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quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

REFLEXÃO GEOESTRATÉGICA

Numa época de grande perturbação, como a que estamos vivendo, o facto de eu me atrever a fazer uma síntese, é - sem dúvida- um empreendimento temerário, da minha parte. Temerário, mas não impossível. Pois os meios fornecidos pela Internet e não controlados pelos poderes, multiplicam a capacidade de qualquer um. Temos acesso a muitas informações no que toca aos vários aspetos da cena internacional - economia, militares, diplomacia, etc.

Porém, a maior parte das pessoas não desenvolveu uma visão de conjunto, esta foi antes tornada opaca, pela enorme quantidade de «lixo informativo» que satura os diversos canais de informação.

           
             Navio de carga alvejado no Mar Vermelho

O meu propósito, aqui, é descrever com a maior franqueza o que tenho vindo a observar neste domínio da geoestratégia, ao longo dos últimos decénios. Deliberadamente, irei coibir-me de fazer prognósticos, sejam quais forem; o leitor que tire as suas conclusões. Eu irei, apenas, fazer o diagnóstico do que tem ocorrido no Mundo desde a implosão da URSS.

Com efeito, este é um marco muito importante para se compreender o que vem a seguir, embora a História contemporânea, o século XX, incluindo as duas Grandes Guerras Mundiais e todas as outras situações de guerra ou de conflito, que ocorreram quer entre as duas guerras mundiais, quer após a 2ª guerra mundial, sejam de primeiríssima importância para se compreender o mundo de hoje.

O marco da implosão da URSS é importante porque significou o desaparecimento de um Mundo dominado por duas superpotências. Mas, contrariamente à esperança ingénua de muitos (eu incluído), não houve paz verdadeira, na Europa e no Mundo: lembro as guerras desencadeadas pelo imperialismo triunfante contra o Iraque e a guerra civil que levou ao desmembramento da Jugoslávia, com os préstimos de uma Alemanha reunificada e força dominante da União Europeia.

Mas, no plano económico, a oligarquia do Mundo afluente deu passos de grande significado (e imprudência), nomeadamente, naquilo que chamam de «globalização». Este nome ocultou, na verdade, o propósito de domínio. Este termo de globalização escondia a ideologia subjacente: o neoliberalismo. Na Europa, principalmente, assistiu-se ao «enrolar» do cenário anterior, ou seja, o Estado Social-Democrático, ou Estado de Bem-Estar. Tratava-se de uma transitória repartição, menos assimétrica da riqueza na população, resultante dos superavits das economias, em crescimento rápido depois a IIª Guerra Mundial, permitindo assim manter satisfeitas as classes não-burguesas (assalariados, pequenos funcionários, campesinato) num consenso fabricado, afastando-as da atração exercida pelo socialismo, considerado por muitos ser a inevitável alternativa aos regimes capitalistas então vigentes. O processo de privatização das empresas estatais foi acompanhado pelo desmantelamento dos direitos sociais, conquistas de decénios de lutas populares. Mas este processo teve também como consequência que os grandes capitalistas já não tinham que enfrentar-se com governos que pretendessem obrigá-los a cumprir os objetivos gerais das sociedades, nas quais suas empresas operavam. Foi também possível essa transição graças ao arregimentar da casta política. Tratou-se de torná-la cativa através da corrupção ou, nos casos de tendências não-capitalistas, a marginalização, confinamento a um ghetto político. Além disso, datam dessa altura as discretas manobras visando ressuscitar a extrema-direita, pela primeira vez, desde o final da IIª Guerra Mundial, em muitos países europeus. Esta extrema-direita, aparecendo à luz do dia e concorrendo a eleições, cativou uma parte do eleitorado descontente. Grande parte do que refiro acima, decorreu durante a década de 1990; pelo menos, o desenrolar em grande escala da nova estratégia da oligarquia e os seus primeiros resultados práticos.

Uma primeira contradição que surgiu e foi-se acentuando: a desindustrialização do mundo capitalista mais afluente, realizada pela transferência de fábricas para zonas de não-respeito das regras do mercado laboral (ausência ou repressão dos sindicatos) e uma total indiferença à preservação do ambiente (indústrias depredadoras de recursos, poluição em grande escala ...). Os grandes capitalistas reconstituíam assim a capacidade de extraírem lucro, graças ao custo muito menor dos salários, à ausência de regulamentação, ou seu incumprimento, quer ao nível dos direitos laborais, quer da proteção do ambiente. Esses países tinham governos desejosos desses investimentos estrangeiros. Primeiro, foram as «maquiladoras» (perto da fronteira do México com os EUA), depois fábricas em países totalmente submetidos aos EUA, como o Haiti, as Filipinas, etc. Logo depois, ainda nos anos 80, a China «comunista» proporcionou uma força de trabalho disciplinada e diligente que permitiu a deslocalização das indústrias de eletrónica e de computadores, dos EUA e dos países mais avançados da UE (Reino Unido, Alemanha, França), para a China.

Entretanto, na ex-URSS, a Rússia estava sofrendo um processo de saque e desmantelamento, pelos oligarcas locais e por capitalistas abutres ocidentais. Quanto aos outros países, que antes faziam parte da URSS, reinavam oligarquias desejosas de vender os recursos nacionais (principalmente minerais) aos capitalistas do Ocidente; alguns desses governos eram formados por velhos burocratas do Partido Comunista que se reconverteram à pressa em vassalos do capitalismo globalizado, mantendo-se no poder através dos métodos autoritários de sempre. O desmantelamento da própria Rússia, era o desejo estratégico da tendência neoconservadora (chamada neocons) nos EUA, que se tinha entrincheirado nos postos chave dos ministérios e fazia parte de influentes «think-tanks». Este grupo, autêntico Estado dentro do Estado, considerava que a vitória na Guerra-Fria não estava completa. Para completá-la, era indispensável desmantelar a Rússia («balcanizar»), o maior país mundial, em termos de área, riquíssimo em recursos e escassamente povoado. Eles conseguiram influenciar a política de sucessivos presidentes dos EUA, desde Clinton, Bush Júnior, Obama, Trump, até Biden. A política externa foi sempre ditada pelos neocons, quer os presidentes fossem republicanos, quer democratas.


Esta situação, perigosa para a paz mundial e, em particular, para a paz europeia, teve o seu culminar com a guerra da Ucrânia. A estratégia, essencialmente a mesma durante mais de dois decénios, deve-se aos mais agressivos políticos e militares, que consideravam que os dirigentes dos EUA e da OTAN não tinham que honrar os compromissos assumidos com Gorbatchov, aquando do processo que levou à reunificação pacífica da Alemanha, em que os soviéticos se comprometeram a retirar suas tropas da Alemanha de Leste (DDR), a troco de não se efetuar o alargamento da OTAN, a países do ex-Pacto de Varsóvia. Este compromisso, assumido por Bush Sénior e - coletivamente - pelos líderes da OTAN, foi repetidamente negado ter existido, embora haja provas concludentes de que foi efetivamente assumido e por escrito .



Mas, os poderosos continuavam a fazer o que lhes apetecia, negando-se a qualquer diálogo sério com a Rússia. Note-se que esta, embora enfraquecida, continuava a ser a segunda maior potência mundial no armamento nuclear. As coisas só começaram a mudar, com a subida ao poder de Vladimir Putin, promovido por Ieltsin, nos seus últimos momentos de lucidez, depois de ter visto em que se transformara a Rússia.

A subida de Putin não se deveu a um golpe de Estado: foi uma evolução dentro dos marcos constitucionais e políticos da Rússia, na transição do milénio. Por mais que demonizem Putin, os propagandistas ocidentais não poderão ocultar o facto de que ele e seu governo propuseram que a Rússia se integrasse na OTAN. Esta proposta foi varrida com um revés de mão, como aconteceu a muitas outras iniciativas de «mão estendida» do governo da Rússia.

A última tentativa de diálogo sério entre gente adulta, tentada pela diplomacia russa, ocorreu no final do ano de 2021. Tratava-se de uma proposta de conversações ao mais alto nível, nos países europeus que - coletivamente - se reuniriam e encontrariam um modus vivendi, assegurando um sistema coletivo de segurança.

Nessa altura, os dirigentes da Europa e dos Estados Unidos já estavam, com o governo vassalo de Zelensky, a preparar o assalto final às repúblicas dissidentes do Don (República Popular de Lugansk e República Popular de Donetsk). Estas tinham-se separado do regime de Kiev, após o golpe de Maidan de 2014, porque não aceitavam serem oprimidas por Kiev, que queria impor-lhes a anulação do seu estatuto (constitucional) de regiões maioritariamente russófonas. Nesta situação, as repúblicas organizaram a sua autodefesa, contra as divisões e milícias (neonazis) de Kiev, apoiadas pelos países da OTAN: Durante 8 anos, foram treinadas, armadas e equipadas pelos ocidentais. Cerca de 14 mil mortes civis, durante esses oito anos (do início da guerra civil ucraniana, até à invasão russa) resultaram do constante bombardeamento, pelo exército do regime de Kiev, de centros de cidades e de outros locais com civis, nas duas repúblicas. Deve-se sublinhar, que Putin hesitou muito até vir em auxílio a este povo russo martirizado. Em Janeiro de 2022, os serviços de espionagem russos sabiam que a ofensiva de Kiev estava iminente. A opinião pública russa nunca lhe iria perdoar, se ele não fizesse nada, perante a ofensiva contra as repúblicas do Donbas: cerca de 70 mil tropas ucranianas de elite, bem treinadas e equipadas, preparavam-se para invadir estes territórios. Poucos dias antes da invasão da Ucrânia pela Federação Russa (24 de Fevereiro de 2022), as repúblicas dissidentes estavam a ser bombardeadas com maior intensidade, num crescendo que prenunciava a invasão iminente pelo exército ucraniano.

Dos desenvolvimentos e peripécias desta guerra, outros terão escrito com bastante rigor e pormenor. Eu contento-me em dizer que foi uma guerra cruel e inútil, que deixará marcas indeléveis nos povos da região, mas também implicará uma divisão duradoira entre europeus ocidentais e orientais.

Hoje, já se pode afirmar - sem parcialidade - que se está perante a derrota do exército ucraniano, após cerca de dois anos de guerra, uma guerra desejada e incentivada pela OTAN. Isto significa cerca de um milhão de baixas de militares ucranianos, além das baixas de civis e da destruição causada pela guerra. Do lado russo, não tenho dados precisos pois, desde o princípio, as fontes oficiais russas não fornecem números. O que dizem as fontes jornalísticas ocidentais tem sido - quase sempre - um exagero, elas são um mero instrumento de propaganda anti- russa.

Em definitivo, a guerra russo-ucraniana é um acontecimento trágico, também para os povos europeus ocidentais: ficaram sujeitos a uma oligarquia militarista e fascistoide, ela própria obedecendo aos imperialistas americanos. Estes, acentuaram o tratamento dos países europeus sob «proteção» da OTAN, como vassalos aos quais se pode mandar fazer tudo o que decida Washington DC.

No futuro, não haverá paz no continente europeu. Pelo menos, rapidamente, pois não se vislumbra tal vontade. Os russos não se sentem inclinados a negociar um acordo: têm experiência de que os dirigentes europeus e norte-americanos não cumprem os compromissos assumidos. Entre muitos factos graves, os dirigentes dos EUA deixaram caducar, não renovaram ou denunciaram os acordos relacionados com armas nucleares (com grande significado no continente europeu), negociados na década de 70 e nas duas décadas seguintes.

Por outro lado, não se pode esperar do lado ocidental uma viragem no sentido da distensão: os militaristas dominam a OTAN. Os governos na Europa ocidental são submissos aos EUA, cada vez mais imperiais. O mais recente caso, é significativo. A decisão americana unilateral de interromper* o envio de gás LNG aos países europeus, o qual era vendido por preço bem alto, aliás. O seu comportamento é mais uma facada nas costas da Europa, depois de terem promovido a destruição no Mar Báltico, dos gasodutos Nordstream I e II, que abasteciam de gás russo a Alemanha e outros países europeus. Os que governam os EUA, não são «amigos» da Europa.

Duvido que a destruição física da população de Gaza, com a complacência e ajuda material do «Ocidente», seja grande trunfo para exibir como prova do respeito pelos direitos humanos e da simples decência, aos olhos dos países do Sul Global (ver PS1).

O ponto a que se chegou, mostra que o momento unipolar da geopolítica mundial está a chegar ao fim. Isto ocorre mais depressa do que praticamente todos os observadores imaginaram.

Não apenas as bases dos EUA em território hostil, sírio ou iraquiano, estão à mercê de ataques por milícias, desejosas de expulsar os americanos. Também as frotas dos EUA e de dois ou três aliados, estacionadas à entrada do Mar Vermelho são «sitting ducks» (alvos fáceis). O mesmo, em relação aos porta-aviões americanos no Mediterrâneo, ao largo de Israel e do Líbano. As forças do Hezbollah têm mísseis com alcance (e com precisão) mais do que suficiente para atingir e afundar esses porta-aviões.

                                  Sitting Duck, em https://johnhelmer.net/

Então, para que se põem os EUA a fazer estas provocações? - Sem dúvida, querem mostrar que não se deixam intimidar e que continuarão a dar o seu apoio ao governo genocida de Netanyahu. Mas, tanto no Iémen como no Líbano, está fora de questão fazerem desembarques com marines, para conquistar posições dos Houthis, ou do Hezbollah. O espetáculo que dão é dum «gigante com os pés de argila». O Irão e todo o Eixo da Resistência (forças governamentais e milícias no Iraque, Síria, Líbano, Iémen e Palestina) aprenderam as táticas que resultam, nesta guerra assimétrica: estão agora a pôr isso em prática. Estão a flagelar o inimigo através de ataques simultâneos e causando baixas, mas não chegam ao ponto de provocar um ataque americano em larga escala, que só seria desencadeado em caso extremo, devido ao risco de fiasco. Esta tensão permanente obriga os americanos a verter cada vez mais reforços, a aumentar os ataques pela aviação e por mísseis; porém, sem vantagem decisiva, sem vitória. No final, terão de recuar, após terem perdido soldados, material de guerra valioso e prestígio.

Não sei o que o amanhã trará, por isso não faço conjeturas. Não me admira que, nos próximos tempos, a instabilidade aumente. Poderá haver novos focos de violência e de guerra.

A chamada «globalização» foi um enorme fiasco. Agora, o Globo está dividido: Dum lado, os herdeiros das potências coloniais e neocoloniais, o Ocidente; do outro, o Sul Global, com a locomotiva da aliança tríplice Rússia - China - Irão, em coordenação com os restantes Estados dos BRICS alargados. Ao todo, estes já perfazem a maioria da população mundial e cerca de metade do PIB mundial.

Murtal/ Parede, 31 de Janeiro de 2024




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* Parece inacreditável, mas esta medida, que prejudica os aliados/vassalos dos EUA, terá que ver com questões internas dos EUA, nomeadamente a «revolta» do governador do Texas e/ou com a luta contra «alterações climáticas». Veja:

PS1: A sentença do TIJ - que obrigava o Estado de Israel a tomar conta das situações humanitárias - foi sabotada pelo mesmo Estado de Israel, com o pretexto de que a UNRW era capa para ativistas do Hamas. Em consequência, os ocidentais decidiram de imediato suspender a sua contribuição financeira, no momento em que esta é absolutamente indispensável aos cerca de 1,7 milhão de refugiados. Se esta medida parece retaliação contra a população de Gaza, é porque é isso mesmo, de facto: 


PS2: Leia a notícia abaixo que confirma e reforça a nossa primeira informação sobre a «suspensão» do envio de LNG dos EUA para a Europa: https://www.zerohedge.com/geopolitical/russian-media-thrilled-bidens-lng-gift-putin

PS3: Como afirmei anteriormente ( ver AQUI) não há dúvida de que se está num momento em que a classe dominante, em desespero, vai fazendo erros atrás de erros, cada qual mais grave: https://www.moonofalabama.org/2024/02/screw-the-facts-europe-commits-itself-to-further-escalation.html#more

domingo, 18 de julho de 2021

COMPARAÇÃO ENTRE CORPORAÇÕES GIGANTES E ECONOMIAS DOS PAÍSES

 Baseado em Zero hedge:

https://www.zerohedge.com/technology/worlds-tech-giants-compared-size-nations-economies

Nota: Estes quadros mostram números que não se referem a realidades comparáveis diretamente: O PIB de um país avalia a totalidade das transações realizadas nesse país durante um ano. A capitalização bolsista é a totalidade das ações existentes duma dada firma, multiplicadas pelo valor unitário em bolsa das ações, num dado momento.




Caso a capitalização de mercado da Apple fosse igual ao PIB de um país, esta poderia estar entre os membros do G7. De facto, esta capitalização de mercado de 2,1 triliões de dólares é maior do que o PIB de 96% dos países. É maior que os PIB da Itália, do Brasil, do Canadá e da Rússia.

Somente 7 países, em todo o mundo, possuem um PIB superior a  2,1 triliões.




Quanto à Microsoft, esta seria o 10º país mais rico no mundo, se o seu PIB fosse o equivalente à sua capitalização de mercado.

Com 1,9 triliões de dólares, o valor da Microsoft é maior que os PIB do Brasil, Canada, Rússia e Coreia do Sul.



                           

Embora todos os gigantes tecnológicos tenham beneficiado com o COVID-19, nenhum deles foi tão bem sucedido como a Amazon: Com o aumento da procura do seu comércio de retalho online e seus serviços na Internet, a capitalização de mercado da Amazon subiu para 1.7 triliões de dólares, maior que o PIB de 92% dos países.


Até há pouco tempo, Tencent estava à frente da outra gigante tecnológica Facebook, em termos de capitalização de mercado, mas a rede social de Zuckerberg adiantou-se, e chegou quase a um trilião de dólares de capitalização de mercado.

                                  






NB: A íntima relação entre as grandes tecnológicas e as grandes farmacêuticas, não poderia ser melhor ilustrada do que com esta descrição do envolvimento da Google com uma das «vacinas» de alteração génica, a da Astra-Zeneca e o facto da sua subsidiária Youtube censurar descaradamente tudo o que possa desfavorecer a imagem desta «vacina» anti-covid.

Veja:

CENSURA DA GOOGLE DEVE-SE AO INVESTIMENTO NAS VACINAS

Joseph Mercola, “Mercola”, 22-7-2021

Tradução e adaptação de José Oliveira

O advogado alemão Reiner Fuellmich cofundador da “Comissão de Inquérito Extraparlamentar Corona”, conversa com o repórter de investigação Whitney Webb acerca da censura no YouTube sobre pesquisas médicas. Ele conta-nos como um médico, após várias dificuldades, conseguiu realizar uma análise às máscaras e respectivos mandatos e publicou os resultados no Journal of Pediatrics. Postou também um vídeo no YouTube que foi apagado minutos depois.

De facto, a Google proprietária da YouTube investiu substancialmente nas vacinas da AstraZeneca/Oxford, instituição que adora aparecer como entidade não-lucrativa. As personalidades à testa deste instrumento de modificação genética são Adrian Hill e Sarah Gilbert, bem como o Jenner Institute for Vaccine Research.

Embora este instituto seja quem desenvolve de facto a vacina, as respectivas patentes e direitos são propriedade de uma empresa privada, a Vaccitech, fundada exactamente pelos mesmos A. Hill e S. Gilbert.

Os principais investidores na Vaccitech são os seguintes:

- Google Ventures

- Wellcome Trust, instituição há muito ligada à agenda eugénica

- Governo inglês

- BRAAVOS, empresa de capital de investimento criada por um executivo do Deutsche Bank e que é um dos principais investidores na Oxford Science Inovation, por sua vez, um dos grandes investidores na Vaccitech.

- Interesses chineses: Fosun Pharma e bancos chineses

Claro que todos estes investidores esperam lucrar bastante com a vacina, pois até se prevê que a mesma se torne anualmente renovada, como a da gripe.

Dado que a Google tem interesses financeiros directos na vacina da AstraZeneca, não admira que as suas subsidiárias como o YouTube censurem tudo o que ameace a rentabilidade dos seus produtos.

Contextualizando mais abrangentemente, é sabido que Sillicon Valley tem vindo a transformar os sistemas de saúde num complexo baseado na telemedicina e na IA, procurando substituir médicos por aplicações geridas pela IA, para melhor controlar a saúde e a vida das pessoas, dizendo-lhes sempre que tal é feito para seu benefício, avançando assim a agenda transhumanista, declara Webb.

É igualmente conhecida a íntima ligação da Google ao Complexo Industrial Militar americano, assim se clarificando a censura contra quem quer que contrarie a narrativa oficial.

Webb também discorre sobre a Johnson & Johnson e a sua vacina. Esta é produzida pela empresa americana Emergent BioSolutions, antes chamada BioPort, uma subsidiária da fábrica de Biodefesa sediada em Port Down.

Em 2001, a BioPort aparece intimamente ligada ao escândalo do Antrax e à crise de opióides, por isso, em 2004 muda o nome para Emergent BioSolutions.

Apesar desse e de outros escândalos, a empresa foi escolhida para fabricar a vacina da J&J. O responsável pelo controle de qualidade não tem quaisquer conhecimentos ou experiência no ramo farmacêutico ou químico (parece nem precisar). O seu currículo limita-se a operações de espionagem no Iraque e Afganistão.

Mais recentemente, rebentou novo escândalo relacionado com lotes defeituosos das vacinas, em que a J&J se limitou a responsabilizar a BioSolutions, mas sem que nada acontecesse à empresa, ligada como estava ao Complexo Militar, à CIA e a contratadores militares como a Batelle do Ohio, igualmente atolada no escândalo do Antrax.

Segurança

O facto de as vacinas de base genética terem passado nos controles deve-se ao facto de a autorização de emergência lhes ter chamado impropriamente “vacinas”, sendo como são “instrumentos de modificação genética”.

Os seus fabricantes nunca explicaram até agora o efeito de magnetismo patente nas pessoas vacinadas. Pequenas colheres, chaves, etc. aderem à pele dessas pessoas. O termo magnetismo não é inteiramente adequado, já que objectos não magnéticos são igualmente atraídos ao corpo.

Em 2004, o Pentágono perdeu uma acção judicial onde era acusado de usar os soldados como cobaias para ensaiar a vacina do Antrax.

Tanto a Pfizer como a Moderna beneficiam de substanciais investimentos por parte do DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency), um ramo do Complexo Militar americano. O DARPA está também ligado ao Wellcome Trust para criar o “Wellcome Leap”, um problemático movimento eugénico transhumanista. A CEO do Wellcome Leap, Regina Dugan, trabalhou muitos anos no DARPA e foi quem libertou os fundos para a Pfizer e a Moderna.

De facto, a Moderna nunca conseguiu resolver o problema de toxicidade das nanopartículas lípidas. Se a dose for baixa, não funciona, se for mais alta torna-se tóxica.


Mas façam o que fizerem, as empresas nunca são responsabilizadas pelas consequências negativas das suas atitudes e produtos.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

FERTILIDADE MASCULINA EM RISCO DEVIDO A SARS-COV-2

 


Segundo estudos publicados por universidades alemã e iraniana, os tecidos testiculares de pacientes são frequentemente infectados com Coronavírus. 
Os pacientes têm um decréscimo significativo da eficácia dos espermatozóides que se traduz pela redução da concentração no esperma em 516 por cento e da sua mobilidade em 209 por cento. 
A deformação celular ficava aumentada em 400 por cento.

Esta descida da fertilidade masculina vem potenciar o facto, reportado muito antes da crise do COVID pela revista científica The Lancet, de que a taxa global de fertilidade quase ficara reduzida a metade, para 2,4 em 2017 e com projecções a indicarem uma descida para os 1,7 por volta de 2100.

Uma taxa de nascimentos por mulher em idade fértil deve rondar os 2,3 para que a população se mantenha em equilíbrio global: Uma taxa de 1,7 resultaria numa quebra da população mundial.

Independentemente dos efeitos directos do Coronavírus sobre a fertilidade masculina e feminina, é previsível a descida acentuada dos nascimentos, por decisão dos casais em não procriar, ou em adiar a procriação. 

Com efeito, perante o cortejo de factores de instabilidade económica decorrentes da recessão mundial é absolutamente certa a descida acentuada dos nascimentos. 

Quase todos os países desenvolvidos experimentaram taxas negativas do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 e muitos continuarão a tê-las no ano corrente. A excepção é a China, que teve 2,3 % de crescimento do PIB em 2020.

  

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

NA ECONOMIA, «BOM ANO» DE 2021?

 Bom ano de 2021? Charles Sannat considera que o ano que agora entrou pode nos «fazer ter saudades» do que saiu, por mais incrível que nos pareça agora. Ele tem argumentos muito sólidos que permitem dar crédito ou verosimilhança a tal situação. 
                                                                                                                       

Abaixo, tentarei fazer uma síntese do que Charles Sannat apresentou neste vídeo, juntando a minha avaliação própria.


Primeiro, a questão da «crise do COVID»: Quando temos um Bill Gates a vaticinar que a crise do coronavírus não vai desaparecer antes de 2022, dá um arrepio na espinha, pois ele e seus congéneres «previram» em 2019 o essencial do que se passou ao longo do ano 2020. 

Segundo, as empresas ficam totalmente dependentes de ajudas dos governos, não apenas nos EUA, como na UE e noutras economias desenvolvidas. Estas empresas não irão ter subsídios eternamente e, nalgum momento, os subsídios irão parar. Nessa altura, haverá uma aceleração do desemprego. Se os bancos centrais continuarem a imprimir divisas como no ano passado, vão desencadear uma crise de hiperinflação. Neste caso também, haverá destruição acelerada de empresas e de postos de trabalho. 

Nos gráficos abaixo, da Reserva Federal de St. Louis, pode-se ver o que se passa nos EUA. 

Nos países europeus*, tanto do Euro, como os outros, a situação é substancialmente a mesma: um crescimento vertiginoso da massa monetária, do endividamento estatal e, tudo isto, com um pano de fundo de séria depressão da economia.

  * Nota: No caso do ECB e outros bancos centrais, os gráficos revelam situações bastante semelhantes ao que se passa com a Reserva Federal Americana.

                                     https://fred.stlouisfed.org/series/MABMM301USM189S

          
Fig. 1: agregado da massa monetária M3, de 1960 até hoje (clicar na imagem para ampliar)


         
Fig.: dívida em relação ao PIB dos EUA, de 1966 até hoje (clicar na imagem para ampliar) 

Terceiro, a descolagem completa da finança em relação às realidades de economia produtiva vai acelerar. Os valores bolsistas já estão, em geral, completamente dissociados do valor real das empresas cotadas e das suas performances, em termos de produção e de lucro. 

O que se observa agora com a economia financeirizada dos países ocidentais, é aquilo que se observou nas crises económicas e financeiras, que levaram à bancarrota o Zimbabué e a Venezuela: uma fuga para a frente, com multiplicação da impressão monetária, conjugada com o desejo do público salvar as suas poupanças, consciente de que o valor das moedas estava a ser destruído. As pessoas aplicavam tudo o que tinham em acções das bolsas. Nesta fase, as bolsas da Venezuela e do Zimbabué obtiveram subidas espectaculares, mas o valor em termos reais dessas acções, descia mais depressa do que as subidas nominais.

No geral, mantenho o que afirmei na minha avaliação periódica OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA - PARTE IX. Convido-vos a ler e discutir esta e outras análises, pois o colapso (termo usado também por Sannat) não está longe; está em cima das nossas cabeças e , por isso, temos de saber muito bem o que fazer nestas circunstâncias. 

Estão todos/todas convidados/as a escrever comentários sobre estes temas. A discussão é livre no meu blog; podem exprimir vossas opiniões sem censura, aqui!

  

quarta-feira, 24 de junho de 2020

DIFERENÇA ENTRE NUMERÁRIO E VALOR

                            

No contexto actual de descalabro económico, causado deliberadamente pelos poderes globalistas, vamos experimentar uma aceleração da inflação... fatalmente. 
A forma como os governos disfarçam a inflação é como um porco com bâton, não deixa de ser exactamente o mesmo animal, pelo facto deste ter os lábios pintados!
O processo de disfarçarem a inflação é totalmente comparável aos lábios pintados no focinho do porco, porque a realidade subjacente é a mesma, com ou sem falsificação governamental. O fenómeno da inflação é - sempre foi e sempre será - um fenómeno monetário.
Na sua essência, é muito fácil de compreender; os disfarces do governo e dos economistas ao seu serviço, apenas são isso: disfarces, para impedir que as pessoas façam a avaliação real do grau em que são espoliadas.
Com efeito, a inflação tira ao pobre para dar ao rico; tira ao trabalhador para dar ao governo.
A história da utilização da inflação como instrumento fundamental da política económica e financeira dos governos, pode resumir-se nalguns parágrafos:
A partir do momento em que o governo dos EUA se desvinculou dos acordos de Bretton Woods, que obrigavam a manter uma convertibilidade do dólar em ouro (35 dólares US = 1 onça de ouro) e deixou de converter a moeda de reserva mundial em ouro, quando um governo estrangeiro pedisse essa conversão, as moedas começaram a «flutuar» umas em relação às outras e o preço do ouro (e da prata) experimentou uma subida vertiginosa. No mesmo momento, o Ocidente sofreu inflação, conjugada com o choque petrolífero, que desencadeou a crise chamada de stagflation ou seja, estagnação/inflação. A partir desse momento, os governos todos começaram a fazer batota na contabilização da inflação. 
Se os governos actuais usassem os mesmos critérios que no início dos anos 70, para avaliar a taxa de inflação ao consumidor, esta seria - de acordo com John Williams de ShadowStats.com - múltiplos da que nos é apresentada como sendo a inflação «oficial». Dizem que esta inflação não atingiu os dois por cento na Eurozona, porém, segundo os cálculos do género de ShadowStats (estes para a economia dos EUA) a verdadeira inflação deve cifrar-se nalguns países (como é o caso de Portugal) bem próximo, senão acima, dos 10 % anuais, para um cabaz de consumo corrente das famílias.
Então, pode-se perguntar: «que vantagem tem o governo em subavaliar de forma tão grosseira a inflação»? 
Sem dúvida, tem vantagens e não são poucas:
- Dá a ilusão à sua população de que tem as coisas sob controlo, tem um efeito de auto-promoção da sua «bondade» em termos de gestão económica.
- Além disso, mantém uma pressão sobre os salários. Esta, exerce-se para além do emprego do Estado, não apenas na função pública, pois as empresas privadas acabam por ter um nível semelhante, em cada categoria salarial, ao nível salarial correspondente dos funcionários do Estado.
- O Estado está obrigado a gerir as pensões de reforma, as prestações sociais, etc. Estas, são indexadas a um índice que mede a erosão do valor do dinheiro. Simplesmente, o factor correctivo é diminuto. O Estado mantém assim suas obrigações, nominalmente. No entanto, paga com dinheiro que vale cada vez menos, iludindo a esperança das pessoas que trabalharam e descontaram durante décadas. Acabam por ter, depois, uma pensão muito mais baixa, em valores reais, do que jamais imaginaram.
- O Estado emite dívida: As obrigações do tesouro pagam um juro mais baixo do que deveriam. Se um empréstimo a dez anos tem um juro de dois por cento, teria de existir uma inflação bem inferior, em média, durante esse intervalo de tempo, para que o detentor dessas obrigações tenha uma remuneração correspondente. Não são apenas os grandes investidores privados, desde bancos comerciais, aos fundos especulativos, etc. que compram a dívida pública, também os fundos de pensões o fazem. O Estado faz «default» discreta e suavemente, sobre a sua dívida, mas não aparenta estar a fazer isso. 
- O PIB é uma espécie de «farol» da economia de um país. Apesar desta métrica ser muito questionável, em vários aspectos, ela é utilizada por todos os governos, para atrair investimento ou para utilizar como argumento eleitoral. Mas, ao valor do «PIB bruto» tem de se descontar a inflação, para avaliar o crescimento económico real dum país. Ora, o PIB é «corrigido», sistematicamente, usando um valor de inflação demasiado pequeno. Por exemplo; um país apresenta um valor de PIB bruto de 4%, num dado ano. Mas ele tem - por exemplo - cerca de 6% de inflação verdadeira, embora o governo diga que a inflação é só de 2%. O PIB «corrigido» será de 2% positivo, quando - na verdade - deveria ser de 4% negativo. 
O resultado cumulativo desta ocultação do valor real da inflação, é o empobrecimento das pessoas comuns que dependem, exclusivamente ou maioritariamente, de salário ou pensão para sobreviverem.  
Tem também efeitos perniciosos na governação, pois é indutor de políticas despesistas: todos os governos gostam de agradar aos eleitores, todos têm tendência a ultrapassar os limites das receitas, pedindo dinheiro emprestado nos mercados (emissão de dívida soberana). É assim que os Estados vão acumulando dívidas, sobrecarregando os orçamentos com o serviço das mesmas, impedindo que esse dinheiro, indo para juros das dívidas, seja investido para algo produtivo. 
Finalmente, na economia real, a maquilhagem do valor da inflação tem efeitos nefastos; pois, escondendo a realidade dos actores económicos, faz com que aumente a proporção dos investimentos não rentáveis. Isso significa que certas empresas são obrigadas a fechar portas e despedir trabalhadores, porque os cálculos para investimentos foram feitos com base em números falsos de inflação. 
Neste contexto, a única forma de avaliar correcta, na economia, é usar o padrão ouro. O padrão ouro, que foi sustentáculo das moedas principais, nos períodos de maior expansão do capitalismo (segunda metade do século XIX, por exemplo), permitiu grande estabilidade nos preços, com a inestimável vantagem que isso acarreta, para qualquer economia.
Hoje em dia, não existem divisas seguindo o padrão ouro: mas, a conversão das quantias expressas numa divisa, pela correspondente cotação em ouro, permitirá avaliar a rentabilidade futura (ou passada) de um investimento. 
A quantidade equivalente em ouro, no momento x (hoje) é maior que a quantidade equivalente em ouro, no momento x-z ? - Então, o investimento tem uma rentabilidade correspondente à diferença entre as duas quantidades. 
Só assim poderemos fazer uma estimativa, porque só o ouro conserva o valor real, ou seja, o poder de compra ao longo do tempo. 

                            

                                         Gráfico: Poder de compra do ouro na eurozona

A quantidade em ouro, necessária para comprar um elegante fato para homem (para um vestido de senhora também se aplica, claro), é cerca duma onça de ouro puro (31,1 gramas aproximadamente): isso correspondia a 20 dólares US, em 1913; hoje, corresponde a 1800 dólares US. 
Quem tivesse guardado, desde 1913 até hoje, num cofre, uma onça de ouro, poderia comprar um fato, com o valor dessa mesma onça de ouro. Quem tivesse guardado 20 dólares em papel, teria apenas possibilidade de, com essa quantia, comprar hoje... um par de peúgas, talvez! 
Podemos habituar-nos a pensar em termos de valor, não em termos nominais de divisas... Só assim estaremos em condições de salvaguardar nosso poder de compra. Só assim poderemos evitar fazer investimentos não rentáveis. 
No contexto actual, tem havido muitas pessoas sobre-endividadas, sem capacidade para saírem do buraco em que se meteram. É fundamental as pessoas educarem-se para saber como investir ou como pedir um empréstimo. Compreender a diferença entre o custo nominal (em divisa fiat) e o valor real (usando o ouro como critério/padrão) é fundamental, para não se cair naquelas situações.

sexta-feira, 2 de março de 2018

DA FALSA RECUPERAÇÃO À NOVA DESCIDA AOS INFERNOS

Durante todo o período que sucedeu à grande ruptura de 2007/2008, as opiniões públicas foram embaladas por vozes de sereia, que proclamavam uma espectacular recuperação dos mercados financeiros e das economias dos países do «Ocidente». Na realidade, o que é que se passou?

As sociedades ocidentais têm estado dominadas por um tipo de capitalismo designado por «crony capitalism», ou seja, capitalismo mafioso. Neste capitalismo, não funcionam as «regras de mercado», muito pelo contrário: Os mecanismos de formação de preços nos mercados financeiros - nas acções, nas obrigações, ou nos derivados - estão todos manipulados pela intervenção constante dos Bancos centrais, com o beneplácito dos governos e para maior salvaguarda, não das economias nacionais, mas das mega corporações, com projecção mundial.
  
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A este estado de coisas soma-se, no «Ocidente», uma descida constante dos índices da «economia real», ou seja, os que revelam dados da produção de bens e serviços. 
Sabemos bem que os países asiáticos se tornaram os fornecedores da maioria dos bens industriais no mundo inteiro, invertendo completamente a situação, relativamente à realidade de há cerca de 40 ou 50 anos atrás, em que as produções industriais estavam situadas, em maioria, na América e Europa.

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Em muito poucas décadas, o Ocidente desindustrializou-se e o Oriente recebeu todo o tipo de indústrias, quer as tradicionais, quer as «de ponta», principalmente devido à política de deslocalização, levada a cabo pelos grandes industriais europeus e norte-americanos. Estes puseram seus lucros em primeiro lugar; não se importaram nada com a sustentabilidade das economias de seus próprios países. 

Agora, acumulam-se sinais inquietantes de um excesso de confiança nas bolsas e no imobiliário. 
Mas a economia real estagna, por mais que as estatísticas dos governos (quer dos EUA, quer da UE) sejam manipuladas, de maneira a dar impressão de que há uma recuperação. 
Os empregos criados são de baixa qualidade, temporários, muitos deles, a tempo parcial. 
A inflação é também manipulada para dar  impressão de crescimento do PIB. Se houver uma subestimação acentuada do fenómeno inflação, os valores de aumento aparentes do PIB não serão corrigidos de forma adequada. 
Os índices das bolsas também estão falseados, com a contínua auto-compra de acções pelas grandes empresas, as que detêm um peso importante nas transacções em bolsa. 
Os bancos centrais, com os seus programas de «QE», também contribuem de maneira decisiva para esta falsa euforia. 

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Os grandes bancos - tal como nas vésperas do grande «crash» de 2008 - estão a emprestar muito pouco uns aos outros, o que indica desconfiança recíproca na liquidez dos mesmos. 
Os especuladores continuam atirando capitais (que podiam ser para investimento produtivo) para a nova «túlipa-mania», as criptomoedas.

O aumento anunciado, em 4 etapas, das taxas de juro pela FED (Reserva Federal Americana, Banco Central - privado- dos EUA) irá provocar uma saída dos capitais investidos na Europa (e no Japão), atraídos pelas melhores taxas de juro do outro lado do Atlântico. A manter-se o programa anunciado, o resultado será catastrófico para o conjunto da UE. A única incógnita é saber-se quando é que a fuga de capitais para os EUA começará em grande escala: talvez ela seja visível já nesta Primavera e Verão de 2018. Esta saída de capitais irá provocar um abrandamento das actividades económicas, em todo o lado de cá do Atlântico, a poucos meses de intervalo. 
Em particular, irão sofrer maior embate países como Portugal, muito dependentes de factores "voláteis" - como o turismo - para a sua recuperação, depois dos anos de austeridade forçada. 

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Claro que os EUA, a prazo, não irão «vencer» numa competição em que têm jogado a cartada de afundar os seus próprios aliados e parceiros mais chegados, os países europeus, principalmente. 
Mas, transitoriamente, a sua economia parecerá mais atraente que as da União Europeia.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

TUDO A POSTOS PARA UM COLAPSO DA ECONOMIA MUNDIAL

Como tenho apontado repetidas vezes (ver aqui, aqui e aqui), aquilo que nos é vendido pela media corporativa, reproduzindo acriticamente o discurso dos governos e bancos centrais e os factos da economia real, que é ressentida pelas famílias e pelas empresas, estão em total dissociação.

Porém, não se pode atribuir facilmente o ponto de início para a presente crise, pois – se examinarmos com atenção os dados – vemos que não houve verdadeira recuperação da crise de 2008. Diria que se trata do prolongamento de uma doença terminal, passando de uma situação aguda, para uma situação crónica.

Os empregos não retomaram os níveis de 2007, os salários médios são muito mais baixos: há uma descida em termos absolutos devido a muitas pessoas serem empregadas em trabalhos temporários, sazonais ou a tempo parcial. 

Os volumes de endividamento das famílias não diminuíram e portanto estas ficam mais expostas - que em 2008 - a serem atiradas para a pobreza.

Quanto aos Estados, eles têm vindo a endividar-se cada vez mais, o que só tem sido possível apenas pela conjuntura de juros excepcionalmente baixos (artificialmente criada pelos bancos centrais), mas isto poderá mudar bruscamente. Eles não conseguirão obter empréstimos, senão a um juro bem maior.

Os valores das cotações bolsistas são – em si mesmo – uma «aldeia Potemkin» visto que a bolha é nutrida pela auto compra de acções das empresas, pela compra discreta de biliões por parte dos bancos centrais de vários países ocidentais e pela repressão sobre os juros dos depósitos bancários, forçando a investir nos mercados com maior risco…

Muitas empresas, sobretudo as que dependem da capacidade do público em gastar dinheiro, como o comércio de retalho, estão a sofrer dificuldades. Muitos centros comerciais estão com um número elevado de lojas vazias, mesmo centros comerciais situados nos bairros «chiques», para não falar dos que estão nas periferias urbanas (nas cidades dormitório das classes laboriosas), que apresentam um aspecto confrangedor.

Aquilo que não nos dizem os governantes e os media é que os «instrumentos» utilizados para supostamente monitorizar e  «regular» a economia, não são senão pseudo instrumentos, como é o caso do PIB, o qual serve sobretudo para fazerem política (pró ou anti-  governo) dando um ar de «cientificidade».

 O PIB é um mau instrumento e -sobretudo - não é compreendido como aquilo que ele é: mede as transacções que se efectuaram dentro de um mercado nacional, num ano. Não diz nada sobre a qualidade das mesmas, além de que vai reflectir mecanicamente o aspecto demográfico: 
- num país em rápido crescimento demográfico, o PIB pode dar a ilusão de uma economia «a crescer»; 
- num país cuja população está em declínio demográfico, a contracção do PIB não significa necessariamente que a economia individual das pessoas tenha piorado.

Muito importante, mas raramente tratado pelos que se arvoram em «comentadores económicos» (compreende-se porquê…), é o afastamento entre as camadas mais pobres e mais ricas da população, no que toca à distribuição de riqueza. Os estudos que se têm debruçado sobre este afastamento são unânimes em considerar que, nestas últimas décadas, o fosso entre muito ricos e pobres vai alargando, na generalidade do «Ocidente». Pelo contrário, a quantidade de pessoas da classe média que passam para a classe pobre tem vindo a aumentar.

Como este sistema não é sustentável, provoca cada vez mais contradições internas e estas tornam-se cada vez mais agudas. Com efeito, a resposta inflacionária voluntarista de criar triliões a partir de nada, supostamente para criar um efeito de «miragem de crescimento» falhou redondamente, maciçamente em todos os recantos onde foi ensaiada, nos EUA, na Europa, no Japão. 
No entanto, os Bancos Centrais dessas regiões apenas se preparam para fazer mais do mesmo, aquando de um súbito agravamento da presente crise. 
Estamos certamente mergulhados numa crise mundial de depressão, em que os índices do PIB não precisam de ser necessariamente negativos, mas que são demasiado fracos para reconstituir a capacidade produtiva passada, destruída pela grande crise de 2008. É exactamente aquilo que se está a verificar.

As pessoas bem informadas, «por dentro dos negócios», já começaram há algum tempo a resguardar-se, saindo discretamente das áreas de investimento onde têm crescido as bolhas especulativas. 
Vejam-se as vendas de acções em grande escala por «hedge funds» por exemplo, ou como os grandes fundos do imobiliário estão a vender parte do seu capital imobiliário às empresas de menor dimensão ou a particulares.

Tudo isto que escrevi acima é conhecido dos grandes bancos e grandes investidores, mas não é patente para o público em geral, mesmo o que acompanha a actualidade económica. 
O resultado é que os primeiros se têm estado a aproveitar das baixas cotações dos metais preciosos (ouro e prata) transitórias, que ocorrem. Salvaguardam agora os lucros realizados nos mercados mais especulativos e esperam obter mais lucros quando estes mercados descerem acentuadamente e os  pequenos investidores, em pânico, forem comprar ouro ou prata, por um preço muito mais elevado .

As pessoas menos atentas, ou que se deixam embalar pelas canções de sereia da media ao serviço do grande capital, verão as suas poupanças subitamente reduzidas a metade ou menos, além de que ficarão impossibilitadas de viver apenas do salário ou da pensão, porque - entretanto - a inflação disparou. 
Basta um instante para que se instale o caos, o pânico, na economia real a partir do colapso nos mercados!

Os bens mais expostos a desvalorização brusca são os financeiros... acções, obrigações, fundos, derivados, depósitos a prazo. 
Os bens que podem conservar ou aumentar o seu valor, no contexto de uma crise, são os bens físicos facilmente transaccionáveis (ouro e prata, antiguidades, ou objectos de colecção), ou património com valor seguro (o imobiliário, susceptível de ser alugado; terrenos agrícolas, a produzir ou com possibilidade de serem produtivos a curto prazo).

 A constatação do perigo iminente não resulta de quaisquer fantasias ideológicas, mas da observação fria dos factos da economia real, por um lado e, por outro, de ver o que os muito ricos têm feito nos últimos tempos.