Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.
Mostrar mensagens com a etiqueta gás natural. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta gás natural. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

REVELAÇÕES SOBRE O GOLPE CLIMÁTICO DA COP28 (por Peter Koenig*)


indefinido

                                   A entrada para a COP28 com as bandeiras de todas as nações 

À medida que a COP28 chega ao fim, pode ser agora o momento certo de desmascarar a enorme fraude que estas COP são, foram e serão – se a fraude se mantiver de futuro.

Para quem ainda não sabe, COP significa Conferência das Partes; 28 significa que é a 28ª Conferência das Partes, referindo-se às Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizadas todos os anos no contexto do Quadro das Nações Unidas Convenção sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).

A atual COP28 é organizada pelos Emirados Árabes Unidos (EAU). Acontecerá em Dubai de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023.

As COPs começaram com a (in)fame Cúpula da Terra em 1992 no Rio de Janeiro, Brasil. Foi então que começou o golpe multibilionário. Na verdade, o precursor desta fraude é o relatório do Clube de Roma Limites ao Crescimento”, que continua sendo o modelo para grande parte da Agenda 2030 da ONU e da Grande Reinicialização.

As COPs são uma fraude mundial que se estende a todos os 193 países membros da ONU, de forma semelhante à do COVID,  que começou à meia-noite de 31 de dezembro de 2019 e marcou o início da Agenda 2030 da ONU, aliás a Grande Reinicialização do FEM (WEF).

Caso você não saiba, o Fórum Econômico Mundial (WEF), uma mera ONG registrada em um subúrbio exuberante de Genebra, na Suíça, e o organismo mundial chamado Nações Unidas, firmaram um acordo em 2019, sob o qual suas agendas são emparelhadas e devem ser implementadas lado a lado.

A Agenda 2030 da ONU e a Grande Reinicialização do FEM são 2 em 1, um conjunto de planos monstruosos para reduzir massivamente a população mundial, robotizar e digitalizar os sobreviventes para controle total e usar a multifacetada tecnologia de geoengenharia criada pelo homem para induzir “mudanças climáticas”. 

Isso nos traz de volta ao tópico em questão - uma fraude de proporções inéditas, que mantém até hoje cerca de 90% da população mundial enfeitiçada e doutrinada por uma mentira monumental lançada sobre a humanidade para o controle total e a escravização por um pequeno grupo, uma elite totalmente doente, incrivelmente rica e poderosa do “Big Money”.

O presidente da COP28 é o sultão Al Jaber dos Emirados Árabes Unidos, também CEO da Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (ADNOC), que é totalmente propriedade estatal dos Emirados Árabes Unidos. É a 12ª maior empresa petrolífera do mundo em produção. Em 2021, a empresa tinha capacidade de produção de petróleo superior a 4 milhões de bpd (barris por dia) com planos de aumentar para 5 milhões de bpd até 2030.

A COP28 Emirados Árabes Unidos acontecerá de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023 na Expo City, Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Além disso, o Sultão Al Jaber também é membro do Conselho Supremo para Assuntos Financeiros e Económicos de Abu Dhabi. Ele é presidente do Banco de Desenvolvimento dos Emirados e do conselho de administração da Universidade de Inteligência Artificial Mohamed bin Zayed.

A ADNOC orgulha-se de tomar medidas transformadoras para tornar a energia de hoje mais limpa, ao mesmo tempo que investe nas “energias limpas de amanhã”.

Como assinatura da consciência climática que precede eventos como a COP28, algumas semanas antes do início da COP28, o ADNOC anunciou a adjudicação de contratos para um enorme projecto de produção de gás natural. A empresa investirá nos campos de gás offshore de Hail e Ghasha, na costa dos Emirados. Os dois contratos valem um total de US$ 16,9 bilhões.

Uma joint venture entre a Abu Dhabi National Petroleum Construction Company (NPCC) e duas empresas italianas é responsável pela infraestrutura no continente. Nisto se resume o fanatismo oficial da Europa pelo clima.

O plano é produzir quase 42,5 milhões de metros cúbicos de gás até 2030. O projeto é o primeiro no mundo que pretende ser “neutro para o clima”, segundo o ADNOC.

Pergunta – o que é “neutro para o clima” ao produzir mais de 40 milhões de metros cúbicos de gás? Neutralidade climática é um mero slogan que foi injetado sob a pele das pessoas comuns, por isso não devem pensar mais. O pensamento foi feito para eles. “Neutro clima” é igual a tudo está bem.

Sejamos realistas: o Sultão Al Jabar não está a liderar a COP28 para eliminar gradualmente a utilização de energia de hidrocarbonetos, como os fanáticos pelo clima podem sonhar. Claro que não.

Portanto, vamos dar a todos os fanáticos pelo clima – incluindo aqueles que se colam nas auto-estradas e nas pistas dos aeroportos na Europa e nos EUA em protesto contra os carros e aviões movidos a combustíveis fósseis – uma imagem do que a realidade lhes reserva .

Imagine, a COP28, muito parecida com a COP27, realizada em Sharm El Sheikh, Egito, em novembro de 2022, conta com a presença de cerca de 70.000 pessoas, ou “participantes”. Milhares são de ONGs e empresas que utilizam o evento para networking. Cerca de 2.000 deles – talvez mais – são lobistas de empresas petrolíferas ou governos, ou corporações, que dependem dos combustíveis fósseis para as suas economias, produção e para o seu futuro.

Não estão a fazer lobby pela eliminação progressiva da fonte de energia mais importante do mundo. Cerca de 85% de toda a energia utilizada no mundo provém de hidrocarbonetos.

Estes lobistas estão em Dubai na COP28 para fazer negócios de petróleo e gás com fins lucrativos.

Imagem: Presidente da COP 28, Dr. Sultan Al Jaber: Discurso Plenário Inaugural (Fonte)

Presidente da COP28, Dr. Sultan Al Jaber: Discurso Plenário Inaugural

Este ano mais do que nunca. E o Sultão Al Jabar irá conectá-los aos negociadores do ADNOC, bem como aos gestores comerciais de outras grandes empresas de petróleo e gás presentes na COP28 – e anteriormente na COP27, e anteriormente em… bem, você já entendeu.

Imagine, desde a Cúpula da Terra em 1992 no Rio, todos os anos o mesmo – só que maior – circo – enquanto o consumo de combustíveis fósseis aumenta.

Hoje, como então, do consumo total de energia mundial, cerca de 85% provém de combustíveis fósseis. Não houve qualquer mudança na utilização de energia de hidrocarbonetos em 30 anos de promessas de “boas ações” e de redução da temperatura e das emissões de CO2 – e outras coisas sem sentido.

O número de lobistas e de acordos comerciais cresce – e o público mundial em geral continua adormecido, e o número de participantes na COP cresce todos os anos.

Que nível de CO2 seria gerado numa cimeira de 2 semanas com a participação de 70.000 pessoas, muitas delas figurões e grandes gastadores? Provavelmente milhares de toneladas – ou mais – de CO2.

Basta pensar no tráfego aéreo para os participantes, de um lado para o outro, muitos dos VIPs vêm nos seus jactos privados – não muito diferente dos figurões que vão às reuniões anuais do FEM em Davos.

Além disso, a comida e a bebida – produção, transporte, consumo, o conforto do ar condicionado dos quartos de hotel dos participantes – e muito mais. Você entendeu.

Ou será que alguém se atreveu a calcular as emissões de CO2 das guerras e conflitos actualmente activos, persistentes e intermináveis ​​em todo o mundo? Impulsionados, é claro, pelas forças obscuras por trás da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), o chamado Complexo Financeiro-Militar-Industrial-Mídia-Farmacêutica (FMIMP), dificilmente visível?

Falar sobre emissões de CO2 e outros “gases de efeito estufa” provenientes de guerras é um tema estritamente proibido nas COPs. Caso contrário, você poderá colocar em risco o enorme conceito de lucro do Complexo FMIMP.

Afinal de contas, são eles quem mandam e controlam a doutrinação e o emburrecimento das pessoas, para que acreditem nas alterações climáticas – que são tão graves, dizem, que irão afetar severamente a vida na Terra, durante o período de uma vida humana de cerca de 80 anos.

É certo que o clima muda constantemente. Mas, de longe, o principal motor das verdadeiras alterações climáticas é o sol. Os movimentos solares são responsáveis ​​por cerca de 97% do clima da Mãe Terra. Este tem sido o caso desde que a Terra existe.

Grandes alterações climáticas poderão ocorrer dentro de 20.000 a 30.000 anos, com ciclos mais curtos entre eles, mas sempre num ritmo tal, que a vida na Terra possa adaptar-se. Essa tem sido a história até agora e a verdadeira ciência diz-nos que esta história continuará o seu curso durante os previsíveis milhares de milhões de anos que restam à Mãe Terra.

Veja isto – ninguém presta a menor atenção ao CO2 produzido neste e noutros eventos geradores de “gases de efeito estufa”, como são estes COPs e as guerras intermináveis ​​conduzidas pelo Ocidente. Mas o governo holandês planeja forçar o encerramento de cerca de 3.000 explorações agrícolas, um terço das terras agrícolas holandesas que ficarão abandonadas por causa - literalmente - de vacas peidando e outras emissões de metano próprias à agricultura, supostamente afetando nosso clima.

A pequena Holanda, com apenas 42.000 km2 e cerca de 18 milhões de pessoas, é o segundo maior exportador de produtos agrícolas do mundo, logo depois dos Estados Unidos. Poderá tratar-se de mais uma agenda de Bill Gates – miséria e morte por inanição – por detrás deste empreendimento ridículo?

Também vale a pena mencionar esta pequena anedota inocente captada numa conversa no Zoom, há poucos dias, entre Mary Robinson, ex-presidente irlandesa, e o sultão Al Jaber, chefe da COP28.

A Sra. Robinson diz ao Sultão,

“Estamos numa crise absoluta que afecta particularmente mulheres e crianças… visto que ainda não nos comprometemos com a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis…. Você, como Presidente da COP28, poderia agora dizer com muita credibilidade, visto que é o CEO do ADNOC…. “Devemos eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e converter as economias mundiais em energias acessíveis, renováveis ​​e limpas. Isso não acontecerá da noite para o dia, mas é urgente. Isso é o que eu gostaria de ouvir, sua palavra “urgente”.

O Sultão Al Jaber, com muita paciência, responde –

“Não há ciência por trás do que você está me pedindo para fazer, que é eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, petróleo, gás, carvão... você está mentindo sobre isso e quer que eu minta sobre isso em seu nome.”

O Presidente do ADNOC acrescenta que a eliminação progressiva do carvão, do petróleo e do gás levaria o mundo “de volta às cavernas”. Veja o vídeo abaixo.

A COP28 terminará como todas as COP anteriores – sem conclusões firmes.

Os “acordos” da COP21 de Paris ainda não foram cumpridos; eles são comentados, mas permanecem insatisfeitos.

Os governos dos países continuarão a pensar nos acordos de Paris, a considerar soluções, a apresentá-las e a debatê-las na próxima COP e na próxima…

Amém.

-----------------------

[Original em https://www.globalresearch.ca/climate-scam-revealed-cop28/5842976 ]


(*) Peter Koenig é analista geopolítico e ex-economista sênior do Banco Mundial e da Organização Mundial da Saúde (OMS), onde trabalhou por mais de 30 anos em todo o mundo. Ele é o autor de Implosão – Um thriller econômico sobre guerra, destruição ambiental e ganância corporativa; e co-autor do livro de Cynthia McKinney “Quando a China espirra: Do bloqueio do coronavírus à crise político-econômica global” (Clarity Press – 1º de novembro de 2020).
Peter é pesquisador associado do Centro de Pesquisa sobre Globalização (CRG). Ele também é membro sênior não residente do Instituto Chongyang da Universidade Renmin, Pequim.



NOTA DE MANUEL BANET: Os factos falam mais alto que as ideologias e as «boas intenções». Qualquer pessoa não-doutrinada compreende que Peter Koenig está a dizer a verdade. 

Mas, mesmo as pessoas mais «academicamente tituladas» são incapazes de ver aquilo que não lhes convém ver. Alguém possuindo os dados acima apresentados, a maioria deles bem conhecidos de antemão, diria: «Espera aí, estou a ser vítima de fraude por globalistas super ricos, sem escrúpulos, que usam causas nobres como meio de levar as ovelhas ingénuas ao curral.»  Mas, as pessoas assim são raras. A razão disso, é que muitas pessoas escolhem persistir no erro se ele lhes dá «conforto material»; enquanto a denúncia do mesmo erro, as iria obrigar a uma revisão drástica, com possíveis repercussões negativas para sua carreira.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

CRÓNICA (Nº11) DA III GUERRA MUNDIAL: EUROPA NA ENCRUZILHADA



 Ao Imperador do Ocidente e à sua corte americana, só lhes interessa uma Europa submissa. Têm um conjunto de vassalos, os quais têm de vigiar e manter alinhados, nessa «prisão dos povos» que se designa por OTAN. 

A perversidade da classe dirigente dos EUA pode ser ilustrada pelas medidas que tomaram para reerguer a indústria americana: Os planos implicam claramente tornar a indústria europeia não-competitiva, proibindo-a de comerciar com a Rússia, obrigando-a a fazer a (súbita) reconversão para uma economia de guerra, a suportar todo o esforço humanitário desde quase há um ano, a enorme vaga de refugiados, para os quais não há possibilidade real de integração, e cuja permanência nos países da Europa Ocidental se prevê não seja transitória, perante uma Ucrânia em ruínas, despovoada e falida. 

Para completar o quadro, os europeus estão destinados a comprar petróleo e gás ao preço de mercado, enquanto outros países, competidores industriais (China, Índia e outros participantes nas Novas Rotas da Seda) têm o fornecimento garantido pela Rússia, pelo Irão e pela Venezuela, com um grande desconto (30% abaixo do preço de mercado), da energia de que necessitam. 

A Europa vai encontrar-se, a breve trecho, sem capacidade de competição industrial: não só no que toca à energia, também na ausência de acesso a matérias-primas industriais. Além disso, cada vez mais com uma população envelhecida e onde os trabalhos mais duros mas indispensáveis, têm sido feitos graças a sucessivas ondas de trabalhadores imigrantes.  

Os países europeus ocidentais ficam destinados a serem como uma espécie de «museu vivo» com «parques temáticos» dos séculos passados. O turismo e atividades conexas serão fonte de emprego (direto ou indireto) para dois terços da população. O restante terço da população ativa, será «convidado» a emigrar ou integrará o aparato repressivo (polícia, exército, vigilância). 

Note-se que nos EUA se sabe quando o reino da abundância do petróleo/gás de xisto chega ao fim. Quando estiverem perto desse ponto, o governo dos EUA irá garantir que o consumo interno tenha a prioridade. Os europeus, que se forneçam de gás e petróleo noutro sítio! 

Provavelmente, serão fortemente pressionados a abrir poços nas regiões xistosas europeias, para daí extraírem petróleo e gás. Ou então, vão tentar funcionar à base de energias «renováveis», ou seja, intermitentes. «Fantástico», dirão os «ecologistas da treta» mas - entretanto - a Europa reverteu a um modo de vida «medievo»: Isso não prejudica o «realismo» das  «Euro- Disney» que se irão multiplicar como cogumelos. 

É tudo uma questão de opção: ou os europeus, como carneiros, vão seguir a classe política narcísica, que prefere enterrar os seus povos num futuro de subdesenvolvimento e dependência,  ou  abrem os olhos, deixam de ficar hipnotizados, cheios de medo e sacodem o jugo.

O futuro está em aberto: Se as pessoas quiserem, podem inviabilizar o cenário acima traçado. Ainda vão a tempo. Mas, têm de abandonar as ilusões da viciosa propaganda dos governos, dos partidos de poder e de toda a media corporativa, que mantêm os povos numa espécie de estado infantil.

domingo, 1 de janeiro de 2023

FUNDO SOBERANO RUSSO AUTORIZADO A SUBIR PERCENTAGEM DE YUAN ATÉ 60%

 https://www.reuters.com/markets/currencies/permitted-share-chinas-yuan-russian-wealth-fund-doubled-60-finmin-2022-12-30/


A Rússia foi exposta a uma severa guerra de sanções, que começou pouco depois do golpe de Estado pró-ocidental de Maidan, em 2014. Porém, com a invasão russa da Ucrânia, os países do Ocidente, liderados pelos EUA, fizeram uma brutal (e obviamente ilegal) confiscação dos fundos em divisas, presentes nos bancos ocidentais e pertencentes ao Banco Nacional da Rússia (o banco central, detentor de ouro e divisas em reserva) confiscando também os bens de pessoas individuais, apenas por serem russas.
Face a esta atitude de extrema hostilidade dos poderes ocidentais, a reação da Rússia foi totalmente previsível: Desfazer-se das divisas de países hostis, que tinham tido parte nesse roubo. Cerca de metade das reservas em divisas estrangeiras da Rússia, as que se encontravam em bancos ocidentais, foram «congeladas», mas - na realidade - com a intenção de nunca mais as devolverem, pois a UE e os EUA têm estado a fazer planos para «reconstrução da Ucrânia», utilizando os fundos russos «congelados» (ou seja, roubados).
Naturalmente, surge agora a decisão de aumentar para o dobro a participação de ouro (de 20 para 40%) e de yuan (de 30% para 60%) permitidos para esse fundo soberano nacional da Rússia. Sem dúvida, os países hostis à Rússia não poderão esperar um qualquer interesse da Rússia em (continuar a) exportar energia (gás natural e petróleo) para eles. Terão de se abastecer junto de outros, no mercado internacional.
A estratégia deles, países ocidentais, querendo impor ao mundo um preço máximo sobre o petróleo, falhou redondamente com o «não» da Arábia Saudita e dos países da OPEP.


Mas, note-se, este desfecho inicia uma nova era, onde as economias dos dois blocos - euroasiático e «atlântico» - estão praticamente divorciadas, a própria China estando mais interessada em exportar para países seus amigos, do que para seus adversários geopolíticos que têm designado (oficialmente) a China como a principal ameaça.
Mesmo que a guerra russo-ucraniana acabe e se estabeleça num acordo de paz, é muito provável que se mantenha a partição entre o domínio do «yuan-ouro», ou seja, onde as notas de crédito em yuan (incluindo as de pagamento da energia) sejam convertíveis em ouro; e a «zona dólar», com os EUA e seus aliados anglo-saxões (Reino Unido, Austrália, Canadá Nova Zelândia), assim como a União Europeia (quase todos, membros da OTAN). Note-se que as zonas monetárias vão estar imbricadas: Existirão países no «Ocidente», que continuarão a ter boas relações com o Eixo Euroasiático, tais como o Brasil (membro dos BRICS), a Venezuela, a Argentina e outros da América Latina e Caraíbas. O mesmo, em relação a muitos países, antes tidos como pró-ocidentais, nos continentes Asiático e Africano. 
Por outro lado, do Extremo Oriente ao Médio Oriente, por maior que seja o crescimento do comércio com a China, através das Novas Rotas da Seda, muitos países quererão manter boas relações com os EUA e o Ocidente, aos níveis económico e militar (armamento, sistemas de defesa, treino de tropas e cooperação em informação e espionagem,...).
Note-se também, que o Mundo, no decurso da 1ª Guerra Fria, experimentou severas restrições ao comércio internacional. Mas, o nível de sanções agora atingido, é tal que a chamada globalização vai apenas ser uma memória do passado. Com o comércio internacional sendo severamente atingido, haverá necessariamente um empobrecimento global. Isso irá também afetar todos os países que pretendem manter-se neutrais.
Creio que vai durar e ser muito significativo, dentro do conjunto de decisões monetárias, económicas e de defesa, o efeito desta decisão do Fundo Nacional russo. Vai estender-se muito para além do ano de 2023, que agora começa.
A guerra entre a Ucrânia (apoiada pela OTAN) e a Rússia, é um momento infeliz e transitório desta guerra mundial híbrida (a IIIª Guerra Mundial). Porém, tudo indica que esta medida não é de simples retaliação, face às sanções massivas dos países ocidentais: Será antes um mudar definitivo de rumo da Rússia, não apenas em termos de política monetária, mas também económica e geoestratégica.




quinta-feira, 24 de março de 2022

CRÓNICA (nº4) DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL - ECONOMIA, O NERVO DA GUERRA






 É atribuída a Napoleão a expressão de que «o dinheiro é o nervo da guerra». Ou, por outras palavras, é o fator que mais importa, numa guerra. O facto continua a ser verdadeiro, hoje. Embora as guerras do século XIX sejam tão diferentes, em muitos outros aspetos, das guerras atuais. Para não irmos demasiado longe, as guerras levadas a cabo pelo império Yankee, apenas no século XXI, tiveram todas elas uma forte componente económica por detrás:

- Antes de mais, a necessidade de vender equipamento militar, incluindo novos armamentos, que a indústria de guerra americana constantemente produz. O lobby da indústria dos armamentos é um dos mais poderosos com influência muito vasta em Washington; 

- O acesso às matérias-primas e fontes de energia: O Afeganistão possui recursos minerais cobiçados por multinacionais, o Iraque, a Líbia, a Síria e o Iémen têm petróleo. O controlo das matérias-primas estratégicas, assim como dos combustíveis fósseis, é considerado um argumento válido para se fazer a guerra, para os falcões que enxameiam os estados -maiores e «think-tanks» da NATO. Lembro-me que, do lado americano, por alturas da invasão do Iraque, argumentavam que a  «guerra se pagaria a si própria» com as «royalties» do petróleo. Estas, seriam vertidas nas contas dos EUA, como «indemnizações de guerra». 

Note-se que os americanos não tardam em tomar de assalto o banco central nos países invadidos e a roubarem o ouro. Na sequência do golpe da Maidan, ficaram com as toneladas de ouro do banco central da Ucrânia, à sua «guarda» e não o devolveram, nem nunca o farão. O mesmo com o Iraque, a Líbia e o Afeganistão

As motivações, na presente guerra Russo/Ucraniana, são mais complexas. Penso que o aspeto estratégico, na perspetiva russa, ultrapassa o aspeto económico, apesar deste estar presente, ao nível das sanções e contrassanções. Parece-me que estará fora das intenções dos russos anexarem a Ucrânia. Porque haveria, em tal hipótese, somente custos, sem quaisquer benefícios: Se ocupassem permanentemente a Ucrânia, teriam de reconstruir a sua economia, teriam de a sanear, visto ela ter sido profundamente depauperada em todos estes anos de corrupção. Eles querem apenas que a Ucrânia seja um Estado neutro, com um relacionamento normal e não hostil, com a vizinha Rússia. 

Aqui, jogam considerações geoestratégicas, joga também uma visão integrada do que se passa na esfera económica. Em vez de uma guerra para tomada de matérias-primas, ou outros recursos*, trata-se de uma guerra imposta pela pressão constante dos EUA/NATO, sobre as fronteiras da Rússia. Esta, não podia continuar a fazer de conta que não era grave para a sua existência, enquanto nação independente. A história da guerra atual deverá recuar, pelo menos, a 1991. Deverá registar e analisar as muitas peripécias dramáticas e trágicas, incluindo o golpe de Maidan.  Além disso, em todos os anos do Século XXI, os EUA e seus aliados estiveram envolvidos diretamente, ou através de forças por eles apoiadas, em guerras regionais. 

Na perspetiva russa, a possibilidade da NATO incluir oficialmente a Ucrânia - já com extensa colaboração com a NATO - implicava o risco de que os russófobos mais extremos tivessem acesso a sofisticados mísseis e armamento nuclear. Com efeito, Zelensky na Conferência de Segurança de Munique de 2022, sugeriu que a Ucrânia deixaria de subscrever o acordo de Budapeste, segundo o qual a Ucrânia renunciava a possuir ou estacionar armamento nuclear. Por outro lado, a tresloucada declaração de Stoltenberg da NATO, com certeza incitada pelos americanos, de que a cada queixa russa, iram redobrar as forças e dispositivos da NATO, às fronteiras da Rússia, soou-me como uma declaração de guerra da NATO, como um momento funesto de húbris, de rejeição de qualquer abertura negocial e de provocação para o desencadear a guerra.  

A invasão da Ucrânia, pode-se pensar que foi uma má jogada de Putin. Porém, ela foi explicada ao povo russo e este - na sua imensa maioria - aceitou a explicação. Segundo Putin, não podia ser de outro modo, pois os americanos e a NATO estavam a tentar realmente «apontar uma arma à cabeça da Rússia». 

A guerra que se está a desenvolver tem muitos aspetos militares complexos. Um dos mais notórios, é as forças russas terem começado por neutralizar toda a força aérea, todas as defesas antiaéreas e toda a frota dos ucranianos. Depois, graças a uma penetração muito rápida no Leste, para bloquear qualquer tentativa de invasão dos territórios separatistas do Don, o exército russo cercou, em grandes áreas, o que eles chamam «caldeirões», as forças ucranianas. Estas, estavam concentradas no Leste (cerca de 75 a 60 mil homens), prontas a atacar as repúblicas autónomas de Donetsk e de Lugansk. Progressivamente, as forças russas fecharam o cerco e agora estão a encerrar o remanescente das brigadas ucranianas em «caldeirões» mais pequenos. Esta é a ação militar mais relevante, no terreno, pois estas forças ucranianas são a melhor parte do seu exército. 

A cidade de Mariupol, na costa do Mar de Azov, foi  cercada e, perante a resistência das tropas sitiadas, tem vindo a ser conquistada em lutas urbanas. Não há utilização maciça da força aérea, pois os russos não pretendem arrasar a infraestrutura. É isso que leva alguns agitados ocidentais a gritar que as forças russas estão a encontrar dificuldades. Querem alimentar a falsa esperança, de que as forças ucranianas conseguem contra-atacar. Mas, isto é completamente ilusório.

No caso de Kiev, é particularmente notório que a estratégia russa tem sido de poupar a capital, de poupar o próprio governo, pois precisam de ter interlocutores com quem negociar um cessar-fogo e uma paz. Se eles quisessem arrasar as urbes, não teriam qualquer dificuldade em fazê-lo. Como prova disso, basta notar como os mísseis certeiros, disparados de enormes distâncias, liquidaram centenas de mercenários em dois acampamentos, que se situavam perto da fonteira com a Polónia. 

O chinfrim sobre a «zona de exclusão aérea», era apenas propaganda dos mais extremistas da NATO, ou pró-NATO, sem substância alguma. Aliás, a impossibilidade de tal coisa, foi reconhecida pelo presidente Joe Biden. Se existe uma exclusão aérea, é aquela que os russos impuseram. Não há aeronave que possa cruzar o espaço aéreo ucraniano, sem ter autorização deles. 

O número de falsidades propaladas pela media ocidental sobre o desenrolar da guerra, é também aumentado pelas mais incríveis histórias que são reproduzidas, sem «fact-checking»: São meras peças de ficção, oriundas do governo ucraniano, ou dos seus partidários. Acossado em Kiev, o governo Zelensky não é autorizado, pelos americanosa negociar um cessar-fogo, só a arrastar as negociações. Os partidários do governo de Kiev fazem a «guerra informativa», já que perderam a guerra no terreno. É por demais evidente que os EUA e a NATO estão a assoprar os ventos da guerra, incitando à formação de legiões de mercenários e despejando armas de todo o tipo**. A esperança (vã) dos dirigentes dos EUA/NATO,  é que a guerra se prolongue, o mais tempo possível. Isto implicaria mais mortes (inúteis) e destruições avultadas. Eles esperam que haja uma espécie de guerrilha mas, de facto, estão completamente enganados. 

Não se trata do Afeganistão. Os russos conhecem muito bem o território e as gentes. Além disso, devem ter planeado a invasão com muita antecedência. Têm mostrado grande precisão no que toca à «inteligência militar»: Inúmeros depósitos de combustível, de munições, de partes suplentes para veículos do exército ucraniano, foram destruídos. O modo como as forças russas têm atuado, indica que querem sobretudo quebrar a resistência do exército. Para tal, manobram para cercar as forças militares ucranianas e depois bombardeiam até estas se renderem, ou ficarem fora de combate. Eles estão a evitar a tomada de cidades, com exceção de Mariupol e de mais duas ou três, de pequeno tamanho. Os russos querem evitar muitas baixas civis e grandes destruições. Tanto Kiev, como Kharkov, estão isoladas. Mas, não é um cerco total, há saídas possíveis, porque querem que o máximo de gente fuja destas cidades.  

Do ponto de vista técnico-militar, vários especialistas militares americanos têm dito que a guerra - para as forças ucranianas - está perdida. Isto, porque não existe a possibilidade duma unidade (uma divisão, ou brigada) se coordenar com outra. Só assim poderiam travar a ofensiva russa e desencadear uma contraofensiva. Os que agitam histórias fantasiosas «a favor» da Ucrânia, não estão a fazer favor nenhum à Ucrânia e às suas forças armadas. Quanto pior for o estado das forças armadas sobreviventes, no fim da guerra e quanto mais durar a sua resistência, sem benefício tático nenhum, pior serão as situações, militar e política,  futuras. Uma Ucrânia, como Estado independente, precisa de um cessar-fogo, de negociações e duma situação de paz. É isso que os imperialistas americanos mais temem: a paz. Pois, eles têm realmente uma visão imperial dos povos. O povo ucraniano só lhes serviu para desestabilizar a Rússia, esta é a sua obsessão. 

Creio que a Rússia está muito bem preparada para enfrentar o boicote, o embargo total pela Europa e pelos EUA; muito melhor do que estes jamais pensaram. A arrogância dos que se julgam (ainda!) donos do mundo, está levá-los a descolar completamente da realidade. As sanções contra a Rússia só têm fortalecido a aliança Sino-Russa. Contrariamente à mentira propalada no Ocidente, muitos países continuam a ter relações diplomáticas, comerciais e outras, com a Rússia. Pelo contrário, devido à vaga de sanções anti Rússia, o Ocidente já «garantiu» para si próprio, uma recessão severa que se irá abater, sobretudo, na Europa ocidental. 

Do ponto de vista global, tanto no plano económico, como das alianças políticas e militares, o bloco ocidental fica cortado de toda a espécie de trocas com mais de metade da população mundial e de boa parte das matérias-primas estratégicas. Perde também mercados importantes para seus produtos. Mas, o pior seria o seguinte: Se houver uma escalada de sanções contra a China e, em retaliação (muito provável),  cessarem as exportações chinesas para os EUA e Ocidente, será o golpe mais devastador para as nossas economias. 

A loucura dos dirigentes ocidentais deve-se ao seu sentimento de superioridade, a um racismo muito profundamente entrincheirado no seu subconsciente, que transmitem aos seus povos respetivos. Daí, a onda de histeria, que se observa agora nas populações ocidentais. Os que glorificam os dirigentes imperialistas ocidentais e demonizam Putin e o povo russo, os que mentem, não somente impedem que o público tenha uma imagem objetiva do que se está a passar; estão a ser coniventes de crimes. 

--------------

(*)Embora, caso os russos capitulassem, os imperialistas iriam explorar os recursos riquíssimos da Rússia, tal como fizeram na era de Yeltsin e como têm feito no Terceiro Mundo.

(**) o perigo destas operações é que as armas vão parar ao mercado negro, as que não são destruídas pelos russos, assim que passam a fronteira. 

__________________

PS1: Faço notar que o Mundo já estava a braços com uma crise profunda, a qual não foi causada pela guerra na Ucrânia, nem pela pandemia covidiana. Os media irão martelar que as subidas de preços, a escassez de bens essenciais, o desemprego e todo os males do mundo se devem exclusivamente à situação de guerra. Porém, a realidade dos mercados mundiais mostra-nos que o mesmo se passaria, quer houvesse, ou não, crise ucraniana, pois as raízes do mal são profundas e têm a ver com o sistema financeiro mundial. Leia o esclarecedor artigo de Egon von Greyerz sobre esta questão: 

https://goldswitzerland.com/all-hell-will-break-loose/

PS2: Publiquei sob o mesmo título genérico, «CRÓNICA DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL», os seguintes artigos neste blog: 

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial_0396436697.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial_13.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial.html 

PS3: Em resposta à exigência russa de pagamento em rublos para as suas exportações de combustíveis, sobretudo gás, a UE estabeleceu contrato com os EUA para entrega de gás liquefeito LNG, em navios-cisternas. 

PS4: O vídeo AQUI coloca a questão da divisa de reserva (o dólar, até agora) e a sua relação com os sistemas de pagamento SWFT, o sistema CIPS, chinês e o significado das mudanças em curso.

PS5: Fala-se de «nova Guerra Fria» e do consequente aumento das despesas militares. Porém, nos piores momentos da Guerra Fria Nº1 (guerras da Coreia e Vietname), a despesa militar dos EUA foi menor do que AGORA !

https://consortiumnews.com/2022/03/25/warnings-for-washington-about-cold-war-2-0/

PS6:  Ontem o jornal britânico de grande tiragem Daily Mail confirmou a informação oficial russa, de que encontraram provas de que Hunter Biden estava envolvido no financiamento dos laboratórios secretos na Ucrânia, que efetuavam pesquisa aplicada de bio armas por conta dos EUA 

PS7: Falham-me as palavras, tal é o meu espanto! E o espanto é que a verdade vem pela boca de um tonto. Veja:

PS8: Uma exposição clara, em artigo de Joe Lauria, de Consortium news sobre os esforços de vários presidentes americanos para desestabilizarem a Rússia. As afirmações recentes de Biden, na Polónia e Bruxelas, são suficientemente transparentes. Se postas em contexto, não deixam dúvidas sobre qual a estratégia dos imperialistas de USA/NATO, para chegarem aos seus fins: Sanções, prolongamento da guerra na Ucrânia, desestabilização do regime russo, derrube de Putin, colocação de governo dócil e subjugação completa da Rússia, incluindo seu desmembramento.