https://www.youtube.com/watch?v=ZpxX0EPPJCc&t=2849s
COMENTÁRIO:
A União europeia tornou-se - a partir de Maastricht - numa modalidade de dominação neocolonial dos países nórdicos sobre os países do Sul.
Apesar de todo o chinfrim e lamúrias feitas por alemães e outros, os países do Sul (os «PIGS»= Portugal, Itália, Grécia, Spain), foram sistematicamente arredados da competição nos domínios mais tecnológicos, embora à partida devessem ser os favorecidos, isto se a «fábula» da aproximação dos níveis de desenvolvimento e de vida, fosse mais do que a forma de «embrulhar» os povos na ilusão, para aceitarem o desaparecimento de uma parte considerável da sua soberania, ou seja, a renúncia a cunhar moeda própria.
A incapacidade de desvalorizar a moeda nacional (visto não existir mais este instrumento de soberania) obriga a que a desvalorização do trabalho assalariado seja a única variável possível - em regime capitalista - para conseguir aguentar a competição com países concorrentes comerciais mais fortes.
Assim, de forma institucional, os governos do Sul foram «convidados» a implementar políticas de austeridade, que significam estagnação e sofrimento económico e social para os respetivos povos: Basta comparar os níveis de desemprego no Norte da UE e no Sul, no período considerado, nos anos entre 1992 e 2022.
Durante algum tempo, as pessoas dos países do Sul foram iludidas e julgaram que realmente iriam alcançar os padrões de bem-estar dos países do Norte. Mas, as sucessivas políticas de austeridade, além da enorme fuga de capitais, fizeram com que - numa proporção maior que os ricos - fosse a classe trabalhadora (operariado + classe média) a sustentar a maior parte das despesas do Orçamento, com os seus impostos.
- Na ausência de significativo investimento nos domínios tradicionais suscetíveis de crescerem numa primeira fase (por exemplo, as indústrias alimentares, as confeções, etc.) houve uma invasão dos produtos do Norte.
- Não só a viabilidade de pequenas e médias empresas industriais dos países ficou posta em causa, com o desemprego correlativo, como também foram destruídos muitos postos de trabalho, a montante e a jusante, na agricultura e nos serviços.
O balanço destas 3 décadas de União Europeia pós-Maastricht, para os países pobres, não poderia ser mais triste.
- Perderam a possibilidade de desenvolver aquelas áreas onde possuíam reais vantagens, em relação aos concorrentes europeus e mundiais.
- Houve destruição de sectores inteiros, como as pescas em Portugal, por exemplo.
- Agravou-se a miséria, que somente foi minorada com o renovo de fluxos migratórios em direção às economias do Norte.
- As indústrias do Norte europeu ficaram com um vasto mercado cativo, não apenas em relação a automóveis e outros produtos industriais, mas também em relação a produtos antes fabricados no Sul, cujas empresas agrícolas e industriais foram liquidadas.
- Parte da classe política (incluindo à «esquerda») em Portugal, continua a alimentar o mito do sucesso do projeto da UE. Trata-se daquela pequena casta, muitíssimo beneficiada com prebendas e privilégios da UE e suas agências, mas sem qualquer contributo positivo para este país.
Frédéric Farah é autor de um artigo recente, sobre como se originou e quais as consequências da bolha no imobiliário em Portugal:
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