segunda-feira, 17 de março de 2025
AS SEREIAS DA GUERRA GRITAM ESTRIDENTES
terça-feira, 4 de março de 2025
segunda-feira, 2 de dezembro de 2024
A LENTA AGONIA DO EURO*
O vídeo acima analisa a economia da Zona Euro e deixa pouca esperança de ser evitada a crise final.
A fraqueza do Euro está patente quando a sua taxa de câmbio em relação ao Dólar vai diminuindo, ao ponto de se estar perto de atingir a paridade Dólar/Euro. Mas será que esta indicação é a mais relevante?
- De facto, todas as moedas fiducitárias, em particular as do Ocidente, têm vindo a perder poder de compra a uma velocidade estonteante. A forma mais correta de avaliar a perda de valor, será em relação ao ouro. O metal amarelo é, de facto, o «metal monetário» que sempre foi reconhecido como portador de um valor estável, servindo como instrumento de troca, dinheiro, desde há mais de 5000 anos.**
Se nos reportarmos ao valor das moedas fiat mais utilizadas nas trocas comerciais dos mercados internacionais do Ocidente (Dólar, Euro, Yen, Libra...), verificamos que o valor de todas elas, em relação à onça de ouro, tem diminuído exponencialmente nos últimos 5 anos, com uma aceleração da descida nos últimos seis meses. Em relação ao Dólar, para se comprar um quilograma de ouro, há 5 anos, eram necessários 50.000 Dólares US. Hoje, a mesma quantidade de ouro, apenas pode ser adquirida por 85.000 Dólares US. Quanto ao Euro, no início de Dez. de 2019, custava 45.000 Euros um quilograma de ouro; agora, custa 81.000 Euros.
Esta relação entre o ouro e as moedas fiat é importante, pois - na verdade - é como uma linha-base para se medir a inflação. Porque o valor de todas as outras mercadorias sobe no médio prazo, acima das percentagens de aumento do ouro. Por outras palavras se, no espaço temporal de 5 anos, o ouro aumentou (em moedas fiat) de 60% ou um pouco mais, podemos ter a certeza de que os items de consumo corrente, no mesmo intervalo de tempo, aumentaram acima dessa percentagem. Com efeito, o custo da alimentação, avaliada em termos de preços médios nos países do Euro, subiu mais de 100%, mais do dobro em apenas 5 anos.
A população europeia, geralmente, ficou mais pobre, pois os seus rendimentos (em salários, pensões, ou outras fontes) foram crescendo nominalmente a um ritmo muito menor que os preços dos bens e serviços básicos. Só a oligarquia, já muito rica, viu as suas fortunas aumentar realmente, ou seja, em termos de capacidade aquisitiva.
O valor duma moeda, mesmo se medido da forma mais rigorosa possível, nunca está numa relação linear estricta com a política económica de uma nação e, neste caso, do conjunto de nações que adoptaram o Euro. Do mesmo modo, os juros dos bonds emitidos pelos vários países do Euro (dívida soberana) não reflectem, desde a crise do Euro em 2012, a avaliação dos mercados em relação à solidez das respectivas economias. Esta dissociação deveu-se à política «excecional» do BCE, que aliás se prolonga até agora, em comprar a dívida emitida pelos Estados mais fracos da Zona Euro, falseando assim o valor de mercado dos bonds emitidos. Os compradores de tais bonds tinham a garantia de que estes eram sustentados pelo BCE, sendo portanto avaliados como investimentos semelhantes em risco à compra de bonds das melhores economias europeias, como a Alemanha e outros Estados do Norte da Europa: Mas, com a vantagem dos juros serem um pouco mais elevados,que destes últimos.
Nestas condições, os Estados mais endividados, em vez de reduzir de modo significativo seu endividamento, continuaram a pedir emprestado, ano após ano, mais do que as quantias que liquidavam da sua dívida soberana, aumentando assim o seu endividamento. Todos os Estados do Sul da Euro Zona (incluindo a França e a Itália) estão hoje numa posição de dívida em percentagem do PIB, equivalente aos casos da Grécia, de Portugal e doutros, no ano de 2012.
Mesmo na ausência de políticas erradas por parte dos Estados participantes do Euro, o Sistema Monetário Europeu acumula desequilíbrios de modo estrutural, ou seja, devido a um défice da capacidade produtiva e de exportação nos países do Sul, enquanto o oposto acontece em relação aos países do Norte. Não pode ser de outro modo, num sistema que funciona largamente como mercado interno, «A Eurolândia». Onde existir um défice, tem de haver, do outro lado, um superávit: Se a balança comercial de certos países do Euro é cronicamente deficitária (os chamados «PIGS»), isso significa que outros países do Euro têm um superávit crónico: Este caso é o das economias mais vigorosas, a Alemanha, a Holanda e países Escandinavos. Isto porque a grande maioria das trocas comerciais ocorre dentro do espaço Euro.
O Euro não pode ser assimilado sequer à divisa dum Estado soberano, porque se assim fosse, esse Estado poderia subir ou baixar a taxa de câmbio em relação às divisas estrangeiras e aumentar ou diminuir os juros das obrigações soberanas. Tal não acontece no sistema do Euro. Assim, o crónico défice das contas externas só pode ser mantido com uma política de austeridade, castigando sobretudo os produtores, os que produzem a riqueza.
Ao longo de décadas, o défice das contas públicas e do comércio externo nos países mais endividados, implicou o défice de investimento em infrestruturas, em educação e em inovação, tudo o que garante, no longo prazo, que um país progrida economicamente. Só lhes resta então vender «as jóias da coroa», ou seja, as empresas e recursos nacionais que dão lucro, ou que possuam capacidade de gerar lucro.
Estamos em Portugal e noutros países europeus, neste estádio. A situação é análoga à dos países do «Terceiro Mundo», com dívidas excessivas aos bancos e entidades financeiras internacionais e que se foram agravando, ficando aqueles países cada vez mais atolados no ciclo da dependência.
Por outro lado, os EUA, a potência tutelar da Europa através da OTAN, accentua o seu peso, forçando os países europeus a alinhar na guerra da Ucrânia por eles provocada metodicamente - e que estava perdida, à partida - contra a Rússia, o principal fornecedor de energia aos países europeus mais industrializados e o grande importador de géneros alimentares dos países meridionais.
Este conflito foi a «receita perfeita» para o Império, pois os súbditos europeus ficavam cada vez mais dependentes, não apenas em termos militares; também em aspetos essenciais da economia, como o abastecimento energético. O aprofundamento da crise económica na U.E. foi devido, em grande parte, ao seu envolvimento na aventura belicista contra a Rússia. O corolário foi a fuga de indústrias europeias para o outro lado do Atlântico, para os EUA, para beneficiar das condições mais favoráveis, em termos de impostos, de custos da energia e outras vantagens competitivas.
Claro que os investidores internacionais estão conscientes do ponto em que a economia europeia se encontra e do desfecho mais provável: Haverá aumento dos juros da dívida soberana dos Estados europeus, assinalando a falta de confiança na sua economia, com a concomitante espiral descendente: Inflação, perda de competitividade, desemprego, recessão e contração da economia...
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*Devido ao "colete de forças" da Comissão Europeia, o mais provável será o definhar da Zona Euro, potenciando a crise política dentro dos Estados dominantes. A saída de países individuais do Euro vai ser contrariada, de todas as maneiras possíveis, por Bruxelas.
** Da newsletter de Buillon Vault, veja no gráfico abaixo, que descreve a evolução do retorno sobre investimento para uma série de classes de ativos; o ouro supera qualquer outro ativo no intervalo de tempo representado (de 1999 - até hoje):
O ouro cresceu 820% em Dólares US...
...770% em Euros...
...e bem acima de 1 000% em Libras esterlinas. |
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sexta-feira, 25 de outubro de 2024
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quarta-feira, 11 de setembro de 2024
DRAGHI PROPÕE A «MUTUALIZAÇÃO DA DÍVIDA DA U.E.»
É como o bombeiro pirómano: Provoca o incêndio. Depois, vai participar no combate às chamas, com os outros bombeiros, como se ele fosse totalmente inocente!
Isto pode bem ser o princípio do fim da UE.!
O circo montado, com o solene discurso de Draghi, supostamente um «sábio» que «não teria» mais ambições políticas, destina-se a avalizar as medidas de estrangulamento do que resta de autonomia das nações que compõem a manta de retalhos da UE. A partilha das dívidas significa que os políticos de cada país ainda menos se mostrarão cuidadosos em relação às despesas excessivas. Será uma corrida para ver quem gasta mais, para agradar ao eleitor. Este, se no imediato poderá ter algumas «prendas» dos governantes, estas serão envenenadas, porque trarão um excesso de inflação, desencadeada justamente pelos próprios governantes. Pois a inflação é sinónimo de excesso de dinheiro em relação ao conjunto de mercadorias disponíveis para compra nos mercados. Esta «mutualização» da dívida pública dos países da U.E. vai ser o último prego no caixão, que irá liquidar de vez a capacidade produtiva da U.E.: «Viva a U.E., a nova neocolónia Americano-Chinesa!» (dirão eles, os eurocratas)
quinta-feira, 13 de outubro de 2022
QUE TAL UMA CRISE BANCÁRIA, A SOMAR À CRISE ENERGÉTICA?
Os bancos dos países ocidentais, sobretudo da UE, do Japão e Reino Unido, têm estado super alavancados, isto quer dizer que a soma de tudo aquilo que têm emprestado ultrapassa, nalguns casos de perto de 30 vezes, as somas em cash e outros ativos que possuem e que eles têm como garantia. O principal elemento desta alavancagem monstruosa é o mercado dos derivados. É um mercado muito pouco regulado, que não entra nas contabilidades dos bancos, pelo que as quantidades em jogo e o risco associado são apenas estimativas. No entanto, estas apontam para uma potencial quebra em «castelo de cartas», visto que a subida dos juros das obrigações e a contração do crédito, tanto ao público, como interbancário, vai desencadear uma série de ativações (automáticas) das cláusulas de segurança nos referidos contratos de derivados. Tipicamente, um determinado contrato está baseado sobre índices ou valores de ativos. Estes estão fora do controlo das entidades que emitem e compram esses mesmos derivados. Assim, quando são feitos os contratos, há cláusulas de salvaguarda, para o caso em que haja um desvio demasiado grande de certos parâmetros, em relação aos mesmos aquando da assinatura dos contratos. É o caso recente dos aumentos de juros grandes e bruscos, tanto nas obrigações soberanas (emitidas pelos Estados), como as obrigações de empresa. Ninguém sabe qual o comportamento no curto prazo dessa «nebulosa» dos derivados, que mobiliza muitos triliões. Porém, a instabilidade e o receio imperam. Isto explica, em parte, a dificuldade presente do Crédit Suisse em se recapitalizar. Mais uma vez, entra o mesmo cenário que na Grande Recessão de 2008. Lembremos que foi a ausência de empréstimos interbancários, que poderiam resolver défices de liquidez temporários, que despoletou a crise. Os «pacotes de créditos hipotecários» foram os catalisadores, mas a consequência imediata disso foi que nenhum banco confiava na solvabilidade do seu vizinho; todos se retraíam de emprestar dinheiro, mesmo nos prazos mais curtos. O cenário repetiu-se em Setembro de 2019, seguido pela avalancha de QE (impressão monetária) da FED, até ao tsunami em Março 2020, supostamente por causa do COVID.
Na realidade, a enormidade das dívidas acumuladas e a alavancagem de muitos bancos - incluindo bancos ditos sistémicos - faz com que já não haja «potência de fogo» de nenhum banco central, ou mesmo do FMI, para diferir (não digo eliminar) a derrocada.
Creio que os bancos centrais - mais uma vez- enganaram-se a si próprios. Seguiram estúpidas teorias monetaristas, entre elas o neokeynesianismo e -mais recentemente - a famosa MMT. Essencialmente, ambas teorias advogam que os Estados podem manter-se em défice permanente, que o aumento da moeda em circulação é percebido pelos mercados como crescimento, como confiança no investimento, etc. A ideia é que esta «crença» dos mercados acaba por despoletar o crescimento, tem um efeito «estimulador» da economia. Tenho imensa dificuldade em compreender como tantas pessoas adultas, muitas delas com doutoramentos, conseguem autoiludir-se a este ponto:
- De facto, se há um aumento da massa monetária em circulação, ele vai traduzir-se num enfraquecimento dessa moeda e isso vai despoletar a inflação. Esta pode ser diferida, assim como a água numa represa de uma barragem hidroelétrica pode ser retida durante algum tempo, até um certo nível. Mas, a partir de certo volume, têm de se abrir as comportas, que permitem que a água escoe, que a inflação deixe de estar confinada aos ativos financeiros e se alargue ao consumo geral (é aquilo que estamos a ver agora). No caso da barragem, se isso não for feito, a pressão constante da água sobre as paredes e o transbordar de água por cima do parapeito causarão inundação a jusante, ou pior ainda, uma rutura na própria barragem, seguida de inundação brusca.
A analogia com o sistema monetário mundial é muito forte. Existe, como sabemos, ligação forte entre todos os bancos centrais, que também estão conectados ao sistema bancário e financeiro de cada país e internacional. No caso presente, uma crise séria, causando a falência dum «banco sistémico», como o Crédit Suisse ou o Deutsche Bank (ou outro grande banco internacional equivalente), irá despoletar uma série de fenómenos de vendas de pânico, de falências e «default» (= falhas de pagamento) em cascata. Mas, agora, não haverá já dinheiro do jogo «Monopoly» que possa salvar (temporariamente) a situação como em 2008. Ou então, bem podem eles produzir divisas-fiat, nas quantidades que quiserem. Mas, o público e as empresas não quererão mais esse dinheiro «Monopoly».
Também não servirá de grande coisa «afundar o vizinho» para se manterem à tona, como os americanos têm feito - desde há muitos anos - aos europeus. Agora, agiram de forma espetacular, com o atentado terrorista dos gasodutos NordStream. A cidadania mais esclarecida, mais consciente, já está a mobilizar-se. Em França, Alemanha, Rép. Checa, Itália, etc, há grandes manifestações.
A U. E. está enredada nas suas contradições, entre servir os respetivos povos e suas economias nacionais, ou sujeitar-se ao «diktat» americano. Estes, através da OTAN (sobretudo), estão sempre a «torcer o braço» aos europeus para estes fazerem as «guerras dos americanos» contra os seus competidores.
Não sei se, na U.E., chegarão a um ponto de rutura ou não, mas sei que não será o fim do mundo. As crises vão e veem. Causam muito desemprego, miséria, agitação social, além de que muitos valiosos ativos mudam de mãos. Mesmo que seja o fim do capitalismo, também não é o fim do mundo. Só temos que ter muito cuidado com a histeria de certos atores políticos que - conscientemente ou não - têm estado a aproximar a humanidade do holocausto nuclear. Isso sim, seria o fim de tudo.
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*) https://www.goldmoney.com/research/banking-crisis-the-great-unwind
sábado, 27 de junho de 2020
GEORGE SOROS - A FARSA DA FILANTROPIA
- Onde e como aplica os muitos biliões de que dispõe?
- Porque razão os multimilionários usam frequentemente a capa da filantropia?
sexta-feira, 12 de junho de 2020
[Manlio Dinucci] NÃO HÁ SOBERANIA ECONÓMICA SE NÃO EXISTIR SOBERANIA POLÍTICA

Conte e Profumo com o novo Falco Xplorer, o maior drone que a empresa Leonardo construiu
domingo, 18 de agosto de 2019
A CRISE VIRÁ DO LADO DA DÍVIDA SOBERANA, DOS TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA
Sabe-se que o grave problema que afecta o sistema económico e financeiro ocidental é a enormidade da dívida. Dívida dos Estados, dívida das empresas e dívida das famílias... tudo somado, a quantidade de dívida é muito maior do que a existente nas vésperas do colapso de Lehman Brothers!