quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
REFLEXÃO: O DESPERTAR DUM SONHO
quarta-feira, 21 de agosto de 2024
A INDIFERENÇA NA ORIGEM DA ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA
É muito difícil guardares um otimismo fundamental, perante uma realidade que, em tudo, contradiz os teus valores e perante a qual não vês saída. Quando a generalidade das pessoas encolhe os ombros, ou desvia o olhar, ou até se põe a defender posições abjetas, em resultado da lavagem cerebral dos media ao serviço do poder.
É inútil esbanjar a tua energia, se em teu redor as pessoas têm as «cabeças enterradas na areia», como é - supostamente - o caso das avestruzes, perante o perigo. Creio que os humanos são piores que as «avestruzes míticas»; os humanos são «animais racionais», mas que «teimam em não ver uma realidade, se ela lhes pode trazer dissabores no emprego», parafraseando Upton Sinclair.
Enfim, de nada serve apontar as injustiças, perante pessoas que nunca levantaram a cabeça para ver além dos limites de sua vida monótona. Mas, é particularmente difícil conceber que, em grande parte da juventude, não se manifeste um impulso generoso, um desejo de utopia ou de emancipação da sociedade escravizante. Esta juventude foi domesticada, tornada dócil, pela combinação «do bastão e da cenoura». Foi mantida num estado de infantilismo na idade adulta, que se traduz por individualismo exacerbado, situação muito favorável aos patrões e seus capatazes, que podem assim fazer dela o que quiserem.
Os instintos gregários, junto com o medo indefinido, mas avassalador, tornam possível que as pessoas se deixem hipnotizar, perante um discurso obsessivo, falso, obviamente falso. Mas isso é óbvio somente para pessoas que não ficaram hipnotizadas.
O contexto social é tudo. O comum dos mortais não examina as narrativas antes de lhes dar crédito. Tais narrativas são aceites, ou não, consoante sejam propaladas pelos media de grande difusão, ou não. Elas podem ser muito desfavoráveis para a vida das pessoas, mas ninguém (ou quase) se ergue para dizer «isso não é bem assim!». Os poucos que o fazem, são calados pela polícia política dos «fact-checkers», que varre em permanência a Internet à procura de «crimes de pensamento». Cedo ou tarde, são acossados com processos levantados por uma «justiça» ao serviço do poder político.
Alguns países como o Reino Unido, Alemanha, etc, dotaram-se recentemente dum aparato especial de leis e decretos que criminalizam a dissidência. Os EUA já tinham isso desde 2001, com o «Patriot Act», embora recentemente tenham reforçado a mordaça à expressão do pensamento.
sexta-feira, 1 de março de 2024
Vem aí o CIRCO ELEITORAL
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024
PSICOLOGIA DO DINHEIRO
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(*)CANÇÃO DO MERCADOR
(letra de B. Brecht; trad. 1974)
Há arroz lá no fundo ao pé do rio
Nas províncias altas as gentes precisam de arroz
Se guardamos o arroz em armazém
O arroz irá tornar-se mais caro para eles
E os revendedores terão ainda menos arroz
Então poderei comprar o arroz ainda mais barato
O que é afinal o arroz?
Sei lá, sei lá o que é!
Sei lá quem o sabe!
Não sei o que é um grão de arroz
Só sei o seu preço
O Inverno chega, as pessoas precisam de agasalhos
É preciso comprar algodão
E não o distribuir
Quando chega o frio os agasalhos aumentam de preço
As fiações de algodão
Pagam salários mais altos
Aliás há algodão em excesso
Em boa verdade o que é o algodão?
Algodão, sei lá o que é!
Sei lá quem o sabe!
Não sei o que é o algodão
Só sei o seu preço
Ora o homem precisa de comer
E o homem torna-se mais caro
Para obter alimento são precisos homens
Os cozinheiros tornam a comida mais barata
Mas aqueles que a comem tornam-na mais cara
Aliás há muito poucos homens
O que é então um homem?
O homem, sei lá o que possa ser!
Sei lá quem o sabe!
Não sei o que é um homem
Só sei o seu preço
domingo, 1 de outubro de 2023
PROPAGANDA 21 (Nº19) : O GORILA INVISÍVEL
sábado, 23 de setembro de 2023
ARTE DA EXTINÇÃO
Retirado de: https://off-guardian.org/2023/09/22/in-the-lands-of-the-dodo-bird/
* Ver artigo de Parry:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2020/03/max-parry-sera-que-pandemia-global-e-um.html
**A letalidade é a capacidade de causar morte. No pânico orquestrado com a pandemia de COVID, os casos reais de morte por COVID foram poucos. Mas, foram empolados com toda a espécie de casos de óbito por outras causas, ao mesmo tempo que se interditava a autópsia de todos os pacientes falecidos. A morbilidade é a capacidade de provocar doença. Foi grande a morbilidade causada pelos coronavírus manipulados. Sendo estes transmitidos pelo ar, tal como a gripe, a sua rápida disseminação estava assegurada.
domingo, 18 de junho de 2023
O ESPECTÁCULO DO PODER
Lamento dizer-vos, não me interessam por aí além as peripécias do poder, seja em Washington, seja noutra qualquer capital.
Mas não resisto de vos mostrar a expressão abúlica, alheada, ridícula, do homem que serve como «capa» ao verdadeiro poder, nos EUA. Um homem com antecedentes gritantes, apologista da invasão do Iraque, profundamente envolvido (com o filho) em negócios de tráfico de influências para proporcionar portas abertas a empresas chinesas, dirigidas por membros do PcCh.
Tudo isto era sabido (pelo estado-maior Democrata) antes de Biden ser sido escolhido como candidato, para enfrentar Trump. Porém, tudo isto está definitivamente dentro do que o establishment democrata considera aceitável, até mesmo a sua dúbia atitude face a tenras crianças ou adolescentes, em público. Este comportamento deve ser relacionado com a acusação da filha de Biden, que foi obrigada a tomar duche com seu pai, quando criança. O facto dele estar senil, apenas tendo capacidade para fazer aquilo que lhe ditarem os «conselheiros», também deve ter pesado na escolha.
Uma vez escolhido o candidato preferido pela elite no poder, os dólares contam mais que os votos dos cidadãos. Já se sabe: Quem contar com somatório de donativos mais importante, está com a eleição garantida. Isso é uma fraude, na essência, mas não é contada como tal. Porém, no caso do último despique eleitoral (ou farsa?) para a presidência, houve fraude comprovada, embora tivesse sido «anulada» por tribunais corruptos. De facto, houve muitos votos por correspondência, os quais - misteriosamente - eram todos para o mesmo candidato, Joe Biden (entre vários outros fenómenos curiosos). Talvez eles (os promotores de Biden) tenham achado que era melhor «jogar pelo seguro». O escândalo do «lap-top» de seu filho Hunter Biden, que contém as provas de transações criminosas (luvas) destinadas ao seu pai, teve a investigação «congelada» durante dois anos, pelo FBI.
A substituição de Biden não deve interessar - ainda - ao estado profundo, nem aos atores medíocres que formam a «elite», ou a corte, em torno do «Rei Momo».
Kamala Harris é vice-presidente: Uma que se mostra completamente imbecil, quando lhe é dada a oportunidade de abrir a boca. Portanto, será uma hipótese de substituição viável, para servir a clique no poder.
É preciso apreender a aberração e a constante deriva para a ilegalidade de um Estado que, por ser o mais poderoso, justamente, fez tábua rasa de todos os princípios. A sua oligarquia quis governar de modo hegemónico e disse-o claramente: veja-se o documento programático PNAC, de 1997, no virar do século. Este Estado, «pertence» aos que o dirigem desde a sombra dos seus gabinetes de empresas e bancos. Quiseram realizar o sonho de Hitler, de um governo único mundial, os «mil anos do Reich».
Com suas tropelias e atos criminosos, criaram mais e mais inimigos. Ao fim e ao cabo, o comportamento no poder do Tio Sam, veio a criar o ambiente mais favorável para nova aliança, coligando Rússia, China, Irão, Índia, Brasil, África do Sul (os BRICS) e a partir daí, para um movimento de aproximação e candidatura dos mais diversos Estados, mesmo de alguns tidos como «aliados fiéis» dos EUA.
Como é típico, a classe dirigente portuguesa vai de novo falhar o comboio. Porém, é claro que a OTAN/NATO mais serve os interesses hegemónicos do imperialismo USA, do que a defesa nacional de Portugal. Os portugueses têm sido manipuláveis a preceito, mas quando virem o descalabro em que foram metidos, irão rejeitar a humilhação de serem meros súbditos neo-coloniais. De resto, vejo com alívio que o desmoronar do império ocidental já está em curso. É como uma avalanche em câmara lenta.
Os que querem suster esta avalanche com murinhos de areia, são idiotas criminosos; eles querem aproveitar os privilégios até ao último momento, julgando safar-se quando vier o grande abanão.
Eu irei continuar a denunciar seu papel antipatriótico e antidemocrático. Necessariamente, a partir de certo momento, irão erguer-se milhões de vozes indignadas. Eu não gostaria de estar na pele desses senhores nessa altura!
Mas, para quem olha fascinado para o poder, digo: vejam que até um malvado, corrupto e senil, tem o lugar de topo da «democracia» mais poderosa!
Foto retirada do artigo seguinte:Biden Baffles US Audience, Closing Speech With 'God Save The Queen'
sexta-feira, 31 de março de 2023
VÓS QUE AQUI ENTRAIS, ABANDONAI TODA A ESPERANÇA!*
Pintura de Boticelli: Inferno segundo Dante
É difícil de se fazer uma síntese do que se está a passar no mundo, hoje. Temos de interligar as crises bancárias, com as de governabilidade e estas, com o surgimento e desagregação de alianças geoestratégicas e militares. Estas crises entrecruzam-se e têm efeitos claros nas sociedades. Há uma crise de valores, um relativismo ético e uma fuga para falsas esperanças.
Porém, a crise que eu considero mais grave de todas é a de (des-)responsabilização, quer dos indivíduos enquanto cidadãos, quer dos eleitos, enquanto mandatários dos que os elegeram. Na raiz desta crise, está a deslegitimação do «Estado de Direito», que tem sido protagonizada pelos que mais envolvidos estão nos assuntos de Estado e de governo e, portanto, agravam esta deslegitimação, com a sua conduta frívola, ou irresponsável, quando não francamente corrupta.
Portanto, sem fazer moralismo, direi que se trata de uma crise ética. Ética, no sentido de se saber quais os valores que enformam as ações dos indivíduos. Quando uma casta se considera «naturalmente» acima das regras e leis do «vulgo», estamos a assistir a uma deslegitimação vinda daqueles mesmos que tinham todo o interesse em manter o sistema, em dar-lhe credibilidade.
Este complexo de causas e consequências, as crises que se somam, se sucedem e potenciam, não podem ser atribuídas aos povos. Porque, a verdade é que as pessoas vivem permanentemente sujeitas a uma propaganda e esta assume todas as características de propaganda de guerra (mesmo antes de haver guerra, propriamente): a propaganda de guerra incide sobre aspetos que causam grande medo e angústia, nos indivíduos às quais se dirige. Causa uma reação de rejeição do «outro», visto como o inimigo, ou como alguém antissocial (assim eram considerados os indivíduos que não se conformaram com a injeção de ARNm dita vacina anti-coronavírus) e chega ao ponto de negar ao «inimigo» a sua humanidade.
A propaganda não é algo que surge espontaneamente: ela é pensada por equipas interdisciplinares, que preparam e lançam a campanha.
Com efeito, a empresa de domínio das multidões por uma ínfima minoria, pode passar por ser apenas um aspeto da democracia, poderia ser vista como fazendo parte dos mecanismos de convencimento, de persuasão, que as diversas forças políticas utilizam na sua luta política. Sem dúvida, este aspeto existe, mas aquilo que prevalece é o que se pode classificar como «convencimento negativo», ou seja, o denegrir a imagem do outro, seja ele candidato presidencial, ao parlamento, ou a outro cargo político.
As coisas não param aqui, pois as campanhas de enegrecimento da imagem, de diabolização, têm frequentemente atacado os «dadores de alerta» (whistleblowers), aos quais se reconhece, em teoria, o direito de proteção mas, na prática, são maltratados, quer por autoridades judiciais, quer pelo aparelho político, quer ainda, pela media corporativa.
Como é evidente, a dita democracia liberal, não funciona nem como democracia (= poder do povo), nem como liberal (= sistema defensor das liberdades). A própria política está cheia de expressões que são usadas para descrever o contrário daquilo que inicialmente queriam dizer, em linguagem comum (a inversão orwelliana do significado). Esta apropriação do vocabulário e sua distorção, tem o efeito de afastar as pessoas íntegras, de entrarem ou de se manterem na pugna política. Pelo contrário, vai permitir que as pessoas menos indicadas para altos cargos de governo, ou lugares-chave dentro da administração, sejam as que vencem. Eu designo este abastardamento, como a «seleção darwiniana ao contrário», isto é, vencem os menos aptos, os menos éticos, os mais oportunistas e os mais arrogantes.
Não é possível caucionar este sistema com as virtudes que muitos desejariam ver nele. Se os regimes autoritários não satisfazem também as exigências mínimas em relação aos direitos humanos (o que é uma verdade), a evolução dos sistemas ditos de democracia liberal, nestes 30 ou mais anos, mostra que os políticos que tiveram e têm mais influência e poder, têm transformado as realidades políticas e institucionais, sempre no sentido de esvaziar o poder coletivo da cidadania, pondo o indivíduo mais à mercê do arbítrio do Estado todo-poderoso, incluindo o poder judicial, além de terem sido responsáveis por crimes gravíssimos, pelos quais - na imensa maioria - têm impunidade, mesmo relativamente aos que são conhecidos.
O mais preocupante é que muitas medidas que eles pretendem implementar, são a cópia direta, ou com adaptações, de medidas adotadas por regimes que - eles próprios, políticos no Ocidente - consideram «totalitários». Estão a copiar os mecanismos de vigilância e controlo, instalados pelas autoridades dos países que eles dizem ser autocracias. Veja-se o que foi desenvolvido a pretexto do COVID; as repressões às pessoas resistentes a serem injetadas com «vacina» da ARN, essas que eles consideravam «merecer» um castigo tão terrível como a demissão compulsiva do emprego.
Se, há quarenta ou mais anos, eu tivesse conhecimento do que são, hoje, a falta de respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades e garantias, assim como o comportamento dos poderosos, a acumulação de dinheiro e de poder, não teria a mínima hesitação em dizer estarmos perante estados totalitários, ou que para lá caminham.
Como eu, a imensa maioria das pessoas da minha geração, teve esperança num socialismo libertador, emancipador, numa melhoria do exercício da cidadania e no desenvolvimento do bem-estar material para as classes menos favorecidas. Nenhuma destas expetativas se realizou. Mas, ao contrário dos «amnésicos», eu tenho exatamente a noção do que se perdeu. Isso, tem para mim um valor-chave, para o presente e o futuro: Estou a falar da esperança. Sem esperança, não existe ímpeto, quer nos indivíduos, quer nas sociedades, para trabalhar pela melhoria da sua condição.
(*) Assim, a acusação que eu faço aos que se banqueteiam com o poder, é que: «Sois os guardiães das portas do Inferno. Segundo Dante, as portas eram encimadas pela seguinte inscrição: Vós que aqui entrais, abandonai toda a esperança!»
segunda-feira, 24 de outubro de 2022
A CHAVE PARA DESENCRIPTAR O PODER
Por mais absurdo ou chocante que nos pareça o comportamento de um «grande ator coletivo», este tem sempre uma lógica intrínseca, tem uma estratégia, persegue objetivos, justos ou injustos, realistas ou utópicos. O que, à primeira vista, pode parecer irracional, não o é, mas antes obedece a uma lógica que nunca nos é revelada.
Por exemplo, a lógica dos grandes bancos centrais, em particular da FED, parece estar intencionalmente a conduzir o mundo para uma severa recessão. Os bancos centrais não são - de modo nenhum - independentes dos grandes interesses financeiros privados, visto que estes estão representados no capital e na administração das referidas instituições. Com a expansão da massa monetária, seguida de sua contração, com a descida e subida da taxa de juros de referência, eles desestabilizam o sistema monetário e financeiro mundial: As suas intervenções estão na base dos grandes ciclos de expansão e contração do crédito, que desencadeiam as bolhas especulativas, seguidas pelas recessões. Isto parece contrário ao bom funcionamento do sistema capitalista, mas a realidade é que sem estas instabilidades, não haveria tantas oportunidades para operações lucrativas (aquisições e fusões) que são - de facto - as que permitem a expansão da banca, das grandes empresas e das grandes fortunas...
Outro exemplo, os setores de serviço ao público, a educação, a saúde, o fornecimento de água, de eletricidade, as infraestruturas básicas: No pós 2ª Guerra mundial, estas funções eram assumidas com naturalidade pelos diversos Estados capitalistas, não apenas pela necessidade premente de reconstruir as sociedades e de somente o Estado estar em condições de o fazer, como também, deste modo ficarem garantidos os serviços básicos (não lucrativos) indispensáveis ao funcionamento da sociedade. O Estado investia-se em setores indispensáveis, mas não rentáveis, permitindo que os capitais privados se investissem na indústria e noutros setores rentáveis. Mas, a lógica do capitalismo fez com que os setores antes rentáveis, ficassem cada vez menos. Então, decidiram os grandes grupos capitalistas atacar os setores que antes eram considerados reservados ao domínio público. Por volta dos anos 1980/90, o panorama mudou radicalmente. Descobriram «o milagre das privatizações»: bastava o Estado ceder a exploração desses setores, para eles se tornarem rentáveis. O Estado tinha efetuado - ao longo de décadas - investimentos em infraestruturas, em formação dos funcionários etc.: Isso era posto de lado, na avaliação do valor das empresas estatais destinadas a serem alienadas ao setor privado. As avaliações eram feitas por «agências» vinculadas aos interesses dos grandes capitalistas, pelo que foram eles que ditaram os preços e mesmo as condições das operações de privatização. Os representantes do Estado não defenderam os interesses do Estado, foram corrompidos e fizeram o jogo dos beneficiários da privatização. Muitos desses políticos e altos funcionários corruptos continuam no poder, quer em cargos do executivo, quer em agências e institutos públicos, quer em administrações de empresas privadas. Outros já estão aposentados, com reformas que são um insulto aos pobres que eles supostamente deveriam ter servido. O público ignora - devido a ocultação intencional pela media - a quantidade de corrupção, de privilégio, de reformas douradas, que aqueles políticos e burocratas obtiveram pela venda ao desbarato de bens e empresas do domínio público.
O «sucesso» das grandes empresas consiste -afinal de contas - em capturar um setor dos serviços (saúde, educação, fornecimento de água, de telefones, etc...), obtendo garantias de «rentabilidade», ou seja, em condição de monopólio, ficando afastada a hipótese de concorrência. Chegam a cozinhar clausulas nos contratos de privatização, em que o Estado é condenado caso tome decisões que façam diminuir os lucros. Por exemplo, se houver - da parte do Estado - uma decisão de aumento de impostos, novas regulamentações, para atender a preocupações sociais, ou ambientais, etc.
Esta fase de privatização generalizada do que tinha sido do domínio público, está a encerrar-se atualmente no Ocidente. Aquilo que se verifica atualmente é ascensão do poder duma casta de multimilionários que - não apenas controla conglomerados de empresas, que dominam completamente o mercado internacional - como têm captado instâncias nacionais e internacionais, que passam a ser veículos dos seus interesses.
Por exemplo, veja-se o caso do Fórum de Davos, que não é o único, longe disso: As teses de Schwab, com o apoio de multimilionários com Bill Gates e de outros, vão no sentido de uma sociedade sob controlo total. Ele inspira-se na sociedade chinesa atual. Nesta, já estão em funcionamento muitos dos mecanismos que eles gostariam de ver aplicados, em grande escala, nas «democracias ocidentais»: A vigilância generalizada, o sistema de crédito social, a (quase) universalidade do dinheiro digital, a censura e a vigilância permanentes dos conteúdos on-line. Finalmente, as medidas drásticas supostamente para «parar» o vírus, como os lockdowns e os sistemáticos testes PCR, que na China se traduzem num inferno chamado «Zero-COVID».
Note-se que tudo isto é feito com a aceitação passiva, mas não lúcida da cidadania. Os que são lúcidos, a cidadania que reage, protesta, denuncia, é um incómodo para os globalistas. Sua imagem tem de ser denegrida têm de ser declarados «neo-nazis», «fascistas», «terroristas internos» e outros «mimos de linguagem», tanto por «fontes governamentais» como por «ex-esquerdistas» que foram cooptados, a maior parte com plena consciência disso. Por outro lado, os manifestantes não possuem meios de se defender, de contrariar a lama e os insultos raivosos que lhes dirigem. A «liberdade de expressão» tornou-se uma piada de mau gosto, pois o que resta de «liberdade» é a de ficar calado perante todas a infâmias cometidas em nosso nome, ou em alternativa, denunciá-las e ser violentamente reprimido, excluído, difamado, perseguido, despedido, preso. Este é o grau a que se chegou, no orgulhoso Ocidente.
Para mim, os totalitarismos equivalem-se, não existe um que seja melhor que o outro. Todos eles fazem a sua auto- apologia, todos eles mostram realizações muito impressionantes... publicitárias. Mas todos eles perpetuam o poder duma casta,
- sejam os burocratas «vermelhos», cuja fortuna está nas mãos de parentes (filhos, sobrinhos, noras, etc.), na China «comunista»,
- ou os multimilionários, que fazem e desfazem os governos das «democracias ocidentais», cujos líderes são os seus fantoches, nos encontros de Davos, de Bilderberg ou outros.
Para se saber realmente deslindar a verdade, seja em política nacional, internacional, ou noutro domínio, o ponto fundamental a analisar, não são os discursos, declarações, slogans, ou gestos teatrais, cerimónias, etc.
São os atos, que realmente são portadores de significado na pugna pelo poder, que é todo o jogo político (e empresarial), ao nível local ou global.
O que eles/elas fazem - e não aquilo que declaram - é que pode dar-te a chave para compreenderes, por detrás das máscaras, seus motivos, intenções e estratégias.
quinta-feira, 15 de setembro de 2022
TOTALITARISMOS
Manifestação no primeiro de Janeiro de 2022, em Kiev, de partidos «nacionalistas» ucranianos. São herdeiros diretos e enaltecem os traidores, que na segunda guerra mundial, alinharam com as SS alemãs e cometeram massacres contra civis judeus, polacos ou ucranianos da resistência. O ódio contra tudo o que seja russo é que os motiva (foto de https://www.timesofisrael.com/hundreds-of-ukrainian-nationalists-march-in-in-honor-of-nazi-collaborator/ )
Muito se tem falado e escrito ultimamente sobre a nova deriva totalitária, a propósito da censura (sobretudo nas redes sociais) e de coação sobre as pessoas impondo uma controversa «vacina», que dá mais resultados em termos de lucros para as grandes empresas farmacêuticas, em vez dum real benefício na saúde das populações.
Mas, apesar de todos os esforços bem intencionados, o totalitarismo tem sido principalmente equacionado como fenómeno da psicologia de massas, não como fenómeno político. No entanto, ao nível da teoria e filosofia política, a existência do totalitarismo foi desde cedo equacionada enquanto fenómeno político, com componentes psicológicas, como todos os fenómenos do domínio social. Foi, porém, essencialmente pensado como assunto político. O estudo da teoria política tenta compreender as formas como as sociedades se organizam, ou como delegam sua governação em políticos eleitos ou não, resultantes de processos ditos democráticos, ou em resultado de golpe, da tomada pela força das alavancas do governo (*).
A sociedade e a sua dinâmica podem ser pensadas segundo o paradigma da luta de classes, o que não se limita às várias tendências do marxismo, pois inclui correntes não- autoritárias e libertárias. Ora, nestas correntes, o totalitarismo surge sempre como a forma extrema de domínio de classe. Não há espaço, num regime totalitário, para a pluralidade de ideias e posições políticas. Tudo tem de se conformar à linha do partido, quer o partido/regime se denomine «nacional-socialista», «união-nacional», «falange», «fascista», «comunista», «revolucionário», etc.
O que caracteriza o totalitarismo é a imposição brutal de uma visão única, abrangente e totalizante (daí a designação de «totalitarismo»). Que essa visão tenha como discurso a «emancipação do proletariado» ou a «defesa da família, do catolicismo e do Estado» é secundário. O principal, é que um grupo se assenhoreou do poder e o monopolizou, reprimindo duramente tudo o que possa questionar seus dogmas.
Ora, após mais de 200 anos de democracia liberal, estamos num ponto em que a fronteira entre o Estado de direito e o totalitário, se esbate cada vez mais. Ela esbate-se, ao ponto de nos remeter para vivências - mais ou menos esquecidas - de há um século atrás. No contexto de há cerca de um século, depois da enorme hecatombe e destruição física, social e cultural, da sociedade europeia, que foi a Iª Guerra Mundial, vários Estados no mundo e - em particular - na Europa, entraram numa espiral de gastos excessivos, incapazes de estabilizar a economia básica e onde os especuladores, os tubarões financeiros e toda a parasitagem, ficaram «à vontade». As pessoas que trabalhavam duramente e viviam pobremente, não tinham hipóteses de melhorar a sua condição.
Não querendo aqui retraçar a história que pode (deve) ser aprofundada por todos nós, faço notar que as condições económicas ou materiais são determinantes no posicionamento dos indivíduos. A grande maioria não irá deixar-se fanatizar ("hipnotizar") por discursos e promessas demagógicas, se usufruir dum conforto mínimo ou, pelo menos, se tiver esperança razoável de melhorar suas condições de vida.
Como é sabido, a História não se repete nunca, mas frequentemente «rima». É preciso perceber que as elites que nos dominam estão a reproduzir - no essencial - o comportamento das oligarquias que empurraram os Estados para situações de rutura: Estão a fazê-lo, para os Estados concederem mais privilégios àqueles que já são ultra- privilegiados, algumas vezes acompanhados por «esmolas» ou «remendos», somente para adiar o colapso. As razões que essas elites invocam e que os corruptos governantes adotam, como se fossem verdades inquestionáveis, são meras falácias, destinadas a esconder a realidade de que a classe trabalhadora tem sido sacrificada, de que ela tem sido a principal vítima e ela não pode esperar que justiça seja feita, a não ser que tome as coisas em suas mãos.
Como esta verdade se torna mais aguda, à medida que a crise se desenrola, um maior número de pessoas alcança o patamar de consciência suficiente para perceber como têm sido enganadas e as tornar imunes à narrativa do poder. Nesta fase, intensifica-se a repressão da dissidência, a eliminação de canais de expressão independentes do poder corporativo, etc. A eliminação da liberdade de expressão é a grande tentação da elite. Além disso, se ela se sentir com capacidade para «dar o golpe», quer seja golpe de Estado palaciano ou sangrento, não hesitará. Que fique claro, para quaisquer pessoas com sincero apego à liberdade e direitos humanos: Se os opressores (grande burguesia industrial, financeira, agrária, etc.), virem seu domínio posto em causa, pela crescente agitação social e difusão de ideias revolucionárias, não hesitarão, nem por um instante: Deixando de lado suas divergências ideológicas, irão unir as suas fações, para eliminar a democracia representativa, pois esta já não os serve.
O modo como o fazem varia, mas o resultado é sempre um regime que oprime e persegue os opositores. Quanto mais amedrontada estiver a oligarquia, mais se vai apoiar na brutalidade da repressão policial (e militar, se necessário), para eliminar fisicamente um certo número de opositores e aterrorizar os restantes, de tal modo que seu poder seja incontestado.
Um Estado totalitário não é imposto a partir do nada e logo de uma vez. É preciso compreender que as elites são sobretudo movidas pelo desejo de subirem e de se manterem no poder. Querem o poder, sem partilha e sem possibilidade de contestação. Para tal, contribui o tipo de dialética que se instaurou com a chamada democracia representativa, ou seja, com o regime em que os partidos se digladiam para chegar ao poder e para guardarem a maior fatia possível desse poder. Isto não é qualitativamente diferente do que se passa nas organizações totalitárias.
A vocação de um qualquer partido político é exercer o poder e congregar todos os meios possíveis para isso. Note-se que, embora possam ter declarações de princípio e programas muito democráticos, todos os partidos se constituem para exercer o poder. Por isso, o totalitarismo não pode ser visto como «monstro caído do céu»; é efetivamente monstruoso, mas ele sai das próprias contradições dos regimes burgueses, que legitimam uma luta desenfreada pelo poder. Eles, antes de se atingir o estádio totalitário, têm sido vistos, por todos nós, a esmagar os direitos humanos mais básicos, hipocritamente, em «defesa» do direito, da paz social, dos pobres, etc.
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(*) Pode consultar um vídeo pedagógico sobre o pensamento de Hannah Arendt, em particular, sobre o fenómeno do totalitarismo: "Hannah Arendt on Political Life"