A realidade «judaica do Antigo Testamento» do povo judeu de Israel atual é tão fictícia como a dos germânicos serem «arianos» e terem sido declarados como «a raça superior» pelo regime de hitleriano. Na verdade, são os palestinianos muito mais próximos geneticamente do povo judeu de há dois mil anos,. Isso não lhes confere um estatuto especial, mas apenas mostra o grotesco e a monstruosidade de basear uma política em dados étnicos ou «rácicos». Toda a política baseada em elementos raciais é uma clara negação dos Direitos Humanos, inscritos na Carta da ONU e em inúmeros documentos oficiais de todos os países (incluindo Israel).

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Kanji Daito interpreta Louis Couperin, «Pasacalle em sol menor»

 A Pasacalle (em francês Passacaille) é uma dança lenta, de origem hispânica, provavelmente importada do Novo Mundo e baseada num baixo obstinado, ou seja, que repete sempre a mesma fórmula. Esta base permite que a estrutura seja organizada em variações sucessivas, em torno do tema. 

A Passacaille, como outras danças sobre basso ostinato (Chaconne, Pavane) seria o tipo de peça onde o compositor/interprete podia exibir seus dotes de improvisação criativa sobre um tema. O que ouvimos agora, é a codificação escrita duma prática de improvisação. 

A improvisação praticada tanto por organistas, como por cravistas ou alaudistas, permeou todo o barroco e foi somente suplantada aquando do triunfo do romantismo. Na época romântica, a personalidade do compositor "passou de simples artesão, a artista." O compositor passou a ser considerado um herói, um «génio», sendo, portanto, imprescindível o intérprete reproduzir, com a maior fidelidade, as mais subtis e etéreas impressões dos seus estados de alma.

Nada disso fazia parte do espírito barroco. Neste, a forma podia ser muito simples, mesmo austera. Porém, supunha-se que o intérprete desse mostras de criatividade e bom gosto, ao nível da ornamentação. Nesta época era legítimo serem usados variados instrumentos para uma mesma peça.  Todos os grandes compositores da época se copiavam uns aos outros; o conceito de plágio era totalmente estranho ao espírito barroco. Não havendo «copyright», a música era destinada a ser copiada de mil e uma maneiras; quanto mais, melhor! 



Kanji Daito*, ao cravo, capta a essência da música barroca francesa. A sua perfeita interpretação está igualmente penetrada de uma subtil nostalgia, que tem como contraponto a sempre renovada construção sobre o tema do basso ostinato

(*) Este jovem interprete traduz perfeitamente a arte dos sons da Europa, nos séculos XVII e XVIII com a técnica e a estilística adequadas. Dá-me imenso prazer ouvi-lo interpretar Froberger e, também, Bach. Os instrumentos (cravo, pianoforte e clavicórdio), são obras de arte por Akihiko Yamanobe, de altíssima qualidade.

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