Porque razão os bancos centrais asiáticos estão a comprar toneladas de ouro? - Não é ouro em si mesmo que lhes importa neste momento, mas é a forma mais expedita de se livrarem de US dollars!!
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sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

MEDITAÇÃO

Se queres partir do princípio que Deus exista, seja.

Se queres designar um livro sagrado, como fundamento da tua religião (a Bíblia, o Alcorão, os Sutras, os Vedas, etc), seja.

Mas, se Deus nos fez suas criaturas, então o que ele nos deu foi a inteligência e o livre-arbítrio: a inteligência permite que nós possamos ler as histórias de um livro sagrado, dentro do contexto; que possamos aprender a sabedoria e compreender o sumo da questão que estava em causa nessa história. As interpretações literais, as interpretações facciosas, etc. são demasiado falsas para que as pessoas que as produzem (muitas delas, capazes intelectualmente e bastante cultas) beneficiem da «presunção de inocência». Para mim, estão realmente a pecar pois, intencionalmente, usam esses livros ou passagens, que dizem venerar, para promover suas agendas; para dominar e persuadir os outros a fazerem o combate deles, claramente com o objetivo do poder. 

                        Refeitório do Mosteiro de Alcobaça, Portugal

Para mim, Deus não precisa de intermediação nenhuma; pode ser «lida a vontade de Deus» em toda a sua Obra; pode ser lida no interior de nós próprios. 

                                                                     René Descartes

                      Contrariamente ao «Cogito» de Descartes, eu sei que existo, pela íntima certeza de ser «filho de Deus». Coisa que não tem que ver com cogitar, pois se trata de sentir, essa íntima certeza não pode ser demonstrada; ela apenas pode ser expressa, ou seja, vivida na sua plenitude e na sua humildade. 

Outros dirão que Deus é isto ou aquilo, eu considero impossível reduzir a palavras, dizer o indizível: como dar conta verbalmente do Cosmos, do Universo? A única forma de o dizer é paradoxal: está para além do que se pode conceber, para além do que se possa exprimir, transcende todo o entendimento e toda a racionalidade. Não é incognoscível; é porém impossível de o abarcar no seu Todo: É por isso que qualquer constrangimento ou coação dos nossos semelhantes, seja qual for a intenção com que isso é feito, é uma violência, é um verdadeiro crime contra a essência do Espirito Cósmico. As religiões são desviadas dos seus propósitos nobres pelos teólogos que, nos seus escritos, teorias ou doutrinas, defendem a legitimidade dessa coação. 

Por esse motivo separo claramente o fenómeno religioso, da espiritualidade: a espiritualidade que se desprende de todo o Universo vem até mim, os meus canais de sensibilidade acolhem-na. Eles têm de estar bem abertos, para que o meu ser possa receber e banhar nesse espírito. 

                                William Blake: «Newton»  - desenho à pena e aquarela

Querer impor a minha maneira de ver as coisas de Deus, do Mundo, do Universo, da sociedade ou da ciência, seria fútil e contraproducente. Antes, devo estar aberto a que os outros - ou a própria Natureza - me corrijam, me façam evoluir na procura da sabedoria, que aceite profundamente em mim aquela semente divina, ou seja, aceite e siga a Natureza, porque ela é boa, ela é a vontade de Deus. Quanto  às limitações, elas vêm de mim. Eu posso não ter capacidade intelectual ou sensibilidade do coração para entender plenamente essa vontade. 

                   Kurt Gödel

Sou limitado, não por algo externo, mas ontológico; pela impossibilidade enunciada no teorema de Gödel: é impossível a parte ser capaz de abarcar o Todo. O mais que ela pode fazer, é intuir ou conjeturar que existe um Todo, que está para além da nossa compreensão limitada. 


sábado, 5 de novembro de 2022

Insólito: DUAS MONSTRUOSAS 'BOLAS DE NATAL' VARREM ARTÉRIA DE LONDRES

VEJAM O VÍDEO E A NOTÍCIA: 

 https://www.zerohedge.com/personal-finance/meanwhile-london


As duas bolas gigantescas que se destacaram, faziam parte duma instalação pelo artista plástico  Tom Shannon. Esta instalação deveria estar em exibição na Praça de St Giles, em Londres (abaixo).
             



Comentário: Lamento a destruição da instalação, talvez isso se traduza num grande prejuízo. Mas, fiquei deliciado pelo simbolismo de 2 'bolas de natal' gigantescas, a rolarem por uma artéria do centro de Londres. Simbolizam - a meu ver - a fúria da Natureza, farta da estupidez humana e de suas comemorações consumistas!

sábado, 17 de abril de 2021

A FETICHIZAÇÃO: ARMA DE CONTROLO E OPRESSÃO



A minha reflexão parte da seguinte constatação: 
A verdadeira questão não é as "performances" de um instrumento, mas sim nas mãos de quem ele está.

Este princípio aplica-se a muitas situações. 

Por exemplo, uma arma de fogo bem pode ser um excelente exemplo de tecnologia industrial, de grande qualidade técnica, etc... Mas isso, importa muito menos do que as mãos que seguram essa arma; se as mãos são as dum tresloucado, de um guerrilheiro, de um soldado que combate numa guerra, etc.

O mesmo se aplica em relação ao Estado, quando este é considerado «instrumento de organização da sociedade e de redistribuição da riqueza»: poderá estar nas mãos de uma oligarquia, de um ditador, dum pequeno grupo «revolucionário»... mas, também, nas mãos de corruptos políticos, mesmo que as leis básicas e a organização desse Estado sejam as mais democráticas...

Ao dinheiro que, em si mesmo, não é um bem ou um mal, aplica-se o mesmo princípio: pode ser usado de forma a promover o investimento produtivo, o bem-estar da população, a consolidar e renovar infra-estruturas dum país, a educar de forma adequada as futuras gerações, etc... mas também pode ser usado para a especulação, para favorecer ainda mais os que já estão muito favorecidos, para acumular riqueza, para esbanjar em luxo, etc. 

Mesmo a Natureza, obedece a esta regra: a Natureza é fonte de recursos para a humanidade, mas não deve ser vista como algo que se pode usar de modo egoísta. 
Quem detém o controlo sobre áreas vastas e não modificadas pelo Homem, como os parques naturais, as reservas da Natureza, a protecção de espécies e paisagens, deve ter uma atitude respeitosa, prudente, conservacionista. 
Mas, pensemos nos chamados capitalistas verdes, eles utilizam a Natureza como pretexto para implementar uma política regressiva. Apesar da retórica «de esquerda», vejam-se as políticas liberticidas e eugenistas lançadas pelos oligarcas mais poderosos (Gates e companhia), sob pretexto de salvaguarda da sustentabilidade do Planeta.

O que importa, sobretudo, é aquilo que se faz com o instrumento. Isto é válido, em relação a qualquer objecto, natural ou tecnológico, ou ainda, em relação a qualquer organização/instituição na sociedade e à sua cota parte de poder na mesma. 

Daí que a fetichização, quer dos objectos, quer de organizações, apesar de tão comum que passa despercebida, é indício dos problemas, nesta civilização materialista, consumista, desenraizada.

No caso das armas ou do dinheiro, trata-se de objectos/fetiches. Repare-se como a fetichização destes objectos é comum, a todos os níveis, quer nos que as possuem, quer no modo como se fala deles. 

No caso do Estado, trata-se duma organização/fetiche. A fetichização passa pela redução do mesmo, de organização complexa da sociedade, a «instrumento». 

Quanto à Natureza (objecto tão geral que assume quase um estatuto filosófico) os discursos bem intencionados não conseguem ocultar que - por detrás - há intenção de utilizar com finalidade de lucro, de poder, um bem que é colectivo, que é comum. Fala-se muito e faz-se o oposto do que se preconiza em termos teóricos. A fetichização exerce-se, neste caso, degradando a Natureza a mero «depósito de recursos» de que os humanos se vão apropriar. Na prática trata-se dum processo de apropriação e espoliação pelo qual alguns capitalistas (ditos «verdes»), causam prejuízo irremediável (depredação) aos recursos.

Não digo que a fetichização esteja na raiz de todos os problemas, porém compreende-se que este processo ajuda a obscurecê-los e, portanto, afasta a sua solução. 
Parece-me notório que este mecanismo contribui para obscurecer o debate sobre quaisquer problemas. Neste ano de 2020/2021, «o ano do COVID», tivemos a fetichização de um vírus. Tal proporcionou que os responsáveis políticos agissem ao arrepio da legalidade democrática, da própria ciência, dizendo que «seguiam a ciência»... com medidas absurdas que nos foram impostas em modo totalitário.

terça-feira, 16 de março de 2021

PARADIGMA TECNOCRÁTICO VERSUS PARADIGMA BIOLÓGICO*

 Estamos a viver uma transformação -real e profunda- em todos os domínios. A começar pela nossa própria capacidade de subsistência. E, indo ao ponto de subverter as nossas imagens/representações do mundo, os nossos valores, a nossa maneira de nos relacionarmos com os outros e com a Natureza. 

Esta mudança tectónica, que eu venho observando, tem como característica a deslocação de muito do que nos era dado como adquirido: a convicção do poder da ciência para resolver nossos problemas, por exemplo... 
Mas, a um nível mais fundamental, modifica-se a nossa relação íntima com o mundo das coisas, dos objectos. Estou falando de objectos tecnológicos, como o telemóvel, por exemplo. De simples coisas úteis, de «escravos mecânico-electrónicos», ao serviço dos homens, tornaram-se objectos sem os quais «não podemos viver». 

Somos dependentes destes objectos tecnológicos, propriamente como um adito de drogas duras em relação à sua dose quotidiana de heroína, cocaína, ou outra substância. 
Não é necessário haver ingestão ou incorporação física no organismo, não é necessário haver uma substância que transita no nosso corpo e vai modificar os sinais ao nível das sinapses neuronais. O adito pode ser caracterizado como alguém que está necessitado de reforço constante de um estímulo, e este pode não ser químico: pense-se nos viciados do jogo; a sua «injecção» é de dopamina, que é gerada no próprio cérebro, estimulado pela excitação do jogo. Do mesmo modo, a dependência que se instalou, sorrateiramente, para a maior parte das pessoas, com a «necessidade» de estar permanentemente «conectado», vai induzir uma transformação social. Mas, note-se, que ela não é programada, nem planeada, pelos que dominam as redes de poder com perversa  inteligência: não, estes mecanismos são antes aproveitados a vários níveis, sobretudo para consolidar o poder. 
Para mim, não há dúvida que continuamos a viver numa sociedade sujeita a divisão em classes, em que uma classe, ou uma fracção ínfima da população, detém o comando e pode «viciar o jogo». Mas, também sei que os que estão por baixo, os desapossados, tendem a exagerar o poder dos que os governam; tendem a considerar que os poderosos são omnipotentes, quando estes mascaram sua ignorância através do teatro do poder, da representação, da narrativa ininterrupta, que inunda o espaço público... é isso que os torna poderosos, ao fim e ao cabo. 
- De que serviriam as armas dos seus exércitos, de suas polícias ... se os indivíduos que as accionam não se sentissem convencidos e obrigados a cumprir as ordens que vêm de cima? 
- De nada lhes serviria um aparato tecnológico de vigilância, se nós decidíssemos colectivamente, retomar os nossos relacionamentos a um nível pessoal, apenas utilizando a Internet como uma espécie de aperfeiçoamento das comunicações epistolares e para mais nada... nem «chat», nem vídeos, nem música...

Claro que isto não vai acontecer: é aí, precisamente, que reside o poder as «elites», elas sabem que estamos dependentes dessas «máquinas maravilhosas» e que o nosso universo de relações, o nosso ambiente, tanto humano, como material (mercadorias...), não se pode sustentar sem elas. 

Mas, este tipo de sociedade dominada pelo tecnológico, num grau até aí desconhecido, vai de par com a perda das liberdades tradicionais, tornou-se uma sociedade de vigilância permanente, de intrusão permanente, sem haver verdadeiro consentimento das pessoas, uma sociedade onde reina o medo, a suspeição do outro. 

Isto não teria de ser assim, obrigatoriamente; é-o, porque estamos numa sociedade hierarquizada, onde a «ordem» é tida como sinónimo de poder hierárquico. 
Porém, podia-se objectar que os ditadores dos séculos anteriores não tinham sequer estes instrumentos de controlo e vigilância: faziam - no entanto - reinar o terror entre os seus súbditos. Isto é verdade, mas temos de reconhecer que eles usavam os meios adequados, no seu tempo histórico, para impor a sua lei. 
A questão essencial era (e é) a da eficácia dos meios coercivos. Numa sociedade que vive no limiar da fome, por exemplo, a retirada dos meios alimentares equivale realmente a uma condenação à morte. 

A questão da cedência das nossas liberdades a troco da nossa «segurança» é dupla: 
- Primeiro, não é nada difícil ceder as liberdades, mas é extremamente difícil recuperá-las. Algo que significa uma luta de gerações: quem viveu ou vive sob ditadura, sabe que é assim.  
- Segundo, basta ver que a nossa «segurança» é sempre muito relativa; sobretudo, que a desestabilização do nosso pequeno mundo é - com grande frequência, senão sempre - originada pelas decisões das «altas esferas» do poder. 
Os poderosos não se importam - até lhes convém - que as pessoas comuns, «os súbditos», estejam num estado de constante insegurança e incerteza, pois sabem que o reflexo da imensa maioria é ir a correr procurar «salvação» junto dos governantes. 
Estes, muitas vezes, não têm senão um poder ilusório, «mágico», que se limita ao fabricar dum discurso, duma narrativa destinada a reforçá-los no poder.

Como esta sociedade de tecnologia totalitária é destrutiva do próprio tecido da sociedade, o paradigma natural/biológico terá de se afirmar. Irá notar-se primeiro nas margens e depois em sociedades inteiras, que escaparam ao pesadelo tecnológico. 
O paradigma biológico não deverá ser entendido como forma redutora, mas como inspiração para uma economia realmente baseada na optimização energética, na reciclagem, na gestão apropriada e prudente dos recursos... 
... E na transformação das relações estúpidas, de competição destrutiva, depredadora, em algo mais inteligente, como a cooperação e também a competição, mas esta entendida como emuladora.
Não é possível, nem razoável, propor algo detalhado, um plano, um programa, para tal sociedade. Podemos imaginar que esta se irá reger por regras, ou «leis», que se inspiram directamente na biologia.
Mas, estou convencido que os agrupamentos humanos, pequenos ou grandes, sejam pequenas comunidades ou nações inteiras, cedo verão a vantagem em adoptar tal paradigma novo, abandonando a presente adição a uma tecnologia destruidora e avassaladora dos humanos. 
Não existe tecnologia neutra, porque os modos de pensar as coisas, a sociedade, as relações entre seres humanos, etc. estão permanentemente condicionados por essa mesma tecnologia: A ideologia, que uma dada tecnologia necessariamente segrega, vai condicionar, de forma decisiva, o tecido social. 

É o que temos diante dos olhos, neste momento. Acredito que o espectáculo não seja agradável para muitos, como não o é para mim!

(*) É importante distinguir entre Biologia e Biotecnologia. O paradigma que eu chamo biológico, é a antítese da grande indústria farmacêutica, do agro-negócio, da modificação genética designada por «vacinas anti-COVID», etc. 
Estas utilizações da biotecnologia, nas mãos dos globalistas, correspondem exactamente ao paradigma tecnocrático. 

domingo, 19 de agosto de 2018

GLIFOSATO, UM PRESENTE ENVENENADO...

                 Farmers spray 200m pounds of weedkiller on crops, including corn, soybeans, wheat and oats, every year. 
      
A estratégia clássica dos grandes grupos económicos é de se expandirem , derrotando toda a concorrência, impondo as suas tecnologias, com exclusão de todas as alternativas, externalizando os danos que estas trazem à sociedade e natureza.

Um caso realmente típico disso é o da Monsanto/Bayer e do seu produto glifosato (comercializado sob o nome de «Roundup»).
Nos anos noventa, a Monsanto desenvolveu um sistema associando herbicidas, entre os quais o glifosato, com plantas de cultivo geneticamente modificadas, para incluírem genes de resistência aos mesmos. Assim, o milho, por exemplo, portador desses genes de resistência podia ser copiosamente tratado com glifosato, apenas as plantas «daninhas» ou espontâneas iriam ser afectadas e erradicadas. A Monsanto gabava-se que as plantações de milho, soja, etc geneticamente modificadas tinham a capacidade de resistir a doses altíssimas de herbicida, garantindo uma  monda química eficaz e a «impossibilidade» (que já se verificou ser falsa; ver, por exemplo, aqui ) de desenvolver resistência aos referidos herbicidas. 

O resultado é que o uso do glifosato se foi expandindo, contaminando muitos ecossistemas agrícolas e naturais, afectando muitas espécies de plantas, que nunca foram invasivas de campos cultivados, sobretudo acumulando-se na cadeia alimentar até ao ser humano.
Estudos com mães lactentes no Brasil, mostraram que 83% destas possuíam vestígios de glifosato no seu leite. O glifosato não é uma substância inócua para os animais e para o homem. O glifosato tem propriedades cancerígenas, mas isto foi intencionalmente ocultado pelas próprias autoridades sanitárias da Alemanha.
Por muito prejudicial que este glifosato seja, devemos ter em perspectiva que é um caso apenas, produzido por uma companhia, mas existem outros milhares que têm efeitos colaterais graves sobre a saúde humana e a Natureza. 
No seu conjunto, a civilização tecnológica tem sido completamente desrespeitadora do princípio de precaução, que implica a não-utilização de qualquer substância, cujo efeito no ambiente possa implicar grave prejuízo (quer no imediato, quer futuramente). 
Na busca do lucro a qualquer preço, os grandes da agro-indústria, da indústria farmacêutica, das biotecnologias, têm distorcido, ocultado, falsificado os dados que tinham obtido nas suas investigações e conseguem comprar os mais diversos poderes públicos, incluindo os próprios legisladores

A sistemática ocultação dos efeitos nefastos faz com que governos e as sociedades aceitem a novidade, se adaptem a ela, usem correntemente esses produtos, sendo depois a sociedade a pagar os referidos efeitos nefastos. Esta externalização dos danos permite que os produtos sejam rentáveis para o seu produtor. 
Com efeito, está-se perante uma ocultação sistemática, conseguida também à custa de uma corrupção do Estado e dos seus agentes.
Se houvesse reconhecimento da perigosidade dos produtos em causa, ou as entidades protectoras da saúde e do ambiente decretavam a sua exclusão do mercado, ou eles seriam severamente regulados e restringidos no seu uso. Tanto num caso, como no outro, não haveria lucro, não poderiam rentabilizar as operações que levaram a colocar o produto no mercado, desde a sua concepção, investigação, desenvolvimento, produção,  até à comercialização. 
Segundo estudo publicado, o custo dos poluentes ambientais excede  9 milhões em vidas humanas e 4,6 triliões dólares anuais, mais do que a guerra, o tabagismo, a fome, ou os desastres naturais.
A sociedade humana e a Natureza são constantemente agredidas, sujeitas às piores depredações e em última instância, à morte, para que os tais gigantes da agro-química ou outras corporações capitalistas de grande poder, continuem a obter os seus lucros!

domingo, 22 de janeiro de 2017

ALGUNS ENCONTROS COM ANIMAIS

1/ O cavalo branco apascentava calmamente no monte, lá ao longe, na orla de um formoso bosque. Ele apareceu-me várias vezes. Nunca pude decidir se o cavalo era alucinação ou se era real. O monte e o bosque são visíveis nas traseiras da minha casa. Sempre que olho para lá, lembro-me da estranha visão, que nunca mais voltei a ter.
2/ No pino do Verão, vi uma linda serpente, de mais de um metro de comprimento, estendida sobre o muro do jardim. Eu tive todo o tempo para a observar da janela. Depois dum pedaço, deslocou-se com movimentos ondeantes. Rastejou para um matagal nas traseiras, uma propriedade abandonada. Não tive receio; fiquei fascinado com a ondeante sensualidade de sua locomoção tranquila.
3/ Os gatos das redondezas, embora eu não lhes dê comida, vêm ao jardim, terreno seguro e calmo para eles. Eu não os enxoto. Costumam preguiçar à sombra das tuias. Não fogem quando entro pelo portão do jardim, apenas me fixam tranquilos com o seu olhar.
4/ Um cão de guarda da vizinha, um são bernardo, está sempre a vigiar quem passa atrás do portão. Considero-o um amigo pessoal, que cumprimento de formas diversas, sempre que passo frente deste portão. Ele exprime alegria efusiva, pulando e ladrando, quando me vê, no meu regresso, após uma curta ausência de alguns dias.
5/ Sonho, frequentemente, com aves; sobretudo com gaivotas, com maçaricos e outras aves da orla marítima. Estou sempre atento às aves selvagens, esteja eu onde estiver.
6/ Estava uma vez, num cocktail, no último piso dum hotel em Lisboa. Vi através da larga vidraça o que me pareceu ser um falcão ou águia de pequeno porte. Aterrou num rebordo imediatamente abaixo da janela envidraçada do restaurante panorâmico. Depois desta insólita visão, decidi investigar se  aves tipicamente selvagens fazem incursões dentro das cidades. Foi então - e só então - que soube tratar-se de um fenómeno relativamente vulgar...
7/ Ouvi, num recinto público, o canto melodioso duma ave, muito diferente de tudo quanto estou habituado a ouvir. Tentei observar a ave canora pela janela, mas não consegui. Gosto de ouvir o canto das aves e tento identificar as espécies correspondentes. Estranhamente, o mesmo fenómeno ocorreu algumas semanas depois, exactamente no mesmo local.
8/ Sonhei com uma estrela-do-mar, que se encontrava na zona de rochas entre duas praias, próximo de minha casa. Na manhã seguinte, como de costume, fiz um passeio à beira-mar. Lá estava ela, morta ou moribunda, sobre a areia da praia, virada para cima. Escrevi um conto/poema sobre este encontro.
9/ Na mesma zona costeira vi um grande cardume de peixes bastante grandes, do alto de falésias, durante uma das minhas caminhadas quotidianas. Olhei para baixo e vi o mar, o substrato rochoso, as zonas que ficam acima e abaixo do nível do mar. Nunca tinha observado tal espectáculo embora muitas vezes veja o dorso prateado de peixes que aparecem à superfície das ondas. Mas desta vez, cada peixe era perfeitamente visível à transparência das águas calmas. Contei para cima de uma dúzia. Aproveitavam a maré para se chegar à zona intertidal. Nunca mais vi algo assim, pelo que talvez tenha observado o raro momento da desova, neste recanto calmo e nutritivo para a nova geração.