A realidade «judaica do Antigo Testamento» do povo judeu de Israel atual é tão fictícia como a dos germânicos serem «arianos» e terem sido declarados como «a raça superior» pelo regime de hitleriano. Na verdade, são os palestinianos muito mais próximos geneticamente do povo judeu de há dois mil anos,. Isso não lhes confere um estatuto especial, mas apenas mostra o grotesco e a monstruosidade de basear uma política em dados étnicos ou «rácicos». Toda a política baseada em elementos raciais é uma clara negação dos Direitos Humanos, inscritos na Carta da ONU e em inúmeros documentos oficiais de todos os países (incluindo Israel).
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terça-feira, 2 de dezembro de 2025

segunda-feira, 12 de maio de 2025

O SUICÍDIO DA UNIÃO EUROPEIA


Agora é mais claro do que nunca: A Comissão Europeia de Bruxelas, assim como a maioria dos governos nacionais dos países que compõem a União Europeia, formam um conluio de burocratas. Quer sejam eleitos pelos respetivos povos, quer não, consideram-se «titulares» dos cargos, do mesmo modo como os aristocratas, no passado, consideravam que seus títulos e os privilégios que lhe estavam associados lhes eram devidos. Ou, talvez como os aparachiks soviéticos e dos restantes países dos Pacto de Varsóvia se consideravam elite, interpretando a vontade do proletariado, exercendo - em seu nome - uma gestão da coisa pública de tal modo aberrante, que os regimes foram para o colapso.

Pois a União Europeia deve ser vista sob o mesmo prisma. É uma oligarquia de políticos, homens e mulheres de negócios e de burocratas. Esta reduzida casta dirigente não é muito diferente da nobreza parasitária, ou da mais recente casta, conhecida por «nomenklatura».

No quotidiano ou nas grandes questões, são sempre eles que decidem: Seja na Comissão de Bruxelas, nos Conselhos de Ministros Europeus, ou no Parlamento Europeu. Quase nunca existe um input claro e direto da cidadania europeia, a qual é arredada dos mecanismos de debate e de decisão. Nos raríssimos casos em que há apelo à decisão popular, caso dos referendos, veja-se o que fizeram com os votos desfavoráveis e maioritáros de várias nações (Dinamarca, Irlanda, Holanda, França...), aquando dos referendos sobre Maastrich e sobre a Constituição Europeia.

A tomada de posição desta casta, perante o trágico conflito na Ucrânia, tem-se pautado por um belicismo exacerbado, extremista, contra a Rússia. Porém, o que tem feito a casta não foi nada para favorecer os ucranianos, visto que tudo tem feito para prolongar a guerra, onde milhões de russos e ucranianos morreram e continuam a morrer. Quando Boris Johnson, a mando de Biden, foi dissuadir Zelensky de ratificar o acordo com a Rússia em Março-Abril de 2022 em Istambul, a generalidade dos eurocratas aplaudiu, entusiasta.

A pose belicista dos dirigentes contrasta com a postura mais cautelosa das populações: Há uma insatisfação profunda e crescente, com a forma como a UE e suas figuras principais se têm comportado.

Sabemos que existe uma raiva patológica anti-Rússia, avivada por setores dos países ex-membros do Pacto de Varsóvia. Mas nestes  como noutros países-membros da UE, tem havido um condicionamento massivo, originado nos círculos dirigentes da OTAN, dirigido às próprias populações. «Se criticas os governos da UE é porque és putinista». Esta exclusão e agressão ideológica de uma parte da cidadania, porque ela não partilha o ponto de vista dominante, é já em si mesma, um sintoma claro de deriva autoritária. Mas as coisas não ficaram por aqui.

A deriva autoritária passou de condicionamento psicológico a instrumentalização do sistema financeiro europeu e, mesmo, das poupanças dos cidadãos. O ECB foi instrumentalizado, claramente, para apressar a transição para o euro digital (CBDC). A decisão do ECB foi coordenada com o anúncio recente de Van Der Leyen, segundo o qual a UE irá criar um «fundo para o rearmamento», utilizando as poupanças de milhões de pessoas, em maioria, reformadas que se vêem assim forçadas a subsidiar o complexo militar industrial europeu com as suas poupanças. Não haverá  escapatória: impossível  esconder as notas de euros "debaixo do colchão", visto que já não haverá euros em papel, somente euros digitais e programáveis.

Se um livro descrevesse a UE no seu estado atual, há uns vinte anos atrás e fosse apresentado como obra de futurologia eu diria, se a tivesse lido nessa altura, que a obra tinha imaginação, mas - enquanto previsão sociológica e política - era um bocado inverosímil.

É preciso, de vez, abandonar a ideia de que as elites estão no poder para nos servir, para concretizar aquilo que nós pensamos ser justo e positivo. Para mim, estas elites são duplamente criminosas, pois desbaratam o capital acumulado, não apenas no sentido próprio, mas também no sentido simbólico.

Ou pior ainda; quem vê as aberrações, os crimes e as conivências monstruosas de tais «democratas» europeus, pode confundir a essência da democracia com este triste espetáculo. Muito perigoso, pois só pessoas cultas e bem informadas, conseguem fazer a destrinça entre a prática democrática autêntica e o autoritarismo travestido de «democracia», que nos oferecem.

As derivas autoritárias proporcionam o desencanto com a democracia e têm sido o esteio para fascismos, tanto do passado como do presente. As lideranças da UE desbaratam o nosso futuro. Só seremos povos livres e soberanos neste espaço europeu, quando soubermos fazer o que seja preciso, para acabar de vez com esta UE falhada, tão falhada como a URSS.

Veja o vídeo abaixo, com o excelente diálogo entre Yanis Varoufakis e Glenn Diesen: New Economic World Order & Europe's Suicide

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Foi necessário um enorme apagão - que afetou sobretudo os dois países ibéricos - para se saber a enorme leviandade dos decisores da política energética da UE, castigando os cidadãos, as empresas e portanto, afetando o desenvolvimento de todos os países da Rede Elétrica da UE. O lobi "da energia renovável " e o apagão ibérico

quarta-feira, 23 de abril de 2025

O colapso do dólar não é uma hipótese; é um processo em curso


Oiça e veja esta conferência por Taylor Kenney:



Num contexto mais geral da guerra comercial e do papel do dólar na arquitetura do sistema monetário global, uma conversa entre Varoufakis e Jeffrey Sachs:


Veja e oiça este vídeo com Andy Schctman

https://youtu.be/KBJN5Ik0eO8?si=_UG0ymbZIJKNUpw2

domingo, 14 de novembro de 2021

BRINCANDO COM O FOGO, ou como se liberta o génio mau da inflação

 É da natureza dos bancos centrais, em especial da FED, estarem sempre numa posição inadequada, contra-cíclica, em relação à economia. Por exemplo, agora estão com um atraso de muitos meses a tentar a viragem na política de «dinheiro fácil» através de «tapering», que é a desaceleração da impressão monetária, mas não a supressão da mesma. Esta impressão monetária não resolve nenhum problema real, verdadeiro da economia. Com efeito, o aumento da massa monetária total, ou em circulação, vai estimular a perceção dos intervenientes nos mercados, de que há maior riqueza, maior disponibilidade para gastar. Mas não se produziram mais bens nem serviços, não houve acréscimo de autêntica riqueza. É um mecanismo essencialmente psicológico, como, aliás, são de base psicológica muitas das movimentações que ocorrem nas economias. 

A razão pela qual os bancos centrais, em especial os «ocidentais», fazem sistemáticos erros de avaliação da situação económica mundial, é que funcionam com modelos lineares. Baseiam-se nestes modelos e numa visão teórica neokeynesiana. Assim projetam eles as tendências e baseiam o fundamental das suas decisões. O problema com isto, é que tais projeções não colam com a realidade. Se a economia fosse uma verdadeira ciência (não é!), estaria sempre a reavaliar a validade de seus modelos, de suas projeções, incluindo os fundamentos e pressupostos sobre os quais se construíram tais modelos e projeções. 

A realidade é outra: A FED e todos os bancos centrais ocidentais, que lhes seguem as passadas, vão dar sempre prioridade aos conceitos teóricos, sobre a realidade dos factos no terreno. Em todas as crises, especialmente as mais graves,  pode-se notar esse desfasamento. Isso significa que os bancos centrais, em vez de criarem condições para o retorno à normalidade, suas intervenções têm o efeito oposto, o de aumentar a amplitude dos ciclos económicos. 

A recente afirmação de Jerome Powell, de que o surto de inflação era transitório e que, portanto, não haveria nada de fundamental a mudar no rumo decidido pela FED, ilustra claramente a inadequação da política da FED, a qual só pode ter por base uma inadequada visão da realidade, ela própria devida a modelos não apropriados, baseados em teorias parciais, ou defeituosas no fundamental. 

Veja como Mohamed El Erian, numa curta entrevista AQUI, destrói a narrativa emanada da FED e do seu presidente, ao dizer que esta crise foi logo caracterizada por inflação devida a escassez da oferta. Referia as disrupções dos mercados de matérias-primas, bens acabados e, mesmo, de mão-de-obra, resultantes da crise estrutural e de conjuntura - os lockdown a pretexto do COVID - que a exacerbou. Os elementos que El Erian refere estavam patentes, não eram elementos ocultos que somente podiam ser detetados após muitos meses. 

Porém, o que a FED e outros bancos centrais fizeram, com a sua impressão monetária levada ao extremo, foi exacerbar o problema, criando um efeito inflacionário do lado da procura, além e por cima do existente, devido à escassez na oferta. 

A inundação de liquidez nos mercados não veio salvar coisa nenhuma na economia produtiva. Veio apenas insuflar ainda mais as já muito grandes bolhas nas bolsas e em todos os ativos. 

Além disso, houve um súbito aumento de dinheiro disponível, na economia do dia-a-dia, com o dinheiro distribuído às pessoas para compensar as paragens de trabalho forçadas («helicopter-money»). Foi uma medida tornada necessária pelos lockdown, mas os lockdown não eram necessários! 


Assim se destapou a lâmpada de Aladino e deixou-se o génio malévolo da inflação surgir e crescer, com o risco de tudo devorar na onda hiperinflacionária.

A conclusão a que chego é que os bancos centrais são estruturas de poder que se têm pautado por uma política claramente favorável aos muito ricos, os multibilionários, embora tenham o discurso de cuidar da economia para o bem do maior número. 

Isto não pode surpreender alguém convicto da natureza depredadora, parasitária do capitalismo de hoje, com as enormes disparidades de riqueza, logo de poder. 

O diálogo AQUI entre Slavoj Zizek e Yanis Varoufakis demonstra-o: Não há capitalismo, no sentido clássico. Há um domínio dos muito poderosos donos de plataformas (Facebook, Amazon, Google, etc.) que possuem literalmente o campo todo, o chamado «mercado». Este deixou de ser propriamente um mercado, no sentido clássico do termo. Por isso, Varoufakis utiliza a expressão «tecno-feudalismo», outros usam outras expressões, mas vem a dar no mesmo: A realidade é que estamos numa nova era, onde nada é favorável aos pequenos capitalistas e aos trabalhadores, onde tudo está nas mãos de corporações gigantes, monopólios ou oligopólios, que tudo controlam.