sábado, 16 de novembro de 2024
AFRICA: 20 MIL MILHÕES USD EM DÍVIDA, PERDOADOS PELOS BRICS
terça-feira, 5 de novembro de 2024
ESTAMOS NUMA SITUAÇÃO MUNDIAL INÉDITA; O QUE DEVEMOS SABER.
A hipótese do ouro, junto com outros metais e matérias primas associados, participar numa divisa sintética, destinada ao comércio entre os BRICS foi excluída, por enquanto.
Porém, a visão de que o ouro é realmente dinheiro, pois conserva o seu valor, mantém-se e reforça-se. A capacidade duma certa quantidade de ouro ser trocada por mercadorias, sejam alqueires de trigo ou barris de petróleo, etc. mantém-se e reforça-se.
SIGNIFICADO DA ACUMULAÇÃO DE OURO EM BANCOS CENTRAIS
Portanto, indiretamente, os países que possuírem muito ouro nos seus bancos centrais estão mais precavidos aquando de crises financeiras, que os que têm exclusivamente ou sobretudo, uma ou várias divisas de reserva (o dólar, o yen, a libra, o euro, o yuan...).
Entretanto, grandes quantidades de ouro vão sendo compradas pelos bancos centrais no mundo inteiro. Este movimento não é exclusivo de países dos BRICS, que olham com desconfiança o dólar, visto que este tem servido para fazer chantagem, permitindo que as sanções (ilegais, todas elas, face à lei internacional) decretadas pelos EUA acabam por ser adotadas por países terceiros, sob pena de retaliações e multas. Muitos bancos centrais de países do Ocidente, ou de aliados do Ocidente, têm comprado muito ouro, ultimamente.
Evidentemente, o reino do dólar está a chegar ao fim. A sua ascensão a moeda de reserva mundial deu-se no rescaldo da IIª Guerra Mundial, em que os EUA eram a única potência que tinha ficado intacta, na sua estrutura e na sua capacidade industrial. Todas as potências europeias beligerantes estavam de rastos, quer fossem do campo dos vencedores, quer fossem dos vencidos.
HAVERÁ NECESSIDADE DE DIVISA MUNDIAL DE RESERVA?
Na realidade, com o desenvolvimento da digitalização do dinheiro, as trocas entre países podem muito facilmente ser feitas usando as respetivas divisas nacionais. Isto não coloca problema a nível de trocas comerciais ou financeiras de grande volume. Também a nível de retalho, ou para viajantes ou turistas, não deveria ser problema trocar em divisas do país visitado, as divisas que transportasse o visitante.
A necessidade de «inventar» um «repositório de valor», universalmente reconhecido (é este o papel de uma divisa de reserva mundial - o dólar), não existe na verdade. Aliás, o ouro preenche muito bem essa função, caso se considere que tem de haver algo que funcione como uma reserva de valor no mundo financeiro e que seja um ativo tangível, com valor reconhecido em todos os cantos do Globo. O desenvolvimento das tecnologias informáticas e de telecomunicações veio tornar supérflua a existência de uma moeda de reserva mundial. Aliás, está claro para todos que as divisas que usamos no dia-a-dia já estão largamente digitalizadas. O papel moeda é ainda usado, mesmo nas economias mais desenvolvidas, mas em percentagem cada vez mais modesta nas atividades comerciais. Não há razão prática nenhuma para forçar a digitalização a 100% das nossas economias. Esta tentativa mascara o desejo do controlo totalitário sobre os cidadãos: Uma divisa assim, torna toda a troca envolvendo esta divisa digital completamente transparente para o banco central respetivo. Este poderá monitorizar as transações, manipular as pessoas a consumirem mais disto e menos daquilo ou mesmo, interditar certas pessoas de usarem a divisa digital.
O RESULTADO DA CRISE SERÁ IMPREVISÍVEL & IRREVERSÍVEL
Nesta época de transição para um mundo muito mais incerto, com guerras acesas que poderão alastrar, com crises económicas e financeiras que atingem o coração do sistema capitalista internacional, temos de saber como nos comportar, em relação às poupanças e aos investimentos.
O mundo capitalista está na véspera de um colapso muito maior do que o de 2008, pois desta vez, nem os governos, nem os bancos centrais, poderão salvar da bancarrota inúmeras empresas. Os próprios Estados estão sobre endividados num ponto jamais visto no passado. A guerras híbridas multiplicam-se, sendo as armas económicas e financeiras parte importante da panóplia: sanções económicas, bloqueios, tarifas alfandegárias, embargos, exclusões. Nisto, os cidadãos dos países são envolvidos contra a sua vontade: somos os danos colaterais das guerras económicas, assim como os mortos e feridos civis, o são de conflitos bélicos com mísseis e canhões.
Não dou conselhos de investimento ou outros, mas penso que há duas coisas que temos de saber:
- Triar a informação, separando-a da propaganda. Saber analisar os factos, tentando ver como se movem os grandes atores; não como eles falam, mas como agem.
- Garantir a satisfação das necessidades imediatas, mas tendo em conta a possibilidade de cenários catastróficos. Portanto, dar preferência à resiliência sobre os ganhos, por mais apetecíveis que pareçam.
O futuro coletivo depende de haver suficientes indivíduos que consigam superar a grande crise e reconstruir aquilo que foi destruído.
Por isso, estou interessado em salvaguardar a minha família e eu próprio, mas também, que o mesmo aconteça a muitas pessoas da classe trabalhadora e da classe média.
quarta-feira, 30 de outubro de 2024
PAÍSES OCIDENTAIS PRETENDEM CANCELAR O NOVO SISTEMA DE TRANSFERÊNCIAS DOS BRICS (MBRIDGE)
1) A subida vertiginosa dos mercados na China (30% em dez dias), em resposta à descida das taxas pelo banco central chinês.
quinta-feira, 24 de outubro de 2024
quarta-feira, 23 de outubro de 2024
terça-feira, 22 de outubro de 2024
PRIMEIRO DIA DA CIMEIRA DOS BRICS EM KAZAN (RÚSSIA)
Tal como temos vindo a relatar, os BRICS foram fortalecendo as suas trocas comerciais recíprocas, evitando o dólar como intermediário, fazendo o ajuste final com ouro (visto que os câmbios entre duas divisas podem oscilar durante a negociação). Este processo é bastante simples e não implica uma entidade centralizada (a instauração do «BRICS Pay» irá potenciar as trocas país a país).
Esta entrevista acima, em espanhol (pode ativar as legendas na mesma língua), pode exemplificar o ponto de vista, não apenas do entrevistado (De Castro), como de muitos empresários, espanhóis e europeus.
Há que ver as coisas num modo não ideológico, não preconceituoso. E tem razão o entrevistado, pois o pragmatismo permitiria aumentar os intercâmbios comerciais entre a Europa e o resto do Mundo, aliviando assim a crise de recessão/depressão que a Europa tem estado a sofrer, desde há dois anos, por mais que politicamente tentem ocultar a gravidade da sua situação. A existência desta oportunidade, da Europa se unir ao Sul Global, é posta em relevo pelo entrevistado.
sábado, 19 de outubro de 2024
O «RESET» QUE VIRÁ PELOS BRICS: M-BRIDGE, DIVISA DIGITAL, CABAZ COM 40% DE OURO
A 4 dias da cimeira de Kazan dos BRICS, as diversas fontes alternativas de notícias esmeram-se em trazer especialistas (reais) nos domínios financeiros, monetários, geoestratégicos e de matérias-primas, para darem um panorama sobre as decisões prováveis e aquilo que isso influi na balança de poder internacional, nas relações económicas entre países, etc.
Andrew Schectman é um experiente negociante em metais preciosos, dos EUA, que tem uma visão de largo alcance sobre muitos assuntos, pelo que esta entrevista com Michele Makori de KITKO news deverá dar-nos pistas válidas sobre o próximo futuro. Andy tem previsto com notável precisão as mudanças que correspondem às diversas etapas para um «reset» monetário mundial, não exatamente o que os globalistas queriam, mas no qual eles tentam influir para não ficarem completamente fora da partida.
sexta-feira, 11 de outubro de 2024
CIMEIRA DE KAZAN: MUDANÇA DE MARÉ NAS DIVISAS FIAT (Alasdair Mcload)
Nesta entrevista Alasdair Mcleod esclarece a fundo o que está em jogo, no contexto atual, geopolítico e financeiro.
Não perca! Ele coloca as questões que ninguém se atreve a colocar!
quarta-feira, 9 de outubro de 2024
O MUNDO NA IIIª GUERRA MUNDIAL
CRÓNICA (Nº32) DA IIIª GUERRA MUNDIAL
domingo, 29 de setembro de 2024
CIMEIRA DOS BRICS EM KAZAN; PEPE ESCOBAR EXPLICA OS DESAFIOS
Segundo Pepe Escobar, é uma das discussões mais decisivas do séc. XXI
terça-feira, 17 de setembro de 2024
FIM DA HEGEMONIA DO DÓLAR: CONSEQUÊNCIAS PARA A ECONOMIA GLOBAL (com o Dr W. Powell )
domingo, 1 de setembro de 2024
NUNCA ESTIVEMOS TÃO PRÓXIMOS DUMA GUERRA NUCLEAR (Entrevista com Ray McGovern)
Ray Mc Govern, ex-analista da CIA, explica o que está em jogo entre as grandes potências. Ele consegue estar «dentro das cabeças», não só de Putin e de Xi Jin Pin, como também de vários presidentes dos EUA.
O testemunho dele é fantástico, na medida em que nos fornece explicações plausíveis de como funciona a tomada de decisão dos decisores máximos e dos seus conselheiros.
Sem dúvida, esta entrevista é a mais densa de informação com que me deparei nestes últimos meses.
quarta-feira, 28 de agosto de 2024
CRÓNICA (Nº30) DA IIIª GUERRA MUNDIAL: ENQUANTO NA TEMPORADA ESTIVAL ...
Nós todos estamos habituados a cumprir ciclos anuais. A altura do Verão é ocasião de férias, de turismo, para relaxar, para repousar. Os dirigentes sabem isso muito bem, pelo que costumam fazer passar legislação que afeta negativamente* as nossas vidas, durante o remanso de Agosto, pois assim terão uma oposição popular muito mais fraca, pelo menos no imediato.
Lembro que a famosa «suspensão» da convertibilidade do dólar US em ouro, feita por Nixon e que deitou por terra os acordos de Bretton Woods, teve lugar a 15 de Agosto de 1971. Mas, não foi caso único, longe disso.
Hoje em dia, as fronteiras entre a guerra física (com as suas mortes e destruições) e a guerra económica (com o seu cortejo de sanções, de embargos, de restrições ao comércio normal entre países), essas fronteiras são meramente teóricas. Pois os movimentos das tropas são antecedidos, ou acompanhados por movimentos nas praças financeiras, nos centros de poder e não têm nada que ver com as famosas «leis do mercado», antes pelo contrário.
Quero aqui exemplificar com as taxas proibitivas de 100% , sobre a importação de carros EV chineses, nos EUA e medidas análogas dos seus vassalos europeus. Estas medidas têm sempre «justificações» absurdas e retóricas que acompanham os decretos ou leis em causa. Mas, realisticamente, aquilo que se passa é o erguer de barreiras ao comércio, é uma guerra económica, sob os mais diversos pretextos, mas sobretudo pelo motivo que não nos dizem: é uma forma extrema de proteger a produção do país em causa, de concorrentes exteriores.
Assim, nas chamadas «democracias liberais», mesmo não havendo um estado de guerra formal e declarado com a China, vão se multiplicando os gestos hostis, sob os mais variados pretextos. Cabe aqui perguntar: Quais são os países realmente liberais, no sentido clássico de comércio livre?
- Serão os países que proíbem a exportação de «microchips» para a China, que põem tarifas proibitivas na importação de certas mercadorias chinesas? Serão os que - depois de terem convidado a China a ingressar na Organização Mundial do Comércio (OMC), na viragem do século - lhe fecham as portas do comércio, «matando» de uma assentada essa mesma OMC, organização considerada da maior importância na ordem globalista ( e liberal) mundial?
- OU serão os países que desenvolvem uma rede de vias de comunicação internacionais (New Silk Roads), em cooperação uns com os outros, intensificando laços comerciais, com investimento maciço em infraestruturas (estradas, caminhos-de-ferro, portos, aeroportos) ; serão os países (como a China), que acolhem capitais e indústrias de outras paragens, permitindo que aí se desenvolvam, que produzam para exportação; e que aceitam que os investidores estrangeiros recolham e exportem os lucros dos seus investimentos?
As barreiras protecionistas são uma confissão de derrota dos países que se autoproclamam de «liberais». Nem sequer são protetoras para a sua população, pois as classes mais modestas começaram a viver melhor, nestas últimas duas décadas, graças a exportações da China para os mercados ocidentais. Na verdade, os dirigentes ocidentais não se podem escudar no pretexto de que estão a proteger a sua indústria nacional.
Primeiro, porque duas ou três décadas antes, incentivaram a transferência das indústrias (as mais dinâmicas e rentáveis) para países de mão-de-obra barata, sabendo eles muito bem que estavam condenando as classes operárias dos seus países ao desemprego e à precariedade crónica (os empregos «de merda»). Aliás, esse era um dos objetivos deles; podiam subjugar um segmento, dos mais combativos e reivindicativos, da população: o operariado industrial.
Segundo, porque o movimento para o Leste da Ásia da indústria de ponta, não podia ser revertido de uma penada. As fábricas e outras infraestruturas materiais, poderiam ser reerguidas, embora à custa de investimentos intensivos de capital; porém, a formação das pessoas envolvidas na produção, os operários e os engenheiros, é assunto muito mais complicado; demora tempo a formar e mesmo a recrutar, pois é difícil criar apetência para este tipo de empregos... Por outro lado, haveria necessidade dessas tais indústrias pagarem cinco a dez vezes, nos países ocidentais, os salários que pagavam aos seus operários asiáticos, onde se situam as referidas indústrias.
Para confirmação disso, apresento dois factos:
1º Apesar das tarifas de 100%, os carros EV chineses estão a ter uma aceitação muito grande nos mercados, em todo o Ocidente. Os chineses conseguem fabricar carros a um preço imbatível, comparados com EV de marcas ocidentais. Não tarda que sejam encontradas estratégias para rodear as tarifas brutais: Os comerciantes de automóveis sabem que o grande público, ávido de se reconverter aos EVs, não tem posses, na sua imensa maioria, para comprar os carros de gama alta, que têm sido lançados no mercado nos últimos anos.
2º A Alemanha é, politicamente, o país da UE mais alinhado com Washington. Porém, houve uma recente visita de Estado à China, de dirigentes do governo alemão, que trouxeram na sua comitiva muitos empresários. Eles estavam ansiosos em continuar, ou em implantar, as suas indústrias na China.
Aliás, recorde-se que muitas empresas alemãs foram para a América, devido ao aumento dos preços da energia (devido à sabotagem dos gasodutos Nord Stream pelos americanos). A potência industrial maior da Europa, a Alemanha, está entre a espada e parede: Não tem coragem de se autonomizar em relação aos EUA, como gostaria, mas - por outro lado - tem que manter o nível de vida dos alemães, um dos mais altos na Europa (junto com o dos escandinavos), porque estes já estão a entrar em revolta. As medidas autoritárias tomadas pelo governo, durante o COVID e depois, são realmente aplicáveis em quaisquer situações: Agora, têm servido para reprimir os movimentos populares pró-palestinianos e contra o genocídio perpetrado pelos sionistas, amanhã quem sabe para que serão utilizadas?
A guerra foi desencadeada em 2001, pelos EUA e seus vassalos. Foi começada no Médio Oriente Alargado, após o «11 de Setembro» e cujo saldo são milhões de mortos e países em ruínas. Ela foi continuada nas fronteiras da Rússia, com o alargamento sistemático da OTAN aos ex-países aliados da URSS no pacto de Varsóvia, e depois envolvendo ex-repúblicas soviéticas. Este alargamento ocorreu, contra a promessa solene dos ocidentais, em não alargar um centímetro a OTAN, se os soviéticos aceitassem uma reunificação pacífica das duas Alemanhas.
Decidiram provocar a Rússia, depois, até ao ponto de seus dirigentes sentirem que tinham de pôr um termo a esta situação. A invasão russa da Ucrânia foi deliberadamente provocada, por mais que os atlantistas repitam que foi uma «invasão não provocada».
A paz, mesmo após a guerra ter começado, é melhor do que a continuação da guerra. Isto é o que pensam pessoas humanistas, civilizadas. Mas, para os falcões da OTAN, é melhor a sangria do povo ucraniano, para «enfraquecer» a Rússia, dizem eles, como se tal monstruosidade fosse aceitável. Ela foi constantemente levada a cabo - pela preparação do golpe de Estado de Maidan, fomentado pela UE e EUA - na Ucrânia, em 2014. Quanto à guerra, esta começou em 2014. Mas eles, os ocidentais, nada fizeram para a prevenir ou acabar. Durou 8 anos, a guerra civil entre o poder golpista, dos ultranacionalistas banderitas e as regiões do leste da Ucrânia, de maioria russófona. Uma enésima vez, os ocidentais traíram o seu compromisso, ao nada fazerem para implementar os acordos de Minsk (em que participaram como garantes).
Agora, estão os mesmos falcões atlantistas a criar uma situação de guerra com a China, sob pretextos idiotas.
Mas, na verdade, são eles - políticos no poder, no Ocidente - que, face ao descalabro de suas economias, ao colapso do dólar como moeda de reserva mundial, à diminuição do nível de vida das populações, querem acabar com a globalização que eles próprios promoveram. Numa primeira fase, quando ela só lhes trazia vantagens, foram seus arautos. Agora, vendo as vantagens comparativas dos países dos BRICS querem, a todo o custo, reverter a globalização.
Mas a globalização não é um «cenário de teatro» que se pode desmontar, uma vez que a peça teatral acabou. Um aspeto fundamental da globalização é que, no domínio da tecnologia e das boas práticas industriais e comerciais, uma vez aprendidas, não se desaprendem.
Mesmo erguendo nova «cortina de ferro», para se isolarem dos supostos inimigos, os atlantistas do Ocidente não conseguem mais do que isolarem-se a si próprios do resto do Mundo.
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* Muita legislação tem títulos «bonitos» e «ecológicos», mas realmente são leis anti-ecológicas e anti-agricultura.
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PS1: Veja o que tem a dizer da China um ex-deputado norueguês, que visitou dezenas de vezes a China, desde os anos 80. https://www.youtube.com/watch?v=P9nA3hX6tG0
terça-feira, 2 de julho de 2024
«A Derrota do Ocidente» de Emmanuel Todd, as ideias centrais explicadas por Jeffrey Rich
Muitas pessoas continuam em denegação, talvez pela influência de preconceitos e de forte influência da media, quase sempre refletindo a visão da «elite», da oligarquia ocidental.
quarta-feira, 19 de junho de 2024
CRÓNICA (Nº28) DA IIIª GUERRA MUNDIAL: UM ANIMAL É MAIS PERIGOSO SE ESTÁ FERIDO DE MORTE
Os imperialistas estão furiosos; a «ordem emergindo do caos», saiu-lhes furada. Estão como animais feridos de morte, que sabem que vão morrer; batem-se com o desespero de quem já não tem hipóteses de ganhar.
Mas, repetem a ficção de que Ucrânia pode ganhar aos russos: A OTAN, recentemente, pela voz de Stoltenberg (seu Secretário-geral), reafirmou o compromisso em admitir a Ucrânia como membro da OTAN.
Só que este país precisava de satisfazer um requisito imprescindível: tinha de vencer a guerra contra os russos. Ora, aqui está um exemplo de hipocrisia e maldade, eternizando o que os dois povos (Ucraniano e Russo) já sofreram. Os próprios estatutos da OTAN proíbem a adesão de um candidato, se este estiver em guerra. Portanto, a OTAN aposta na guerra «eterna» com a Rússia, usando a Ucrânia.
Entretanto, o petrodólar já recebeu a sua sentença de morte. E foi MBS que veio dar a estocada final. Lembrem-se do caquético e servil Biden vir, há um ano atrás, pedinchar ao príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, que este se juntasse ao embargo do petróleo russo e - ainda por cima - fizesse baixar substancialmente os preços, inundando de petróleo saudita o mercado mundial.
https://www.youtube.com/watch?v=IVijYJlMf_8 LENA PETROVA
A «cimeira» da Suíça foi um enorme fiasco e a prova provada da incapacidade dos súbditos do Império em fazerem a política da paz (verdadeira) . Para eles, a paz significa a capitulação da Rússia. Isto não está sequer remotamente dentro dos possíveis.
Como alguém que «busca encarecidamente a paz», apressaram-se a fazer afronta atrás de afronta, roubando as reservas russas em divisas à guarda dos bancos ocidentais e entregando esses ativos, pertencentes ao povo russo, ao regime criminoso e mafioso de Kiev.
Não satisfeitos com isso, assumem armar a junta resultante do golpe fascista de 2014, com mísseis de cruzeiro, capazes de alcançar qualquer ponto dentro da Rússia. Para quem quer fazer figura de «pacificador», não está mal, não senhor!
https://www.youtube.com/watch?v=hJGsRBdFMpA NEUTRALITY STUDIES
O pânico dos poderes dominando o Ocidente, ou seja, as chefias dos países vassalos do imperialismo e que já foram - no seu tempo - potências de primeira-grandeza, possuidoras de vastos domínios coloniais, mostra como são totalmente desapiedados, em relação à população civil palestiniana, que eles olham como se «não fosse em seu poder parar esses massacres imediatamente».
Como estão, aliás, muito preocupados com os ucranianos; Têm-se esmerado em prolongar a guerra, uma guerra com zero hipótese do regime de Kiev vencer, com ou sem armas estrangeiras, com ou sem tropas «mercenárias» (militares que despiram a farda, mas que continuam a ser pagos pela OTAN).
Dizem fontes insuspeitas que, pelo menos, morreram 500 mil soldados ucranianos nesta guerra de atrição («meat grinder» = moedor de carne).
Muitos mais irão morrer inutilmente, para satisfazer a gula insaciável do complexo militar-industrial (principalmente dos EUA) e não menos insaciável gula de Blackrock, Vanguard, Monsanto e congéneres. Desde o princípio desta guerra, têm sido aqueles, os grandes compradores de terras ucranianas de primeira qualidade, para somar aos seus avultados investimentos em muitas áreas, desde os fundos financeiros aos terrenos agrícolas, nos EUA e um pouco por todo o lado.
A característica saliente neste fim de império e de novo milénio, é que as guerras imperiais constantes não são lançadas para serem ganhas, são guerras "eternas", ou seja duram muito para melhor encherem os bolsos dos contratadores, das empresas abutres, grandes bancos «sistémicos», fundos de investimento financeiro e, claro está, das fábricas de armamento. Eles sabem que não podem vencer, então vão provocando os seus adversários que entretanto se organizaram.
Como? Como fazem eles o «cerco a 5 dimensões» à hidra imperial?
- Monetária-financeira (divisa dos BRICS usando «blockchain»)
-Desenvolvimento em infraestruturas e tecnologias (BRICS);
-Integração dos sistemas de defesa;
-Aumento da capacidade nas tecnologias de ponta (ex.: semicondutores);
- Trocas comerciais com todo o mundo, numa base de reciprocidade e interesse mútuo.
Face a estas iniciativas estratégicas, o que tem o Ocidente para oferecer?
-Mais neocolonialismo;
-mais «revoluções coloridas»;
-mais ameaça de invasão aos recalcitrantes;
- mais sanções
-mais propaganda
https://strategic-culture.su/news/2024/06/18/hegemon-orders-europe-bet-on-war-and-steal-russia-money/ PEPE ESCOBAR
domingo, 2 de junho de 2024
ASCENÇÃO ECONÓMICA DA CHINA E OS DESENVOLVIMENTOS DOS BRICS
Se tivesse de escolher a entrevista mais esclarecedora sobre a China e o seu papel na nova arquitetura internacional durante estes últimos tempos, esta seria provavelmente entrevista acima, a escolhida.
domingo, 12 de maio de 2024
DIVISA DIGITAL DOS BRICS JÁ FOI ANUNCIADA; RESTA IMPLEMENTÁ-LA
No domínio da guerra monetária, que se sobrepõe ou coalesce com a guerra financeira, de sanções económicas e de guerra híbrida, com focos de guerra aberta na Ucrânia e em Gaza, sobressai a crescente de-dolarização.
Este processo carece de explicação para se compreender o significado de uma nova moeda, emitida e garantida pelos BRICS. Com efeito, a existência de uma divisa de um país (os EUA) como detentor da moeda de reserva mundial (o Dólar US) confere a este uma efetiva capacidade de tirar partido (abusivo) deste privilégio. No caso do dólar, o privilégio consistia em que todos os países, fossem eles ricos ou pobres, amigos ou não dos EUA, tinham de possuir em reserva dólares, pois as principais mercadorias, que se têm de negociar ao nível mundial, como combustíveis fósseis ou as matérias-primas estratégicas, são exclusivamente negociadas e transacionadas em dólares. Isto foi permitir que os EUA estivessem - décadas a fio - em défice, nas suas balanças comercial e do orçamento Federal, sem daí ocorrer uma catástrofe em termos de economia interna dos EUA e sem perder a possibilidade de efetuar toda a espécie de trocas comerciais internacionais. Esta situação simplesmente seria inacreditável, para um país - grande ou pequeno - que tivesse muitos anos seguidos de défice comercial e orçamental. Qualquer país, que não os EUA, iria entrar em colapso a breve prazo, pois os capitais internacionais, financeiros e outros, iriam fugir de qualquer negócio com um país tecnicamente falido. É, porém, exatamente este o estado dos EUA, de bancarrota, com 34 triliões de dívida acumulada*, uma soma astronómica que nunca poderá ser paga no futuro.
Ora, o dólar não apenas permitiu a situação constante de défice, ou seja, de dívida que se vai acumulando, perante credores internos ou exteriores à economia dos EUA, como foi utilizado pelo poder político como uma arma, como um instrumento de guerra, para efetuar sanções. Estas sanções são atos de guerra económica, sem qualquer legitimidade. Porém, como os EUA são ainda a potência dominante, podem impor a países terceiros que «cumpram com as sanções», ditadas por eles, americanos. Na ausência de cumprimento, eles podem provocar o estrangulamento económico, quando não uma guerra, contra esse país recalcitrante. Este estado de coisas impulsionou muitos países do Terceiro-Mundo a se aproximarem e a pedirem a adesão aos BRICS, pois nestes não existe exigência de conformidade com o poder mais forte, em termos do sistema económico ou político vigentes. Ou seja, um país, ao aderir aos BRICS, pode continuar a economia que tinha antes, o mesmo regime político, as mesmas instituições, sem que isso seja sujeito a interferência de outros membros, nomeadamente, dos mais fortes.
Por outro lado, a criação de moeda que não seja pertença de nenhum país, como será a dos BRICS, terá como consequência que esta será sobretudo uma intermediária nas trocas, já não necessitando de complexas ponderações entre as divisas do país A e do país B, para determinada transação, ou mesmo, avaliações do valor direto das mercadorias, sendo trocadas sem intermediação de dinheiro, mas com ajustamentos efetuado em metais preciosos, para cobrir o diferencial entre as respetivas divisas desses países. Ambas as modalidades têm sido praticadas, com resultado satisfatório, por países que não desejam estar sujeitos à chantagem do dólar. Com efeito, a troca envolvendo dólares, vai implicar o escrutínio de um banco americano (nomeadamente dos bancos gigantes de Wall Street). Pode, por isso, o poder político dos EUA decretar sanções eficazes (até agora) contra um país (por exemplo, o Irão), pois as trocas, sendo feitas usando o dólar, passam por um processo de controlo e verificação duma empresa financeira americana, situada em solo americano e sob jurisdição americana.
Agora, o tipo da divisa emitida pelos BRICS, ainda ninguém sabe qual será. Tem-se especulado que será um produto inteiramente digital, com as características de Divisa Digital Emitida por Banco(s) Central(ais); é muito provável que esta divisa seja adossada ao ouro, a outros metais preciosos, a combustíveis, e a outras matérias-primas.
A questão da convertibilidade direta em ouro, como existiu no passado, não se irá colocar, creio: Não me parece que os BRICS queiram fazer do ouro (novamente) a garantia de valor das trocas, mesmo que usando uma divisa em papel ou eletrónica, enquanto forma cómoda de substituir o ouro.
Mas, o que é certo, é que esta nova divisa internacional irá satisfazer uma necessidade ao nível das grandes trocas entre os Estados ou entre organizações públicas ou privadas. Com efeito, as trocas usando o dólar como moeda de reserva estão sujeitas a imprevistos, tanto no domínio geopolítico, como económico: Quando um país faz um acordo em dólares num contrato de longo prazo e a sua divisa nacional se desvaloriza de maneira significativa, em relação ao mesmo dólar, esse contrato pode tornar-se muito desfavorável para este mesmo país.
Agora, a estabilidade de longo prazo conferida pela nova moeda dos BRICS, irá com certeza minimizar as hipóteses de tal acontecer. Note-se que a flutuação de divisas, duma em relação às outras, não corresponde necessariamente a um melhor desempenho económico do país A, em relação ao país B: Pode muito bem haver contextos que provoquem a descida acentuada de uma divisa, como fatores económicos ou políticos, ou outras circunstâncias no contexto mundial, que escapam largamente ao controlo dos países em causa.
A existência da nova divisa internacional, embora não assumindo oficialmente o papel de moeda de reserva, irá permitir maior estabilidade nos preços, nos contratos e nas trocas internacionais. Isto, em si mesmo, vai ser muito importante para o desenvolvimento global. Vai haver condições para que as trocas sejam mais favoráveis para os países pobres, que têm como quase único meio de obter divisas a exportação de matérias-primas.
Não se pode deixar de falar do destino do dólar, neste contexto: O dólar será, provavelmente, mantido como divisa dos EUA e, nesta base, será utilizado e trocado de acordo com as necessidades do mercado: Como os EUA não vão deixar de ter uma dimensão considerável no domínio industrial, comercial e da inovação, não será de espantar que o dólar continue a ser usado numa fatia das trocas financeiras e comerciais internacionais. O que vai ser diferente, é que deixará de haver exclusividade: Já não haverá qualquer «obrigatoriedade» em comprar no mercado internacional, em dólares (a países, que não sejam os EUA) os combustíveis ou os cereais, etc.
A libra foi, durante cerca de século e meio (do início do século XIX, a meados do século XX), a moeda de reserva e comercial. Foi destronada pelo dólar, mas continuou a ter um papel nas trocas internacionais.
A nova divisa dos BRICS não será a «panaceia», mas terá a virtude de permitir que as trocas se efetuem de modo mais equilibrado, que não haja nenhum país capaz de impor sua «lei», só pelo facto de ser emissor da moeda com o papel de reserva mundial. Também haverá maior dinamismo no comércio. Em particular, irá desaparecer a flutuação excessiva entre divisas, eliminando assim um risco que pode inviabilizar um negócio que se pensava ser rentável.
O conteúdo do vídeo acima, de Lena Petrova, é muito esclarecedor.
domingo, 31 de março de 2024
POTÊNCIA DOS EUA É BLUFF
É um "bluff" e está a revelar-se de forma cada vez mais óbvia.
Vamos por partes:
1- O dólar: a hegemonia do dólar está posta em causa a vários níveis. O sistema de Bretton Woods, ou aquilo que dele restava, está completamente posto em causa. Continuam a sentir-se os efeitos inflacionários da retirada (default) de Nixon em 71, quando desacoplou o dólar US da onça de ouro (1 onça de ouro = 35 dólares US*).
2- De seguida, com a constante e catastrófica situação de défices orçamentais e comerciais, os quais atingiram um nível estratosférico, fazem com que a dívida denominada em dólares, seja vista com crescente receio. Esta é a causa da subida rápida das taxas de juro das obrigações soberanas dos EUA, o que - por sua vez - implica a subida correlativa do mercado da dívida, em geral.
3- Estão perante a impossibilidade de sustentar - como durante decénios passados - o sistema do tipo «pirâmide de Ponzi», devido à não aceitação de dólares como pagamento (em especial dos combustíveis); igualmente, pelo constante despejar de treasuries (obrigações do Tesouro dos EUA) nos mercados internacionais. Note-se que a FED (o banco central dos EUA) se tornou o maior comprador destas treasuries. É uma situação análoga da que se verifica com os bonds emitidos pelo Japão, desde há trinta anos: O seu comprador exclusivo é o Banco Central do Japão.
4- Multiplicaram sanções económicas e financeiras e mesmo roubos, contra os países que desagradam aos EUA, que não se submetem à «rules based order» (americana). Assim, muitos países do Sul Global viram que já não podiam confiar nos EUA, enquanto entidade emissora da moeda de reserva e de troca internacional. É impressionante a imbecilidade dos que desenham as políticas de Washington: Têm aquela arrogância dos muito ricos; pensam que o mundo se submeterá sempre à sua vontade.
5- A consequência dessa utilização do dólar como arma, foi a de-dolarização, promovida pela aliança múltipla dos BRICS, que se acompanha pela criação de novo sistema de troca internacional, prescindindo do dólar como intermediário. Além disso, desenvolvem instituições próprias. O «Banco dos BRICS» está envolvido em múltiplos investimentos e assistência a países do Sul Global, deixando «desempregado» o FMI. Não esqueçamos que o FMI, controlado pelos EUA, tem como norma pressionar as suas infelizes presas a fazerem reestruturações do sistema produtivo, que põem as riquezas desses países à mercê dos grandes tubarões que emprestam o dinheiro. Com efeito, o FMI, não é ele próprio o emprestador, mas supervisiona o cumprimento de acordos entre os países que pedem ajuda e consórcios de bancos.
6 - Agora, entrou-se na fase terminal e perigosa. Os EUA já não conseguem impor sua dominação sobre os países ou, mesmo, movimentos de guerrilha, através da força bruta das armas. Durante decénios, quando um país se rebelava, estava sujeito a ser esmagado por vários meios: Bloqueio e embargo do comércio, subversão do regime, ou invasão pelas tropas do Império, sozinhas ou em coligação. Insistiram neste comportamento, ao longo do século XXI, mesmo depois das forças que se opunham ao imperialismo terem aprendido a combater numa guerra assimétrica, ou híbrida. A Somália, o Afeganistão, o Iraque, o Irão, a Síria, o Iémen, são exemplos de recentes fiascos americanos, e não são os únicos.
7 - A prazo, virá o fim do super imperialismo e do mundo unipolar, que tentaram impor, mas que nunca conseguiram totalmente. O chamado Ocidente não é mais que os EUA e os países que lhe prestam vassalagem. São uma minoria, quer em número de países, quer da população e, agora, estão em vias de ser ultrapassados, se não o foram já, na produção de riqueza global. Usam a fundo o controlo que possuem sobre os media ocidentais, para que a cidadania de cada um desses países e dos próprios EUA, não possa tomar consciência da realidade. Mas, existem demasiadas contradições, que acabam por destruir a imagem fabricada de «guerra dos maus contra os bons». Nessa altura os próprios povos dos países outrora dominantes na cena internacional, irão rebelar-se e expulsar os que, enquanto governantes, espoliaram esses países em proveito duma oligarquia global.
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* Até que Nixon retirou a convertibilidade; hoje (01/04/2024) a onça de ouro = 2250 dólares US.