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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

OPUS VOL. III, Nº30: DESTINO ERRANTE




Sonhos inacabados embotaram a memória

deste imóvel viajante de viagens estelares

Arrastando ilusões entre fantasmas irónicos

destroço de barca encalhada em praia remota



Cego contando contos à criança sábia

em dias iguais confundindo os passos

Ou voando com as aves migratórias

sobre horizontes em brasa de ocaso



Cumprindo a promessa de peregrino

de ir por bosques, rios e mares, sempre

pela senda sem parar, até ao seu destino

Coração e alma nus, na ficção do real.










sexta-feira, 8 de novembro de 2024

OPUS VOL.III Nº29: DESALMADA



 Caminha pela rua, bamboleia-se 

Ao ritmo da música dos auscultadores

Imagina-se a deslizar numa onda, 

Surfando sobre a música, quase voando

Voando pelos ares irradiando energia

Não vê nada além do sonho

O sonho sem os limites do mundo


Tudo o que tem de fazer

É mover o corpo, esse avatar

Obedecendo ao ritmo 

Que se desprende incessante

Obsessivo, hipnótico

E, muito mais que isso,

Um espesso vidro, inquebrável


Vive no simulacro do corpo

Mas habitado pelo som 

Em todas as moléculas

Vibra e ondeia no espaço

No interior/exterior

Da sua fantasia


Evolui em espirais

Pelo espaço-tempo

Ao ponto muito elevado

De onde observa a rua

Com a sua banalidade


E as pessoas cansadas

Ou vagarosas, distraídas

Ou pensativas, raivosas

Ou sorridentes, enfim

Se elas soubessem 

Se elas acordassem

Se elas escapassem

Coitadas...

Só que nunca o fazem!


Um vulto no passeio

Avança com passos

Cadenciados gestos

Nos dedos e nas mãos

Trejeitos na boca

Oscilando a cabeça

Possuído pela música

Indiferente ao resto 





 

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

OPUS VOL III, 23: ILUSÃO

 


Peguei no telemóvel 

Marquei aquele número que me disseram 

Uma voz maviosa respondeu

Ouvi um longo desfiar de frases

Que me preveniram supostamente

De todas as infrações / penalidades 

Eximia-se de qualquer responsabilidade 

E eu apenas tinha de dizer "sim"

Por fim, após uma musiquinha

Que se repetiu quinhentas vezes 

Veio a voz (real) de alguém 

Um homem que se identificou 

Mas não percebi seu nome

Da maneira como o pronunciou 

Apenas queria saber o meu nome

Completo, meu número da Seg. Social

Número fiscal, data de nascimento 

E depois perguntou-me:

"O que deseja?"

Já não sabia se desejava

Falar com alguém assim.

Afinal, tinha sido impulsionado

Por um agudo sentimento

Como se fosse uma vertigem,

Um mal-estar, de impotência 

Para continuar a arrastar

Comigo a sombra do passado

E de encarar o presente.

Estava realmente na ponta

Final da luta comigo próprio,

Mas a fatalidade jogava

Tudo para me empurrar 

Para dentro dum poço 

Sem fundo de meu

Desespero...

Não encontrei palavras

Para lhe responder.

Os pensamentos atravessavam

Meu cérebro como raios

U.V. e nem ouvia já 

Aquela voz insistente 

Ao meu ouvido

Que me repetia 

De maneira polida

"O que desejava ?"

Por fim, disse-lhe:

- Desculpa , não é nada.

E desliguei.




sexta-feira, 14 de junho de 2024

OPUS VOL. III. N. 18 : ASSIM OS LEVA O VENTO

 


Era um tempo sem bússola 

De parte a parte parecia

Um mundo fictício 

Porém era real

Para onde quer que olhasse

Já não reconhecia 

Os meus amigos

Vivia num pesadelo

Acordando em suor

Com a memória 

Misturando-se de sonhos

E estes não eram doces

Mas de calafrios

As lindas criaturas

Transformadas em hienas

Meus leais companheiros

Em verdugos sádicos 

Oh! Meu Deus, serei

Eu o louco, afinal?

Não sei; as conversas

Com o Senhor do Universo

Têm estado difíceis 

Ultimamente 

Mas, ao acordar, recebi

Uma críptica mensagem :

"Assim os leva o vento"