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terça-feira, 22 de abril de 2025

QUANDO A ÁRVORE ESCONDE A FLORESTA



 Desde o famoso dia «da libertação» de 2 de Abril, decretado pelo Presidente Trump, todo o mundo tem estado em sobressalto com a «guerra tarifária». O que não faltam são análises sobre a iniquidade destas tarifas alfandegárias, a sua inadequação, o modo grotesco como são calculados os desequilíbrios comerciais entre os vários países e os EUA. 

Também se tem denunciado (com total razão, aliás) a falácia de que um défice comercial revelaria uma «exploração» do país comercialmente deficitário, exercida pelo que tem um superávit. Tudo isto se discutiu até à exaustão.

Porém, as subidas unilaterais das tarifas são uma «enorme bomba malcheirosa», deitada no meio das relações  económicas internacionais pela potência em declínio. Os EUA ficaram claramente ultrapassados, em termos de mercado mundial, nas mais diversas categorias de mercadorias, mas sobretudo nas que significam domínio em áreas de ponta:

- Os micro-processadores (os microchips que equipam tudo desde máquinas de lavar a mísseis superssónicos)

- A "IA"(tendo uma pequena empresa chinesa, demonstrado obter sistemas com mais eficiência e com um  custo da ordem do centésimo dos americanos),

- A construção de veículos EV (ao nível mundial, as marcas chinesas são as maiores vendedoras no Sul global, embora lhes tenham sido quase barrados - desde antes desta onda de tarifas - os mercados norte-americano e da UE) 

- Até mesmo os avanços da Internet de 5ª geração, têm sido protagonizados pela HUAWEI, empresa excluída do mundo ocidental, sob pretextos falaciosos (nunca provados) de servir para espionagem electrónica chinesa (curiosamente, foi a NSA americana que   espiou os smartphones de vários  dirigentes europeus, incluindo a Chanceler alemã Angela Merkel). 

- As chamadas terras raras, são extraídas, refinadas e exportadas pela China, que detém 90% do mercado mundial. Nenhum país tem igual peritagem, nem meios técnicos e industriais montados para realizar isso. Estes elementos são essenciais para incorporar nos chips ou ligas metálicas, funções insubstituíveis, cujo embargo de exportação (pela China) deixa os EUA numa situação desesperada para fabrico dos componentes electrónicos (estes são indispensáveis para as armas mais sofisticadas, mísseis por exemplo).

Á medida que o tempo passa, a dependência da China em relação às exportações para os EUA diminui acentuadamente, assim como diminui o peso relativo no PIB chinês, da contribuição destas exportações. Com cerca de 14 % das exportações, o comércio chinês com os EUA é facilmente substituível pelos chineses, o que não é verdade na recíproca. Enquanto a China fornece items indispensáveis à economia dos EUA, os EUA têm, como principais items de exportação para a China, o petróleo e a soja. Estes podem ser fornecidos por muitos  outros países,  em parcerias comerciais com a China.

Se nós acreditamos que nossos opositores são «estúpidos», nós é que estamos a ser estúpidos. É evidente que a Administração Trump possui um plano; e que este plano é muito mais vasto e profundo que a «guerra das tarifas». Eu diria mesmo que, se falamos de guerra económica, devemos perguntar-nos qual tem sido o mais precioso trunfo dos americanos?

Desde Bretton Woods - claramente - tem sido «o exorbitante» privilégio do dólar como moeda de reserva mundial e como principal moeda nas trocas comerciais; não esqueçamos que desde 1973 (O pacto entre Nixon/ Kissinger e o Rei da Arábia Saudita) o mundo vive num sistema monetário de divisas flutuantes, em que o dólar se tem mantido através  da obrigatoriedade de todos comprarem petróleo  em dólares,  exclusivamente. O PETRODÓLAR foi rei  durante todos estes anos, somente agora estando a ser destronado .

Ora, a subida dos BRICS, o seu alargamento, estão  na origem da crescente onda de trocas comerciais bilaterais (muitas, e em grandes volumes) não envolvendo o dólar, mas só as divisas dos respectivos países: Verifica-se a diminuição da utilização global do dólar. Há 25 anos, cerca de 70% das trocas comerciais eram feitas em dólares; esta percentagem desceu para cerca de 57%, no presente, segundo os números a que tive acesso. 

Além disso, existe a monstruosa dívida, com um total de 37 triliões de dólares. São dívidas públicas, de Estado, pelas quais o Tesouro americano emitiu obrigações e outros títulos de dívida correspondentes a diversas maturidades. Esta dívida atingiu um nível totalmente fora de controle: Ela perfaz, hoje, cerca de 104 % do PIB dos EUA; apenas os pagamentos de juros, alcançam mais de um trilião de dólares, este ano; a dívida que tem de ser «rolada», neste ano, é de 7 triliões. Isto significa que o Tesouro dos EUA terá de encontrar compradores para este montante. Ora, para já, os juros dispararam, ou seja, não podem os EUA encontrar tomadores dessa dívida, senão com remuneração mais alta, da ordem de 4.3 % para as obrigações do Tesouro a prazo de dez anos.

Embora poucas pessoas  saibam destes números catastróficos, reina um grande nervosismo nos investidores tradicionais   na dívida americana, que são: Estados, grande banca, grandes fundos de investimento e grupos económicos, sobretudo no exterior dos EUA. 

Sem dúvida, o efeito da "onda tarifária" será o de acentuar a recessão em muitos países e o abrandamento do crescimento em todo o Mundo, mesmo nos países com economias mais sustentáveis. Isto significa que a economia mundial será incapaz de satisfazer as exigências de empréstimos sem limites, do colosso americano.Que consequências isso vai trazer?

Os EUA terão um custo acrescido da sua dívida, não só quanto aos juros, como no seu montante total. 

Não creio que eles vão deliberadamente provocar o colapso da sua economia e da economia mundial. A fação que apoia  financeiramente Trump é constituída por oligarcas. Eles pretendem efetuar um «Great Reset» que lhes seja favorável pessoalmente. Querem ver consolidado o seu domínio monopolístico de ramos inteiros de indústria. Mas, provavelmente, compreendem que a ambição dos neocons duma hegemonia global, não tem qualquer hipótese de se realizar.

Trump e sua Administração ficaram encarregues de salvar aquilo que pode ser salvo do império americano. Por de trás das fanfarronadas do chefe, trata-se de fazer um recuo estratégico, salvando o papel do dólar, já não como a divisa de reserva mundial, mas capaz de assegurar um domínio hegemónico dentro da sua esfera de interesse. Seguindo esta lógica, coloco como hipótese que o plano de Trump e do seu governo, seja o seguinte :

- Aliviar a dívida pela desvalorização forçada do dólar. Com efeito, o dólar está nitidamente hipervalorizado, como vos dirão economistas das mais diversas tendências. Isso deriva do facto de ter sido a moeda de reserva dos bancos centrais em todo mundo e a principal divisa no comércio internacional, pelo que teve sempre uma procura condicionada por isso e não pela produção de bens para exportação ou por investimento direto em países estrangeiros. Seria razoável prever que uma diminuição de procura da dívida soberana dos EUA, no contexto que delineei acima, fosse causadora de um valor mais baixo do dólar, relativamente às outras divisas. Portanto, também irá diminuir o valor global da dívida dos EUA, denominada em dólares, embora ela nominalmente permaneça a mesma. 

- Estratégia de concorrência para os produtos americanos. Pode-se prever a contração da área de influência dos EUA, para uma zona onde conseguirão manter a hegemonia, já que não o conseguem ao nível mundial (objetivo dos neocons). No continente americano e na Europa ocidental e central, poderão esperar conservar e reforçar o seu controlo, sua liderança de facto. Para que o dólar continue como moeda preferencial neste espaço económico, convém que seja suficientemente baixo para tornar competitivos os produtos industriais americanos. Estes seriam - a  prazo - mais diversificados do que no presente. Atualmente, os produtos industriais de exportação dos EUA, são poucos: As armas, os aviões comerciais e a indústria do «entertainement». Num universo multipolar, o sucesso  na competição vai se exprimir pela capacidade de colocação no mercado internacional de produtos industriais a preços  baixos. Uma maneira frequente dos países tornarem os seus produtos de exportação mais competitivos é de baixarem o valor da sua moeda.

O que escrevi acima não é mais do que uma hipótese de trabalho, sujeita a confirmação ou invalidação. Não pretendo compreender o «alfa e ómega» da política económica externa dos EUA. Porém, neste curto texto de análise, procurei mostrar que Trump e os que o apoiam, têm objetivos concretos, que onde fazem mais barulho não  é  sempre o principal motivo da sua intervenção e que, para apreender as linhas de força da sua estratégia, temos de colocar  -como elemento central - a mudança do sistema monetário  internacional e a concomitante reforma das instâncias reguladoras internacionais. 


 

PS1: Como suplemento,  veja este vídeo que explica em pormenor a situação  do dólar:      https://youtu.be/06mdHuuUhdI?si=kRpLiXJDIECQ_ykQ

 


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

O PROBLEMA COM O 'DINHEIRO'... NÃO É O DINHEIRO [CHARLES HUGH SMITH]

 

Para muchas mentes, la solución a nuestros problemas económicos centrales es volver a  un dinero sólido  a través del patrón oro, en el que el oro respalda todas las monedas, o sustituyendo el oro por bitcoin, es decir, el bitcoin se convierte en la  moneda del reino .

A menudo he sostenido que  si no cambiamos la forma en que se crea y distribuye el dinero, no habremos cambiado nada.

Pero el dinero es complicado, y esto introduce el koan del título de este post:  El problema con el dinero no es el dinero .  La mente humana prefiere la simplicidad a la complejidad, y por eso tendemos a buscar soluciones simples a problemas complejos. A veces las soluciones simples funcionan con una eficacia casi mágica, pero otras veces generan nuevos problemas que no previmos, problemas que complican nuestra solución simple.

Como explicó David Graeber en su libro  Deuda: Los primeros 5.000 años , el problema con el dinero no es lo que se declara  moneda del reino , sino todas las formas de dinero que no son monedas ni efectivo, es decir, el crédito, también conocido como deuda, que como documenta Graeber, ha sido "dinero" desde que comenzó el comercio.

Si vamos al grano, el problema del dinero se reduce a:

1. No hay suficiente  dinero en el reino  para financiar todas las actividades que todos quieren llevar a cabo.

2. La mayor parte de la  moneda del reino  pertenece a los ricos, fuera del alcance de los plebeyos que intentan mejorar su nivel de vida.

3. Independientemente de lo que se declare  moneda corriente , el Wetware 1.0 humano generará burbujas especulativas y pánicos desastrosamente destructivos.

Si se declaran las conchas de almejas como dinero, las conchas de almejas serán "invertidas" (es decir, apostadas) en especulaciones que amasan fortunas para unos pocos y arruinan al resto.  Las extraordinarias manías especulativas y la ruina resultante de las burbujas de los Mares del Sur y de los tulipanes ocurrieron en   economías  de dinero sólido . El dinero sólido  no inhibió el surgimiento de burbujas y las crisis resultantes, ni tampoco limitó las depresiones y los pánicos que caracterizaron el siglo XIX. El problema en Estados Unidos en 1800 era sencillo: no había suficiente oro y plata en circulación para impulsar el inmenso esfuerzo por aumentar la producción y el comercio.  Si  el dinero sólido  es limitado y gran parte del que existe está en manos de los ricos, entonces la economía del 95% más pobre no puede expandirse. He aquí la realidad económica que  el dinero sólido  no puede resolver:  los ricos heredan  dinero sólido , o poseen monopolios o empresas que generan  dinero sólido.



, pero los plebeyos sólo tienen su trabajo para vender, y el valor de ese trabajo lo fijan las fuerzas del mercado, de modo que pocos pueden ganar lo suficiente para acumular ahorros suficientes para iniciar una empresa o comprar un activo en efectivo.

Los ricos aman  el dinero sano , los pobres aman  el dinero en circulación y el crédito  porque son los únicos medios que tienen para aumentar la producción y el comercio.  Ésta es la lección de la historia: se emitió papel moneda en China porque no había suficiente oro y plata en circulación para estimular el comercio y la producción cotidianos.

En otros reinos, se emitían monedas de cobre para las transacciones cotidianas, ya que no había suficiente oro y plata en circulación para que la gente promedio pudiera tenerlos en sus manos.

La escasez de oro y plata no era sólo un problema para los plebeyos que buscaban aumentar la producción y el comercio; También era un problema para los gobiernos,  ya que los plebeyos no podían pagar sus impuestos en oro o plata porque no tenían. Los impuestos debían pagarse  en especie , es decir, con grano o con alguna otra forma de "dinero" que no fuera oro o plata.

En la Edad Media, la escasez de oro y plata condujo a la creación de un vasto sistema de crédito comercial en el que el papel era "dinero".  En la terminología actual, los comerciantes emitían  órdenes de compra  y organizaban el comercio mediante pagarés en poder de intermediarios confiables que podían comercializarse como "dinero" antes de la liquidación.

Así, si acordábamos intercambiar una carretada de madera por ropa de lana, el intercambio real de esos bienes se produciría en una de las grandes ferias comerciales. Mientras tanto, podría intercambiar (vender) el pagaré prometedor de la madera a otro comerciante y utilizar las ganancias para realizar otras actividades comerciales. En el comercio justo, las mercancías se intercambiaban y el "dinero" creado por los billetes desaparecía.

En otras palabras, la gran mayoría del comercio se hacía posible gracias al crédito, no  al dinero sólido .  Si el comercio se hubiera restringido únicamente al  dinero sólido , entonces habría habido muy poco comercio y, por lo tanto, pocas oportunidades para que la gente común saliera adelante.

El crédito también es “dinero”.  Esta es la realidad que los defensores del  dinero sano  pasan por alto. La mayor parte del "dinero" en cualquier sistema es crédito o moneda fiduciaria: las dinastías chinas emitieron papel moneda "fiduciario" por necesidad, así como los regímenes antiguos emitieron monedas de cobre de bajo valor para servir al mismo propósito, y los comerciantes a lo largo de la historia han utilizado el crédito comercial como "dinero".

Uno podría imaginarse que el Imperio español, financiado por su flota de tesoros de plata del Nuevo Mundo, no tenía necesidad de crédito. Pero uno estaría equivocado. La inundación de plata amplió la oferta de "dinero", y el resultado fue predecible: el valor del "dinero" de plata cayó en consecuencia.

El Imperio libró tantas guerras simultáneamente que tuvo que pedir grandes préstamos a los banqueros holandeses. Sus enormes ingresos de  dinero sano  no le impidieron endeudarse demasiado.

A principios del siglo XIX, los estadounidenses estaban desesperados por obtener crédito para expandir la producción y el comercio , por lo que los bancos surgieron y quebraron con una regularidad alarmante. Recordemos cómo funciona el crédito bancario. El banco acepta depósitos en efectivo y presta un porcentaje del efectivo con intereses como medio necesario para generar ingresos para cubrir los costos de funcionamiento del banco: alquiler, empleados, etc., y generar una rentabilidad para los propietarios.

En el curso normal del comercio diario, mantener el 25% del efectivo para los clientes que retiran el efectivo depositado es más que suficiente. Pero entonces surge el pánico financiero y todos los clientes corren al banco para retirar la totalidad de sus ahorros. El banco no tiene suficiente efectivo, por lo que recurre a todos sus préstamos. Los prestatarios no tienen dinero en efectivo para devolver el préstamo, por lo que están en quiebra. El banco no tiene suficiente efectivo para cubrir todas las demandas de retiro, por lo que quiebra y los depositantes que no estaban primeros en la fila pierden su dinero.



Ya ves, el problema con el dinero no es el dinero en sí, sino el crédito, el hambre de la humanidad por especular y mejorar el nivel de vida y la necesidad de emitir crédito y otras formas de "dinero" para aceitar el comercio y aumentar la producción.

Cómo satisfacer las necesidades de crédito y de "dinero" en circulación y limitar los efectos negativos de las burbujas especulativas y los pánicos son los problemas que los bancos centrales fueron creados para resolver. El dinero sólido -la moneda del reino a lo largo de la historia- genera su propio conjunto de problemas y no elimina las burbujas especulativas y los colapsos ni la destrucción causada por los pánicos.

El problema con el dinero es que es complicado. Está vinculado no sólo con el valor de la escasez y la oferta y la demanda, sino con la psicología humana y con todo, desde la necesidad de recaudar impuestos hasta la distribución de Pareto, que dicta que el 80% de toda la riqueza (propiedad y todo el dinero sólido) terminará en manos del 20% más rico, dejando al 80% más pobre con pocas oportunidades de mejorar su suerte.

Los ricos poseen el dinero sólido y los pobres que quieren progresar necesitan crédito para financiar sus intentos de mejorar su suerte.

Cuando las burbujas especulativas estallan, la ruina resultante no se puede evitar. Los problemas del dinero no se pueden reducir a una solución simple


terça-feira, 21 de janeiro de 2025

AS MAIORES BOLHAS ESPECULATIVAS NAS ECONOMIAS AMERICANA E MUNDIAL

Seleccionei estes dois vídeos, importantes pela informação que podemos obter em «condensado». 

Note-se que a media corporativa não nos esclarece sobre o que se está a passar na economia real, por oposição à economia especulativa, de casino...






[...] Chamei a atenção para a acumulação de bolhas de crédito que nunca foram desinfladas, nunca se eliminaram os maus investimentos e os endividados zombies. Em consequência disso, as bolhas anteriores foram insuflar a maior bolha de dívida em dólares da História, com um aumento dos riscos, igualmente, nas outras divisas.

Até agora, as taxas de juro e as remunerações das obrigações dos EUA subiram do nível zero até cinco por cento, o que ainda não foi suficiente para fazer rebentar a bolha do crédito. Neste intervalo, os mercados de ações continuaram a subir.  Mas, pelo contrário, todos os mercados da dívida ficaram numa situação instável. [...]

Alasdair McLeod (20/01/2025)*

* ver também:  Interview with Jon Dowling