A realidade «judaica do Antigo Testamento» do povo judeu de Israel atual é tão fictícia como a dos germânicos serem «arianos» e terem sido declarados como «a raça superior» pelo regime de hitleriano. Na verdade, são os palestinianos muito mais próximos geneticamente do povo judeu de há dois mil anos,. Isso não lhes confere um estatuto especial, mas apenas mostra o grotesco e a monstruosidade de basear uma política em dados étnicos ou «rácicos». Toda a política baseada em elementos raciais é uma clara negação dos Direitos Humanos, inscritos na Carta da ONU e em inúmeros documentos oficiais de todos os países (incluindo Israel).

terça-feira, 19 de novembro de 2024

ATÉ QUE PONTO CONTROLAMOS AS NOSSAS MENTES? [DOCUMENTÁRIO]

 

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COMENTÁRIO DE MANUEL BANET:


Um documentário extenso e com conteúdo. Polémico, pois aborda aspetos da ciência nas fronteiras do saber.


Em relação aos conceitos de «livre-arbítrio» e de «determinismo», quer me parecer que são conceitos polissémicos, como os conceitos de «liberdade» e «destino».
São conceitos importados da teologia ou da filosofia moral, pelo que não me parecem apropriados numa discussão científica.
O debate científico, para não cair na ideologia, deverá previamente definir, com o rigor possível, os termos do seu vocabulário e os âmbitos de aplicação dos mesmos.
Quanto à célebre experiência em que o sujeito tinha de primir um botão quando lhe apetecesse, sendo monitorizadas suas ondas cerebrais:
Verificou-se que eram detetadas ondas indicando o impulso para efetuar este ato, algumas frações de segundo antes do sujeito da experiência ter efetiva consciência de que iria premir o botão.
Se a experiência se destinava a determinar se a ordem cerebral antecedia, ou era simultânea à consciência do sujeito ter decidido efetuar o referido ato, ela era adequada. Mas, a dita experiência não  nos pode esclarecer realmente sobre a génese  da tomada de decisão. 
O «livre-arbítrio» é algo muito distinto disso. Penso que - na realidade - a experiência citada não permite inferir nada em relação à existência, ou inexistência, do «livre-arbítrio». Sabe-se que a consciência das nossas decisões e dos nossos atos é do domínio do córtex frontal. Esta parte do cérebro é a racionalizadora dos impulsos mais profundos.
Mas, o facto da tomada de decisão em fazer determinado gesto, preceder de frações de segundo o ato em si, é algo perfeitamente lógico, como é lógico que esta decisão demore alguns milissegundos a ser processada pelo "cérebro racional". Note-se que, só  então poderá o indivíduo tomar consciência da mesma.
Estes problemas surgem também quando outras experiências, noutras áreas científicas,  como a física quântica, são  interpretadas ou vulgarizadas. É frequente, apesar do processo experimental ser rigoroso e as conclusões dos investigadores serem adequadas aos resultados, algumas pessoas se  "apropriarem" e distorcerem os resultados destas experiências, para «validação» das suas próprias teorias.
Fala-se no vídeo sobre o dualismo cartesiano: Este tem muitas vidas, que se manifestam sob variadas formas, na História da Ciência. De facto, a filosofia e as ciências humanas são influenciadas frequentemente, ora pelo dualismo cartesiano (separação radical da mente e do corpo), ora pelo materialismo mecanicista (somente o corpo é real, a mente é apenas uma emanação do mesmo).
Para que nosso pensamento seja um guia válido na investigação do Homem, temos de sair deste «maniqueísmo» (= radical separação do bem e do mal), que instaura dicotomias e postula que somente é legítimo raciocinar dentro delas.
Temos, ao invés, de analisar as nossas próprias convicções de um modo crítico: Os próprios factos (ou que consideramos serem factos) são construções, muitas vezes; eles são reconhecidos como «factos», somente se forem vistos  como interessantes e merecendo ser investigados, no contexto de uma teoria. 

A polémica do determinismo versus livre-arbítrio, não faz sentido: Em muitos casos, considera-se uma interpretação como sendo a correta, não porque mais se aproxima da realidade observada, mas porque vem reforçar os nossos preconceitos. Por outras palavras, não é nem boa ciência, nem boa filosofia; é somente confusão terminológica e metodológica.

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