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segunda-feira, 18 de julho de 2022

A EUROPA, ELA PRÓPRIA, ESTÁ A CAUSAR A MAIOR CRISE ECONÓMICA, ENERGÉTICA E ALIMENTAR DE QUE HÁ MEMÓRIA

 Infelizmente, nunca tivemos dirigentes políticos e burocratas tão incompetentes (corruptos?) como agora. Na altura em que seria mais importante ter muita prudência, a eurocracia (Comissão europeia, Parlamento europeu, Governos da UE) - numa quase unanimidade - tem adotado medidas incomportáveis, que são causa próxima da revolta nos Países Baixos, de inflação incontrolada no espaço europeu e da descida do Euro face ao Dólar. E muito mais, que iremos ver em breve. 

Não digo isto por alarmismo; digo, com a certeza de que nos estão a empurrar para o abismo: O «Great Reset» implicaria rutura total da sociedade? Mas então, não seria uma «renovação», como proclamam, mas um recuo para tempos feudais (neo-feudalismo). Infelizmente, há muitos elementos preocupantes e demasiadas evidências, para que alguém sensato possa desqualificar isto tudo com a expressão displicente de «teorias da conspiração».

Desde há algum tempo, tenho observado - com espanto e preocupação - as medidas tomadas por esta pseudoelite, que parece estarem desenhadas, não para uma «transição energética», como gostam de cacarejar, mas antes para a TRANSIÇÃO PARA A POBREZA, A DESTRUIÇÃO IRREVERSÍVEL DO FRÁGIL TECIDO INDUSTRIAL, AGRÍCOLA E SOCIAL DA EUROPA.

Como é típico dos políticos medíocres, precisam de um «espantalho» (Putin!) para justificar tudo o que vai mal, tudo o que ponha em xeque a mirífica e cor-de-rosa «transição energética», incluindo a generalização de carros exclusivamente movidos a energia elétrica para 2035. 



NB: Os dois vídeos que selecionei são falados em francês. A legendagem automática pode ajudar quem tem maior dificuldade em seguir a conversa. Aconselho o seu visionamento, porque as questões são colocadas francamente e são respondidas sem demagogia. 

PS1 : Veja o comentário de Alexander Mercuris. Foi produzido ANTES de ter sido anunciada (hoje, 18/07/2022) a cessação de envio de gás russo via Gazprom para a Alemanha e mais dois países europeus.  Parece que estava convencido que isto iria acontecer, inevitavelmente: 


PS2: Veja a entrevista realizada por Freddie Sayers, a Louis Gave AQUI: 

«How the West brought economic disaster on itself »

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

UMA «UNIÃO» EUROPEIA EM DESAGREGAÇÃO

A imagem que me ocorre quando reflicto nos processos que se verificam actualmente na União Europeia, é a de arribas ou falésias, em que as bases são escavadas pelo mar, as fissuras no calcário das arribas vão-se alargando e - de tempos a tempos - um enorme bloco deixa de ser capaz de se sustentar e cai ao mar ou na orla costeira. 

                  Related image

Aqui, na minha analogia, os blocos representam nações: no estádio mais avançado da desagregação está a Grã Bretanha e seu doloroso e incerto «brexit». 
Mas o processo de fragmentação existe também a Leste, com o grupo de países (Polónia, Hungria, República Checa, Eslováquia) que recusa a política de migração imposta pelos poderes dominantes da UE. 
Outro grupo problemático é o dos países com défices e dívidas públicas excessivos. Estes incluem vários países do Sul: Grécia, Itália, Espanha e Portugal. 
Nestes países, a crise do tecido económico com desemprego de massa, resultante da austeridade imposta desde Bruxelas, engendrou uma profunda crise social. 
A Itália tem um governo, resultante de uma coligação heterogénea, mas que está decidido a fazer frente às exigências de um «Euro-grupo», dos comissários e doutros burocratas que, afinal, não representam senão a vontade da oligarquia instalada na mecânica eurocrática.  
Tudo se conjuga, neste dia 29 de Outubro, para que a Itália veja rejeitado o seu orçamento pelos todo-poderosos comissários da UE. 
Porém, ao contrário do que certa imprensa propala, papagueando o discurso dos eurocratas em Bruxelas ou de quem os apoia ao nível local, a Itália tem boas razões para manter tal orçamento, moderadamente expansionista, num contexto em que a crise social, iniciada com a grande recessão de 2008, permanece - 10% de desemprego - gerando ou aprofundando fenómenos inquietantes como racismo, xenofobia, etc. 
O rigor contra Itália explica-se como uma espécie de retaliação pelo facto do seu governo não aceitar as políticas migratórias instituídas pelos poderes centrais. 
Com efeito, o seu orçamento com um défice de 2,4% apresenta uns 0,4% acima do que os comissários de Bruxelas achavam sustentável, porque a dívida pública italiana excede 132 % do PIB. Mas, por outro lado, um orçamento moderadamente expansionista é necessário para desencadear um maior consumo nas camadas que foram mais afectadas pelos dez anos de depressão que atravessamos. 
Se houvesse um mínimo de boa vontade, não iriam ser colocados demasiados obstáculos à Itália, até porque o seu governo tem uma legitimidade muito maior do que os senhores de Bruxelas. 
Mas, aqui joga-se um jogo que visa intimidar, dar o exemplo: «se te portas mal, olha o que te acontece». O comportamento da UE em relação à Grécia, em 2010-2014, seguiu este padrão. 
O que se está a passar com o «brexit» igualmente, embora as responsabilidades do péssimo governo de Theresa May também sejam enormes. 
A média económica põe em realce a subida dos juros das obrigações soberanas italianas: porém, deveria também realçar o facto de que as obrigações soberanas (a dívida emitida pelos estados) de todos os países do sul foram compradas sistematicamente pelo BCE, durante mais de 6 anos (2012 -2018) e distorceram o mercado da dívida destes países, até valores de juros irrisórios, totalmente artificiais. 

Creio que a miopia da eurocracia no poder vai arrastar a Itália para a ruptura. Mas a Itália tem muitos trunfos; tem potencial na indústria, no comércio, no turismo. Terá, com certeza, muitos parceiros económicos (dentro e fora da Europa) com os quais poderá estabelecer acordos mutuamente vantajosos.