiba porquê no artigo seguinte: