sábado, 30 de novembro de 2024

«A GUERRA DOS DRONES»: UM REPÓRTER FRANCÊS NA FRENTE DE KURSK


 Este repórter de «Omerta» tem vários trabalhos em teatros de guerra na Síria, no Afeganistão, além de reportagens nas frentes da guerra russo-ucraniana, onde tem estado tanto de um lado como de outro. 
Penso que é o melhor antídoto para a propaganda, que tomou conta da media «mainstream». Com efeito, ele não se coloca numa posição de simpatia por um ou outro dos lados em conflito, mas avalia e dá conta das realidades no terreno. 
Os generais «de secretária» que se julgam «especialistas» da guerra, deveriam ter um pouco de modéstia e reconhecer que as suas informações são de segunda mão, no melhor dos casos e, no pior, são desinformação saída de «oficinas de intoxicação informativa». 
Claro que existem tais «oficinas» de um lado e do outro da contenda. 
Mas, tenho a sensação de que os meios de propaganda, ou lavagem ao cérebro, do lado ocidental (EUA e países da OTAN, principalmente) são muito mais massivos e eficazes, que os meios equivalentes no campo oposto. 

Dito isto, é com imenso prazer que descubro e partilho convosco este vídeo. 
Oxalá, que na profissão de jornalista aumente a percentagem de pessoas como Régis Le Sommier, trabalhando com paixão e com racionalidade para informar devidamente seu público. 



quinta-feira, 28 de novembro de 2024

CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL (Nº35): A MEMÓRIA DURADOIRA DOS POVOS DO ORIENTE

 Estas crónicas, com periodicidade irregular, destinam-se a ajudar na compreensão do que vem acontecendo no Mundo, partindo do ponto de vista de que estamos numa nova Guerra Mundial, a 3ª. 

Esta guerra mundial começou - segundo a minha visão da História contemporânea - desde o momento em que a OTAN desencadeou uma guerra não provocada, com os bombardeamentos aéros à Sérvia. Quis esta aliança bélica (não defensiva) mostrar ser capaz de arrasar um Estado europeu, ou qualquer outro que estivesse em contradição com as doutrinas neoliberais e a hegemonia dos EUA. 

Desde 24 de Fevereiro de 2022, a «operação militar especial» foi desencadeada pela Rússia em defesa das populações russófonas do Don e enquanto resposta às sérias ameaças de genocídio pelo exército ucraniano, numa sucessão de crimes de guerra (cerca de 15.000 mortes civis) desde o golpe de Maidan em 2014, até ao início de 2022. 

Esta situação de guerra no solo ucraniano está longe de ser o primeiro sinal de que o Mundo se encaminha para uma ruptura completa entre o «Oriente» e o «Ocidente»: Desde os inícios do Século XXI que se multiplicaram estes sinais,  à medida que o Ocidente ia perdendo dominância económica, tecnológica e nos mercados internacionais. Com a criação e expansão dos BRICS, aumentava em paralelo a retórica belicista ocidental. Mas também no terreno geoestratégico e militar a OTAN ia incorporando várias nações, previamente integradas no Pacto de Varsóvia, tendo como consequência ser cada vez mais difícil a defesa do território da Rússia. 

Esta agressividade do «Ocidente» - EUA, países da OTAN e  não-ocidentais como o Japão, a Coreia do Sul e Austrália - não se ficava pela Europa do Leste. Tinha muitos outros teatros, onde estava ativa:

- Na Ásia Ocidental, os sionistas e seu exército esmagavam impunemente as populações palestinas nos Territórios sob ocupação (Gaza, Cisjordânia, Jerusalém oriental). Frequentemente, faziam incursões militares destruidoras em países vizinhos, em particular, no Líbano e na Síria. 

- No Irão, raids aéreos israelitas bombardeavam instalações nucleares civis. Israel levou a cabo numerosos atentados terroristas no Irão, assassinando cientistas e militares de alta patente, com o auxílio ou aprovação tácita dos EUA, sob pretexto de eliminar «o perigo da república islâmica se dotar de armas nucleares».  

- No Extremo Oriente, as ameaças militares contra regimes considerados hostis ao «Ocidente», também iam crescendo. A Coreia do Norte continuava sujeita a um embargo brutal, incluindo bens essenciais à sobrevivência do seu povo (incluido alimentos e medicamentos). Se não houvesse a assistência solidária da China e da Rússia, os guerreiros «humanitários» ocidentais teriam conseguido vergar o regime de Piong Yang através da fome do povo norte-coreano.  Mas isto não era de molde a impressionar os falcões das sucessivas administrações de Washington: Os Presidentes G. W. Bush, Barack Obama, D. Trump ou Joe Biden eram defensores da visão neo-conservadora, da manutenção da dominância hegemónica mundial dos EUA. 



Poderíamos continuar com a África e a América Latina: Nomeadamente, as guerras locais e os sucessivos golpes de Estado, as chacinas por islamitas a soldo do império (como «Boko Haram»), os embargos e bloqueios ilegais e criminosos à luz do Direito Internacional e destinados a causar revolta das populações esfaimadas contra os governos respectivos (casos de Cuba e da Venezuela, entre outros).

Somente devido à constante propaganda disfarçada de informação nos órgãos de comunicação social controlados pelo grande capital (a média «mainstream»), é  que muitas pessoas não se aperceberam que a IIIª Guerra Mundial estava em curso ... há muito tempo. 

Sem dúvida, não é uma guerra «clássica», mas uma guerra híbrida, com episódios de guerra «acesa», em territórios específicos, enquanto noutros a guerra assume a forma de subversão dos regimes considerados hostis ao Ocidente. 

As armas económicas - as sanções, os embargos, os bloqueios causadores de escassez artificial - têm sido usadas sistematicamente, pelo super-imperialismo americano, como forma de «torcer o braço» (expressão de Barack Obama), a regimes recalcitrantes, que não se enquadravam na nova ordem globalista, ditada pelos EUA.

Mas, os povos não são entidades abstratas, criadas em jogos computorizados simulando guerras. Igualmente, os dirigentes destes povos, não são estúpidos, nem ingénuos. Eles compreendem que a sua sobrevivência está ligada estrictamente à defesa dos seus países. 

Os povos do Oriente Extremo (China, Coreia, Indochina), sofreram as agruras do imperialismo japonês, antes e durante a IIª Guerra Mundial. Logo a seguir, em imediata sucessão, tiveram de lutar contra o imperialismo dos EUA e seus aliados no pós-guerra. Note-se que o imediato pós-guerra, em vários países do Extremo Oriente, consistiu em manter a tutela colonial, da parte das potências ocidentais (britânicos e franceses). Quando esta tutela foi sacudida, foram desencadeadas guerras (ditas «proxi wars»), tendo como protagonistas as facções nestes países, apoiadas pelas superpotências antagónicas: Os EUA e seus satélites, por um lado; a URSS e a China, por outro.

A memória histórica de tudo isto permanece bem viva nas populações oprimidas ou recém libertadas, pelo que a sua simpatia vai naturalmente para aqueles que contribuíram para a sua libertação: A Rússia, a China e o Irão, são dos que mais têm, ao longo das décadas, dado apoio aos movimentos de resistência. Por isso mesmo, estes países são tão difamados pelos lacaios que se arvoram em intelectuais e enxameiam a média corporativa, além dos governos ocidentais, os barões do império, que repetem a propaganda originada nos «think tanks» da sede imperial. 

Algumas exceções, registadas nestas crónicas, são as dos jornalistas e intelectuais sem vínculo ao poder do capital, que nos trazem dados e análises que, de outro modo, não poderíamos conhecer. 

É o caso de Thierry Meyssan (Voltairenet.org): As suas análises sobre a guerra na Ucrânia ou em Israel/Palestina, possuem a contextualização histórica indispensável para nos situarmos. Leia o seu artigo de 26 de Novembro de 2024, em tradução portuguesa:

A Rússia prepara-se para responder ao Armagedão que a Administração Biden deseja , Thierry Meyssan



quarta-feira, 27 de novembro de 2024

[Xuefei Yang] NOVO ÁLBUM «X CULTURE»: MAESTRIA NA ARTE DA GUITARRA CLÁSSICA


 https://www.youtube.com/watch?v=kVgwmpDcgCA&list=OLAK5uy_kXZOiS-AhiXo1Qzvk4rfJBy2qXzhqnPmk&index=1


Oiça a beleza deste trecho do compositor brasileiro Dilermando Santos, «Se Ela Perguntar»:

OPUS VOL. III, Nº30: DESTINO ERRANTE




Sonhos inacabados embotaram a memória

deste imóvel viajante de viagens estelares

Arrastando ilusões entre fantasmas irónicos

destroço de barca encalhada em praia remota



Cego contando contos à criança sábia

em dias iguais confundindo os passos

Ou voando com as aves migratórias

sobre horizontes em brasa de ocaso



Cumprindo a promessa de peregrino

de ir por bosques, rios e mares, sempre

pela senda sem parar, até ao seu destino

Coração e alma nus, na ficção do real.










terça-feira, 26 de novembro de 2024

PANTEÍSMO DE ESPINOZA, FILÓSOFO JUDEU DE ORIGEM PORTUGUESA

 

                                                




DEUS, A NATUREZA NATURANTE E NATURADA


Espinoza continua a ser maldito, caluniado e deturpado, quer por espiritualistas, quer por ateus: Ele põe em causa a visão antropocêntrica da Natureza e de Deus. 
Mas, embora seja um ocidental, Espinoza está próximo das civilizações orientais e suas religiões-filosofias e espiritualidades (Budismo, Taoismo,  Xamanismo). Além da conceção de Deus não separada da Natureza, as filosofias tradicionais do Oriente integram a circularidade das causas, dos ciclos naturais e da interação de todas as partes da Natureza entre si e em relação ao Todo.  

Para nós, é difícil de apreender o determinismo de Espinoza. A sua posição é coerente com seu postulado de que nós somos uma expressão de Deus. 
Como corolário disto, não cabe o aleatório na nossa vida, como também não cabe na Natureza.  

Este vídeo didático está muito claro; permite-nos compreender as questões complexas e subtis levantadas por este grande pensador do século XVII.

domingo, 24 de novembro de 2024

sábado, 23 de novembro de 2024

BRILHANTE ENTREVISTA COM PAUL CRAIG ROBERTS

A REALIDADE E A PROPAGANDA DE GUERRA

  

 A propaganda de guerra faz-nos pensar que os russos estão numa postura de ataque, de ofensiva. Na realidade, são as forças da OTAN e desde há muitos anos, que estão em situação de ameaçarem permanentemente os interesses vitais e mesmo a sobrevivência física da Rússia. 
Em violação de tratados assinados, os EUA e as forças da OTAN, colocaram sistemas de lançamento de mísseis junto das fronteiras da Rússia, na Polónia e na Roménia. 
Estes mísseis tinham sido colocados (oficialmente) para proteger a Europa de ataques por parte do Irão. Sim, leu bem; do Irão. Uma desculpa tão estúpida, que é - na verdade - apenas uma forma de negar o óbvio. Estes mísseis, que podem ser dotados de cabeças nucleares, estão - desde há vários anos, muito antes de guerra com  a Ucrânia - apontados à Rússia. 

Compreende-se que estes dados sejam omitidos nos discursos políticos e na média, que apenas funciona como arma de propaganda de guerra. Esta pode ser dirigida para confundir e diminuir o moral do inimigo, mas também e até, sobretudo, para anestesiar a cidadania dos próprios países do Ocidente e neutralizar os seus sectores críticos. 

 Os dados que esta entrevista nos fornece são de grande importância para compreendermos os factos no terreno. Com efeito, por detrás de uma postura dos estadistas ocidentais simulando «responsabilidade», eles estão levando as suas populações para uma guerra mundial.

Na minha visão, esta Terceira Guerra Mundial já está em curso, pelo menos há 25 anos, desde a agressão da OTAN à Sérvia, em 1999 e tem continuado no século XXI, com guerras de conquista e agressão, ou com golpes de Estado (as «revoluções coloridas») para impedir que essas nações se vejam livres do imperialismo global, que apostou na hegemonia sobre todo o globo. 

Se lhe parece demente, eu dou-lhe razão; é de facto demência e da mais perigosa. Mas, não se engane; o demente não é quem escreve estas linhas, mas os que estão nos lugares de poder, em cargos de governo e de comando militar em Washington, Londres, Bruxelas e etc., do Ocidente. 

A parte da Humanidade que constitui o «Sul Global», as pessoas que não estão no chamado «Ocidente» percebem muito bem que os países Europeus e da América do Norte estão - desde há bastante tempo - nas mãos de uma casta apenas interessada em manter-se no poder e defender os privilégios dos multimilionários, que os financiam.   

Oiça e veja esta entrevista do Prof. economista e ex-embro do governo dos EUA. Oxalá que contribua para que tenha uma visão mais crítica das narrativas geopolíticas enganadoras da media convencional!

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

A Terceira Guerra Mundial [por Fabrizio Mejia]




“Es más fácil imaginar el fin del mundo que el fin del capitalismo”, dijo célebremente el teórico de las artes, Frederick Jameson. Es una frase que describe el clima posterior a la caída del Muro de Berlín y la extinción de la Unión Soviética. No obstante que Rusia, los Estados Unidos, China, India, Pakistán o Israel seguían teniendo cabezas nucleares, la desaparición del socialismo soviético como régimen terminó con el imaginario de una destrucción final. Es como si una Rusia capitalista fuera menos peligrosa que una soviética. Como si Estados Unidos, que ha sido el único país en arrojar dos bombas nucleares contra poblaciones civiles, ya no tuviera la motivación para volverlo a hacer. Si lo piensan es demencial que nos hayamos olvidado de que seguñian existiendo las armas nucleares sólo porque una de sus partes en conflicto adoptó el capitalismo como modelo económico.

Durante medio siglo, el mundo fue capaz de imaginar una guerra, la nuclear, que sólo podía simularse porque, de existir, sería el final de la humanidad y del planeta. Tras el final del socialismo existente, comenzó a recorrernos otro tipo de desenlace, ya no tan abrupto como las nubes radioactivas de hongos nucleares que arrasaban con todo a su paso, sino el cambio climático con la extinción paulatina de todas las especies, costas que desaparecían, indundaciones y sequías donde nunca antes habían existido. Pero en días pasados, el permiso del Presidente de los Estados Unidos, Joe Biden, para que Ucrania atacara a Rusia con misiles dirigidos satelitalmente de origen estadunidense, puso de nuevo en la mirada colectiva la posibilidad de la guerra nuclear, la tercera y última de la humanidad. Sin embargo, el anuncio no generó la angustia que hubiera desencadenado en, por ejemplo, 1983. Seguimos hablando del G-20, de si Trump tenía o no mayoría del voto popular, de si Javier Milei se humilló ante Lula. ¿Por qué hicimos como que la amenaza no era tan real como en 1962 con la crisis de los misiles en Cuba? ¿Por qué decidimos voltear para otro lado en espera de que Trump y Putin se pongan de acuerdo para pacificar Europa? ¿Por qué, en vez de salir a protestar a las calles, las poblaciones de Finlandia y Suecia se dedicaron a leer los folletos de sus gobiernos en caso de un ataque nuclear? ¿De dónde nos salió esa capacidad de negar el peligro evidente? Esa pregunta es la que trataré de explorar en esta videocolumna.

Lo primero que debo decir es que el término “guerra fría”, que terminó por designar un periodo de medio siglo de la humanidad, fue acuñado por George Orwell en un artículo de periódico del 19 de octubre de 1945 llamado “Tú y la bomba atómica”. El que más tarde nombraría al totalitarismo como Gran Hermano y a la propaganda como “neolingua”, habló en este texto de un nuevo concepto. Escribe Orwell: “Por varios indicios se puede deducir que los rusos aún no poseen el secreto de fabricar la bomba atómica; por otra parte, la opinión generalizada parece ser que la poseerán dentro de unos años. Así pues, tenemos ante nosotros la perspectiva de dos o tres superestados monstruosos, cada uno de los cuales posee un arma mediante la cual millones de personas pueden ser aniquiladas en unos pocos segundos, dividiendo el mundo entre ellos. Se ha asumido bastante apresuradamente que esto significa guerras más grandes y sangrientas, y tal vez el fin real de la civilización maquinista. Pero supongamos (y en realidad éste es el acontecimiento más probable) que las grandes naciones supervivientes lleguen a un acuerdo tácito de no utilizar nunca la bomba atómica unas contra otras. Supongamos que sólo amenazan o la utilizan contra personas que no pueden tomar represalias. En ese caso volvemos a donde estábamos antes, con la única diferencia de que el poder se concentra en menos manos y que las perspectivas para los pueblos sometidos y las clases oprimidas son aún más desesperadas”. Sigue Orwell en 1945: “Cualquiera que haya visto las ciudades en ruinas de Alemania encontrará la idea de la destrucción de la humanidad al menos imaginable. Sin embargo, si se mira el mundo en su conjunto, durante muchas décadas la tendencia no ha sido hacia la anarquía sino hacia la reimposición de la esclavitud. Puede que no estemos encaminados hacia un colapso general, sino hacia una época tan terriblemente estable como los imperios esclavistas de la antigüedad. El tipo de visión del mundo, el tipo de creencias y la estructura social que probablemente prevalecerían son las de un Estado que fuera a la vez INCONQUISABLE y en un estado permanente de “guerra fría” con sus vecinos. Se prolongará indefinidamente una paz que no es paz”.

Orwell había dado en el clavo de lo que significaría una guerra final, la tercera, que no podía ser llevada a cabo salvo como amenaza y que haría de los poseedores del arma nuclear poderes intocables. No es que Orwell estuviera contra las armas en general, sino sólo contra las que podían usar sólo una élite muy poderosa del planeta. De hecho, su artículo comienza apreciando el valor que tuvieron los rifles para hacer revoluciones populares, pero abomina estas armas que requieren un saber tecnológico secreto, como la bomba atómica.

Pero vayamos más allá de 1945. Dos años después, en el boletín de Edward Teller de los científicos atómicos se empezó a publicar un reloj con la hora del final total, que se puso a la media noche. Primero lo fijaron en siete minutos para las doce y, en 77 años se ha movido 25 veces. Pero lo que sorprende del uso de este reloj es que no se movió por ejemplo, en la crisis de los misiles en Cuba en 1962, y que retrocedió entre 1987 y 1991 por los tratados de reducción de armas nucleares. Así, más que medir los riesgos, mide la supuesta capacidad diplomática para alejarlos. Ahora, el reloj ha avanzado a 90 segundos del final, cuando Biden, estúpidamente, le ha dejado a su sucesor, Donald Trump y a Vladimir Putin el espacio para que “salven al mundo” y se vistan de gloria planetaria.


La democracia explicada

Pero voy al segundo punto de esta videocolumna, una vez establecida la idea de la Guerra Fría, es decir, de una que no se libró en un conflicto sino en lo que se dijo sobre la anticipación del conflicto. La bomba atómica fue más ideológica que cualquier otra arma en la historia porque significó el sometimiento de las poblaciones de Estados Unidos, la Unión Soviética y las dos partes de Europa con simulacros de ataques, bunkers bajo tierra, y la propaganda de que todo ese arsenal tenía como objetivo disuadir al otro de no usarlo. Pero este relato que sometió a poblaciones a una especie de calma de desalentar al enemigo con la acumulación de armas, no era realmente lo que perseguían sus propagandistas. Un ejemplo que desnudó esa mentira, fue el del falso documental que produjo la BBC de Gran Bretaña en 1965 y que ella misma censuró y no transmitió hasta veinte años después. Se trata de War Game de Peter Watkins donde se simula un ataque a la región de Kent en Inglaterra. La BBC fue sometida a censurarla por el Ministerio del Interior y el de la Defensa porque la película ponía de manifiesto, no la disuasión a las armas soviéticas y chinas, sino el caos social que se desataba entre los sobrevivientes. En algún momento, un personaje se lamentaba, incluso, de no estar muerto. Se desencadenaban los motines, saqueos de comida, y los asesinatos entre los pobres que no habían muerto con la explosión. La película mostraba no el patriotismo que respondía a un desafío extraordinario como un ataque soviético, sino al colapso del Estado y de la ley y el orden. Ante los motines, surgía un Estado policiaco que destruía las mismas libertades que se suponía que la Guerra Fría pretendía defender. Así, la guerra nuclear no se mostró como una puesta en escena del nacionalismo o de la defensa de las libertades contra el totalitarismo, sino que alentaba justo una dictadura policiaca para contener sus efectos. Y la BBC tardó veinte años en ponerla en sus pantallas, ya cuando Carl Sagan había hablado del “invierno nuclear” en televisión, es decir, de la nube de escombros que taparía durante años la entrada de los rayos solares a la atmósfera y la consecuente hambruna que sobrevendría. La transmitió cuando ya se había exhibido en la televisión estadunidense, El día después, The Day After, que reflejaba el drama de esa línea de batalla de la Guerra Fría que fueron los estados del medio oeste de los Estados Unidos, como Misouri y Kansas, donde están los silos de cabezas nucleares, con su contaminación tóxica. Así que, realmente, el tema nuclear era para controlar con su amenaza, no a los soviéticos sino a las poblaciones de los países involucrados con la idea de que era mejor tener las armas almacenadas para mejor defender las libertades. Como había avizorado George Orwell, en realidad se trataba de una nueva forma de esclavismo. Una esclavitud que hacía creer a las personas que acumular armas era contribuir a la paz. Una esclavitud que supuso construir una bomba que pusiera fin a toda guerra posterior. Por eso digo que era un arma ideológica. Tan real como la imaginación.

Siguiendo este hilo, voy a la tercera proposición de esta videocolumna. Y es que la Guerra Fría fue psicológica y emocional. Dice la doctora Claudia Kmper: “La lógica de la disuasión nuclear, que amplios sectores de la sociedad y la política habían internalizado es en realidad una forma de enfermedad que impedía que la gente reconociera las soluciones al conflicto. Este diagnóstico operaba en dos niveles. En primer lugar, atribuyeron el clima de desconfianza mutua y la propia carrera armamentista a temores reprimidos entre los políticos y el público. La conciencia popular estaba preparada para las guerras convencionales mediante prejuicios y percepciones erróneas. Por el contrario, la Guerra Fría continuamente causaba disturbios en la mente del público. Por lo tanto, impidió que las personas vieran las posibilidades constructivas para resolver el conflicto, que fue el punto de partida de los esfuerzos terapéuticos de la Asociación de Médicos contra el armamentismo. En segundo lugar, se diagnosticó una discrepancia entre conocimiento y acción. Por un lado, se conocían con cierto detalle las probables consecuencias de las bombas atómicas. Sin embargo, los gobiernos, por otra parte, estaban ocupados preparándose para tal acontecimiento apocalíptico, por ejemplo mediante medidas de defensa civil, en lugar de hacer preparativos para prevenir una guerra nuclear”. Así, los temores de la guerra que siempre son precedidos de un estereotipo del enemigo, se iban hacia el gran final, la destrucción total, donde ya no había para dónde correr. Los terrores iban a un callejón sin salida. Sólo así uno puede explicarse cómo durante los años sesnta del siglo XX, vimos el surgimiento de monstruos creados por descuido de los científicos, como Godzilla o Mothra, que destruían ciudades enteras, justo en Japón. Era una forma de sacar los terrores de la guerra nuclear, del hongo sobre Hiroshima y Nagasaki. Durante décadas, la “zona cero” se refirió justo a esos dos poblaciones cuyos padecimientos siguieron por generaciones. Hasta que George W. Bush decidió trasladarle el nombre a los edificios colapsados por los ataques del 11 de septiembre y mostrar el avión de la primera bomba, el Enola Gay, en el Museo Smithsonian. El terror a las bombas soviéticas se trasladó así a los ataques terroristas. Ello conllevó un cambio sustancial: ya no era una destrucción de toda la humanidad, sino que estaba circunscrito al Medio Oriente. Podíamos respirar al fin con un enemigo terrorista que, si bien, permanecía oculto, estaba lejos y tenía que embarcarse en toda una logística para poder llegar con sus aviones comerciales secuestrados hasta el centro financiero del mundo.

Y creo que esa podría ser una respuesta parcial a por qué no nos hemos angustiado con la anuencia de Joe Biden a atacar a la Rusia capitalista de Putin. Es porque parece concentrada en una región del mundo, en la frontera entre la OTAN y Rusia, en ese país llamado Ucrania que tiene un presidente que era cómico de la tele. Mi otra parte de la respuesta tiene que ver con el cansancio emocional. Después de una pandemia que nos amenazó con quitarnos la vida a todos, pero sobre todo a los ya enfermos, a los más viejos, a los más gordos, un pánico que hizo que el mundo se guardara en sus casas cuando así lo permitió su economía; después de eso, una guerra nuclear parece demasiado para lidiar. En estos setenta años lo hemos hecho conformándonos a las restricciones a todas luces totalitarias de seguir las instrucciones para ir a los bunkers bajo tierra, en los países que tienen riesgos reales, y en nuestros países en pensar que habrá una nueva crisis económica, que sobrevendrá un quebranto inflacionario y del comercio global. Bajo la premisa que ya vislumbraba George Orwell de pensar que acumular armas era contribuir a la paz, hemos consentido con este delirio del Apocalipsis final, el militarista, donde no hay Juicio Final ni serán salvados los buenos de corazón. Ante esta encrucijada, ¿dónde están las manifestaciones pacifistas llenando las calles europeas o estadunidenses? ¿Qué pasó con el movimiento anti-nucelar tan activo en los años ochenta?

Tal parece que somos incapaces de imaginar una guerra nuclear como una posibilidad y por eso nos engañamos a nosotros mismos al creer que algo tan inimaginable no podía suceder realmente. Por eso, sobre este nuevo riesgo de destrucción final, ahora hay más memes que acciones. Nos hemos quedado sin poder para reaccionar y eso, en sí mismo, es acaso la extinción más profunda: la desaparición de nuestra capacidad de responder y luchar.


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Fabrizio Mejía Madrid
Es escritor y periodista. Colabora en La Jornada y Aristégui Noticias. Ha publicado más de 20 libros entre los que se encuentran las novelas Disparos en la oscuridad, El rencor, Tequila DF, Un hombre de confianza, Esa luz que nos deslumbra, Vida digital, y Hombre al agua que recibió en 2004 el Premio Antonin Artaud.

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PS1: 

VEJA REPORTAGEM EM ESPANHOL, INCLUINDO CIMEIRA DE G20:

terça-feira, 19 de novembro de 2024

ATÉ QUE PONTO CONTROLAMOS AS NOSSAS MENTES? [DOCUMENTÁRIO]

 

4

COMENTÁRIO DE MANUEL BANET:


Um documentário extenso e com conteúdo. Polémico, pois aborda aspetos da ciência nas fronteiras do saber.


Em relação aos conceitos de «livre-arbítrio» e de «determinismo», quer me parecer que são conceitos polissémicos, como os conceitos de «liberdade» e «destino».
São conceitos importados da teologia ou da filosofia moral, pelo que não me parecem apropriados numa discussão científica.
O debate científico, para não cair na ideologia, deverá previamente definir, com o rigor possível, os termos do seu vocabulário e os âmbitos de aplicação dos mesmos.
Quanto à célebre experiência em que o sujeito tinha de primir um botão quando lhe apetecesse, sendo monitorizadas suas ondas cerebrais:
Verificou-se que eram detetadas ondas indicando o impulso para efetuar este ato, algumas frações de segundo antes do sujeito da experiência ter efetiva consciência de que iria premir o botão.
Se a experiência se destinava a determinar se a ordem cerebral antecedia, ou era simultânea à consciência do sujeito ter decidido efetuar o referido ato, ela era adequada. Mas, a dita experiência não  nos pode esclarecer realmente sobre a génese  da tomada de decisão. 
O «livre-arbítrio» é algo muito distinto disso. Penso que - na realidade - a experiência citada não permite inferir nada em relação à existência, ou inexistência, do «livre-arbítrio». Sabe-se que a consciência das nossas decisões e dos nossos atos é do domínio do córtex frontal. Esta parte do cérebro é a racionalizadora dos impulsos mais profundos.
Mas, o facto da tomada de decisão em fazer determinado gesto, preceder de frações de segundo o ato em si, é algo perfeitamente lógico, como é lógico que esta decisão demore alguns milissegundos a ser processada pelo "cérebro racional". Note-se que, só  então poderá o indivíduo tomar consciência da mesma.
Estes problemas surgem também quando outras experiências, noutras áreas científicas,  como a física quântica, são  interpretadas ou vulgarizadas. É frequente, apesar do processo experimental ser rigoroso e as conclusões dos investigadores serem adequadas aos resultados, algumas pessoas se  "apropriarem" e distorcerem os resultados destas experiências, para «validação» das suas próprias teorias.
Fala-se no vídeo sobre o dualismo cartesiano: Este tem muitas vidas, que se manifestam sob variadas formas, na História da Ciência. De facto, a filosofia e as ciências humanas são influenciadas frequentemente, ora pelo dualismo cartesiano (separação radical da mente e do corpo), ora pelo materialismo mecanicista (somente o corpo é real, a mente é apenas uma emanação do mesmo).
Para que nosso pensamento seja um guia válido na investigação do Homem, temos de sair deste «maniqueísmo» (= radical separação do bem e do mal), que instaura dicotomias e postula que somente é legítimo raciocinar dentro delas.
Temos, ao invés, de analisar as nossas próprias convicções de um modo crítico: Os próprios factos (ou que consideramos serem factos) são construções, muitas vezes; eles são reconhecidos como «factos», somente se forem vistos  como interessantes e merecendo ser investigados, no contexto de uma teoria. 

A polémica do determinismo versus livre-arbítrio, não faz sentido: Em muitos casos, considera-se uma interpretação como sendo a correta, não porque mais se aproxima da realidade observada, mas porque vem reforçar os nossos preconceitos. Por outras palavras, não é nem boa ciência, nem boa filosofia; é somente confusão terminológica e metodológica.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

O ELOGIO DA PREGUIÇA

 Gostava de fazer o elogio da preguiça*, mas da verdadeira, da que não corresponde a uma fase de recuperação das forças, para depois continuar o trabalho, para se aguentar a rotina, para aí passar as melhores horas do dia a fazer aquilo que - interesse-nos, ou não - interessa sobretudo ao patrão. 

O problema ultrapassa a questão da duração do trabalho. O movimento operário, historicamente, lutava por uma delimitação, uma redução da contribuição do trabalhador em horas de trabalho, sem redução do salário. Não vejo isso como eticamente errado,  embora o «tempo de trabalho» seja uma aproximação em relação ao trabalho verdadeiro, sem aspas. 

Os economistas ao serviço do patronto inventaram essa coisa infernal da «produtividade», uma falácia** grosseira, pois o trabalhador não controla as condições concretas de sua produção de bens ou serviços. Estas condições dependem, em medida quase exclusiva, dos organizadores do trabalho, os gestores e empresários. 

 Mas, voltando ao assunto deste escrito, a questão dos períodos de ócio corresponderem a períodos de não-trabalho é mais outra falácia, pois o trabalhador deve atender a «n» coisas fora do horário quotidiano de trabalho e mesmo fora dos meses de trabalho, durante as férias. Ele tem de dedicar-se a múltiplas tarefas, indispensáveis para o seu funcionamento e o da sua família. O ócio não existe na vida das pessoas comuns, obrigadas a ganhar o sustento, seja pelo trabalho assalariado, ou por outra forma (profissão liberal, trabalho informal, etc.). 

As pessoas trabalham sobretudo para comprar o que precisam para viver. Alguns, conseguem pôr de lado para  adquirir pequenos extras, coisas (ou serviços), que não são realmente indispensáveis para refazer a sua capacidade de trabalho e perpetuar condições mínimas de vida, para si e sua família.

Mas o tempo de ócio verdadeiro, é a parte da vida que pode ser utilizada para um «hobby», uma prática desportiva, ou artística, ou de convívio com amigos... ou nada, só para preguiçar. 

A sociedade está doente de muitas maneiras; uma delas, é a percepção do tempo. Trabalhamos, para «ter tempo» e estarmos livres de obrigações; assim pensam as pessoas, em geral. Mas a equação está fundamentalmente falseada, pois o tempo, em si mesmo, não é coisa que se possa comprar, gastar ou consumir. Quanto ao trabalho humano, este sim, está sujeito a mercantilização para a grande maioria das pessoas.  

É debatível se o tempo deva ser considerado uma grandeza física, tal como a força, a energia ou o espaço.  No entanto, o tempo existe socialmente: No sentido psicológico - Na forma subjetiva como sentimos a passagem do tempo, em função das ações que realizamos num dado intervalo de tempo. Ou, no sentido económico - O tempo devotado a ganhar dinheiro, seja no trabalho assalariado ou noutra modalidade.

 Mas o tempo não tem substância, não é uma coisa. Porém, ele é objetivado, medido, dividido, repartido, ganho ou perdido... Note-se que, afinal, todas estas expressões são metáforas. Esta metaforização do tempo tornou-o «real» na vida e consciência das pessoas. As pessoas já não sabem funcionar doutro modo. A "civilização do trabalho" controla o espaço e o tempo das pessoas; controla este tempo, no sentido de determinar o que as pessoas podem fazer, num dado intervalo de tempo. 

A sociedade e os indivíduos tendem a considerar o tempo e o espaço de uma forma análoga. O «meu tempo»  é assumido como sendo minha propriedade privada, tal como a casa própria é o meu espaço privado. A forma de controlo mais eficaz, é a que não se faz notar. Assim, as pessoas costumam acreditar que dispõem do "seu tempo", tal como dispõem dos seus espaços privados. tempo de lazer verdadeiro, é aquele em que o indivíduo não se dedica a algo por motivos utilitários, como para obter dinheiro, ou estudar para obtenção dum diploma, etc., é a componente de ação individual que, potencialmente, escapa ao controlo social. Só esta fração de «tempo livre», é realmente livre. Alguém que preencha o seu chamado tempo livre, fazendo algo considerado útil, como cultivar a sua horta (por exemplo), está - na realidade - a reiterar a sua inserção na engrenagem produtiva.

O tempo de preguiça verdadeira é um tempo de prazer para o sujeito, sem necessidade, nem rotina ou dever. Realmente, uma janela de liberdade. Note-se que os ricos e poderosos em todos os tempos da História, eram os que podiam dedicar-se ao ócio. Tinham pessoal que trabalhava nas suas propriedades, que geria sua fortuna, que executava as tarefas domésticas, etc. 

Tanto no passado, como no presente, os indivíduos realmente criativos são os que conseguem tirar o melhor partido dos seus ócios. Por isso, se diz que a preguiça é amiga das artes, da criação artística, ou literária.

No século XIX surgiram, como resultado da escravização assalariada industrial,  movimentos para limitar o trabalho quotidiano: Nomeadamente, campanhas pelas 8 horas de trabalho. Segundo os sindicalistas da época, o trabalhador precisava de 8 horas para dormir, de 8 horas para as diversas tarefas do quotidiano, além das 8 horas de trabalho. Hoje em dia, este conceito de jornada laboral está a ser posto em causa, com graves consequências na vida de milhões de indivíduos, nas sociedades ditas desenvolvidas. 

A maioria dos oprimidos, sejam eles assalariados ou não, tem estado mais motivada pelas reivindicações laborais, quantitativas (mais salário, maior cobertura social, maior cobertura nos gastos de saúde, etc.), do que  pelas reivindicações qualitativas, de algum modo relacionadas com o tempo. Exemplos destas últimas: Dispor inteiramente de si próprio fora do horário de trabalho, ter período(s) de férias, usufruir da licença parental, etc.  

Somente pela transformação da sociedade, a robotização pode deixar de ser, exclusivamente, para aumento da produtividade e do lucro. Nessa altura, os avanços da robótica servirão para auxiliar na libertação do trabalho, livrando as pessoas dos trabalhos penosos, repetitivos, perigosos e sem criatividade. Se tal não ocorrer, a escravização será ainda mais acentuada do que agora.

Tem vindo a generalizar-se a prática de levar consigo trabalho para casa,  literalmente, invadindo a esfera do lar. Assim, em pleno século XXI, muitos trabalhadores tornaram-se escravos a tempo inteiro, 24/24h. A intensificação da exploração não é apenas coisa do Século XIX. Os efeitos sociais e na saúde dos trabalhadores têm sido terríveis, embora ocultados pela media ao serviço do poder. O aumento vertiginoso das neuroses e psicoses, está estreitamente correlacionada com a exploração acrescida a que os indivíduos estão sujeitos. 

Não sei durante quanto tempo vai continuar a intensificação da exploração, que se constata atualmente, em especial nas sociedades ditas afluentes: Multiplicam-se os trabalhadores «flexíveis», ou seja, disponíveis para trabalhar a qualquer hora do dia e em qualquer dia da semana, sem limites, ao capricho da entidade patronal. É uma forma de sobre-exploração cada vez mais comum em empresas e setores das sociedades digitalizadas, desreguladas e em declínio, do neoliberalismo. 

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* Expressão semelhante ao título do livro de Paul Lafargue, «Le droit à la paresse», mas o que escrevo é substancialmente diferente do conteúdo desta obra.

** Esta produtividade, tomada como critério exclusivo para avaliar todo o trabalho, foi criticada por Bertrand Russell, entre outros. 



JOAQUIN FLORES : COMO ACONTECEM AS «REVOLUÇÕES COLORIDAS»?

 


Consultar também o artigo relacionado em Herland Report, AQUI

domingo, 17 de novembro de 2024

MÚSICA CHINESA

 


                                                    WATER LILLY

                                                                

                           

  Solista  : Jia Peng Fang (instr. solista: ERHU)


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

DETIDO, COM 20 MILHÕES DO NARCOTRÁFICO, O CHEFE DA UNIDADE DA POLÍCIA ANTI-DROGA



O vídeo acima analisa o modo como o chefe da Unidade de Delitos Económicos, também encarregada de reprimir o narcotráfico, fornecia informações para que a cocaína importada da Colômbia para Espanha, escapasse a controlos alfandegários. Foram capturados sacos de dinheiro, no total vinte milhões, escondidos no interior das paredes de sua residência.

Isto mostra a amplitude das redes criminosas e a sua capacidade em se infiltrarem ao mais alto nível das instituições supostamente vocacionadas para dar combate ao narcotráfico.

NOTA: UM CANAL INDIANO, EM LÍNGUA INGLESA, RELATA TAMBÉM O OCORRIDO, AQUI.

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

FUTEBOL EM AMSTERDAM & ENCOBRIMENTO DO GENOCÍDIO DE GAZA

 PROPAGANDA 21 (nº23)



Nós já sabíamos que os «nossos» governos ocidentais estavam completamente alinhados com o imperialismo americano.

Sabíamos que - por ordem deste - os governos ocidentais tinham imolado as suas próprias nações no altar da "pátria banderita", para levar a guerra à Rússia como «cruzados» que, mentalmente, permanecem cerca do ano 1100 AD.

Agora, a média corporativa, propagandista do «status quo ocidental», entusiasma-se na defesa dos sionistas fanáticos, disfarçados em «claque» da equipa israelita de futebol que foi disputar, na semana passada, uma partida em Amsterdam.

O comportamento dos governos europeus ocidentais é a expressão mais acabada do ruir daquilo que os próprios (ou seus antepassados) consideravam uma das marcas da civilização: "A lei é igual para todos, quem infringir a lei tem de ser sancionado". Princípio integrante do Estado de Direito e cerne da chamada «democracia liberal».

Neste apêndice do vasto continente euroasiático, que é a Europa Ocidental, só resta a casca vazia da «democracia liberal». Ou... nem sequer isso: Pois até esta capa, os próprios governantes não se importam de rasgá-la.

Deveria eu ficar feliz, perante um erro tão grande e revelador dos que ocupam as cadeiras do poder? Mas, não; afinal, eles têm podido fazer isto e muito mais, porque a cidadania não reage, ou reage segundo o modelo de reflexos pavlovianos mais caninos que se possa imaginar (peço desculpa aos cães, são mais inteligentes que isso, na verdade). Fico, por isso, profundamente triste e preocupado.

O artigo de Jonathan Cook, jornalista independente que vive em Nazareth, na Palestina ocupada, é suficientemente claro e detalhado para que eu me limite ao curto texto acima e passe logo a palavra ao autor:

 https://www.jonathan-cook.net/2024-11-11/genocide-victims-israel-football-thugs/


NOTA: ESTE VÍDEO DESMASCARA O FACTO DAS NOTÍCIAS DA MEDIA CORPORATIVA ASSUMIREM QUE OS AGRESSORES ERAM MUÇULMANOS, E OS ADEPTOS DA EQUIPA MAKABI FORAM OS AGREDIDOS. FOI EXATAMENTE O CONTRÁRIO. CONFIRMA A FOTÓGRAFA E JORNALISTA QUE FILMOU AS CENAS. OS AGRESSORES TINHAM AS CORES DA EQUIPA ISRAELITA (AMARELO, AZUL CLARO E AZUL ESCURO). VEJAM:


PS1: NOVOS INCIDENTES ENVOLVENDO CLAQUE SIONISTA NUM JOGO DE FUTEBOL EM PARIS, UMA SEMANA APÓS OS INCIDENTES DE AMSTERDAM. LEIA ARTIGO DE MIKE WHITNEY, AQUI.

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Relacionado:


https://www.jornalmudardevida.net/2024/11/18/amesterdao-fascismo-e-sionismo-de-maos-dadas/#comment-6898

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2024/11/apelo-internacional-de-1100-escritores.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2024/10/israel-ataca-as-nacoes-unidas-thierry.html

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

PLANO DRAGHI: SUPER ESTADO EUROPEU

 

Numa recente reunião de chefes de Estado e de governo da UE, Mário Draghi expôs o seu plano de revitalização da economia da Europa, tendo insistido no completar do mercado único, que implica uma planificação comum, uma integração total e uma centralização, que fariam da UE não mais a união de Estados independentes mas um super Estado.

Esta ideia de que, face a dificuldades, se deva acentuar o caráter centralista, irá favorecer o domínio - a todos os níveis - das partes mais fortes, as principais economias. A Alemanha, a França, a Itália e a Holanda ficarão ao leme, com as restantes nações ainda mais dependentes. 

No fundo, trata-se de um modelo neocolonial e não federal ou confederal. 

 Macron e Van der Leyen têm pressionado fortemente para que tal plano seja implementado após "discussão" no parlamento europeu. Esta fuga para a frente foi justificada, como era de esperar, com "ameaças " externas: A eleição de Trump, a Rússia de Putin e os BRICS+ .

Parece loucura querer reformar profundamente a estrutura económica, financeira e política da UE, no momento presente; mas tem sido este o comportamento das forças dominantes, ao longo da história da UE: Veja-se o lamentável caso da constituição europeia, rejeitada em referendo pela França e a Holanda, reintroduzida - com outro nome - enquanto «Tratado de Lisboa».

 Porém, as condições para realizar esta centralização, já seriam difíceis, mesmo num contexto bem menos tenso. A subida contínua de correntes do euro-cepticismo, relaciona-se de perto com a profunda crise económica associada à destruição do Estado Social durante mais de três décadas, com a imposição aos países mais fracos da moeda única e favorecendo as economias do Norte (Alemanha, Holanda e Escandinávia), o sobre-endividamento, a manutenção da política de "austeridade", mas só para as classes trabalhadoras.

Esta tentativa de consolidar o "barco" da UE, através de mais centralização, mais burocracia e maiores assimetrias sociais e regionais, vai ter um dos dois desfechos seguintes: 

- Ou falha, logo à partida, porque não obtem apoio suficiente para ser implementada;

- Ou, caso seja implementada, vai ser mais um fator de discórdia, precipitando a saída de vários países e a explosão social nos outros.

Até agora, as populações dos países mais poderosos não sofriam, de forma acentuada, com as crises económicas. Mas, já se vê que estes povos estão a ser fortemente atingidos pela crise mundial económica e financeira que já começou.

 As pessoas mais revoltadas são - em geral - as que possuíam algum bem-estar, que perdem o seu emprego. São as classes trabalhadora e média, reduzidas à pobreza, que irão revoltar-se contra os governos que elas apoiaram, ativa ou passivamente.

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Relacionado:


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 https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2024/09/draghi-propoe-mutualizacao-da-divida-da.html


https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2019/02/o-colete-de-forcas-da-uniao-europeia.html

sábado, 9 de novembro de 2024

TRÊS RAGAS POR RAVI SHANKAR (PARA O AMANHECER)


 


Citando a British Encyclopaedia: « raga (o termo provém do sânscrito, significando «cor» ou «paixão»), na música clássica da Índia, Bangladesh, e Paquistão é uma base melódica para improvisação e composição. 
Uma raga baseia-se numa escala com determinada composição de notas, numa ordem típica em que estas aparecem nas melodias e nos motivos musicais característicos.  As componentes básicas da raga podem ser transcritas sob forma de escala (nalguns casos, os movimentos ascendente e descendente diferem). O uso exclusivo destas notas, o acentuar de certas notas da escala e a progressão de uma nota para a outra, são características através das quais o executante da raga pode criar um estado ou atmosfera (rasa) que é exclusiva para a raga em questão. Existem muitas centenas de ragas utilizadas no presente e milhares são possíveis em teoria.» (ler artigo completo em https://www.britannica.com/art/raga ).



sexta-feira, 8 de novembro de 2024

OPUS VOL.III Nº29: DESALMADA



 Caminha pela rua, bamboleia-se 

Ao ritmo da música dos auscultadores

Imagina-se a deslizar numa onda, 

Surfando sobre a música, quase voando

Voando pelos ares irradiando energia

Não vê nada além do sonho

O sonho sem os limites do mundo


Tudo o que tem de fazer

É mover o corpo, esse avatar

Obedecendo ao ritmo 

Que se desprende incessante

Obsessivo, hipnótico

E, muito mais que isso,

Um espesso vidro, inquebrável


Vive no simulacro do corpo

Mas habitado pelo som 

Em todas as moléculas

Vibra e ondeia no espaço

No interior/exterior

Da sua fantasia


Evolui em espirais

Pelo espaço-tempo

Ao ponto muito elevado

De onde observa a rua

Com a sua banalidade


E as pessoas cansadas

Ou vagarosas, distraídas

Ou pensativas, raivosas

Ou sorridentes, enfim

Se elas soubessem 

Se elas acordassem

Se elas escapassem

Coitadas...

Só que nunca o fazem!


Um vulto no passeio

Avança com passos

Cadenciados gestos

Nos dedos e nas mãos

Trejeitos na boca

Oscilando a cabeça

Possuído pela música

Indiferente ao resto