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domingo, 22 de setembro de 2024

DANÇAS IBÉRICAS (Segundas-f. musicais nº18)

 FANDANGO- FLAMENCO - FOLIA - PASACALLES - CHACONA 

O Fandango é uma dança popular, de origem espanhola do séc. XVII, mas que pode ter sido adaptada de danças extraeuropeias, tal como outras danças, originadas na América Central ou do Sul, ou ainda nas Canárias.

                                                Fandango de Soler, discípulo espanhol de D. Scarlatti

Em Portugal, o fandango surge no séc. XVIII, provavelmente trazido por trupes teatrais castelhanas. Tornou-se rapidamente elemento do património folclórico português. 

Hoje em dia, o fandango está muito associado aos forcados do Ribatejo (uma espécie de «cowboy português») mas os grupos instrumentais e de danças, do Minho aos Açores, utilizam o fandango.

Dois grandes músicos de origem italiana, que exerceram a maior parte da carreira de músicos nas cortes da Ibéria, Domenico Scarlatti e Luigi Boccherini, compuseram fandangos, ou melhor, arranjos do fandango para cravo (Scarlatti) e para pequeno conjunto instrumental  (Boccherini).

A origem do fandango será talvez sempre obscura, como muitas expressões da criatividade popular, depois retomadas como moda pelas classes mais elevadas, como a aristocracia, no séc. XVIII.  

Sua difusão e perpetuação dá-se pela apropriação pelo povo e com modificação da dança cortesã. Isto é observável com as Pasacalles e a Chacona (ambas oriundas da América hispânica e trazidas pelos marinheiros), a Folia (de provável origem portuguesa). Todas estas danças, de origem plebeia, foram codificadas por músicos «eruditos» e integradas em Suites de danças ou em peças autónomas, do tipo «Tema com variações».

Quanto ao flamenco, a sua origem remonta ao início do Renascimento. Foram compostas versões instrumentais, por António de Cabezón (músico da corte de Carlos V), usando a sequência do baixo e a estrutura harmónica do Villancico «Guarda me Las Vacas», dos Séc. XV e XVI. 

                               Diferencias «Las Vacas», A. de Cabezón

Devido à relativa similitude do ritmo e das formas de dançar, muitas pessoas confundem o fandango e o flamenco. Porém, são duas formas de dança distintas, culturalmente pertencentes ao mundo ibérico, ambas de origem popular e posterior apropriação erudita. 

Em Portugal, é muito conhecida a toada do fandango; consiste num baixo obsessivo*, sobre o qual se vêm desenvolver variações do tema melódico.

                                        https://www.youtube.com/watch?v=E3NSldeHE_0

O esquema é semelhante ao das danças supracitadas, a Pasacalle, a Chacona, a Folia e o Flamenco

Para finalizar, vejamos/oiçamos uma versão para conjunto de câmara, sobre original para cravo de D. Scarlatti, interpretada no Palácio Nacional de Ajuda (Lisboa), pela Orquestra Sem Fonteiras.

                                          https://www.youtube.com/watch?v=7EMgb4BimxE

É curioso que as cortes europeias do passado tenham -repetidas vezes- assimilado danças populares, transformando-as em modas cortesãs. É difícil de imaginar isso hoje em dia, pois a aristocracia do dinheiro ou oligarquia, não tem qualquer afinidade com o sentir do povo; suas músicas e modas preferidas são totalmente diferentes das populares. Conservam assim a separação estrita da sua casta, originada pela fortuna.


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*) O «basso ostinato» é muito usado noutras composições, em escolas não-ibéricas: É o caso do célebre ground em Dó menor, por William Croft (durante muito tempo atribuído a Henry Purcell)

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

MÚSICA ALHAMBRA : EVOCAÇÃO

                         
 Juan Martin «De Damasco a Córdova» 

Uma peça plena de subtileza  e de força, que nos vem lembrar a enorme dívida da música ibérica e europeia à herança árabe. Este entrecruzar de várias tradições e o diálogo entre elas, são a nossa maior esperança de um futuro melhor.

                        (veja AQUI sobre mesquita/catedral de Córdoba)

domingo, 21 de maio de 2023

Francisco Tárrega, o génio universal



Oiça a playlist «Tárrega», em construção. 

Muita gente ignora a qualidade deste compositor de Espanha. Mas é injusto, porque Tárrega * fez a síntese de tantas tradições! 

O recital de Märten Falk começa com a obra-prima «Capricho Árabe».  Eu diria que esta peça é como um passeio musical pelo tempo...




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(*) Francisco de Asís Tárrega y Eixea (21 Novembro de 1852 – 15 Dezembro 1909) foi um compositor espanhol e guitarrista clássico, no período romântico.

Tárrega nasceu em Villarreal, Província de Castellón, Espanha. Diz-se que o pai de Francisco tocava na sua guitarra flamenco e outros estilos de música; enquanto seu pai se ausentava para o trabalho como trabalhador-vigilante no convento de San Pascual, o filho tomava a guitarra do pai e tentava produzir os belos sons que tinha ouvido.
Enquanto criança fugiu da sua ama e caiu num canal de irrigação, ferindo os olhos. Receando que seu filho perdesse completamente a vista, seu pai decidiu que a família iria viver em Castellón de la Plana para ele poder aprender música, pois se fosse músico, poderia ganhar a vida embora cego. Seus primeiros professores de música eram ambos cegos: Eugeni Ruiz e Manuel González.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

DANÇA RITUAL DO FOGO - MANUEL DE FALLA


Direção e Coreografia: Carlos Saura e Antonio Gades. Música: Manuel de Falla. Voz: Rocio Jurado

Do filme «El Amor Brujo», uma bela apresentação de flamenco dos bailarinos Antonio Gades e Cristina Hoyos

sábado, 2 de julho de 2016

[NO PAÍS DOS SONHOS] SOBRE DIÁLOGO MUSICAL ÍNDIA - IBÉRIA

(ANOUSHKA SHANKAR E JAVIER LIMÓN NO FESTIVAL DE GIRONA) 

Antes, chamava-se alma, espírito, paixões, coração... hoje gostamos de usar termos científicos: neurónios, córtex, pulsão...

Mas eu prefiro a doce, sábia sabedoria das avós...
às desenfreadas volúveis volúpias intelectuais, tão sós.

Queremos ser engenheiros dos nossos sonhos, então... sejamos até ao fim, vivendo o sonho sem pecado, nem perdão;

Pois viver é sofrer, mas sem sofrer, amar não podes ... e sem amar, não vale a pena viver, como tu muito bem sabes.




Lisboa, Jardim Gulbenkian, 2016, 3 de Julho