Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.
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domingo, 26 de março de 2023

UM BANHO DE BELEZA

Também é importante, mesmo no meio de um mundo que está no estertor do colapso, de ancorarmos a nossa mente nas coisas belas que tem a vida. Estou a ouvir o 2º concerto para piano de Rachmaninov, interpretado magistralmente por Yuja Wang.

Para mim, é a perfeição na interpretação.
Os céus deram-nos tantas maravilhas, neste universo, que me deixa espantado, a estupidez dos humanos em não se satisfazerem com aquilo que há de belo, elevado, perfeito, quer na Arte, quer na Natureza.
Não vou fazer glosas sobre a estupidez e o desejo insaciável de alguns, de sempre mais poder e riquezas. Não vou insistir neste ponto.
Aqui quero que prevaleça a beleza pura, aquela que oferece o êxtase, ao ouvinte verdadeiro. Não é preciso ter feito estudos muito avançados em música, nem noutra arte, para apreciar a obra monumental deste concerto, em si mesmo.


Mas, este monumento sonoro é apenas mais um, de um número interminável de obras que nos legou o passado. Este passado revive magicamente sob os dedos de Yuja Wang.


Ao falar desta interprete e desta obra, não quero esquecer todas as horas de puro prazer que usufrui com outros interpretes e músicas: Posso voltar a elas com facilidade, graças à sofisticada técnica contemporânea de captação e reprodução do som.

Porém, tenho receio da técnica, pois ela nos pode dar instrumentos de morte, cada vez mais eficazes, mas por outro lado, é a técnica e a ciência que estão na base da reprodução fiel da música e da imagem; isso é também algo que não é suficientemente valorizado pelas pessoas, sobretudo as mais jovens.

Elas vivem num mundo maravilhoso, embora ameaçado pelas guerras e pelas catástrofes ambientais, mas não se apercebem plenamente, julgo eu, do maravilhamento de que falo.

Isto, porque eu pertenço a uma geração suficientemente antiga para se contentar com o gira-discos estéreo (grande maravilha!) e os discos de vinil. Em que os telefones eram objetos fixos, ligados a um fio (grande invenção!) e eram a única maneira prática de nos comunicarmos verbalmente à distância. Neste universo, a cor das imagens do cinema, não se tinha ainda vertido no écran do televisor.

Vivi num mundo onde - se quiseres saber algo do que se passa pelo mundo - tens poucas opções, o jornal e a rádio, e mesmo nos mais «livres» países, tinhas muito pouca variabilidade, sempre o mesmo espectro de opiniões políticas.

Agora, não digo que seja melhor, mas é tudo diferente. Os marcos dessa época são caducos, tão caducos como os da época de Beethoven, só para dar um exemplo.

Mas, existem constantes; existem aspetos profundos da mente, da psicologia, que se mantêm. Por isso, nós podemos encontrar sabedoria e «insight» psicológico em autores cujo quotidiano era totalmente diferente do nosso.

Pensemos em Balzac, Dostoievski, Eça de Queiroz, Charles Dickens e outros, muitos outros. Não é possível, nem interessa, ser exaustivo na lista da grande literatura mundial, mas é preciso incluir nela os países e as civilizações muito diferentes de onde vivemos.

Quando eu era criança deliciava-me com as obras de literatura que havia nas bibliotecas dos meus pais e das minhas avós. Lá encontrava-se todo o tipo de literatura, mas sobretudo o romance. Eu absorvia essas obras, com uma gula insaciável. Não me lembro de todos os autores e títulos de romances que li. Muito pouco ficou na minha memória.

No entanto, descobri (há poucos anos) que a transposição de uma obra da literatura, para o cinema ou televisão, era um empobrecimento, não apenas porque teria sempre de se cortar cenas e mesmo capítulos inteiros da obra escrita, como -sobretudo - porque nós, ao vermos as imagens, ouvirmos os diálogos, estamos a condicionar a mente a «ver» tal e tal personagem, tal e tal conteúdo, à maneira do realizador do filme. Não estamos a ver a obra em si mesma, mas uma leitura, que pode até ser genial, do conteúdo dessa obra.

Muitas imagens mentais que se formam no cérebro quando se lê um romance ou outra obra de ficção, são muito especiais, pois não estão apenas descritas no próprio texto, resultam também da reconstrução mental que o leitor faz daquele pedaço de literatura.

O universo mental é ainda mais rico do que aquilo que nos é dado perceber do mundo exterior, pelos sentidos.

É -sobretudo - infinitamente diversificado, varia de pessoa para pessoa e, mesmo na mesma pessoa, evolui, transforma-se ao sabor dos anos e das diversas leituras que se podem fazer.

Deixo-vos com uma belíssima voz, interpretando «Vocalise» de Serguei Rachmaninov









sábado, 9 de outubro de 2021

O HOMEM HOMÉRICO

 
 
Raras vezes tive tanto prazer em ouvir um diálogo desta natureza, literária e filosófica, como aquele que aqui deixo à vossa consideração. Sylvain Tesson despertou a minha curiosidade: Vou procurar os poemas épicos de Homero e lê-los numa boa tradução. Parece-me tão acertado ler Homero agora, como em qualquer outra época; a humanidade que ele descreve é a mesma, são as mesmas paixões, a mesma húbris, as mesmas racionalidades, os mesmos individualismos, os mesmos coletivismos.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

METAMORFOSES - PHILIP GLASS


 Esta composição de Philip Glass tem tudo a ver com o Conto Metamorfose, de Franz Kafka. 

Contrariando interpretações simbolistas / psicanalíticas, Nabokov chama a atenção para o facto de que o tema central da ficção é a luta do protagonista pela própria existência, numa sociedade repleta de filisteus, que o destroem passo a passo.


Franz Kafka  (3 de Julho 1883 – 3 Junho 1924) é um dos grandes autores da primeira metade do século XX. As suas obras (romances «O Processo», «O Castelo», «América» e outros, contos, escritos vários, correspondência), não apenas anunciam muito do que iria ser o século XX, como exercem uma influência fundamental na geração posterior, literária e filosófica. 


Ele é um daqueles raros escritores que, através da ficção, exprime indirectamente questões centrais da sua/nossa época. As questões presentes na sua obra, serão retomadas pelos escritores e filósofos existencialistas (o sem-sentido existencial, a angústia difusa, a máquina burocrática que oprime, a fuga impossível ...).


                         
Museu Franz Kafka em Praga (Rép. Checa)

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

APRESENTAÇÃO DOS CADERNOS SELVAGENS DE DEZEMBRO

No Sábado, 24 de Novembro, a partir das 18H30, na Fábrica de Alternativas (*), será feita a apresentação pública da edição de Dezembro dos Cadernos Selvagens

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Os Cadernos Selvagens é uma publicação da Fábrica de Alternativas com textos de análise, de crítica, reportagens, entrevistas, reflexões e poemas, escritos pelos nossos associados. Os temas são variados e sempre interessantes. 

Às 20 horas teremos, como sempre, um jantar vegetariano seguido de convívio. 
Reservas para o jantar para o email: 

Contamos contigo, contamos com todos

(*) ASSOCIAÇÃO FÁBRICA DE ALTERNATIVAS

      Morada: Rua Margarida Palla 19A – Algés

      Email: fabrica.de.alternativas@gmail.com