Não pensem que Egon Von Greyerz é um dos «especialistas» que enxameiam a Internet com os seus prognósticos catastróficos. Como gerente de uma das maiores empresas de armazenamento de metais preciosos do mundo, tem de ter uma atitude responsável.
Ninguém pode assumir que ele seja anticapitalista, nem remotamente. O que me estarrece é que, tanto anticapitalistas como pró-capitalistas, estão a ignorar os avisos deste homem, há uma data de anos, assim como os de um Alasdair Mcleod , entre outros.
A maior parte das pessoas não percebe o que lhes vai cair em cima, porque não consegue fazer a diferença entre a verborreia alarmista destinada a arrebanhar «clicks», e a avaliação realista e fundamentada dos riscos, em particular, dos riscos geopolíticos, assim como os económicos/financeiros, os quais vão de par, evidentemente.
As pessoas estão habituadas a raciocinar, a ver as coisas no curto prazo. Este comportamento pode ter pouca importância nos indivíduos, numa economia que esteja mais ou menos «normal», ou seja, com expansão moderada do PIB, com oportunidades de realizar lucro em várias áreas, de obter dividendos, etc., por cima da taxa de inflação, geralmente baixa, ou, até, muito baixa.
É este cenário no qual os investidores do Ocidente estão habituados a moverem-se, pelo menos, desde o resgate dos grandes bancos e negócios, no rescaldo da última grande crise do capital, em 2008.
As pessoas e organizações, que tenham uma visão mais alargada, serão as que ficarão de pé, depois do «tufão» da próxima grande crise, que se desenha.
No imediato, todos serão severamente afetados. Mas, sobreviverão os que diversificaram seus investimentos para bens sem contrapartidas*, ou seja, bens que não sejam «colateral» duma instituição (banco, fundo de investimento...), que ninguém os tenha na sua custódia**.
Os outros, ou seja, os detentores de ativos financeiros (ações, obrigações, derivados e «cash», todos estes possuem contrapartidas) serão varridos pela onda de falências em série e pela inflação não controlada, que irá desembocar num paroxismo de hiperinflação.
Aliás, este fenómeno de sobre-endividamento das economias não é raro: Há exemplos numerosos, sendo eles causa e consequência de guerras, de ruturas do tecido social, de mudanças tectónicas na distribuição mundial do poder. Quem não percebe isto, é ignorante da História. Há ignorâncias que são fatais.
O pior, é quando pessoas incompetentes, seja qual for a sua tendência política e ideológica, estão ao leme de grandes instituições, de países, ou de organismos supranacionais.
Face ao panorama atual, considero que os BRICS alargados já ganharam, não porque sejam perfeitos, mas porque os dirigentes do «Ocidente coletivo» são de uma incompetência inimaginável, juntamente com sua arrogância, apanágio de imbecis e ignorantes.
Como as sociedades são governadas de cima para baixo, o que se espera de países tão mal governados é apenas o agravamento constante das condições de vida, numa espiral descendente, até se chegar a uma nova «Idade das Trevas» ...
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*Contrapartidas: um ativo dado em garantia, uma hipoteca, um contrato em que uma das partes pode tomar o ativo dado em garantia, caso haja incumprimento.
(*) Egon Von Greyerz é o gestor da empresa Matterhorn Asset Management.
O que escrevo a seguir, não se trata de uma profecia, embora pareça. É antes uma CONJETURA, COMO NAS MATEMÁTICAS: «O teorema está demonstrado ou não está» ... A realidade é esta, ou não é.
Von Greyerz não é um «revolucionário», mas antes alguém prudente, sensato, que inspira confiança aos investidores. Se lerem o artigo acima, depressa compreenderão que aponta para algo gravíssimo, tanto mais que ele está nos antípodas do sensacionalismo e do catastrofismo, que são atitudes infelizmente corriqueiras nos dias presentes.
A construção dum sistema monstruoso, ou seja, o edifício financeiro assente sobre crédito, e crédito sem ter nada de sólido como garantia, tinha - num dia ou noutro - de estoirar. Isso já se tornara inevitável, aquando do «default» de Nixon em relação ao Acordo de Bretton Woods em 1971. Mas, como todas as coisas complexas, a realidade pode ser iludida durante algum tempo, mas acaba por vir à superfície.
Agora, as pessoas que não se importaram com os sérios avisos da minoria de pessoas com nomeada e respeitadas (caso de Von Greyerz, e de alguns outros) e que continuaram a jogar no casino corrupto e viciado das bolsas mundiais, vão ter que sofrer perdas enormes ou mesmo, entrar em falência.
Note-se que a falência do Crédit Suisse, é qualitativamente diferente das precedentes das últimas semanas nos EUA. Agora trata-se dum banco sistémico, ao contrário dos bancos de depósito que faliram nas semanas passadas. Estes, eram de pequena ou média dimensão, no mercado dos EUA.
O acordo que levou à absorção do Crédit Suisse pela UBS, outro banco sistémico suíço, teve a garantia de empréstimo do Banco central suíço (BNS) até ao montante de 100 mil milhões de dólares. Repare-se que a UBS fechou o negócio de compra do Crédit Suisse, com uns «míseros» 3 mil milhões de dólares. Esta quantia, mesmo assim, seria demais para uma instituição falida, mas é provavelmente destinada a satisfazer aqueles clientes que ainda tinham ações do Crédit Suisse. Quanto ao resto, será impossível fazermos a avaliação dos riscos que a UBS vai ter de assumir (ao longo de anos) para dar conta dos muitos milhões empenhados em contratos de derivados do Crédit Suisse e que a UBS tem de honrar.
Sabe-se que a banca na Europa está toda ela muito alavancada, sendo a paisagem realmente mais sombria do que a media financeira costuma pintar. Os grandes bancos nos EUA têm ainda alguma margem de manobra. Porém, isso não é um dado adquirido, pois existem demasiadas fragilidades no sistema:
A extrema concentração do imobiliário para aluguer, nas mãos de duas mega empresas Blackrock e Vanguard (esta última, tem uma participação na Blackrock), faz com que a severa crise do imobiliário, sobretudo nos setores dos escritórios e comércio, tenha um impacto multiplicado. Mas, existem outros setores em crise, como o crédito automóvel, importante nos EUA, ou ainda as ruturas nas cadeias de abastecimento, efeitos das sanções contra a Rússia, a China e o Irão, conjugados com a realidade económica dum país desindustrializado, pelos seus próprios magnates. Quanto às indústrias tecnológicas, de que os EUA tanto se orgulhavam, estão em apuros, não só pela retração das vendas, como também pelos jogos financeiros. Estes incluíam, entre outros, a compra das próprias ações, para fazer brilhar estas empresas nas bolsas e assim atrair investidores.
Perante um Ocidente desindustrializado, sem aquele vigor do capitalismo industrial de outras eras, tem-se erguido e fortalecido um conjunto de países onde a indústria está no centro do investimento e tem demonstrado sua eficiência, inclusive nos domínios de ponta. O público ocidental tem uma ideia estereotipada, resultante da propaganda anti-chinesa e anti-russa, segundo a qual estes países não estariam à altura de competir, nestes domínios, com o «Ocidente». De facto, passa-se exatamente o inverso. Podemos ver isso, através do armamento mais sofisticado fabricado na Rússia e do programa aeroespacial Chinês, por exemplo. Esta propaganda ocidental - além de belicista, racista e reacionária - engana apenas quem quer ser enganado.
Se o mundo conseguir evitar um confronto global, com os seus riscos de guerra nuclear, vai-se assistir a uma nova era de capitalismo industrial, na China e nos países integrando a OCX (Organização de Cooperação de Xangai) e os BRICS, sobretudo.
Não creio que ocorra uma mudança de paradigma no sentido dum socialismo, dum sistema socialista dominante. Mas creio que a situação das populações irá melhorar, sobretudo dos muitos milhões de excluídos nos países mais pobres.
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PS1: Uma fuga dos documentos internos da UBS permite perceber a estratégia de «piratas» financeiros dos seus dirigentes, com a conivência das autoridades «fiscalizadoras» suíças:
PS2: Com o aumento de 25 pontos-base nos juros, hoje (22/03/2023) anunciado pela FED, as contas públicas ficam ainda mais deficitárias. Os juros vão pesar mais 29%, em comparação com o ano fiscal anterior, com a agravante de haver diminuição na receita dos impostos.
Veja o artigo abaixo, escrito por Egon von Greyerz, alguém com um profundo conhecimento dos mercados e que tem um grande realismo. Ele não esconde o seu pessimismo, pois, de facto, a paisagem político-económica global é muito escura!
WILL NUCLEAR WAR, DEBT COLLAPSE OR ENERGY DEPLETION FINISH THE WORLD?
written by Egon von Greyerz | February 16, 2023
Fragility has probably never been greater in history. Just three words encapsulate the destiny of the world.
The THREE words are: WAR, DEBT, ENERGY
A FOURTH word will financially save the ones who understand its significance. It will also play a major role in the world’s future monetary system. The word is obviously GOLD. As the world moves from a fragile debt based Western system to a commodity and energy based system in the East and South, gold will assume a strategic role in the monetary system.
WAR – WWIII
War is obviously a potentially catastrophic threat since the sheer existence of the world and mankind is now at maximum risk. Wars are horrible whoever starts them. Since the beginning of mankind there have probably been over 100,000 important wars and conflicts.
Wars are horrible whoever starts them. Most wars end in major fatalities and injuries and a massive human and financial cost. And at the end of the war, the situation is often worse than when it started, like in for example Afghanistan, Vietnam, Iraq and Libya which countries the US invaded unprovoked. The same will most probably be the case in Ukraine.
There are always two sides to a war. I learnt many years ago that before we judge someone, we must walk three moon laps in his moccasins.
So let us first walk in Putin’s moccasins.
The whole West hates Russia and have personalised it to Putin. Few realise that many of the people behind Putin are extreme hardliners and much more dangerous. Historically, Ukraine (like many European countries) has had a motley existence. Since the late 1700s to 1991 Ukraine was part of Russia / Soviet Union with a brief interruption after the Bolshevik revolution in 1917.
After the Maidan Revolution in Ukraine in 2014, the Minsk agreement brokered by Germany and France stipulated that parts of the Donbas region should be granted self-government. There should also be a ceasefire and withdrawal of heavy weapons by the Ukrainians. The Minsk agreement was never honoured and Ukraine continued to kill over 20,000 Russians in the region and to bomb the Donbas. As the bombing intensified in early February 2022, (allegedly at the insistence of the US), Russia invaded Ukraine on February 24, 2022.
So the above is how Russia and Putin sees the Ukrainian situation.
Wearing America’s moccasins, the US Neocons are extremely worried about losing the US hegemony. Since WWII, the US has basically failed with every war they have been involved in. But in their view, if they fail in the present conflict, that will be the end of US dominance both politically and financially.
Ukraine is clearly just a pawn in a much bigger game between the two titans – USA and Russia.
I watched Zelensky’s latest speech live to UK parliamentarians where he was begging for planes, weapons and money. This is obviously the role of a defending leader although he is clearly sacrificing hi people.
But wars are really really bizarre. Clapping every sentence that Zelensky uttered about the evil Russian invaders were around 1,000 politicians whose British ancestors, over a 400 year period, had invaded, conquered and ruled over 400 million people and 25% of the world’s landmass including major parts of Asia, Australia, Africa, Middle East and America. But today the shoe is on the other foot.
Politicians are masters at throwing stones whilst sitting in glass houses.
But wars are always about CONSEQUENCES. It is clearat this pointthat the West is sadly ignoring the potential consequences of this war as they keep sending money and weapons but no peace makers. The US has no desire for peace at this stage and Europe just follows blindly whatever the US initiates without thinking of the consequences which both economically and militarily are much graver for Europe.
Zelensky has asked for tanks and is getting them. He is now asking for planes which the NATO countries are also considering. There are not yet any NATO troops in Ukraine officially but it is clear that there are many NATO soldiers there without the official uniforms. An Austrian colonel confirms that if a NATO solider takes off his uniform, he is a mercenary and this seems how NATO sends troops to Ukraine unofficially. Also the Mozart group led by a retired US Marine Corps Colonel acts in Ukraine as mercenaries.
So what is clear that there are not only NATO weapons in Ukraine but also soldiers. This by definition is as close to WWIII as the world can get.
It seems very unlikely that Russia will lose this war with their military superiority. Even with major additional help from NATO, Ukraine is unlikely to stand a chance.
If NATO decides to escalate the war with major troops and equipment, not only Russia will respond strongly but possibly also China and maybe India and Korea.
But there are clearly only losers in a nuclear war.
If that happens, major parts of the world and population will be gone and we won’t have to worry about deficits and debts or stocks and gold.
Let’s hope that world leaders and the ones pulling their strings come to their senses.
DEBT BUBBLE
According to Genesis in the Bible, Nimrod (grandson of Noah) built the Tower of Babel. The Babylonians desire was to make it “with its top in the heavens”. But god punished them for this deed, stopped the construction and scattered the people all around the world. Before that point spoke the same language but thereafter they all spoke different languages so they couldn’t understand each other.
Since then Central Bankers have built themselves towers or structures which haven’t quite reached heaven but both their aspirations and the money they have printed probably have.
What will pull these buildings down will probably not be the wrath of god but the wrath of the people as they realise that these monuments are a sign of bankers’ hubris based on fake money. And this fake money has not just built grandiose buildings like the Bank of International Settlement – BIS – tower in Babel Basel or the Eccles building that houses the FED in Washington.
No, fake money has also built astounding wealth for the top few percent of wealthy people and impoverished the rest.
The French Revolution in the late 18th century or the Russian Revolution in 1917 were caused by significantly smaller differences between the rich and the poor than today.
The poverty & famine which many people in the world are already experiencing will in coming years/decades likely cause social unrest and revolutions on a major scale. In the last quarter, civil unrest rose in over 100 countries and more than 30 countries are currently at war. A collapse of the financial system which is less stable than a House of Cards will obviously exacerbate the situation and could easily cause major upheaval in many parts of the world.
GLOBAL DEBT BUBBLE OF $2.3 QUADRILLION
As I have outlined in many articles, these towers mentioned above have been instrumental in creating a global debt bubble of $300 trillion plus derivatives and unfunded liabilities of around $2 quadrillion, most of which will turn into debt in the next decade or less.
So even if the world can avoid a major nuclear war, it is likely to suffer massive repercussions from the financial calamity coming next.
As Gandhi said:
“THERE IS SUFFICIENCY IN THE WORLD FOR
MAN’S NEED BUT NOT FOR HIS GREED.”
To create $2.3 quadrillion of global liabilities has nothing to do with man’s need but only with the greed of a few at the expense of mankind.
When the nuclear financial bubble bursts in the next few years, we will see an implosion of asset prices in real terms by 75-90% as I have outlined in many articles like here. LINK
In my article “IN THE END THE $ GOES TO ZERO AND THE US DEFAULTS” , LINK, I also explain that “there is no means of avoiding the final collapse of a boom brought about by credit expansion” as von Mises stated.
So even if the world survives the threat of a nuclear war, a collapse of the financial system is absolutely inevitable. The greed and the adoration of the golden calf that some parts of the world have practised in the last 50 years, will not go unpunished.
This major transformation coming will be like a financial nuclear event. After a difficult transition, the world will not only come out of it with a much sounder foundation but also based on much better human values than currently.
OIL – ENERGY
As the world moves from a debt based and fake money system to a much sounder one, resting on real values, especially energy and other commodities, the balance of power will continuously shift from West to East and South.
The final move down of the dollar is likely to involve a US default even though the US hubris will prevent them from using that word. It will instead be called a reset but the whole world will know that this disorderly reset will involve the US currency having lost all of its value.
The Fed will obviously invent a new digital currency that the rest of the world should not touch with a barge pole. Remember that the dollar, like most currencies, has already lost 98% since 1971. But the final 2% fall represents a 100% fall from today.
Throughout history the same total destruction has happened to every currency. Hubristic governments and central bankers clearly deserve this punishment. But sadly it is always the undeserved people who will suffer the most.
ENERGY
Another major economic crisis for the world is the contracting energy system.
The world economy is driven by energy. Without sufficient energy the living standards would decline dramatically. Currently fossil fuels account for 83% of the world’s energy. The heavy dependence on fossil fuels is unlikely to change in the next few decades.
The scale shows billion tonnes of oil equivalent energy.
As the graph shows, the energy derived from fossil fuels has declined for the last few years. This trend will accelerate over the next 20+ years as the availability of fossil fuels decline and the cost increases. The economic cost of producing energy has gone up 5X since 1980.
What very few people realise is that the world’s prosperity does not improve with more debt but with more and cheaper energy.
But sadly as the graph above shows, energy production is going to decline for at least 20 years.
Less energy means lower prosperity for the world. And remember that this is in addition to a major decline in prosperity due to the implosion of the financial system and asset values.
The graph above shows that energy from fossil fuels will decline by 18% between 2021 and 2040. But although Wind & Solar will proportionally increase, it will in no way compensate for the fall in fossil fuels. For renewable energy to make up the difference, it would need to increase by 900% with an investment exceeding $100 trillion. This is highly unlikely since the production of Wind & Solar are heavily dependent on fossil fuels.
Another major problem is that there is no efficient method for storing Renewable energy.
Let’s just take the example of getting enough energy from batteries. The world’s largest battery factory is the Tesla Giga factory. The annual total output from this factory would produce 3 minutes of the annual US electricity demand. Even with 1,000 years of battery production, the batteries from this factory would produce only 2 days of US electricity demand.
So batteries will most probably not be a viable source of energy for decades especially since they need fossil fuels to be produced and charged.
Nuclear energy is the best available option today. But the time and cost of producing nuclear means that it will not be a viable alternative for decades. Also, many countries have stopped nuclear energy for political reasons. The graph above shows that nuclear and hydro will only increase very marginally in the next 20 years.
Of course the world wants to achieve cleaner and more efficient energy. But today we don’t have the means to produce this energy in quantity from anything but fossil fuels.
So stopping or reducing the production of fossil fuels, which is the desire of many politicians and climate activists, is guaranteed to substantially exacerbate the decline of the world economy.
We might get cleaner air but many would have to enjoy it in caves with little food or other necessities and conveniences that we have today.
So what is clear is that the world is not prepared for even the best scenario energy case which entails a major decline in the standard to living in the next 20-30 years at least.
GOLD
Digital currencies are the perfect means for controlling the people in a totalitarian world. It gives Big Brother total power in relation to the people’s money. They can be taxed, fined or directed by any whim of the government. This would include arbitrary taxation or confiscation.
Thus CBDCs (Central Bank Digital Currencies) are a total disaster in relation to personal freedom. But in many countries the serfs have already been trained for this. Take Sweden where cash hardly exists and credit cards are used for all spending, even buying a newspaper or a loaf of bread. Most shops don’t even accept cash.
Thus the placid Swedes would happily hand over control over their money to the government, totally oblivious of the consequences.
As a lover of freedom, I would hate to live under such circumstances even though I was born in Sweden and really like many aspects of this country.
The people will not have a vote on digital money in any country just like they have no say when their leaders start a war. Personally I would do everything to avoid such oppressive circumstances but I do realise that it would be difficult for most people.
With the coming fall of the dollar and many other currencies, as well as the end of the petrodollar, gold is likely to play a major role in the monetary system dominated by the East and South.
With government spending out of control in most countries, gold is the only currency you can trust just as it has been for 1,000s of years.
The BRICS, with China, Russia and India as major gold countries, are likely to make gold an important part of the future monetary system.
Gold is not for investment or speculation.
Gold is insurance and wealth preservation.
Gold is saving and financial survival.
2023 is likely to be the year of gold. Both fundamentally and technically gold looks like it will make major up moves this year. Any correction must be used to accumulate. Much better to buy low than on breakouts.
But please buy only physical gold and store it in a safe jurisdiction away from kleptocratic governments.
Conto sobre um culto nada cristão, nesta quadra natalícia
Era uma vez... Um mundo que estava organizado de acordo com uma religião muito em voga nos círculos de economistas «mainstream».
Nesta fé, o dinheiro era o suporte mágico para fazer funcionar a economia. Mágico, porque podia fabricar-se tanto quanto se quisesse, sem que houvesse consequências de maior.
Apenas umas oscilações cíclicas, que davam oportunidade aos mais lestos traders, de ficarem ricos (e de muitos outros se arruinarem!).
Houve um aumento muito moderado de preços, durante mais de uma década. Também, havia sempre superavit de bens de consumo, importados em larga proporção da China e de países do Terceiro Mundo.
A quantidade de trabalhadores nos países do Terceiro Mundo, era praticamente inesgotável. Havia que dar trabalho a toda essa gente (paga a um dólar por dia) e pôr no desemprego (pago pela segurança social) os operários do mundo rico, sempre a reivindicar mais, ameaçando com greves e aumentando os custos de produção.
Penso que já todos ouviram falar desta fé, chamada neoliberalismo. O seu culto é hegemónico nos círculos de poder.
O seu «credo», no que toca à política monetária, é designado por «MMT» (Modern Monetary Theory). Esta teoria postula que não importa a quantidade de dinheiro que é imprimida pelos bancos centrais e que o aumento do dinheiro em circulação estimula a economia.
Ora, para grande espanto dos «sábios» economistas neoliberais, o sistema todo está a desmoronar-se (*) diante dos nossos olhos. Uma enorme recessão está a abater-se, uma inflação fora do controlo dos bancos centrais e o pior ainda não se fez sentir. Isto ocorre, apesar do mundo ter sido sujeito à ortodoxia mais pura da religião neoliberal, durante décadas.
Mas, se queres saber realmente como se chegou a este ponto, graças à tal religião neoliberal e da MMT, consulta autores com espírito crítico, que não sejam duma das numerosas seitas que professam o neoliberalismo.
Todos eles têm sido citados por mim neste blog, assim como outros. Não tenho nenhuma filiação em qualquer escola teórica de economia. Embora saiba que muitas pessoas olham primeiro o perfil político-ideológico duma pessoa, antes de ouvirem ou lerem suas palavras, eu não faço isso. Eu tenho aproveitado elementos de informação destes e de muitos outros autores, marxistas, keynesianos, escola austríaca, escola de Chicago, etc., sem ter a pretensão de saber mais do que eles. Porém, sem deixar de notar as suas fraquezas.
Cada um deveria procurar ler, não apenas os autores correntes na sua «igreja», mas também outros, em especial, aqueles com os quais não esteja de acordo. Só assim, poderá desenvolver o espírito crítico e lucidez necessárias para construir uma visão própria.
Edifício da Bolsa de Nova Iorque
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(*) Teremos de sofrer ou 1) uma implosão global dos ativos financeiros e das economias; ou 2) uma capitulação perante a inflação através de mais uma dose de «QE» destruidora do valor das moedas-papel. Venha o diabo e escolha!
A indiferença com que muitas pessoas , aparentemente, reagem a esta situação inédita nas suas vidas, deixa-me de boca aberta.
- O que induzirá esta atitude, quando a crise já está a bater em pleno?
- Tenho notado que na media «mainstream» quando analistas hipócritas falam da crise financeira, descrevem-nacomo algo no "futuro", como uma probabilidade. Assim, muitas pessoas vão perpetuando seus comportamentos de antes da crise. Outras, que se julgam muito espertas, aproveitam-se da descida das bolsas, para investirem suas poupanças no casino globalista. Quanto aos falsos analistas, estes não deixam de «fazer o frete» aos seus patrões, aos que provocaram e tiram partido do colapso. O que eles, os globalistas, chamam uma oportunidade, para nós é uma descida aos infernos.
Oiçam o diálogo acima e tirem as vossas conclusões.
No longo prazo, como dizia Keynes, a nossa taxa de sobrevivência tende para zero.
Todos sabemos que somos mortais, mas alguns de nós temos pretensão de ser eternos como os deuses, ou, pelo menos, deixar - para um futuro longínquo - a nossa marca, que se perpetuará através das nossas «obras».
Legenda do gráfico: Uma evolução em 220 anos do preço do ouro e do índice Dow Jones da bolsa de Nova Iorque; E. von Greyerz assinala a possibilidade de queda de 97%, na proporção do observado em períodos anteriores (Retirado de GoldSwitzerland)
Enfim, a tal «aposta» no futuro é completamente vã, pois ninguém sabe a-priori porque determinado investimento ou combinação de investimentos tem a virtude de se manter ou multiplicar, enquanto outra, que parecia ser mais sólida, se desfaz ou estagna. Não existe previsão de longo prazo que não falhe, perante o caudal de acontecimentos que estão periodicamente a brotar, em todos os diversos aspetos da vida. Eu diria que estamos perante um modelo global de caos, perante um conjunto face ao qual não existe possibilidade de se aplicar uma lei, uma regra, uma previsão ou projeção racional.
A mente humana está feita de tal maneira que deseja ver em tudo regularidade, significado, projetando o nosso desejo e querendo que os outros se conformem com as nossas fantasias, como se fossem resultantes de «observações objetivas». Isto faz-me lembrar de como, em criança, me divertia, a encontrar nos veios e irregularidades dos tampos de mesas, desenhos como perfis de cabeças de animais ou de pessoas. Um pouco como o outro jogo em que nos deitamos a olhar o céu e procuramos ver nas formas das nuvens animais, objetos, corpos ou caras de pessoas, etc.
As previsões, que fazem os chamados «especialistas» da informação económica e financeira, é do mesmo tipo que o jogo de crianças acima descrito, não tem qualquer cientificidade, mas reveste-se de todo um aparato estatístico, de gráficos, de palavras caras, para levar o seu leitor a se «autoconvencer» de que a melhor solução é investir em tal ou tal solução, que o «conselheiro financeiro» apresenta como a salvação, a maravilha.
Eu confesso que tenho dado atenção a alguns e não a todos, isso seria impossível e idiota, daqueles que, periodicamente, na media mainstream ou alternativa, produzem discursos, não que me deixe convencer pelos seus diagnósticos, mas porque a massa de dados estatísticos que acompanham suas teses podem ser lidas por mim, objetivamente. Por outras palavras, não preciso de conformar-me à leitura destes analistas dos mercados, pois possuo meu próprio juízo crítico e autocrítico, a minha massa de dados prévios. Tento aplicar isso ao domínio económico-financeiro, excluindo os aspetos subjetivos.
Há pessoas, no entanto, que são arrastadas neste contexto catastrófico para a economia real e num início de mercado descendente (bear market) - para a armadilha de «comprar, agora que está em baixa». Inevitavelmente equacionam o movimento de baixa como algo periódico, como a ondulação do mar, o que está agora «em baixa» depois estará «em alta», e vice-versa. Pois, esta visão ingénua sofre de dois falsos silogismos, o de que «o hoje é como o ontem e o amanhã irá reproduzir o ontem» e «de que o dólar, euro, etc. - o dinheiro fiat - são medida apropriada de todas as coisas».
Quanto à primeira falácia, basta recordar que - em termos nominais - o índice Dow Jones (o índice mais importante da Bolsa de Nova Iorque) voltou a atingir o seu valor de 1929, anterior à Grande Depressão, somente em 1954! E isto, em termos nominais! Se estivermos na primeira fase duma grande depressão análoga de 1929-1935, significa que aquilo que se investir hoje nas bolsas, ou em derivados, tem uma hipótese de voltar a ter um valor nominal igual ao investido hoje, em 2047!
Quanto à segunda falácia, as pessoas deviam refletir maduramente sobre crises de inflação e de hiperinflação que assolaram vários países e zonas do globo em várias épocas. Por exemplo, durante um certo tempo, as bolsas mundiais com ganhos maiores eram as do Zimbabué e da Venezuela. Porquê? Muito simples; se o valor do dinheiro estava em colapso, as pessoas refugiavam-se em ações cotadas, na esperança de que algumas empresas sobrevivessem ao tornado da hiperinflação e assim, havia sempre subida espetacular nos mercados bolsistas de ambos os países!
Agora, os bancos centrais ocidentais, (FED, ECB, BOJ, etc) têm vindo a inundar os mercados com dinheiro (fictício), supostamente para «salvar» as economias desde a crise de 2008. Esta impressão monetária constante acentuou-se com a crise do COVID e a guerra na Ucrânia. Na verdade, estão a destruir o valor de suas próprias divisas. Vemos com o exemplo seguinte, que existe diferença muito significativa no valor das divisas-papel:
Uma onça de ouro vale, hoje, 1880 USD. Uma onça de ouro compra, hoje, cerca de 17 barris de petróleo. Em 1960, a mesma onça de ouro, comprava cerca de 9 barris de petróleo. Enquanto, hoje, com 4 dólares US (o preço do barril em 1960) se compra, no máximo, 1/27 de barril de petróleo!
Deixo-vos com os artigos, abaixo, que me parecem ser auxiliares úteis na reflexão de cada um. Não são os únicos, mas vão ao encontro de questões fundamentais.
Essa é a perspetiva de longo prazo. No domínio do investimento e talvez nos outros, a mentalidade de ganância leva as pessoas ao abismo.
Como me dizia um trader meu conhecido, trata-se de um «jogo de soma zero», ou seja, quando alguém ganha, outro perde e vice-versa. Não existe criação de riqueza, no casino das bolsas, apenas transferências.
Sim, estou convencido que estamos perante um tsunami económico e financeiro. Ele vem da China, com repercussão em todos os mercados de crédito.
Com efeito, a crise do imobiliário chinês (cerca de 30% do PIB da China) não se ficou por «Evergrande», com a sua vertiginosa descida em bolsa, os episódios pondo em dúvida o atempado pagamento de juros e de reembolso dos seus «bonds».
Assiste-se a uma queda dos dominós, uns a seguir aos outros, e não há nada que o governo de Pequim possa fazer, além de facilitar ao máximo o crédito das empresas e facilitar os procedimentos de cobrança dos montantes de vendas já concluídas.
A crise estende-se agora à empresa «Country Garden», a nº1 do imobiliário, que tinha, até agora, classificação positiva pelas agências de «rating» internacionais. Isso fazia com que seus instrumentos de dívida (notas de crédito, obrigações) fossem comprados nos mercados internacionais.
A crise não pode ficar confinada à China, porque existem demasiados investimentos ocidentais nos diversos setores (não só no imobiliário) que apostaram nas empresas chinesas, como investimentos «seguros», com alta taxa de rentabilidade.
O Ocidente vive, há algum tempo, num contexto de crise de produção decorrente da limitação na obtenção de uma série de produtos (semicondutores e componentes eletrónicos diversos). A China está com dificuldade em produzir estes componentes, não só para exportação; mesmo em abastecer o seu mercado próprio. As grandes marcas de automóveis e de eletrodomésticos, na América do Norte e na Europa, encontram-se em paralisia técnica.
O desencadear desta crise logística, tem relação com as políticas estritas na China, que decidiu aplicar as medidas mais severas, na esperança de diminuir ao máximo a possibilidade dos jogos olímpicos de Inverno de Pequim ficarem manchados por um alastramento incontrolado do coronavírus.
É irónico que este conjunto de circunstâncias ocorra num momento em que os governos ocidentais se apercebem que foram longe demais nas políticas de restrição relativas à pandemia de COVID. Estão, à pressa, a tentar minorar a situação de carência aguda de mão-de-obra. Nalguns casos, recrutando mesmo trabalhadores com sintomas de COVID, já não se importando afinal com a segurança sanitária.
De qualquer maneira, os loucos anos de subidas sem limite das bolsas (sobretudo ocidentais) terminaram: Jerome Powell e a FED bem podem esboçar um «apertar do cinto» (QT= Quantitative Tightening). Isso não terá qualquer efeito real. É uma tentativa somente de maquilhar a responsabilidade da FED e de todos os outros bancos centrais ocidentais, na génese desta crise. Powell vai «apenas» presidir ao colapso da finança e economia mundiais.
Aí vamos! Para o maior colapso das nossas vidas; a caminho duma década de depressão. Quando os mais lúcidos observadores da economia, desde Jim Rickards a Ray Dalio, passando por Egon Von Greyerz, tinham avisado o mundo da finança, há imenso tempo... em vão!
4- Acréscimo de casos (mortes e lesões graves, debilitantes) causados pelas vacinas ARNm, propagando a proteína viral mortífera no corpo dos vacinados. Atribuição falsa a «novos variantes» do COVID;
5- Desenvolvimento em espiral da hiperinflação. Os números da inflação «oficial» sem qualquer correlação com o quotidiano das pessoas;
6- Espiral do desemprego devido a constrangimentos nos mercados de matérias primas, ao aumento acentuado do preço, ou diminuição brusca do abastecimento dos combustíveis e, sobretudo, devido à retração do poder de compra dos consumidores;
7- Acréscimo da retórica bélica e de provocações entre Estados, uma tática usada desde sempre para desviar os cidadãos das mazelas domésticas, atribuindo-as ao «inimigo». Aumento acentuado do risco de guerra generalizada;
8- Caos financeiro, com falências de bancos em série. O FMI, ou outra instituição global, serão impotentes para socorrer as estruturas financeiras dos diversos países, que irão sucumbir ao excesso de dívida, à implosão dos contratos, não contabilizados nos balanços das instituições, com somas colossais - mas não quantificáveis - envolvidas no «shadow banking» e em «derivados». Colapso das bolsas.
9- Os Estados não conseguirão honrar suas dívidas (bancarrotas). Os bancos centrais vão inflacionar as divisas, emitindo-as sem restrição, para «salvar» as economias dos respetivos Estados. O que restará de valor das divisas será destruído, causando uma miséria global. Imposição da lei marcial nos países que foram «democracias liberais», no passado. Já se está a ver uma amostra na Ilha-continente da Austrália.
10- A fome, a violência, o caos, o desespero, podem explodir. Serão explosões não controláveis, nem canalizáveis. Fim daquilo que nos habituámos a ter como adquirido. Será o fim da civilidade; do respeito pela lei e pela ordem; do direito a assistência médica; do respeito pelos direitos dos indivíduos; do respeito pelos contratos firmados - contratos de aluguer de casa, contratos de trabalho e de tudo o mais; fim da presunção de inocência; repressão feroz de manifestantes pelos policiais, etc...
Este, é o cenário que vejo em desenvolvimento para o chamado «Ocidente», pelo menos. Pode não vir a desenrolar-se na íntegra, em certos países. Pode demorar mais a surgir, ou ser mais rápido e brutal do que pensámos. Ninguém pode dizer. O ruir do sistema vai traduzir-se - está a traduzir-se - no agravamento de crises entrecruzadas, nos sectores económico, financeiro, monetário e do comércio. As disfunções de um sector repercutem-se nos outros; trata-se de um «efeito sinergístico», de uma destruição caótica.
Não será a media de massas a dar o alarme: Quando ela falar abertamente destas catástrofes entrecruzadas, já será demasiado tarde para nos defendermos. Lamento dizer-vos, mas este cenário não é exagero da minha parte. Tenho acompanhado as análises de Lynette Zang, Egon Von Greyerz e de muitos outros**. Recentemente, também Bill Blain e outros gestores de fundos, esclarecem-nos sobre a gravidade da situação. Muitos dos elementos apontados, são descurados pelos economistas habituais, nos media convencionais.
Post Scriptum: Economistas de várias escolas dirão que, no âmago do sistema capitalista, estão as crises. Estas devem-se à expansão e contração do crédito que, por sua vez, provoca a expansão e contração do consumo e da produção. Mas, o que eles não dizem, é que esta destruição periódica e violenta de capital, é também uma destruição de incontáveis vidas. Não somente no sentido literal de causar mortes (pelas fomes, guerras, epidemias), igualmente no sentido de muitas vidas ficarem destroçadas, sem possibilidade de recuperar a «normalidade do antes». Porque o capitalismo é um sistema de predação, pela sua natureza. Os capitalistas «bem-sucedidos» aproveitaram as crises para prosperar: são como abutres, nutrindo-se dos despojos.
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(*) Tomem isto como um aviso de tsunami, de catástrofe em preparação e cujos sinais precursores são claramente visíveis, em particular por uma elite mais informada, a qual não tem hesitado em colocar a salvo as suas fortunas.
(**) Nenhum dos nomes acima citados pode ser designado de anticapitalista. Antes pelo contrário. Quanto aos anticapitalistas declarados, quer me parecer que são particularmente míopes, muitos dos que se designam com tal. Mais raros são aqueles que realmente têm algo de interessante a dizer, como é o caso do economista marxista Michael Hudson ...
Bill Hwang, o fundador do fundo privado Archegos, que acabou de perder 30 mil milhões de dólares, provavelmente não se deu conta, quando deu um nome à sua companhia, que estava predestinada a grandes coisas. Archegos é uma palavra grega que significa chefe ou aquele que lidera de forma que os outros podem segui-lo.
ARCHEGOS, O PRIMEIRO DE MUITOS QUE HÃO DE VIR
Este, até há poucos dias, fundo privado desconhecido é um anunciador do que está para vir ao mercado dos derivados de cerca de 1.5 quadriliões de dólares. Eu avisei, sobre as bolhas dos derivados, há vários anos. Archegos apenas acendeu o rastilho e em breve todo o mercado irá explodir.
Eu sei que, tecnicamente, Archegos era um «Escritório de Família», por razões de regulações mais favoráveis. Mas, para todos os efeitos e propósitos, é um fundo privado, e é assim que o considero.
Warren Buffett disse dos derivados, que eram «armas financeiras de destruição massiva» e ele estava absolutamente certo.
Os gananciosos banqueiros construíram derivados que são armas nucleares auto-destrutivas. O caso Archegos mostra ao mundo que um pequeno fundo privado desconhecido pode obter linhas de crédito de 30 mil milhões de dólares ou mais, e que isso pode levar rapidamente a um contágio e perdas incontroláveis.
E quando as apostas dum fundo privado saem furadas, não são apenas os seus investidores que perdem todo o seu dinheiro, também os bancos que se aventuraram a financiar a especulação de Archegos, massivamente alavancada, daí resultando uma perda de cerca de 10 mil milhões de dólares dos fundos dos seus accionistas.
Isto, obviamente, não irá afectar os bónus dos banqueiros, que apenas serão reduzidos quando os bancos forem à falência. Lembrem-se da crise do Lehman em 2008. Sem o massivo pacote de resgate dos bancos centrais, os bancos Morgan Stanley, Goldman Sachs, JP Morgan etc. ter-se-iam afundado. Porém, os bónus aos CEOs nestes bancos eram os mesmos nesse ano, que no ano anterior.
Isto é o lado absolutamente escandaloso, pior do capitalismo. Mas, como dizia Gordon Gekko no filme «Wall Street» - "A ganância é boa"! Bem, quando tudo acabar, talvez não seja tão boa como eles pensam.
DERIVADOS – «MOINHOS» DE DINHEIRO QUE IRÃO GIRAR FORA DE CONTROLO
Os derivados têm sido moinhos de dinheiro para os maiores bancos de investimento durante décadas. Hoje, virtualmente tudo nas transacções financeiras, assume a forma de derivados. Muito poucos portefólios consistem nos instrumentos subjacentes. Pelo contrário, qualquer coisa - portefólios de acções, ETFs, fundos de ouro, etc. - usa derivados ou instrumentos sintéticos. Além disso, os mercados de juros e de divisas (forex) são todos em derivados. Por exemplo, o portefólio de Archegos consistia em «Total Return Swaps» (Nota do tradutor: neste tipo de derivados, o activo financeiro subjacente, referido como activo de referência, costuma ser um índice de acções, um cabaz de empréstimos ou de obrigações. Ver [1]).
Como acabámos de ver, quando os derivados implodem e os activos que os sustentam são vendidos pelo broker primário a qualquer preço, os prejuízos são instantâneos e irreparáveis.
Mesmo assim, o contágio foi evitado desta vez, com os bancos a assumir todos os prejuízos. Mas tal não será o caso da próxima vez quando, não apenas 30 mil milhões dólares de derivados implodirem, mas múltiplos desta soma.
[leia o artigo na íntegra, em inglês, AQUI, no site de Egon von Greyerz]
PS1: o novo artigo de Egon von Greyerz é uma continuação e actualização do da semana passada:
Von Greyerz recorda que em Agosto de 1971 o Diário do Povo da China declarava que a célebre decisão de Nixon de des-indexar o dólar ao ouro, significava o princípio do fim do sistema monetário do mundo capitalista.
Com efeito, os dirigentes comunistas chineses estavam totalmente certos, como se pode comprovar pelo gráfico acima e pelo facto dos EUA terem estado constantemente em défice nos últimos cinquenta anos, quer em relação ao orçamento, quer em relação à balança comercial. Se tivermos em conta, não apenas as dívidas de empréstimos mas também as obrigações a que os EUA estão legalmente obrigados (segurança social, assistência médica, etc.) e que não têm tido financiamento adequado, a dívida total ascende hoje a triliões de dólares.
Quando Von Greyerz começou a trabalhar num banco em Genebra, o dólar valia cerca de 4,30 Francos Suíços. Hoje, um dólar vale ligeiramente menos do que um franco suíço. Houve um colapso de 77% da divisa de reserva, em 50 anos, mas se compararmos com a cotação do ouro, então a descida é de 97%.
Os chineses previram, na altura, o efeito catastrófico da medida anunciada por Nixon:
Citando o Diário do Povo:
"Estas medidas impopulares reflectem a gravidade da crise económica dos EUA e a degradação e o declínio do sistema capitalista no seu todo"
e, mais adiante "[estas medidas...] assinalam o colapso do sistema monetário capitalista com o dólar dos Estados Unidos como seu propulsor" e ..." a nova política económica de Nixon não poderá poupar os EUA à crise financeira e económica".
O referido jornal previa que a crise se iria acentuar. Os chineses compreenderam isto, logo em 1971, quanto às desastrosas consequências da decisão de Nixon. Estamos hoje com uma situação de inflação galopante (incluindo nos preços dos activos financeiros), divisas em colapso e uma explosão das dívidas. Todas as coisas que Nixon dizia que iria evitar!
As políticas desastrosas destes 48 anos tiveram consequências nefastas em todos os aspectos da economia dos países capitalistas: compressão ou estagnação de salários reais, perda de competitividade, criação de bolhas especulativas e falências em série quando estas rebentam...
A saída do padrão-ouro, que estava estabelecido no Acordo de Bretton Woods, foi catalizador de toda a decadência dos países ocidentais, enquanto a China subiu para segunda economia ao nível mundial, ou em termos de Paridade de Poder de Compra (PPC), a 1ª economia. O PIB da China era de 100 biliões de dólares US em 1971; hoje em dia é de mais de 12 triliões dólares, e quando avaliada em PPC é de 23 triliões de dólares.
A diminuição acentuada das reservas de ouro dos EUA esteve na base da decisão de Nixon. O facto do Tesouro Americano - há quase quarenta anos - ter parado de noticiar as vendas de ouro (ver gráfico acima) legitima a dúvida sobre a real quantidade de ouro que existirá ainda nos cofres de Fort Knox.