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segunda-feira, 18 de setembro de 2023

BARBARA STIEGLER: o neoliberalismo está na origem da deriva autoritária


Barbara STIEGLER est professeur de philosophie politique à l’université Bordeaux Montaigne. Elle est notamment l’auteur de « Il faut s’adapter. Sur un nouvel impératif politique » (Folio, 2023) et de « Démocratie ! Manifeste » (Le Bord de l'eau, 2023). Spécialiste du rapport entre la politique et la biologie, Barbara Stiegler s'est intéressée aux origines du néolibéralisme, portées notamment par une injonction à l'adaptation, issue du lexique biologique de l'évolution. Dans cet entretien par Olivier Berruyer pour Élucid, elle revient sur ce qui caractérise notre régime politique, et en tire les conséquences pour la « démocratie » : dans un monde néolibéral, le pouvoir (la souveraineté) ne peut pas appartenir au peuple. En ce sens, l'ère d'Emmanuel Macron se présente comme une forme archétypale de ce régime à bout de souffle et fortement contesté. (*)

(*) Tradução por Manuel Banet:

 Barbara STIEGLER é professora de filosofia política na Universidade de Bordéus-Montaigne. Ela é autora, nomeadamente, de «É preciso adaptar-se. Sobre um novo imperativo político» (Folio, 2023) e de «Democracia ! Manifesto » (Le Bord de l'eau, 2023). Especialista da relação entre a política e a biologia, Barbara Stiegler interessou-se pelas origens do neoliberalismo, propulsionadas nomeadamente por uma exigência de adaptação, saída do léxico biológico da evolução. Nesta entrevista com Olivier Berruyer para Élucid, ele regressa ao que caracteriza o regime político francês e extrai as consequências para a «democracia»: num mundo neoliberal, o poder (a soberania) não pertence ao povo. Neste sentido, a era de Emmanuel Macron surge como forma arquetípica do regime, sem fôlego e fortemente contestado.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

O MUNDO VISTO ATRAVÉS DAS PAREDES DUM AQUÁRIO

 


Estamos num mundo dividido, mas não segundo as linhas ideológicas traçadas por Biden num discurso recente, entre «autocracias» e «democracias». Ele queria de facto que as pessoas identificassem «autocracias» com todos os governos que não se conformam com a «rules based order» ou seja, o que os EUA consideram como «ser-se bem comportado». Pelo contrário, seriam «democracias» todos os que alinham com o imperialismo americano, seja qual for o seu registo de violações dos direitos humanos mais básicos, a começar nos próprios EUA!

Mas, para mim, não existe diferença onde Biden quer colocar a grande divisão. Existem países com governos que se comportam razoavelmente dentro do que se convenciona ser a «democracia representativa» no outro lado da «nova cortina de ferro», enquanto -do lado de cá - há bastantes cujo governo e as práticas se podem claramente identificar como «autocráticos». A visão dicotómica é falsa, pois qualquer país pode virar de ser uma relativa «democracia», para uma autocracia, quando existe um reforço das tendências autoritárias. Estas tendências, digam o que disserem, existem mesmo nas chamadas democracias ocidentais e nós temos abundantes provas disso, com a crise do COVID e com a histeria instrumentalizada contra a Rússia, não só contra o governo, como contra as pessoas e a cultura russas. Temos aqui uma prova cabal de que muitos governos do ocidente, dito «democrático», se comportaram como autocráticos, em relação à sua própria população. Em relação ao exterior, têm assumido posturas agressivas, belicistas e imperialistas, ou auxiliares da potência imperial.

Perguntarão: E do outro lado? Não há atropelos aos direitos humanos, não há governos autocráticos? Os que assim argumentam, provavelmente não se estão a aperceber de que é uma falácia, ou seja, não é um verdadeiro argumento. Sobretudo, não anula quaisquer dos factos comprovados em relação aos regimes do que convencionamos chamar «Ocidente», que inclui a Austrália, o Japão e outros, e que deveríamos antes chamar «Alinhados com os EUA». 

Demonstração da falácia

Primeiro, existe uma barragem de propaganda tal, que aqui, nos nossos países não somos informados mas desinformados, intoxicados de propaganda contra os países e governos que não se conformam ao modelo americano, sobretudo a China, a Rússia, o Irão e outros. Como tal, é impossível distinguir, em muitos casos, a realidade da propaganda. A não ser que cada um de nós se transformasse em jornalista e fosse visitar esses países, fazendo inquéritos e avaliando o pulsar da vida dessas populações. Isso é impossível, claro. Mas, pessoas que são jornalistas profissionais, não estão nos diversos pontos do globo a fazer um trabalho sério. A sua objetividade - sem viés ideológico ou partidário - deveria ser inquestionável, sobretudo, onde existam governos «autocráticos». Mas eles, quase sempre, só enviam - pelos seus media respetivos - uma visão distorcida, onde os aspetos negativos são amplificados e os positivos minimizados, ou passados sob silêncio. 

Segundo, mesmo que a imagem desses regimes, por eles enviada, fosse rigorosa e objetiva (hipótese infelizmente só teórica), tal não seria argumento válido: Se um determinado indivíduo se portar muito mal, não é por isso que eu sou um «santo». O mesmo se passa com os governos, os regimes dos diversos países: Não é por um regime A perseguir cidadãos ou não respeitar direitos humanos dos mesmos, que o regime B, onde nos encontramos, tem legitimidade para fazer igual, até mesmo que num grau menor. A legitimidade das ações do Estado e do governo, do ponto de vista formal e jurídico, é o que caracteriza um Estado de Direito. Este existirá, de facto, se os governos respeitarem e fizerem respeitar as constituições respetivas, se não permitirem derivas, nem desrespeito pelos direitos dos cidadãos. 

Em terceiro lugar, faço notar que a democracia não é nem nunca foi, artigo de consumo que se possa exportar. Não foi nunca assim. Os exércitos da República Francesa triunfante não exportaram a «democracia» na ponta das suas baionetas. O mesmo se pode dizer com todos os governos coloniais, que supostamente iriam «civilizar» os povos, o que implicava ensiná-los a viver em «democracia», segundo a metrópole. Mais recentemente, a invasão do Afeganistão pelas tropas da NATO, chefiadas pelos EUA, não trouxe senão devastação, nenhum bem-estar ou progresso e, sobretudo, o regime que ficou após o fim de 20 anos de ocupação dos ocidentais, foi o governo Talibã, ou seja, da mesma natureza que eles tinham derrubado na «guerra-relâmpago» de 2001... O mesmo descalabro (1) se pode verificar com o resultado de guerras na ex-Jugoslávia, Líbia, Iraque, Síria, etc.  Note-se que isto não é um argumento formal, mas substancial.

Em quarto lugar, o argumento de que existe uma real «democracia», quando um regime tem eleições, é um sofisma. Pois estas podem muito bem ser falsificadas, pode haver restrições explícitas, ou não, a certos partidos concorrerem, ou não existirem liberdades de opinião e de imprensa, etc. E tudo isto, pode ser num grau maior ou menor, pois raramente as situações são classificáveis como «preto ou branco», «positivo ou negativo», «bom ou mau». A «democracia» nos EUA, entre outras vicissitudes, foi objeto de distorções eleitorais (2) muito graves. Por exemplo, em 2000 com a fraude que afastou Al Gore e permitiu a eleição de G. W. Bush ou com a fraude que permitiu afastar Trump, em 2020. Trata-se de fraude comprovada; Trump recebeu maior votação que qualquer outro presidente anterior, que se tenha submetido a sufrágio. Digo isto, não por simpatia por Al Gore, nem por Donald Trump: Mas, são comentadores políticos, dentro da sociedade americana, que o dizem.

A vontade do povo e a expressão desta, é que deveriam ser os fatores distinguindo a democracia, de todas as outras formas de governo. Por isso, sou convicto «abstencionista» nos assuntos internos dos outros povos. Eles são compostos por pessoas adultas, tão capazes como eu de raciocinar: Saberão bem o que é melhor para seu país.

As «intervenções solidárias», que significam apoiar grupos dissidentes em determinados países, são formas de ingerência. Note-se que estas ingerências não são realizadas por idealismo, mas para derrubar ou, no mínimo, colocar entraves aos governos dos países em causa. Ora, assim como as sanções, este tipo de intervencionismo funciona, na prática, como ponta-de-lança das ambições imperiais.

Não há dúvida de que a propaganda também é dirigida aos cidadãos do «império ocidental». Especialistas em informação encarregam-se de moldar a opinião pública dos próprios países, usando toda a panóplia, desde a difamação, a falsa informação (fake news), a repetição de «clichés» (por exemplo: «Putin é isto ou aquilo...»), até a uma tendenciosa seleção de notícias, onde nada do que contradiga a narrativa fabricada, é deixado filtrar.

Se os peixes de aquário falassem, eles diriam que vivem em plena liberdade e que seu universo os satisfaz plenamente.

Os cidadãos do «ocidente», que estão satisfeitos e consideram que seus governos estão do lado do «bem», da «justiça», da «democracia», etc. são como os peixes de aquário, acima referidos. Quanto a estes últimos, serão espécimes das nossas águas ou de ambientes exóticos. E quanto aos primeiros, serão como robots ou zombies, não genuínos cidadãos.

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(1) Veja o vídeo seguinte sobre as guerras secretas do império: U.S. Secret Wars EXPOSED  
(2) Gonzalo Lira comenta AQUI as eleições para o Congresso. O problema com as fraudes, é que perante denúncia, as consequências legais apenas serão extraídas se o sistema não estiver corrompido.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

ARCEBISPO CATÓLICO VIGANÒ DENUNCIA GOLPE GLOBALISTA COM CORAGEM E LUCIDEZ




Carlo Maria Viganò é um arcebispo da Igreja Católica que serviu como Núncio Apostólico nos Estados Unidos de 19 de outubro de 2011 a 12 de abril de 2016.

O arcebispo Viganò manifestou-se contra o Grande Reset e a Agenda Globalista 2030 publicamente, muitas vezes.

Ele agora dá seu total apoio aos camionistas canadianos e ao movimento mundial pela liberdade.


NB: As pessoas que não têm afinidade com o Cristianismo ou com o Catolicismo, podem descartar o conteúdo da mensagem deste membro da hierarquia da Igreja Católica? - Eu penso que não, porque o que Monsenhor Viganò desmascara com energia e serenidade é um mal que toca a todos, crentes e ateus, cristãos e não cristãos. 

O que está em causa, com a nova ordem mundial que querem implantar, é efetivamente escravizar a humanidade, o trans-humanismo (que é anti-humanismo), o controlo dos muito ricos sobre recursos planetários e uma gestão da «manada», que somos todos nós, humanos. 

A agenda dos globalistas é total, está incluída na chamada Agenda 2030 da ONU, como muito bem denuncia Viganò: trata-se de substituir a nossa liberdade individual e a  autodeterminação enquanto povos, pela ditadura globalista mundial dos «peritos» que (supostamente) sabem zelar pelos nossos interesses, melhor que nós próprios. 

Lembrem-se do seguinte: Se não praticarem a liberdade, se não a exercitarem em todas as esferas da vossa vida individual e coletiva, o que vai acontecer é que vos vão roubar essa mesma liberdade, não importa quais eram à partida as garantias jurídicas da mesma. Vejam ,como  exemplo, o que se está a passar no Canadá: uma classe de governantes no Canadá, um país até recentemente considerado muito democrático e respeitador dos direitos humanos, Trudeau e o seu governo estão comportando-se como fascistas. Eles - de facto- sempre o foram; apenas o disfarçavam e agora, não!


NB 2: Outros artigos neste blog sobre a luta dos camionistas do Canadá:

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

SENILIDADE NAS PESSOAS INTELIGENTES

 Vem o presente escrito enquanto comentário a uma entrevista desastrosa de Noam Chomsky, um célebre intelectual, ícone da esquerda radical e libertária. Nesta entrevista, Chomsky advoga que os não-vacinados contra o COVID deveriam ser forçados ao isolamento. Alegava que os prejuízos, para eles próprios, eram inteiramente da sua responsabilidade. Curiosamente, pelo menos na entrevista, nem sequer faz exceção dos já infetados e curados, que realmente possuem bem melhor proteção, que os que não têm senão a proteção (precária e transitória, além de muito parcial) das vacinas, pelo menos das correntemente usadas nos EUA.

Creio que existem pessoas extremamente inteligentes e com uma grande bagagem teórica, que também caem na rigidez mental agora exibida por Noam Chomsky. Penso que muitas coisas que escreveu Chomsky permanecem válidas, quer ele tenha agora feito, ou não, declarações desastrosas e tomado certas posições contraditórias com posições prévias dele, basicamente libertárias (ele próprio define-se como «socialista libertário»). 

O nosso sistema mediático promove o «estrelato», que não se confina a «Hollywood», também abrange o mundo académico e a intelectualidade. Muitos são os que se tornaram celebridades, com a fama adquirida por obras de reconhecido mérito, que depois «dormem sobre os louros», ou seja, não produzem nada de valor, de grandeza ou de inovação equivalentes, no resto da vida. Com efeito, é uma raridade ser-se um Leonardo Da Vinci ou um Pablo Picasso, ou outros raros, que até ao fim da vida produziram arte ou literatura ou filosofia de grande nível, de nível equivalente ou semelhante às produções realizadas quando eram jovens e que lhes concederam a celebridade. Aliás, não raras vezes, alguém é reconhecido como criador valioso somente no final da vida. Só então, por vezes devido a circunstâncias fortuitas, sai da obscuridade mediática e se torna célebre. 


De facto, esta situação pontual confrangedora, como Jonathan Cook* tão bem disseca, não é única. Muitas individualidades no passado, que eram fulgurantes críticos do sistema, ou polemistas temíveis contra o convencionalismo, tornam-se -elas próprias - muito convencionais, nos finais de sua vida.

Há quem diga que «adquiriram» o juízo que lhes faltou durante a juventude, mas eu penso que tal não deve ser visto deste modo. Até porque não é infrequente intelectuais senis defenderem posições extremistas ou insensatas, mas em sentido oposto às defendidas na juventude. 

Creio que a rigidez da mente, decorrente de um mau funcionamento dos circuitos neuronais ou da perda de capacidades é geral, a partir de determinada idade. 

Não há ninguém que escape à determinação biológica da senilidade. Mas, se alguém toda a vida foi medíocre, na sua forma de pensar, não se espera que tenha melhor qualidade durante os anos tardios, antes pelo contrário. Porém, ilogicamente, espera-se que alguém, intelectualmente brilhante na juventude e na maior parte da idade adulta, assim permaneça até ao fim da vida, mesmo que centenária!

Há aqui algo de estranho: Talvez tenha a ver com o culto da celebridade, com a imagem de «sempre jovem» que se quer guardar de certos artistas, que nos encantaram quando nós também éramos jovens ou, mesmo, crianças? 

Pessoalmente, creio poder dissociar-me desse culto, como aliás do oposto, ou seja, o de desprezar alguém só porque tem idade provecta. No humanismo, não se apreciam as pessoas através de «avaliações» estúpidas (como são sempre as mediáticas), mas segundo outro critério: Do valor intrínseco do ser humano, enquanto tal. Eu penso que devemos respeitar as pessoas de provecta idade, como se fossem o próprio pai, ou mãe. Ou, como nós gostaríamos de ser tratados, quando estivermos em tal fase da vida. 

Desprezar os idosos é um sinal de arrogância e autoritarismo. Mas, não devemos pedir à natureza aquilo que ela não pode dar. Todos os seres que envelhecem têm de sofrer um declínio de suas capacidades, não apenas físicas, como mentais. 

Isso não torna as pessoas menos estimáveis e dignas de respeito, aos nossos olhos. Pelo contrário, deveríamos resguardá-las duma exposição mediática cruel. Creio que foi o caso de Chomsky, na medida em que a entrevista deixa para a posteridade palavras (escritas ou ditas) cujo sentido é fraco e está em contradição direta com a sua obra e com a maior parte da sua vida.

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* Artigo no blog de Jonathan Cook: «Is forced isolation of the unvaccinated really the left’s answer to the pandemic?»

  

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA - PARTE XII

O aniversário dos atentados de falsa bandeira do 11 de Setembro de 2001, foram ocasião para que numerosos jornalistas, políticos, sociólogos e filósofos traçassem um quadro das duas décadas passadas. É normal que isso assim seja, pois a compreensão correta do que se passou neste intervalo de tempo, é indispensável para a avaliação do momento presente. Pois, por isso mesmo, abundam as «análises», sem outro critério, senão o de confirmar e reforçar a visão do mundo dos seus autores, querendo que os leitores fiquem convictos dessa mesma visão. Por outras palavras, fomos amplamente servidos de discursos e narrativas ideológicos, de manipulações da história.
É muito fácil escrever-se algo, na aparência correto, porém completamente errado, na essência, porque só são abordados os factos que venham confortar determinada tese. Este tipo de «análises» pseudo objetivas não deveriam ser consideradas como sérias, por pessoas com espírito crítico, com bom-senso.
A arrogância de muitos dos que estão em lugares que permitem influenciar o grande público, seja na media, nos cargos políticos, ou na academia, leva-os a pensar que os que os leem ou ouvem, são suficientemente estúpidos ou ingénuos para «engolir» mentiras, meias-verdades, os cozinhados que eles fabricam, constantemente. Nisso, eles enganam-se completamente, pois apenas aumentam o repúdio dos que não comungam dos mesmos ideais, da mesma visão das coisas, por um lado; por outro, estimulam o fanatismo de um pequeno número, que já estava convencido, de pessoas já doutrinadas. São estas últimas, as que constituem a massa de manobra, as tropas de choque, de que se servem os ditadores.
Felizmente, hoje em dia, apesar do «blackout» informativo, da barragem de obscurecimento da verdade, erguem-se vozes, ouvidas por alguns (não tão poucos como isso). Existe este fenómeno em muitos quadrantes do espectro político, à exceção dos que são os grandes beneficiários da mentira, ou são pagos por estes para manter a ilusão. Os anglo-saxónicos usam a expressão, apropriada, de «gaslighting»: ou seja, uma desfocagem, uma visão turva das coisas, como a vibração das imagens no entorno das lâmpadas de iluminação a gás, nos tempos idos. Na guerra psicológica que foi desencadeada contra os povos, incluindo os povos americano e seus «aliados», a violência simbólica, somada à violência física sobre milhões de inocentes, no Afeganistão e no Iraque, causaram o efeito desejado de medo pânico, de desorientação. Eles chamam a isso «choque e pavor».
A guerra global contra os povos, que foi desencadeada durante a última década do século XX, foi realmente transformada, potenciada, com o 11 de Setembro de 2001, «a mãe dos atentados de falsa-bandeira», a conjura que, apesar de todos os esforços de ocultação, surgiu, logo no momento, como algo transparente.

- Eu lembro-me como se fosse ontem: Estava no "chat" com amigos, quando as primeiras notícias surgiram. Nós ficámos primeiro estarrecidos, mas logo começamos a estabelecer hipóteses, conjeturas sobre quem seriam os responsáveis e quais seriam as consequências. Tivemos consciência instantânea da importância do sucedido, pois nos apercebemos logo que não se tratava de algo, à escala de um ataque terrorista «vulgar». Lembro-me de ter dito aos meus amigos que «isto não podia ter vindo senão de dentro». Algo que teria como perpetradores o grupo dos chamados Neocons, ou seja, os autores do famoso documento PNAC. «Plan for a New American Century» (surgido em 1999 e profusamente comentado durante a campanha eleitoral para a presidência, que opôs Al Gore e George W. Bush). Era um documento público: Um plano detalhado, que expunha como os neocons pretendiam «guiar» a política americana, com vista a manter e consolidar a hegemonia, resultante do desmoronar da URSS e do bloco socialista.
Eu estava certo, de facto. Os meus amigos são testemunhos disso. A minha primeira intuição, no dia 11 de Setembro de 2001, acertou em cheio. Hoje, passados 20 anos, não resta a mais pequena dúvida, de que se tratou de um monstruoso ataque de falsa bandeira.

Não irei aqui elaborar mais sobre o assunto, apenas vos recomendo a leitura do excelente artigo de Whitney Webb sobre o tema do 11 de Setembro. Este seu escrito vai mais além, pois estabelece as pontes necessárias com o presente.
Estou também interessado na compreensão aprofundada da guerra de manipulação e condicionamento maciço da opinião pública. O termo «propaganda» já não chega, pois as coisas foram muito mais longe que quaisquer técnicas e modos de atuar, que normalmente se classificam dentro da rubrica «propaganda». Estou a falar da agressiva investida do «transumanismo», ou seja, da já iniciada transformação dos humanos em «cyborgs», acoplada à transformação social radical, onde as estratificações de classe são reforçadas por estratificações biológicas. Um mundo distópico está a despontar: Se os amanhãs cantassem, a música seria feita por máquinas, robots, computadores, terminais cibernéticos.

                                     

Estou a fazer o meu «upgrading», com o livro de Pedro Baños «El Dominio Mental; La Geopolítica de la Mente». Não digo que este livro seja a única fonte de informação neste domínio, deve haver um certo número de obras com qualidade, sobre esta temática. Porém, para mim é fundamental, pois nele encontro um condensado do que se tem feito, desde o condicionamento dito soft, até às experiências com humanos, autênticos pesadelos.

Decidi não abordar aqui o tema COVID: Ele está presente nas duas obras acima citadas e, ao fim e ao cabo, temos de ver o essencial*. O essencial, parece-me ser a questão do controlo. Quem controla quem. Quem é que deseja controlar os mecanismos do poder. Quem é que tem de facto, alavancas para acionar esses mecanismos. Como procedem os poderosos para aplacar as massas. Como procedem para «legitimar» o seu domínio sobre as coisas e as pessoas. Não se trata de obsessão pelo tema, mas antes, ter em alta estima a minha/vossa liberdade e autonomia, tanto física, como de pensamento, que me/ nos estão sendo roubadas, sistematicamente.
Vendo as coisas pelo lado otimista, creio que podemos imaginar - sem tomar nossos desejos pela realidade - que os outros seres humanos, compreensivelmente, terão os desejos que eu próprio possuo; que essas vontades dispersas irão coagular em novas formas de estar, de sentir, de pensar e de agir; que as pessoas vão procurar novas formas de fazer política, novas formas de relacionarem-se umas com as outras.
O mundo nunca permanece estático, para grande desespero dos oligarcas, que gostariam de ter o mundo inteiro «congelado», transformado numa imensa «quinta ecológica», onde eles seriam os donos e senhores, como um paraíso terreal para os muito ricos.
Há muita gente que, simplesmente, não compreende o meu ponto de vista. São pessoas a quem é servida, constantemente, uma imagem da realidade condicionada pelas narrativas serventuárias do poder. Mas, como elas estão tão condicionadas, não se podem aperceber da extensão do seu engano. Não as desprezo, pelo contrário. Tenho refletido nos últimos tempos na questão de saber como proporcionar-lhes meios para que - por elas próprias - se apercebam como têm sido manipuladas e suas consciências violadas. Talvez seja sensato ficar à espera que a realidade se encarregue de lhes abrir os olhos.
Dizem-me várias pessoas amigas que esta deriva autoritária poderá durar muito tempo. Estou de acordo com elas. Porém, quanto mais as coisas evoluírem em direção ao autoritarismo e totalitarismo, mais as hipóteses de termos uma vida mais ou menos «normal», ou «feliz» vão diminuindo, para não dizer que se vão esfumando.

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* Consultar outros números da série «OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA»: 
parte IV , parte VI e seguintes.











sábado, 13 de março de 2021

MINHA FILOSOFIA


Ao escrever este blogue, não estava na minha intenção inicial fazer dele um blogue de actualidade política ou económica. Estava antes com determinação em procurar afinar os meus próprios instrumentos conceptuais, para melhor estar comigo próprio, com o mundo e capaz de tomar os desafios da melhor maneira.

Sim, temos todos desafios a tomar, qualquer que seja a fase da nossa vida, pois é a realidade social e global que nos questiona. É ela que nos obriga a sair do conforto do «em si mesmo». 

Não se trata, para mim, de escrever sob o impulso do momento, nem de tentar fazer adeptos dos meus modos de pensar e de ser. Apenas creio ser minha prerrogativa dizer o que penso, o que acho realmente importante, fazendo valer argumentos, não indo buscar ao lado emocional, ao slogan, à frase feita, à adesão a este ou aquele credo. 

As pessoas são tesouros de sabedoria, de inteligência e de bondade, mas estão sob a permanente falsa narrativa, que mantém o seu cérebro fora da realidade. É como se estivessem sempre sob hipnose. Claro que há coisas com efeito hipnótico, algumas delas activamente procuradas pelos indivíduos, pois encontram algum alívio nisso. 

Mas, eu refiro-me a coisas de ordem bastante mais obscura. O jogar com forças/energias que se encontram no âmago dos seres: falo de manipulações dos sentimentos mais profundos, como sejam o medo da morte, do desconhecido, o desejo sexual e de poder, a necessidade de amor e de se sentir apreciado, acarinhado, a pertença ao grupo como forma de escape à angústia da solidão... etc...etc.

O que está a levar as sociedades - especialmente no Ocidente - a um grau de autodestruição, não é meramente a política ou a economia. Por muito profundas que sejam as feridas sociais resultantes destas décadas de destruição do tecido social, do chamado «pacto social», ou ainda «wellfare state», estas são as consequências de um fenómeno de outra ordem. 

Estamos perante uma regressão, uma forma de denegação de responsabilidade, um estado de infância prolongada, indefinida, acometendo adultos de todas as idades, dos 18 aos 88 anos. Esta crise está a socavar lentamente o fundamento da sociedade em que todos nós vivemos, mas não nos damos conta disso. De facto, estamos inconscientemente a nutrir esse monstro, que eu chamaria de «irresponsabilidade social» e que se correlaciona com a entrega da capacidade em nos auto-determinarmos, a entrega da responsabilidade por nós próprios e pelos outros. Tivemos esse sentido durante milénios, durante toda a evolução conduzindo à forma humana «moderna», o Homo sapiens, que temos sido durante trezentos mil anos. 

Face a este estado de coisas convém, antes de mais, especificar as consequências práticas que ele traz, antes de pensar fazer qualquer coisa de concreto, ou delinear uma estratégia.

A primeira consequência, é o controlo das sociedades por um punhado de indivíduos: Muito poucos, na verdade, embora assistidos, ajudados, por um grande número de peritos, não somente nas áreas tradicionais da repressão, como a polícia, as agências de espionagem, o aparato militar, etc., mas por técnicos e especialistas nos campos mais variados, incluindo as «ciências humanas», psicologia, sociologia, ciências da comunicação... com o objectivo de manter as pessoas sob controlo.

Assim, estamos sujeitos a um condicionamento, dito «soft», mas que na verdade é muito forte, porque envolve todo o campo da realidade social, com que a maior parte de nós se confronta dia-a-dia. Há uma parte de consentimento, uma parte apenas, porque nós não somos informados verdadeiramente, não conhecemos o que está do outro lado do ecrã. Não existe consentimento informado num processo de manipulação porque, para que tal processo tenha possibilidade de se exercer sobre nós, é indispensável que não tenhamos consciência dele. Assim que a tivermos, haverá repúdio, revolta e tomada das coisas em mãos. Ninguém gosta de ser manipulado; é uma violação da nossa mente, do nosso íntimo. 

Mas, o campo da «fábrica do consentimento» não se fica por aqui, pois intervém o medo: ele impede que as pessoas raciocinem, que façam um exame crítico das situações. Ele vai buscar os traumas da nossa mais tenra infância, que se encontram profundamente ancorados no nosso cérebro. Tal como uma criança pequena, a pessoa adulta com medo, com uma angústia vaga, mas permanente, vai procurar mecanismos ilusórios, para não sofrer a sensação. A fuga não é opção, nestas situações. Restam-nos as opções de encarar o mal de frente, ou a passividade. O que a maior parte de nós escolhe é a passividade, com uma data de «boas razões», que -afinal- se resumem a não querer correr um risco, seja ele verdadeiro ou não, seja ele avaliado no seu justo valor, ou hipertrofiado. 

Digo que a maior parte das pessoas estão em psicose de medo, porque vejo à minha volta tantas pessoas em estado de denegação. A denegação é o auto-ocultar das evidências que contradigam a narrativa oficial, ou universalmente difundida. Aqui joga uma percepção distorcida - mas muito comum - dos mecanismos sociais, que faz com que aquilo que é dito constantemente, em todos os tons, por todos os órgãos da comunicação social, «deve ser» verdadeiro (a célebre frase, atribuída a Goebbels: «uma mentira mil vezes repetida, torna-se verdade»). Mas, também joga o medo de estar «fora do rebanho», de ser ostracizado, de perder amigos, de ser acusado disto e daquilo... 

Atingiu-se o estádio de negação do Estado de Direito, que Hanna Arendt tão bem caracterizou, no seu famoso ensaio «Origens do Totalitarismo», quando as constituições não são abolidas, porém os direitos humanos individuais e colectivos (políticos, sindicais, associativos...) nelas consagrados, assim como os limites e a separação dos poderes, desaparecem. Isto acontece dum momento para o outro, sem que a cidadania se aperceba realmente o que estão a fazer com ela: Estão a espoliá-la dos seus direitos mais significativos, apenas bastando o poder acenar-lhes com o medo do invisível (do «terrorismo islâmico», do vírus «mortífero»...), para «justificar» estado de excepção, arbítrio e impunidade para os poderosos...

As condicionantes desta situação são muitas. Apenas posso apontar algumas evidências (como tenho feito abundantemente neste blog), em como o discurso do poder é falso, é uma falsa narrativa destinada a obter a nossa submissão. Não se trata já do consentimento, mais ou menos esclarecido e informado, como terá existido nas chamadas «democracias liberais». Mas, isto é o passado, ele não voltará a existir, pois as forças que conseguem moldar a visão das pessoas, não o querem. Elas são donas dos média, até mesmo dos órgãos ditos estatais. A média, ao contrário de um «quarto poder», tem sido antes um instrumento da ditadura dos muito poderosos, um auxiliar para fabricar o medo.Tem sido a câmara de eco da qual emana a falsa sensação de «consenso», sem qualquer preocupação em falar verdade, em dar a conhecer os pontos de vista contraditórios sobre a realidade. Hoje, trata-se da «ortodoxia» sobre o SARS-Cov-2 e o modo de combatê-lo, amanhã, será outra coisa qualquer. Eu não faço ideia o que seja, mas terá - aposto - assim como os prévios «espantalhos», a característica de infundir a ameaça de um terror difuso, incompreensível, indescritível, a que apenas especialistas e autoridades governamentais estariam em condições de fazer frente, devendo nós dar toda a confiança aos dirigentes, para eles nos «salvarem» desse perigo. 

Neste contexto, devemos dizer não! Não vamos contemporizar, não vamos acreditar na possibilidade de uma discussão pausada, racional. Pois, do outro lado, não existe desejo de uma discussão leal, mas de anátema da dissidência, de domínio absoluto, totalitário. Vamos dar a conhecer o que estas fórmulas de manipulação da opinião pública e das mentes têm de primitivo, de ensaiado repetidas vezes, por déspotas, por criminosos que querem levar-nos à guerra. Se eles o fizeram tantas vezes no passado, nós podemos aprender com a História, como enfrentar este estado de coisas, como contrariá-lo, como não cair nos erros do passado. 

A leitura (crítica, como sempre) de autores como Hannah Arendt, George Orwell, Aldous Huxley e mais recentemente Noam Chomsky, Naomi Klein e sem pretender citar todos os nomes importantes, pode ajudar-nos a adquirir os instrumentos conceptuais que permitam ver a manipulação, ocorrendo no presente. O interesse disto não é académico, pois o indivíduo que vê a manipulação, está - em simultâneo - a subtrair-se à mesma e mais capaz de fazer-lhe frente ou de salvaguardar-se, se comparado com alguém que seja o objecto passivo da mesma.

O re-conectar será uma resposta concreta perante o estado presente. É um processo de reestabelecer laços de troca social e afectiva, antes de mais, com todos os que se encontram no campo da nossa vivência. Talvez a Internet não seja apropriada para isso; as pessoas são inundadas por tanto lixo informativo, que podem simplesmente ignorar, ou fingir que ignoram, algo que queiramos dizer-lhes. 

Talvez seja mais eficaz uma troca pessoal /presencial, o dar um texto impresso, seja de nossa autoria, seja de outrem. Quer seja um livro ou um folheto, o conteúdo deve ter significado, não apenas para quem o dá, mas para quem o recebe. Isso tem de ser feito de modo a afastar qualquer equívoco; não se trata nem de proselitismo, nem de publicidade, de qualquer tipo. 

Importa exercitar a meditação, mas não a meditação que certos auto-proclamados «gurus» nos querem impingir, não a meditação de «fazer o vazio» na nossa mente! A meditação filosófica é um exercício de nós connosco próprios, em que uma parte da nossa mente questiona, interroga, e a outra parte tenta compreender, interpretar, não só em termos teóricos, mas em termos de realidade interior e social. 

A realidade é determinante, como critério de verdade. Mesmo quando temos poucas certezas, pois a vida parece-se muito mais aos raciocínios dos detectives, nos romances policiais, do que às equações descritivas dum fenómeno, nas ciências físicas. 

O meu princípio realista impõe-me que só posso saber algo da realidade, se estiver em contacto com esta; a realidade é o conhecimento que emana da experiência. A Teoria é algo respeitável, na medida em que foi a conclusão a que se chegou na busca da verdade, a partir de fenómenos e experiências. Em ciência, uma teoria é uma hipótese que resistiu a uma série de objecções, mantém-se «não-invalidada», mas esse estatuto é provisório. Não existem verdades definitivas em ciência. Aquilo que é somente vaga hipótese, sem base nos dados da experiência, pode ser considerado um devaneio, uma fantasia, uma adivinha, mas não é uma hipótese científica. Uma hipótese científica tem a preocupação de estar em consonância com os dados conhecidos, respeitantes ao fenómeno em causa. Não é qualquer um que formula uma hipótese científica sobre um dado assunto. Tem de conhecer muito bem o campo em causa, tem de mostrar aos outros, seus pares, que esta hipótese é digna de ser considerada. Estes, por seu turno, irão inspeccionar e criticar tal hipótese, pois é essa (também) a sua função. É importante pois, se a tal hipótese tiver potencial, vale a pena investir nela tempo, energia, dinheiro, para desenhar e realizar um dispositivo experimental que a ponha à prova. 

Vemos agora meros propagandistas do poder, quer tenham ou não diplomas ou títulos, que estão sempre a colocar-se numa postura de autoridade «científica». Mas, eles querem fazer passar como «verdade» aquilo que é apenas seu íntimo convencimento e isto, no melhor dos casos. O discurso do poder reveste-se da aparência da ciência: para dar credibilidade, alguns cientistas de formação não têm pudor e fazem o frete ao poder. Há múltiplas maneiras de se ser comprado, com honrarias, prestígio, posições académicas, etc. As pessoas que o são, podem nem ter clara consciência de se terem vendido. Note-se que não é o facto de aconselhar o poder que eu critico; mas antes, a lealdade (ou a falta  dela) para com os outros colegas, os que têm opiniões sensivelmente diferentes: quantos casos de perseguição, difamação, de exclusão, etc. temos presenciado, agora, nas chamadas «democracias liberais»? E muitas das pessoas sujeitas a esses tratamentos infames, nem eram marginais, mas cientistas respeitados e com carreira nas mais diversas instituições. Em resumo, eram pessoas do meio académico-científico. Agora, pensem na perseguição, discriminação, etc. dirigida a pessoas que não estejam escudadas por uma carreira prestigiosa: Não estaremos já nos primeiros passos duma viragem para uma forma de fascismo-totalitarismo tecnocrático, científico?

A verdade, ninguém a conhece, a priori. Por isso, deveria ser lícito defender qualquer ponto de vista. Em democracia, o emissor duma opinião tem a responsabilidade pelo que diz. Se houver, não apenas falsidade, como desejo de enganar o próximo, tal pessoa é susceptível de ser sujeita a um processo. Era assim, antes, nas democracias liberais genuínas: não existia nada que impedisse o dislate, ou até a mentira mal intencionada, a priori: Apenas o receio de processo judicial, ou a desaprovação pela sociedade. A existência dos «fact-checkers», censores anónimos, faz-nos recuar várias centenas de anos. Quando havia censura, estatal e eclesiástica, com livros proibidos e pessoas presas e torturadas, por escreverem certas coisas. 

Os ditos «liberais», os ditos «de esquerda», são quem mais se conformam com tal estado de coisas. Pior, são os que montam este aparato de censura e o defendem, com o pretexto de que o público está a ser «enganado» (segundo o critério DELES). Mas, os verdadeiros defensores da liberdade não têm medo das mentiras; combatem-nas, argumentando com os mentirosos. É uma atitude totalmente diferente de se colocar uma mordaça nos seus opositores e bani-los das plataformas sociais: Estes são métodos típicos dos tiranos e dos seus homens-de-mão.

Perante tudo isto, estou confiante, não de que detenha a razão, mas de que guardo o espírito lúcido, crítico e autocrítico. Tento aperceber-me da realidade real, não da «realidade» balizada por etiquetas ideológicas, sejam elas quais forem. Este é o meu ideal. 

Segui-lo, tem tido repercussões práticas importantes na minha vida. Tem minorado a hipótese de me autoiludir, ou de ser iludido por outros; e tem-me permitido, nestes tempos conturbados, conservar o equilíbrio e o bom-senso.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

SOBRE A LIBERDADE DO PENSAMENTO E DA EXPRESSÃO DO PENSAMENTO



Há muito tempo que ando magicando escrever algo sobre este tópico. Não que seja um tópico pouco abordado, antes pelo contrário. Daí que eu tenha pela frente o desafio de dizer algo significativo, nas linhas que seguem.

A condição de uma sociedade livre, uma sociedade onde os indivíduos têm a liberdade de expressão e onde esta expressão pode surgir sem problema, em qualquer suporte, seja ele escrito, falado, televisivo, internet... é uma sociedade onde cada um e todos estão seguros de seus direitos e deveres, onde os agentes da autoridade sabem quais são os direitos dos cidadãos e qual é o comportamento que devem adoptar face a qualquer situação. É o que se chamaria nos séculos idos, uma sociedade «polida», uma sociedade onde existe tolerância.

Eis o grande «palavrão» que eu deixei agora escapar: tolerância... Esta palavra significa uma coisa para uns e outra completamente diferente para outros. Se alguns a consideram como sinónimo de condescendência, como o forte deixar viver o fraco, quando o poderia eliminar... isso não é tolerância. Alguns consideram que é fazer de conta que não existem os «não-conformes», seja por motivos rácicos, comportamentais, ou sociais; assim ,«toleram» mantê-los segregados, numa espécie de gueto. Este gueto pode ser uma barreira invisível, separando os tais «parias» do resto da comunidade... Isto também não é tolerância. Também não é tolerância dizer-se que se admite a dissidência política e ideológica, excepto em relação a ... (colocar aqui o nome da corrente política ou ideológica que mais se detesta, que se odeia). 

Obviamente, ser tolerante implica reconhecer o direito ao outro de pensar e divulgar o seu pensamento, seja qual for o mesmo. Muitos objectarão: «mas então, vais permitir que um discurso de ódio, de falsidades, de demagogia se espalhe por toda a sociedade, por indivíduos que têm como objectivo fazer isso mesmo?»

Ao que eu respondo: «Primeiro, esses adjectivos aplicam-se, por vezes, ao próprio discurso do governo ou dos partidos que o apoiam, mas como têm a força do seu lado, não existe indignação, existe até o contrário, ou seja uma atitude de complacente anuência.»

«- Mas, vamos admitir que uma facção qualquer, se ponha a fazer essa tal campanha de ódio, de mentira, etc... Qual a resposta inteligente, senão de a contrariar em debate aberto? Qual a obrigação moral e social, senão desmascarar  com argumentos - não com anátemas - essa facção e o seu discurso? »

Contrapor ódio ao ódio, é a melhor maneira de o propagar e amplificar. O ódio é a mesma coisa que a violência, só que se exprime momentos antes da violência se tornar física. Estamos todos de acordo que é preciso colocar limites ao discurso odioso sim, porém é muito difícil de objectivar onde estão as fronteiras: onde acaba o discurso polémico, apaixonado, inflamado e começa o discurso de ódio? 

- Colocar a questão, já é iniciar uma resposta, pois um discurso pode ser percebido como odioso por alguns, enquanto -por outros- é apenas a expressão de um ponto de vista, em tom porventura um pouco inflamado. 

Uma sociedade dita civilizada não tem medo da polémica, da controvérsia, do confronto de ideias e de posições políticas. 

Que se coloquem sanções legais às agressões verbais, não é contraditório à liberdade de expressão. Estou a falar da calúnia, do insulto, de acusações falsas para destruir a reputação de um indivíduo, ou grupo. Pois, este problema não se pode resolver com uma censura, de qualquer espécie. Os indivíduos atingidos, não apenas devem poder replicar expondo a calúnia ou o insulto, mostrando aquilo que é, tendo o direito de fazer a sua defesa exactamente nos mesmos órgãos de comunicação social e com o mesmo destaque, como também têm possibilidade de accionar os tribunais, que irão julgar estas agressões verbais, tendo os juízes de decidir se se foi além do discurso inflamado e se passou ao insulto, ou não... etc. 

Claro que isto não é uma solução perfeita, mas é aquela que dá prioridade à liberdade de expressão, onde essencialmente todas as opiniões, mesmo as mais odiosas, podem ser expressas. Assim não se corre o risco de «deitar o bebé com a água do banho», ou seja, de desprezar e reprimir opiniões fortes, originais e que - de facto- podem contribuir positivamente para o debate. 

No fundo, trata-se de afirmar a propriedade de se ter atingido o estado adulto na cidadania, capaz de ouvir ou ler seja o que for, sem necessidade de «mentores» que lhe digam «isto é bom, isto é mau», «isto é aceitável, isto é inaceitável»... Porque, a pretexto de «salvaguardar» os ouvidos incautos do público está-se a por a mordaça em todos os discursos e manifestações que entrem em confronto com o "establishment". 

A solução mais amadurecida face a discursos e propaganda que consideremos totalmente indignos é reagir, é desmascarar, é denunciar como sofisma, etc. mas nunca censurar, ou apelar à censura. Os que assim fazem, não apenas estão a ser tão intolerantes com seus opositores; estão a criar as condições duma sociedade amordaçada, onde eles próprios estarão sujeitos a controlo e repressão, caso se desviem da «norma».

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

MILHARES PROTESTARAM EM BERLIM CONTRA AS RESTRIÇÕES


Claro que vão dizer que isto é orquestrado por forças extremistas, mas o que transparece, quando se vê este vídeo, é uma amálgama colorida de cidadãos comuns: não são nada do tipo «militante», de extrema direita ou de extrema esquerda! 
É isto que os governos mais temem. Vão multiplicar-se estas acções de rua por todo o espaço da UE, não tarda muito!

Quando a mais forte economia da União Europeia está de rastos, quando é impossível ver-se uma luz ao fundo do túnel... é inevitável que as pessoas se questionem se estas medidas, que deitaram abaixo a economia do mundo desenvolvido, eram mesmo necessárias? 
A resposta é não! E a verdadeira razão está a vir ao de cima: Segundo Anthony P. Muller e muitos outros, isto faz parte da estratégia globalista de Davos (Fórum Económico Mundial) para impor a «revolução tecno-fascista» da Nova Ordem Mundial.  

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

«LA BRUTE (A BESTA)» - ARTIGO DE MICHEL ONFRAY

                     


“Je suis le fruit d’une forme de brutalité de l’Histoire.” Macron, le 13 février 2018, devant la presse présidentielle.
Certes, l’État définit bien ce Moloch qui dispose du monopole de la violence légale: mais pour quoi faire? Sauf irénisme radical, la nature humaine étant ce qu’elle est, il n’est en effet pas question d’imaginer un monde dans lequel on n’aurait plus besoin d’armée ou de police, de tribunaux ou de prisons, de loi et de droit. Si l’on estime qu’un violeur n’est pas un violé, un agresseur un agressé, un voleur un volé, un pilleur un pillé, un frappeur un frappé, il faut bien qu’une série de mécaniques sociales permette d’appréhender le violeur, l’agresseur, le volé, le frappeur afin de le déférer aux tribunaux qui jugent des faits en regard de la loi et du droit, et envoient la personne jugée coupable purger sa peine au nom de la réparation du violé, de l’agressé, du volé, du pillé, du frappé, mais aussi dans la perspective de protéger d’autres citoyens de la dangerosité de ces délinquants. Qu’il existe des circonstances aggravantes ou atténuantes, que chacun, quel que soit ce qu’on lui reproche, ait droit à la défense, puis à la réparation une fois la peine accomplie, tout cela est acquis.
La violence légale suppose qu’elle puisse être utilisée afin de maintenir la légalité -ce devrait être une lapalissade… Or, quand, mi-septembre 2018, les gilets-jaunes font savoir, au début de leur colère, que leur pouvoir d’achat ne leur permettra pas de payer des taxes supplémentaires que le pouvoir inflige en augmentant le prix des carburants à la pompe, ils ne mettent pas en péril la démocratie et la République puisqu’ils en appellent aux articles 13 et 14 de la Déclaration des droits de l’homme et, ne l’oublions pas, du citoyen. Par leur mouvement, ils revendiquent l’un de ces droits que ce texte majeur leur accorde. Je l’ai déjà signalé, mais rappelons en effet que l’article 13 de la Déclaration des droits de l’homme dit ceci: “Pour l’entretien de la force publique, et pour les dépenses de l’administration, une contribution commune est indispensable; elle doit être également répartie entre tous les citoyens, en raison de leurs facultés.” Et l’article suivant, ceci: “Les citoyens ont le droit de constater par eux-mêmes ou par leurs représentants, la nécessité de la contribution publique, de la consentir librement, d’en suivre l’emploi et d’en déterminer la quotité, l’assiette, le recouvrement et la durée.” Les gilets-jaunes n’ont pas refusé l’impôt, comme la propagande médiatique le rabâche depuis des semaines afin de les assimiler aux populismes fascisants, mais ils font juste savoir qu’ils n’ont plus financièrement les moyens de les payer! D’un point de vue gouvernemental, une réponse appropriée aurait permis d’étouffer la colère dans l’œuf. Au lieu de cela, la riposte a été tout de suite belliqueuse: c’est l’origine de la violence.
Ce bellicisme a pris la forme que l’on sait: des éléments de langage du pouvoir macronien ont été fournis puis abondamment relayés par les “élites”: le mouvement des gilets-jaunes était une jacquerie d’extrême-droite, une revendication populiste qui sentait sa chemise brune, un mouvement qui puait le “facho”. BHL le fit savoir illico en même temps que… Mélenchon et Clémentine Autain, Coquerel et la CGT qui rejoignaient ainsi dans leur concert populicide tous les éditorialistes de la presse maastrichtienne.
Macron n’est pas bien malin, car Pompidou mit fin à Mai 68 avec un cynisme qui aurait pu l’inspirer: deux inconnus à l’époque, il s’agit d’Henri Krasucki de la CGT, donc du PCF, et Jacques Chirac, alors secrétaire d’Etat à l’emploi auprès du ministre des Affaires sociales, se rencontrent dans le cabinet d’un avocat communiste. Chirac dira qu’il s’agissait d’une chambre de bonne et prétendra qu’il s’y était rendu armé… Il y aura plusieurs réunions avant qu’officiellement le sécrétaire général de la CGT, Georges Séguy, et les autres syndicats ne rencontrent Chirac et… Balladur, alors conseiller de Chirac, pour préparer ce qui deviendra les Accords de Grenelle. La négociation a grandement payé: hausse des salaires spectaculaires, augmentation du SMIC sans précédant, réduction de la durée hebdomadaire du temps de travail, élargissement du droit syndical, coup de pouce aux allocations familiales, augmentation de la prestation offerte aux personnes âgées, paiement des journées de grève, baisse du ticket modérateur de la sécu. La CGT revient auprès de sa base avec ces propositions: les ouvriers refusent; les accords signés unilatéralement par le pouvoir sont tout de même appliqués -déjà la collusion des pouvoirs gouvernementaux et syndicaux, les fameux corps intermédiaires. Le travail reprend quelques jours plus tard. Le pouvoir joue sur l’inflation: deux ou trois ans après, les avantages consentis disparaissent avec l’augmentation du coût de la vie. Exit Mai 68! Leçon de cynisme politique, mais également leçon sur le cynisme de ce qu’il est donc convenu d’appeler les corps intermédiaires: le pouvoir néo-gaulliste et le pouvoir néo-communiste se séparaient moins sur leurs options politiques qu’ils ne se rassemblaient sur ce fromage qu’est toujours la représentation qui permet de laisser croire au peuple qu’on travaille pour lui alors qu’on œuvre bien souvent à ses dépens pour sa seule boutique.
Revenons aux gilets-jaunes: Macron fait annoncer par son premier ministre un moratoire sur le prix de l’essence début décembre. Mais un moratoire est la formule qui permet de reculer pour mieux sauter -en l’occurrence: sauter par-dessus les élections européennes pour lesquelles, chacun l’a désormais bien compris, le président de la République est en campagne. C’est la raison pour laquelle il instrumentalise la crise des gilets-jaunes pour son propre compte et celui du camp maastrichtien. Il n’y a pas d’autres raisons à son Grand Débat national puisqu’il a bien pris soin d’en donner la règle du jeu dès le départ: on parle -enfin: il parle-, mais pas question de changer de cap. Pourquoi donc parler? A quoi bon? Pour quoi faire?
Après l’annonce d’un moratoire pour signifier qu’on accorde un délai avant d’actionner tout de même la guillotine, première violence symbolique, il y a eu l’assimilation par le président de la République des gilets-jaunes à “une foule haineuse” constituée d’antisémites, d’homophobes, de racistes lors des vœux de 2019, ce fut la deuxième violence symbolique. Elle a été suivie par une troisième avec cette annonce de LA solution avec un Grand Débat national doublé du refus d’un changement de cap. D’autres violences sont depuis régulièrement infligées. Ainsi avec cette série de gifles distribuées au grès de ses apparitions publiques: une quatrième à la galette des rois quand le prince fait savoir que tous les Français n’ont pas le goût de l’effort en laissant entendre que c’est le cas des gilets-jaunes (11 janvier 2019); une cinquième lors d’un meeting présenté comme un débat, quand il affirme, que, parmi certains qui touchent les minimas sociaux, “il y en a qui déconnent” (15 janvier 2019) en n’ignorant pas que cette catégorie sociologique est surreprésentée chez les gilets-jaunes; une sixième en faisant savoir de façon quelque peu méprisante, toujours lors d’un de ces meetings de campagne maastrichtien, que “la vraie réforme, elle va avec la contrainte, les enfants! C’est pas open bar. Le bar, c’est le nôtre.” (24 janvier 2019 à Bourg-de-Péage) -la vraie réforme, c’est donc la sienne, pas celle des gilets-jaunes; les “enfants” qu’on toise de façon méprisante, ce sont ces mêmes gilets-jaunes; et la mention du bar, c’est encore aux GJ que l’image s’adresse, on ne peut mieux dire que, pour le chef de l’Etat, les gilets-jaunes sont de faux réformateurs qui pensent comme des enfants assimilés à des piliers de bistrot…
Ces violences symboliques sont copieusement démultipliées par le pouvoir médiatique maastrichtien. On l’a vu. Il s’agit d’assimiler les gilet-jaunes à des gens violents et tout ce qui peut illustrer cette thèse se trouve savamment mis en images et en mots par les médias qui se contentent de relayer les éléments de langage venus de la cellule communication de l’Elysée, de celle de Matignon ou bien encore de celle du ministère de l’Intérieur. Macron est un enfant-roi colérique et intolérant à la frustration, Edouard Philippe un animal à sang froid bien cravaté, propre sur lui et poli, Castaner un gouailleur ayant gardé quelques habitudes de son ancienne fréquentation du milieu marseillais, mais c’est le même discours: les gilets-jaunes sont violents, ils attaquent la République, y compris avec un transpalette moins gros qu’une voiture sans permis, ils mettent en péril la démocratie, ils annoncent une révolution néo-fasciste… BHL prête sa chemise à ces discours. Les éditorialistes pensent comme cette chemise. D’autres “intellectuels” offrent une partie de leur anatomie à cette même chemise.
Cette violence symbolique, dont le bras armé est constitué par les médias du système, se double d’une violence policière. On sait que les mots tuent, mais pour ce faire, il leur faut des acteurs violents: le pouvoir en dispose avec un certain nombre de gens de justice et de gens de la police qui, sachant qu’ils bénéficient d’une couverture venue du ministère de l’Intérieur, donc de Matignon, donc de l’Elysée, donc d’Emmanuel Macron, s’en donnent à cœur joie.
Je me suis retrouvé sur un plateau de télévision avec Jean-Marc Michaud, qui a perdu un œil à cause d’un tir de flash-ball. Il a dit toute sa colère contre le tireur -et je le comprends. C’est le premier mouvement, quand on a été violenté, de vouloir riposter de la même manière. On reçoit un coup, on n’a pas envie d’autre chose que de le rendre au centuple. Le cerveau reptilien fait la loi tant que le cortex n’effectue pas son travail.
Certes, il y a une responsabilité du tireur: mais si ce tireur sait qu’il aura des comptes à rendre à la justice si sa hiérarchie lui reproche de s’être mal comporté en ne respectant pas les procédures -dont celle, majeure, de ne jamais viser la tête…-, alors il se comportera probablement autrement.
Mais, quand on sait pouvoir bénéficier de l’impunité du pouvoir, alors on tire ou on tabasse sans état d’âme et, pour l’avoir constaté par moi-même à Caen, avec certains spectateurs de ces opérations, une jubilation non feinte à cogner, taper, tabasser, projeter violemment au sol, menotter, mais aussi, dans certains cas sur lesquels je me penche ces temps-ci: dénuder et palper…
J’ai déjà dit ailleurs que je supposais que certains policiers noyautaient les casseurs pour nourrir la thèse du pouvoir selon laquelle tous les gilets-jaunes sont violents. Après que j’ai donné cette information, d’aucun parmi les gilets-jaunes m’ont fait savoir par courrier qu’ils en détenaient les preuves. Je reviendrai sur ce sujet le moment venu.
Mais sans se focaliser sur ce cas particulier, il suffit de lire, sous la plume du maire divers droite, donc pas un gauchiste, Xavier Lemoine, une intéressante information. Il affirme dans Le Figaro qu’en tant que maire de Montfermeil, il a constaté que “la police a moins réprimé les émeutes en banlieues en 2005 que les Gilets Jaunes” (29 janvier 2019). Tout est dit.
Le maire constate qu’en 2005 il n’y a eu aucun mort et peu de blessé parmi les émeutiers bien que ces derniers aient choisi la violence comme unique moyen d’expression. Il en donne la raison: la police avait alors choisi une opération de maintien de l’ordre et non, comme Macron, une logique de répression. Or, maintenir l’ordre n’est pas réprimer. Ce sont deux choix politiques extrêmement différents idéologiquement, politiquement, stratégiquement, tactiquement -et aussi moralement. Emmanuel Macron a sciemment choisi de réprimer et non pas de maintenir l’ordre. Le chef de l’Etat n’a donc pas voulu contenir les violences revendicatives mais déchaîner les violences d’Etat. C’est à dessein.
Xavier Lemoine constate que le choix du maintien de l’ordre vise, comme les mots l’indiquent, à chercher avant tout à maintenir l’ordre, donc à éviter le désordre. J’y reviens: on ne me fera pas croire que laisser dépaver l’avenue des Champs-Elysées sous les objectifs des caméras de BFMTV pendant presque une heure ne témoigne pas du fait que le forces de l’ordre n’avaient pas eu pour consigne d’empêcher le désordre, c’était facile à faire sans violence, mais, au contraire, de le favoriser en laissant ces pavés devenir des projectiles en attente de leurs cibles humaines ou matérielles…
Parlant de sa ville, Xavier Lemoine dit: “En 2005, la totalité (sic) des revendications se sont exprimées par la violence. Or, à l’époque, les forces de l’ordre ont adopté le mode d’intervention le plus approprié qui soit pour faire retomber cette violence. D’un point de vue technique, leur attaque a été souple et remarquable. Alors qu’ils étaient pris pour cibles par les émeutiers, policiers et gendarmes ont montré une grande retenue dans l’usage de la force. Aujourd’hui, au contraire, nul ne peut prétendre que toutes les revendications des ‘gilets jaunes’ s’expriment par la violence. En outre, en 2005, il n’y avait aucune femme parmi les émeutiers, alors que les femmes sont présentes massivement dans les rangs des ‘gilets jaunes’. Ne pas le prendre en compte, c’est se priver d’un élément d’analyse fondamental. Contrairement à ce que la puissance des images peut laisser penser, la majorité des ‘gilets jaunes’ ne participe pas aux violences condamnables commises lors de ce mouvement. Pourtant, depuis le samedi 8 décembre, les forces de l’ordre privilégient la répression, et non le maintien de l’ordre.” Au journaliste qui lui demande de préciser ce qui distingue maintien de l’ordre et répression, Xavier Lemoine répond: “Le maintien de l’ordre consiste d’une part à permettre à une manifestation de s’écouler de la manière la plus pacifique qui soit, et d’autre part contenir la violence en vue de la faire diminuer. Cet objectif n’interdit pas aux policiers d’intervenir contre des personnes déterminées à des actes de violence” -je songe à ceux qui dépavent l’avenue des Champs Elysées…
Il poursuit: “Mais il est toujours laissé aux manifestants pacifiques des portes de sortie. Les intéressés peuvent ainsi quitter les lieux quand ça dégénère. La répression, elle, consiste à en découdre contre des groupes sans faire nécessairement la distinction entre les individus violents et les manifestants paisibles, qui peuvent se trouver loin d’eux. Or, dans la crise actuelle, les forces de l’ordre recourent trop souvent aux ‘nasses’, qui l’empêchent les personnes encerclées de quitter les lieux. Il est facile alors de faire des amalgames entre des manifestants très différents. Parmi les éborgnés, combien avaient cassé des vitrines, retourné des voitures, pillé des magasins? De même, le souci de différencier les casseurs ‘confirmés’ et les primo-délinquants devrait être beaucoup plus net.” Pour Xavier Lemoine, les forces de l’ordre obéissent à un pouvoir qui a choisi la répression et la brutalité. Elles obéissent. Le responsable, donc le coupable, est celui qui donne l’ordre. Et, comme on ne peut imaginer que Castaner ou Philippe prennent la décision seuls, c’est au chef de l’Etat qu’il faut imputer le choix de la répression, donc chaque blessure infligée. Quand ce même chef de l’Etat affirme éhontément en Egypte que les forces de l’ordre n’ont causé aucun mort alors qu’on leur doit celle de madame Redoine à Marseille, il ment. Et il est personnellement responsable de cette mort [1]. La brute, c’est lui.
Lisons encore Xavier Lemoine: “Je n’incrimine en rien les forces de l’ordre, qui obéissent, comme il est naturel, aux instructions du ministre de l’Intérieur. Mais je blâme ces instructions, qui me paraissent traduire une volonté de monter aux extrêmes, d’accroître la violence pour justifier une répression. Je n’ai aucune complaisance pour les violences préméditées des casseurs ou des groupuscules extrémistes. Mais la responsabilité du politique est aussi de savoir désamorcer un cri de détresse, au lieu de l’alimenter en diabolisant les ‘gilets jaunes’. Jamais les gouvernants, en 2005, n’ont tenu des propos aussi méprisants envers les émeutiers d’alors. Actuellement, une partie importante des violences émane de manifestants sans casiers judiciaires, désespérés et chauffés à blanc. Ils se sentent provoqués par la rigidité de la riposte de la police. La dynamique de foule aidant, ils se ‘radicalisent’. Leur réflexe vital s’exprime de façon brutale. En 2005 aucune manifestation n’avait été déclarée en préfecture et toutes dégénéraient en émeutes. Pourtant, à l’époque, en Seine-Saint-Denis, il n’y a eu aucune charge de CRS, ni de policiers à cheval. Aujourd’hui, si. Voilà quatorze ans, les forces de l’ordre n’ont pas recouru au tir tendu, à l’horizontal, à face d’homme et à courte distance. Aujourd’hui, si. Pourquoi ces deux poids, deux mesures de l’Etat entre les émeutes urbaines de 2005 et les scènes d’émeutes des ‘gilets jaunes ‘? Je ne juge pas que les forces de l’ordre ont été laxistes en 2005 ; j’affirme qu’elles sont trop ‘dures’ aujourd’hui.”
Que le président Macron ait choisi la ligne dure de la répression contre la ligne républicaine du maintien de l’ordre est donc avéré. Il a donc à son service la presse maastrichtienne, autrement dit les médias dominants, dont ceux du service public audiovisuel, il a mis à son service la police, l’armée, donc les forces de l’ordre, il a également essayé d’y adjoindre la machine judiciaire. Ce dont témoigne un article du Canard enchaîné (30 janvier 2019) intitulé “Les incroyables consignes du parquet sur les gilets jaunes”, qui rapporte dans le détail comment le ministère dit de la Justice a communiqué par courriel avec les magistrats du parquet de Paris sur la façon de traiter les gilets-jaunes: après une arrestation, même si elle a été effectuée par erreur, il faut tout de même maintenir l’inscription au fichier du traitement des antécédents judiciaires (TAJ), y compris “lorsque les faits ne sont pas constitués”. Le courrier précise également qu’il faut ficher, même si “les faits sont ténus” et même dans le cas avéré “d’une irrégularité de procédure”! Dans ces cas-là, arrestation par erreur, infraction non motivée, irrégularité de procédure, il est conseillé de maintenir les gardes à vue et de ne les lever qu’après les manifestations du samedi afin d’éviter que les citoyens fautivement interpellés puissent exercer leur droit de grève, faut-il le rappeler, un droit garanti par la Constitution? Alinéa 7 du préambule…
Ajoutons à cela que le projet de loi dit “anti casseurs” proposé par Macron se propose purement et simplement d’instaurer une présomption de culpabilité à l’endroit de quiconque serait suspecté d’être sympathisant de la cause des gilet jaune. Suspecté par qui? Par la même justice à laquelle le pouvoir demande, premièrement, de conserver en garde à vue une personne même arrêtée par erreur, deuxièmement, de ne la relâcher qu’après la fin des manifestations, troisièmement, d’agir de même y compris dans le cas d’une erreur de procédure, quatrièmement, de ne pas se soucier du fait que les faits soient avéré, la ténuité suffisant pourvu que la justice macronienne soutenue par la police macronienne elle-même au ordre de l’idéologie macronienne, qui est purement et simplement celle de l’Etat maastrichtien, aient décidé qu’il en soit ainsi. Mélenchon a pu parler à ce propos du retour de la lettre de cachet, il n’a pas tort sur ce sujet.
La violence généalogique, celle qui s’avère fondatrice des premières revendications des gilets-jaunes, c’est d’abord et avant tout celle qu’impose le système politique libéral installé de façon impérieuse par l’Etat maastrichtien depuis 1992. Quand Macron dit que les racines du mal sont anciennes, il ne le sait que trop, car il est l’un des hommes dont la courte vie a été entièrement consacrée à l’instauration de ce programme libéral qui s’avère fort avec les faibles, on le voit dans les rues depuis douze semaines, et faible avec les forts, on le constate avec la législation qui leur est favorable -de la suppression de l’ISF au refus de s’attaquer aux paradis fiscaux en passant par la tolérance du fait que les GAFA échappent à l’impôt.
La violence de cet Etat maastrichtien sur les plus faibles, les plus désarmés, les moins diplômés, les plus éloignés de Paris ou des mégapoles françaises; la violence de cet Etat maastrichtien sur les plus précaires en tout, sur les gens modestes qui portent tout seul le poids d’une mondialisation heureuse pour d’autres qui les conchient à longueur d’apparitions médiatiques; la violence de cet Etat maastrichtien sur les oubliés des nouvelles compassions du politiquement correct; la violence de cet Etat maastrichtien sur les femmes seules, les mères célibataires, les veuves aux pensions de retraite amputées, les femmes contraintes de louer leur utérus pour qu’on y dépose un sperme mercenaire, les victimes des violences conjugales surgies de la misère, les jeunes garçons ou les jeunes filles qui se prostituent pour payer leurs études; la violence de cet Etat maastrichtien sur les ruraux privés jour après jour du service public que leurs impôts indirects financent pourtant; la violence de cet Etat maastrichtien sur les paysans qui se pendent tous les jours parce que la profession de foi écologiste des maastrichtiens urbains ne s’encombre pas d’écologie quand il s’agit de l’assiette des Français qu’ils remplissent de viandes avariées, de produits toxiques, de chimie cancérigène, d’aliments en provenance du bout de la planète sans souci de la trace carbone et qui peuvent même être bios; la violence de cet Etat maastrichtien sur les générations d’enfants crétinisés par une école qui a cessé d’être républicaine et qui laisse aux seuls filles et fils de la possibilité de s’en sortir non pas grâce à leur talents, mais avec l’aide du piston de leurs familles bien nées; la violence de cet Etat maastrichtien qui a prolétarisé des jeunes n’ayant plus pour seul espoir que la sécurité de l’emploi du policier, du gendarme, du militaire ou du gardien de prison et dont le métier consiste à gérer par la violence légale les déchets du système libéral; la violence de cet Etat maastrichtien sur les petits patrons, les commerçants, les artisans qui ignorent les vacances, les loisirs, les week-end, les sorties -ces violences là, oui, sont les violences premières. Ce sont celles qui n’ont pas généré de violence, mais juste une première manifestation contre l’augmentation du plein d’essence.
La réponse du pouvoir, donc de Macron, à cet aveu de pauvreté des pauvres a été tout de suite la criminalisation idéologique. Les médias aux ordres ont crié au loup fasciste. Depuis plusieurs mois, c’est leur pain quotidien: selon les riches qui les gouvernent, les pauvres seraient donc antisémites, racistes, homophobes, violents, complotistes -“salauds” dit-même BHL chez Ruquier. C’est la vielle variation sur le thème: classes laborieuses, classes dangereuses. C’est l’antienne de tous les pouvoirs bourgeois quand ils ont peur.
Le pouvoir de l’Etat maastrichtien manœuvre assez bien pour que, jusqu’à ce jour, sa responsabilité ne soit jamais mise en cause! C’est pourtant lui le problème! C’est tellement lui le problème que Macron veut en faire la solution en expliquant que le problème de l’Europe libérale; c’est qu’il n’y en a pas assez alors que les gilets-jaunes lui disent justement qu’il y en a trop -non pas d’Europe, mais de libéralisme.
Dès lors, le chef de l’Etat mobilise les médias qui désinforment, la police qui traque le manifestant, la justice qui les coffre sévèrement, la prison qui les parque quand l’hôpital ne les soigne pas après tabassages. A partir de quel moment comprendra-t-on que nous disposons là des pièces d’un puzzle despotique?
Michel Onfray
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[1] Pour mémoire :
Source : Michel Onfray, février 2019