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quinta-feira, 14 de outubro de 2021

MÚLTIPLAS CAUSAS PARA UM EFEITO


NOTA PRÉVIA: Não sou adepto de indústria e transportes baseados em combustíveis fósseis. Estes combustíveis são responsáveis por imensos danos ambientais, a começar pelos locais de onde são extraídos e a acabar nos pulmões dos citadinos, que povoam as cidades, fortemente dependentes destes combustíveis e cujo ar é de fraca qualidade.

1- Porém, a escassez de combustíveis fósseis desde o carvão, com particular incidência na China*, até ao petróleo e a gasolina utilizados para aquecimento, transportes individuais e, sobretudo, para transportes de mercadorias, passando pelo gás natural, cuja escassezafeta gravemente a rentabilidade de muitas empresas, especialmente na Alemanha, está correlacionada com os lockdowns longos, que causaram interrupções na extração dos referidos combustíveis e uma paragem nos esforços de prospeção. Pontualmente, houve o absurdo preço negativo dos contratos de futuros de barris de petróleo, consequência de um excesso momentâneo da oferta de petróleo no mercado mundial, na primavera do ano passado. Mas, aquando do retomar das atividades económicas diversas, o consumo de energia, em particular da energia elétrica, disparou. Os preços também dispararam, pois a produção tinha ficado parcialmente emperrada ou, pelo menos, incapaz de fazer face a tais oscilações do consumo, nada normais ou habituais. 

2- A frenética campanha do «tudo elétrico» (carros movidos a baterias elétricas que, por sinal, têm uma pegada ecológica superior aos carros movidos a gasolina), pode enriquecer Elon Musk e dar uma certa euforia aos acionistas da Tesla mas, no cômputo geral, a caminhada para uma energia «renovável», capaz de se bastar a si própria e proporcionar uma satisfação das necessidades de consumo dos cidadãos e das indústrias, está longe de ter chegado ao momento, não de fruição, mas somente de se ver, por fim, a luz ao fundo do túnel. 

Com efeito, os planos absolutamente voluntaristas dos dirigentes mundiais e suas promessas de eliminação de emissões de CO2, oriundas dos combustíveis fósseis, são apenas promessas, feitas para mostrar empenho aos verdes eleitores ("verdes", no sentido de imaturos). Na realidade, precisamos de todas as formas de obtenção de energia, conquanto as possamos gradualmente sujeitar à substituição faseada e não brusca, conquanto tenhamos em conta que também a energia nuclear, por mais riscos potenciais que se lhe possam atribuir, tem que fazer parte da equação, se quisermos manter os confortos a que nos habituámos, no Ocidente.

Com efeito, os ecologistas políticos, com um coração grande (talvez), mas com pouco discernimento, têm feito um grande barulho em torno do «efeito de estufa», supostamente causado pelas emissões humanas**. Têm pressionado os governos para tomar medidas drásticas. Estes, por sua vez, ficam encantados pela oportunidade para mais regulações e impostos, com aceitação, ou mesmo, aprovação dos eleitores. 

3- Obviamente, a escassez leva ao encarecimento dos produtos, sejam matérias-primas industriais, cuja extração supõe consumo importante de energia, seja de bens alimentares, também fortemente dependentes de energia, sobretudo nos países exportadores e nas estufas (vejam o caso paradigmático das estufas holandesas). Um aumento nos preços finais teria de se verificar. 

Deu-se a conjugação seguinte para uma «tempestade perfeita»: a) Desorganização no ponto de origem - fabrico, extração ou cultivo. b) Desorganização do transporte (ex: transportes marítimos num caos nos portos da China, transportes rodoviários com sérias deficiências, em Inglaterra) e, finalmente, c) A renovada apetência de consumo dos cidadãos, depois de prolongadas e artificiais paragens, causadas pelos «lockdowns». 

4- Agora, querem fazer-nos crer que a subida da inflação é transitória. Pois bem; o que eu vejo, é que existem várias causas envolvidas nesta subida dos preços. Muitas pessoas pensam em termos lineares, mas a realidade não é assim; a realidade é formada de causas e efeitos imbrincados, de grande complexidade e com variação no tempo. O mundo é caótico, pela sua própria natureza; o Homem apenas o torna um pouco mais, apenas fabrica situações suplementares, ou acentua as existentes. 

5- Por que motivos os preços continuarão a subir?

- A energia subiu e não vai descer, de modo significativo: O mundo ainda depende, numa enormíssima percentagem, das energias fósseis; estas estão a atingir, ou já atingiram, o famoso «pico de Hubbert». Os preços não podem descer; escasseia a oferta e a procura também não desce, pelo menos, ao nível global.

- Os impostos sobre o consumo, apresentados como «taxas carbono», significam que os cidadãos terão maior carga de impostos. Significa também, que terão menos dinheiro disponível, a rentabilidade das empresas será menor. Tudo isto é antieconómico, irá traduzir-se em escassez, artificialmente causada pela mão pesada do Estado. Isto resume-se à gula dos políticos; sabendo eles que a «moda é o verde», pensaram que isso os beneficiaria eleitoralmente. Também vão carregando a nota das regulamentações, causadoras de maiores custos, repercutidos pelas empresas nos preços ao consumidor. 

- A escassez de mão-de-obra, em certos sectores-chave, só será suprida se houver acréscimo substancial dos salários. Parece-me pouco provável isso acontecer, no curto prazo. O que vai haver é uma estagnação-inflação, que os anglo-saxónicos chamam «stagflation». Será muito dura: os trabalhadores terão falta de trabalho, quando há aumento do custo de vida, quando têm menos entradas de dinheiro para o seu sustento. 

- Finalmente, a contínua impressão monetária, sem fim à vista, apesar de anúncios de «abrandamento», pelos dirigentes da FED. Com efeito, a subida dos juros da dívida pública, sabendo nós que a dívida pública anda em torno de 140 % do PIB, para muitos países do chamado «1º Mundo», vai tornar absolutamente impossível a paragem da impressão monetária, do «quantative easing». No momento em que houvesse tal paragem, a subida brusca dos juros das obrigações estatais levaria os Estados diretamente à falência, por falta de capacidade de pagamento de juros de obrigações, por eles emitidas. Sendo este o cenário que todos querem evitar, a espiral inflacionária vai continuar e acentuar-se, com o risco de se transformar em hiperinflação.


Gráficos com comentários de Charles Hugh Smith

É muito simples, se há triliões que são impressos, em face duma produção de bens materiais constante - no melhor dos casos - haverá maior número de unidades monetárias, para um mesmo número de produtos. O preço destes tem de aumentar, pela própria «lei da oferta e da procura».  

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A situação tornou-se tão dramática, que a China teve de reverter seu embargo de importação de carvão australiano, apesar de estar de candeias às avessas com a Austrália, por esta ter sugerido uma comissão de inquérito internacional às atividades do Instituto de virologia de Wuhan. Esta atitude desencadeou a retaliação por parte da China, banindo a importação, desde a lagosta até ao carvão australianos. 

** Uma realidade não tão nítidapara mim, que me tenho debruçado seriamente sobre o assunto (desde os anos noventa do século passado!)



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PS1 (15-10-2021): Se não tens grande confiança na minha palavra, compreendo, sou apenas um «Zé Ninguém»! Mas - ao menos - tem em consideração o artigo que Jim Rickards acaba de publicar: «The Revenge Of The Fossil Fuels», que vai totalmente ao encontro daquilo que escrevi acima.

PS2 (17-10-2021) - Um artigo que explica as causas da crise de escassez global (com tendência a agravar-se), tanto nas matérias-primas como nos produtos acabados: https://www.rt.com/op-ed/537664-supply-chains-shortage-crisis/

domingo, 18 de agosto de 2019

A CRISE VIRÁ DO LADO DA DÍVIDA SOBERANA, DOS TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA


                        Resultado de imagem para treasure bond coupon

Sabe-se que o grave problema que afecta o sistema económico e financeiro ocidental é a enormidade da dívida. Dívida dos Estados, dívida das empresas e dívida das famílias... tudo somado, a quantidade de dívida é muito maior do que a existente nas vésperas do colapso de Lehman Brothers!

O processo de um Estado se ver livre da dívida pública é somente um, na prática. Embora, em teoria, um governo pudesse decretar insolvência, reconhecendo estar falido e portanto não pagar aos seus credores, isso é demasiado penoso e politicamente suicida. Portanto, os governos irão fazer aquilo que sempre fizeram, ou seja, inflacionam a sua moeda nacional (no caso do Euro, será antes a moeda comum de uma série de Estados da União Europeia).

Um dos casos mais graves de acentuado crescimento da dívida pública, sem fim à vista e com tendência para se agravar, é o dos EUA. Obama conseguiu o «glorioso feito» de duplicar, durante os seus dois mandatos, a dívida pública acumulada antes dele, desde o início da existência dos EUA.
Nada menos fiável do que os EUA. Se decidirem que algum país está com exigências excessivas, podem simplesmente obliterá-lo do mapa... veja-se o caso da Líbia! 
Mesmo os aliados não estão a salvo de serem «esfolados»: como clausula secreta dos acordos que instituíam o sistema do petro-dólar (em 1973), os sauditas foram obrigados a fornecer muitos biliões em treasuries, que provinham do petróleo, para os seus protectores de Washington disporem dessas somas colossais. Não estão nominalmente na posse do Tesouro, mas é como se estivessem: as tais treasuries servem como «fundo de estabilização» do Tesouro. Quando os mercados variam bruscamente ou quando algo vai num sentido desfavorável aos interesses de Washington, esse fundo gigantesco intervém, discretamente. Os especialistas dos mercados conhecem bem as intervenções do referido fundo.    
É basicamente o medo, a impressionante máquina militar, que impõe «respeito» pelo dólar US, com o qual os EUA compram tudo o que precisam, dando em troca... esses papéis verdes impressos! 

A China foi acumulando, em resultado do seu comércio com os EUA e outras partes do mundo, a gigantesca soma de 1,3 triliões de dólares, que estão sob forma de obrigações do Tesouro dos EUA («treasuries»).
Há quem diga que esta constitui uma arma poderosa da China, que poderá despejar no mercado fazendo baixar subitamente o valor dos referidos treasuries. Mas, isso é falso. Não só não é possível eles desfazerem-se de tal soma bruscamente, como teria um efeito oposto ao desejado. Ainda por cima, poderia desencadear uma guerra, por os EUA se sentirem acossados naquilo que é fundamental para eles, a sustentabilidade da sua dívida...

Os russos, há algum tempo, desfizeram-se de quase todas as suas treasuries. Mas eles tinham muito menos, do que a China tem. O que eles fizeram foi genial: Eles deram os treasuries como aval a vários bancos europeus, para garantia de empréstimos aos mesmos bancos. Depois, fizeram default sobre as dívidas a esses bancos e estes tomaram posse das treasuries, dadas como aval. Assim, não colocaram no mercado essas treasuries e obrigaram a outra parte a aceitá-los. Não me parece que se possa repetir isso.

Os Chineses fizeram a Belt and Road: é - além de outras coisas - um processo lento de se desfazerem de treasuries. Com esses dólares, eles financiam grandes obras, portos, aeroportos, caminhos de ferro, etc. nos países mais diversos, com os quais têm acordos. Ficam aliviados do excedente em dólares e tornam-se credores de vários países, sendo possível que recebam em pagamento géneros (matérias-primas), ou notas de crédito denominadas em Yuan.

Segundo uns analistas, os americanos têm de comprar a si próprios (a FED compra ao Tesouro, o qual emite dívida) cerca de 70% da dívida emitida e têm de fazer malabarismos, usando derivados (credit default swaps), para criar a ilusão de procura de treasuries e assim sustentar seu preço. 
Também conseguem procura porque têm uma taxa ligeiramente acima de zero, enquanto muitas das obrigações europeias (como os bunds alemães) estão com juros negativos, ou seja, o emprestador tem - ao fim de x anos - a soma investida, MENOS uma determinada soma y, correspondente ao juro negativo. 

A dívida excessiva a nível mundial não poderá ser aliviada por uma espécie de «jubileu», pois haverá países que ficam a perder imenso com isso por comparação com outros que até incluem os mais ricos, pois estes têm tido um comportamento irresponsável de acumulação de dívida, sem contrapartida em criação de riqueza. Quando uma pessoa ou uma empresa ou um Estado se endividam pode ser uma coisa boa e sensata ou o contrário: se for para investir em algo que por sua vez irá gerar rendimento, irá produzir algo (bens ou serviços), irá traduzir-se por um acréscimo de rendimento (ao nível dos Estados, maior receita de imposto), então é provável que tal investimento seja sensato e produtivo. Mas um empréstimo gasto em despesa não reprodutível, que não vai gerar capital que o pague no médio/longo prazo, é somente um peso suplementar que incide sobre as economias, sobretudo das gerações futuras. 

Num contexto de sobre-endividamento, a inflação é desejada por bancos centrais e por governos, porque vai «comer» parte da dívida acumulada, ou seja, é como um «default» suave, a uma taxa de uns pouco por cento ao ano, que o público não compreende e atribui à ganância dos comerciantes ou às reivindicações excessivas dos assalariados, etc... mas, não aos verdadeiros culpados.

Perante um aumento descontrolado da dívida, a tentação é desvalorização correspondente do dinheiro, o que tem sido feito, de forma sistemática, sem que as pessoas percebam o que se está a passar: se a inflação registada nas estatísticas ao longo de um ano, for de 2%, por hipótese mas - na verdade -  sendo esta de 4 ou 5 %, como se tem verificado, é muito difícil alguém contrariar o discurso oficial. Seria preciso um instrumento independente, de recolha e tratamento estatístico, algo como um Instituto de Estatística alternativo, ou algo parecido, com credibilidade igual ou superior aos institutos do Estado. 

Portanto, a aceleração da impressão monetária, ou seja,  «Quantitive Easing» e as taxas de juro próximas de zero ou negativas  anunciadas pelos bancos centrais ocidentais, irão apenas contribuir para manter durante algum tempo (quanto?) as bolhas das bolsas de acções, das obrigações, do imobiliário... em que se tem vivido. 
Mas, chegará o momento em que as pessoas compreenderão que estão a ser aldrabadas, que números crescentes não representam aumento de valor, não correspondem a nada de sólido. 

A perda de confiança numa divisa, nas divisas «em papel», é um processo muito rápido: compreende-se que os bancos centrais dos países do Oriente se previnam disso, comprando todo o ouro que podem nos mercados. Alguns financeiros, gerindo fundos bilionários, também compreendem o que se está a passar e também estão a aconselhar os seus clientes a fazer o mesmo.

A subida dos metais preciosos, em especial do ouro (e isto é notável) faz-se, apesar da existência confirmada de conluio entre bancos centrais ocidentais e grandes bancos, emissores de contratos de futuros (um tipo de derivado) sobre o ouro e a prata. Eles despejam no mercado, em momentos especiais, quantidades abismais de contratos. É assim que o preço do ouro e da prata têm sido reprimidos, ao ponto de, em paridade do poder de compra, a prata nunca ter estado tão barata! Se estes contratos correspondessem - de facto - a ouro físico, seria necessária várias vezes a produção anual minerada. Evidentemente, trata-se duma fraude, mas fraude consentida pelas entidades ditas supervisoras dos mercados e pelos bancos centrais.
O sistema de emissão de dinheiro ilimitado e controlado pelas entidades globais, é inviável: dentro de um prazo (não determinável exactamente, pois dependerá da duração e profundidade da crise vindoura), terá de haver uma profunda reforma do sistema monetário.  
Mas, entretanto, é bem provável que haja guerras, revoluções, fomes, transferências de riqueza, fenómenos que se verificaram no passado, em associação com as crises económicas mais graves.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

EMERGÊNCIA DE UM NOVO SISTEMA MUNDIAL BASEADO NO PADRÃO OURO

Reproduzo alguns aspectos essenciais da análise de Jim Willie, que poderão consultar na íntegra, aqui

Jim Willie começa por afirmar que a supressão do preço do ouro está a chegar ao fim. Esta supressão teve como suporte os contratos de futuros em ouro (o mesmo se passa com a prata) que são negociados, como outros derivados, nas bolsas do COMEX e da LBMA, mas que não correspondem a quase nenhum ouro subjacente. Por outras palavras, negoceiam-se títulos de compra e venda de ouro, que não desembocam na entrega do metal, mas apenas são «redimidos» em dólares. Os pedidos de entrega do ouro correspondente a contratos, têm sido - repetidas vezes - negados. Apenas grandes bancos têm - na prática - a possibilidade de obter, desta forma, o ouro físico. 
Pensa-se que a proporção de contratos sobre a quantidade de ouro depositado nos cofres destas instituições, seja de cerca de 1:200 (1 onça de ouro físico para 200 onças de «ouro-papel»). Esta fraude repetida tem permitido a supressão do preço do ouro: Quando a tendência é para uma subida acentuada, os grandes bancos emitem contratos de ouro-papel (vazios, não baseados em barras de ouro subjacentes) que inundam o mercado de futuros do COMEX e LBMA, normalmente em horas de pouca movimentação, para garantir a descida mais acentuada do preço.

Segundo Willie, 3 factores se conjugam para o preço do ouro subir até valores que compensem a impressão monetária, em grande escala, que tem ocorrido.

1- O regresso do QE (Quantative Easing) ou seja, da impressão monetária não contrabalançada por retirada de divisas do mercado. 
Powell deu um claro sinal de que a FED vai fazer uma «pausa» na redução/venda dos activos detidos. A imprensa financeira e Wall Street interpretaram isso como uma inversão da política de Quantitive Tightening (QT) prosseguida desde há dois anos, nos EUA. Por outro lado, os especialistas em obrigações do tesouro (treasuries) e em derivados, asseguram que a compra discreta destas pela FED tem continuado, apesar da sua proclamada retirada. Quanto à subida gradual da taxa de juro, esta ainda está muito longe de atingir a sua média histórica.
A política de QE da FED foi causadora de uma grande subida do ouro, invertendo a tendência de descida, a partir do ano de 2016. Agora, existe um mercado altista no ouro, que a «pausa» no QT ou a retoma do QE, está a estimular.

2- O SGE (Shangai Gold Exchange): a bolsa do ouro de Xangai tem tido um enorme volume de transacção de ouro físico. Há uns tempos atrás, a China lançou uma nota de crédito em Yuan, como instrumento importante nas suas trocas comerciais globais, nomeadamente, com países exportadores de petróleo. Esta nota de crédito em Yuan vem substituir as «treasuries» americanas de curto e médio prazo, que têm sido utilizadas como instrumento corrente de pagamento, em trocas de grande volume. 
Com a maior utilização da nota de crédito em Yuan, conjuga-se a possibilidade de converter esses yuan em ouro no SGE. Necessariamente, a bolsa de Xangai será ainda mais activa e cada vez maior número de instâncias internacionais aceitarão de bom grado esta nota de crédito. Esta nota de credito em Yuan será bem aceite, pois não terá risco e será redimível em ouro (No SGE a compra de ouro é exclusivamente feita em Yuan).

3- As directivas de Basel: Basel é onde se situa a sede do BIS (Bank of Internacional Settlements) o «banco central dos bancos centrais». 
Este banco tem emitido directivas cujos bancos centrais dos vários países fazem cumprir às entidades bancárias sob sua jurisdição. Assim, segundo directiva em vigor partir de 31 de Março, os bancos comerciais vão poder constituir reservas em ouro, visto que este passa a ter o estatuto de «Tier 1» ou seja, a par do dinheiro líquido e das obrigações do tesouro. 
Estas reservas, por sua vez, são muito importantes para os bancos comerciais, pois determinam a sua solidez e quais os montantes estão autorizados a emprestar. 
Esta pequena mudança em relação ao ouro, está a sinalizar uma nova abordagem. O seu intuito claro é salvaguardar a sua utilização como componente do grande «reset», ou seja, da reestruturação do sistema monetário internacional. 
Aliás, várias vozes próximas do FMI têm vindo a propor uma reestruturação baseada na substituição do US dólar  como moeda de reserva (uma das resultantes dos Acordos de Bretton Woods) por um cabaz  (o SDR) de moedas em proporções diversas... dólares, euros, yens, libras e yuans. Propuseram eles que este cabaz seja alargado a metais preciosos (ouro, principalmente) e até matérias-primas (petróleo, etc). 

Estão - por detrás da cortina - a cozinhar a tal transição ou «reset», mas discretamente, para não desencadearem pânico no público. Também estão a tentar uma transição que mantenha o poder dos bancos centrais e da grande banca, ou até o reforce ainda mais. 

Os leitores interessados poderão consultar vários artigos que tenho dedicado, ao longo dos anos, a estes assuntos, ver em particular:

http://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/11/como-e-que-elite-globalista-pretende.html

http://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2019/02/para-compreender-o-mundo-de-hoje.html

http://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/07/o-famoso-reset-ja-estara-ocorrendo.html




segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

2019 - SERÁ «O ANO EM QUE TUDO SE DESMORONOU»?

                         


Não estou a fazer retórica quando escrevo este título. Com efeito, o Outono/ Inverno de 2018 já anunciava a cor e o tom do ano que aí vem e que ainda está muito jovem.
Os sinais críticos de uma crise bolsista já se fizeram sentir em um sem número de ocasiões entre Setembro do ano anterior e o Ano Novo deste ano. A grande queda de Wall Street e em particular dos títulos que constituíam uma espécie de «montra» do mercado bolsista (os famosos «FANG») mostrou ser muito mais do que uma correcção. Mostrou que se tratava de uma inversão de tendência. Com a maior parte dos títulos cotados muitas vezes acima do valor real das empresas respectivas não admira que seja uma queda longa e dolorosa para seus detentores.
Os bancos não ficaram melhor; veja-se o caso do Deutsche Bank um banco sistémico, o maior banco do espaço europeu, cuja saúde é considerada periclitante, dado o enorme peso dos derivados na sua carteira, assim como a série de processos - da sua intervenção no falseamento dos mercados dos metais preciosos e do LIBOR - cujas multas cumuladas atingem um montante total muito alto. 
As pensões de reforma, sobretudo nos países onde estas são privadas, estão sob perigo eminente de entrar em colapso. Estes fundos de pensões apostaram em títulos especulativos, para fazerem face à enorme e prolongada baixa dos juros, consequência da política de ajuda aos bancos, efectuada por governos e bancos centrais ocidentais, ao longo de todo o período pós-2008.
A «normalização» em curso, com a subida das taxas directoras do banco central americano (a FED) e a não renovação da compra de activos (muitos deles «tóxicos») do BCE aos bancos comerciais da zona euro, já tem consequências visíveis na retracção dos mercados, quer bolsista (e que apenas agora começou...), quer obrigacionista (a queda das obrigações de alto rendimento). 
Também se observa o esvaziamento das bolhas no sector imobiliário, a começar pelos valores mais altos, como Vancouver e Toronto (Canadá), Los Angeles e Nova Iorque (EUA) ou ainda Londres e Paris. 
A situação só é risonha no sector dos mercados de metais preciosos, com espectaculares recuperações dos preços do ouro e da prata, assim como da platina, sobretudo em divisas como a Libra esterlina, o Dólar australiano, embora também em Euros e Dólares. Isto não nos surpreende, pois o ouro é um valor-refúgio, quando todos os activos baseados em dívida (incluindo o «cash») já não inspiram confiança.
Quanto ao cidadão comum, está claro que o «tiro de partida» foi dado pelos «coletes amarelos» em França, mas com o agravamento da crise, haverá muitas mais e talvez piores explosões de descontentamento dos governados face às suas elites. 
Os que sofrem, por vezes, não compreendem como foram espoliados, mas compreendem bem por quem o foram: pela aristocracia que se pavoneia no maior luxo, usando os recursos fornecidos pelo dinheiro público, pelos contribuintes, por todos nós. 

                          The EU bubble is doomed to burst in 2019, financial analyst warns

A situação da economia hoje é reflexo duma década em que o valor do dinheiro foi sistematicamente sabotado, deixando os pobres, os que dependem de pensões para sobreviver, os que têm salários de miséria, numa situação dramática. Com efeito, para esconder a situação e para poderem pagar cada vez menos, aparentando desembolsarem o mesmo, os governos foram maquilhando os números da inflação, ao mesmo tempo que abraçavam o «Quantitative Easing» ou seja, da impressão de quantidades abismais de dinheiro electrónico, no intuito de salvar os bancos. Para os que governam no «Ocidente», a primeira prioridade são eles, os bancos... 
Agora fala-se cada vez mais de «reset», ou seja, de uma reestruturação ao mais alto nível, o que pode muito bem acontecer na próxima década, pois aquilo que se perfila no futuro mais próximo é uma crise mundial caracterizada por hiperinflação, após um breve mas violento episódio deflacionário, de falências em cadeia. Quando ficar claro que o valor do dinheiro em papel foi completamente destruído (por eles, a finança e os governos), irão tentar construir um novo sistema monetário e financeiro. Não me parece que tenham grandes hipóteses de ter muito sucesso. 

A infeliz Venezuela está aí para nos indicar o que acontece a um país que entra pelo caminho da hiperinflação. Não existem receitas milagre para sair da espiral hiperinflacionária, mesmo para um país com as maiores reservas de petróleo conhecidas...
O que será de um país de economia frágil, completamente dependente de tecnologias estrangeiras, importador líquido de bens alimentares (embora pudesse ser um exportador) e que se tem deixado seduzir por uma economia especulativa (imobiliário...) e por um turismo de moda efémera?  Todos sabemos, com certeza, o nome e as coordenadas geográficas do mesmo....





terça-feira, 2 de outubro de 2018

O QUE ACONTECEU NA CRISE DE 2008 E NO «SALVAMENTO» DO SISTEMA


Nomi Prins é uma autora muito importante, cujos livros são «best sellers» (merecidamente). 
Ela explica nesta entrevista com Chris Hedges, com imensa clareza, o que se passou e ainda passa,  aquando do «salvamento» em 2008, da banca pelos governos e bancos centrais: 
Como é que a criação de «dinheiro grátis» (o famoso «quantitative easing») para as grandes instituições bancárias, foi - na realidade - um gigantesco imposto sobre todos nós, o povo, os produtores. 
Esclarece também como isso está relacionado com as políticas de austeridade impostas, sobretudo nos países mais frágeis, como o Brasil e os membros da UE da Europa do Sul. 

A próxima depressão será muito mais séria que a de 2008 - segundo Nomi Prins - por causa dos muitos triliões criados a partir de nada e que se mantêm nos livros de contas dos bancos centrais. Estes ficaram com os activos podres que os bancos comerciais tinham acumulado e emprestaram-lhes triliões, a juro virtualmente zero. 
O efeito dessas operações foi uma transferência maciça e concentração brutal de riqueza nas mãos dos que já eram muito ricos . 

terça-feira, 3 de julho de 2018

NOMI PRINS - COMO SERÁ A POLÍTICA MONETÁRIA ?

Além de excelente autora («All the President's bankers» e «Collusion»), é uma excelente comunicadora. 
Vale a pena ouvi-la falar sobre a sua experiência nesta conferência:




- Entre muitas coisas, demonstra como o «efeito de escorrimento» («trickle-down») da política monetária, promovida pelos bancos centrais, é um completo fracasso... 

segunda-feira, 18 de junho de 2018

ECB E OUTROS BANCOS CENTRAIS REUNIDOS EM SINTRA

                       
A reunião em Sintra deverá apresentar poucas novidades e não terá outro fim senão propaganda.
 Espera-se que Draghi avance com alguns detalhes sobre a política do ECB para o próximo ano, em particular dê pistas sobre o modo como as compras de activos pelo ECB vão reduzir-se ao longo do tempo. O crescimento anunciado das taxas de juro, esse vai ter que esperar mais tempo. Assim, o ECB mantém as taxas perto de zero, durante pelo menos mais um ano. 
As medidas drásticas pós crise de 2008, a política de zero por cento de juros, a compra de activos -muitos deles tóxicos - aumentando a carteira dos bancos centrais até níveis nunca vistos antes, supostamente terão levado a uma recuperação da crise. Porém, tal não é nada líquido. Primeiro porque esta «recuperação» é a mais incipiente e prolongada no tempo, com uma série de indicações da economia real que os podem legitimamente fazer duvidar do efeito benéfico das medidas. Estas tiveram como resultado mais palpável a subida das bolsas de acções nos vários países ocidentais, mas em grande parte esta subida não corresponde a um efeito de maior desempenho das empresas ou de maior disponibilidade de meios das famílias ou mesmo de investidores institucionais, como os fundos de pensões. Estes aumentos das bolsas explicam-se sobretudo por um lado, pelas auto-compras realizadas pelas grandes empresas, pois obtinham crédito praticamente gratuito, tendo usado largamente esse crédito para aumentar artificialmente a sua cotação bolsista (satisfazendo assim os accionistas  e enchendo com bónus as algibeiras dos gestores) e, por outro pelas avultadas e sistemáticas compras pelos bancos centrais, nomeadamente temos conhecimento do facto no caso do banco do Japão e do banco nacional suíço, mas penso que haverá outros. Além disso, a compra sistemática das obrigações soberanas - pelo ECB - criou uma distorção muito grande no mercado do crédito. A anulação deste «quantitative easing» pelo ECB irá com certeza originar muitas perturbações nos mercados, sobretudo nos do imobiliário e no crédito às empresas, ambos com efeitos «bola de neve» potencialmente catastróficos.
Mas os banqueiros centrais e os políticos dos governos respectivos todos eles dançam a mesma dança: uma vez é o BCE, outra vez a FED, outra vez o Banco Central do Japão. Os bancos centrais da China e da Rússia, às vezes, também participam na valsa, embora não o façam ao compasso dos ocidentais... tentam desligar-se da hegemonia do dólar: o banco central russo desfez-se de metade das obrigações do tesouro dos EUA em Abril. O banco central da China também vem reduzindo a sua exposição ao dólar. 
Num contexto de guerra económica, os prejuízos das altas tarifas no comércio (impostas por Trump) terão como resposta, vendas maciças das obrigações do tesouro dos EUA, originando descidas no valor de mercado das mesmas. Apenas a FED e o Tesouro dos EUA irão adquirir esses activos, mas estão limitados, pois a dívida gerada acumula-se sem controlo. 

Em geral, existe uma orientação globalista dos bancos centrais ocidentais, que permite que a oligarquia se tenha mantido e enriquecido, enquanto a imensa maioria tem vindo a perder capacidade económica. Os dirigentes que andam há quase dez anos a espevitar a inflação, com o objectivo de espevitar a economia,  podem ser responsabilizados pela ruína das «classes médias» na Europa ou na América. Com efeito, aqueles cujos salários ou pensões - no melhor dos casos - estagnaram em termos nominais, desde há uma década, tiveram um decréscimo de nível económico da ordem de 50% ou mais. Mas os economistas com vendas nos olhos ou comprados pela grande finança, continuam a pregar a teoria «neokeynesiana», que cada vez se torna mais grotesca por, sistematicamente, o remédio preconizado levar ao contrário do que tinham desejado. Isto chama-se (para retomar a célebre definição de Einstein)  insanidade, ou seja, repetir vezes sem conta o mesmo acto, apesar de resultados contrários  ao objectivo pretendido: O «quantitive easing» conduz à destruição de capital, pois massa monetária não é igual a riqueza, o que toda a gente sabe!

quinta-feira, 8 de março de 2018

EUROPA JUNKIE DAS INJECÇÕES DE LIQUIDEZ DO BCE

Com a redução para metade das compras mensais do BCE de 60, para 30 biliões em activos dos bancos e obrigações soberanas, os mercados do velho continente já estão a sofrer. O suposto estímulo não estimulou senão uma dependência, como um junkie, que depende da sua injecção quotidiana de heroína monetária, para continuar a fingir que está activo e que existe um mercado, que existem instituições financeiras solventes, que existem estados não falidos, para não falarmos da dívida sempre crescente de grande número de empresas, especialmente as empresas familiares, sobre as quais repousa 60 a 80 % do emprego e da produção nos países da Eurolândia.
Os analistas já prevêem, com razão, o arrefecimento da economia, para níveis equivalentes a uma estagnação. Teremos um novo ciclo de «estagflação» ou seja estagnação económica, com inflação, supostamente baixa, mas somente por manipulação dos índices pelas agências governamentais. O episódio anterior de estagflação foi nos finais dos anos setenta e princípios dos anos oitenta. Foi uma altura muito dura para as classes trabalhadoras de todos os países europeus. Foi também a altura em que as pressões, económicas, políticas, sociais começaram a fazer romper o «dique» dos países do Leste, do Pacto de Varsóvia.

Hoje em dia, a China é quem irá beneficiar da fragilidade da economia europeia. Está a implantar as suas plataformas de troca de Yuan por moedas ocidentais, quer na City de Londres, quer no Luxemburgo, em Frankfurt ou ainda Zurique. 
Vai chegar um momento, não tarda muito, em que o «consenso» vai virar, será então muito melhor possuir algo sólido, algo que não seja um «activo financeiro», nem uma conta bancária, ou o mínimo possível... pois o grande «reset» está aí, à vista, é preciso ser míope para não o ver chegar. 
Os poderes (incluindo os orientais) estão em conluio para que esse tal reset tenha um mínimo de sobressaltos, de modo que apenas os pobres, ou as classes médias, sofram o embate principal. 
Os sistemas de previdência, os fundos das pensões de reformas, etc. tudo isso (o nosso capital acumulado, não esqueçamos) vai servir como combustível para a grande fornalha. 
Os Estados e outros «grandes devedores» sairão «magicamente» solventes de todos estes episódios, enquanto o comum dos mortais irá ficar ainda mais dependente do «Welfare State», com a falsa benesse do «rendimento incondicional».
Mas, talvez as coisas não se passem exactamente a contento dos oligarcas!


segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

NOTAS SOBRE «QUANTITATIVE EASING» DO BCE

                                            

Acima, uma nota de cem biliões de dólares do Zimbabué. 
Na realidade, embora esteja lá escrito «one hundred trillion», nas línguas latinas, os nomes que se dá aos números são diferentes das anglossaxónicas. 
A partir dos nove zeros, os anglo falantes usam o «billion» (por influência norte-americana, os brasileiros adotaram também esta convenção), enquanto os europeus continentais dizem «um milhar de milhões». 
Quanto ao poder aquisitivo desta nota: parece que, nos mercados deste país, ainda se pode comprar um par de ovos com ela!
                                           
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Principais riscos e consequências do «Quantitative Easing» 
do Banco Central Europeu são:

. A distorção dos mercados de dívida
Não é somente a dívida soberana (obrigações do tesouro, etc.) dos diversos países que está cotada de maneira artificial, é todo o mercado. Há uma distorção de toda a estrutura dos juros, do preço do dinheiro. No capitalismo, esta distorção tem efeitos gravosos, porque leva a investimentos mal direccionados, a estimativas de rentabilidade de negócios fora da realidade, etc…

. A impossibilidade dos PIIGS se livrarem da dívida.
Se a taxa de juro para pedir novos empréstimos for muito baixa, não haverá governo que resista a continuar a gastar mais do que o seu respectivo país produz, pela simples razão de que, se fizesse o contrário (ou seja, uma verdadeira contenção orçamental), perderia o poder, nas próximas eleições (ou mais cedo!). Continuará a haver endividamento destes países, com reestruturações das respectivas dívidas, mais cedo ou mais tarde.

. A hiperinflação

                       

A moeda única significa que o sistema é tão forte, quanto o seu elo mais fraco. Se um país do Euro entrar em espiral inflacionária, os restantes sofrerão logo o contágio; não haverá possibilidade de evitar que a desconfiança se repercuta sobre todo o espaço do Euro, em conjunto. 
O BCE aponta uma meta de 2% de inflação, na zona Euro. Esta meta é irrealizável, a não ser através de manipulações das estatísticas. Há uma inflação escondida, muito mais elevada, que se exprime nos aumentos do imobiliário, da bolsa e noutros mercados (arte, metais preciosos, etc.). 
Nenhum governo jamais conseguiu manter a inflação a um nível determinado. Simplesmente, é um fenómeno que escapa aos mecanismos de moderação que governos e bancos centrais possuam. A inflação vai acelerando, até se tornar hiper-inflação. Os políticos optam, mesmo assim, por inflacionar, porque o público não compreende o fenómeno e não os identificará como sendo os seus causadores. 

. O marasmo económico
O BCE está na origem das bolhas especulativas no imobiliário e nas bolsas. Criou um clima de euforia artificial, em que os investidores são atraídos a fazer investimentos com risco, porque «têm as costas quentes», com as compras sistemáticas do BCE. Com efeito, estas compras, baixando artificialmente o custo do crédito, são responsáveis pela subida das bolsas e de todos os ativos financeiros. Por contraste, nos diversos países, a economia real (de bens e serviços) não recuperou sequer os níveis anteriores à crise de 2007/2008. 
Ao tornar tão apetitoso - para os especuladores - jogar nos mercados de ações, de obrigações e de produtos derivados, o BCE está a provocar uma enorme drenagem de capitais financeiros, desviados do investimento na economia real, para a economia de casino. O marasmo económico actual, com o seu cortejo de sofrimento social, elevado desemprego, emigração, etc. deriva, em grande parte, dessa drenagem de capitais.

. O Banco Central Europeu fica afogado em papel
Ao comprar ativos financeiros num mercado totalmente artificial, o BCE (ECB) sabe que não tem hipótese de se ver livre, algum dia, destes mesmos ativos. No mercado, logo que acabe o programa de compra de 60 biliões mensais de activos pelo BCE,  estes mesmos ativos passarão a valer quase nada, ou uma pequena fracção do valor de sua compra aos bancos. 
Afogado em papel invendável e sem valor, o ECB não poderá esperar que o Euro seja fortalecido, internacionalmente.

. A desvalorização face a metais preciosos, dólar e criptomoedas
Tal como em 2010/2011 - quando estalou a crise das dívidas soberanas da Irlanda, Grécia, Portugal e Itália -  na próxima crise, os capitais irão refugiar-se nos metais preciosos, no dólar (nas obrigações do tesouro americano) e agora também nas cripto-moedas. Mas a dívida actual acumulada na Eurolândia é ainda maior do que em 2011. Os juros das obrigações soberanas denominadas em Euros irão subir e o valor do Euro, face às outras divisas, irá descer acentuadamente.

.A ampliação dos efeitos de uma crise económica 
Ao nível internacional, a sobrevalorização das cotações bolsistas, das obrigações e de toda a espécie de activos financeiros, atingiu uma dimensão assustadora. 
Muitos especialistas consideram que uma crise de grandes dimensões virá, certamente. Nem o BCE, nem os estados-membros, estão preparados para tal crise: erradamente, estimam que poderão «diluir» seus efeitos. 
Mas esta diluição chama-se, na realidade, «criação monetária»: 
- A criação monetária tem um limite, o da perda de confiança total numa divisa, e que se traduz pelo disparar incontrolável da inflação! 

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

DA ESCRAVATURA MODERNA

A ESCRAVATURA COMO MODO DE PRODUÇÃO

O sistema económico esclavagista vigorou na antiguidade, sendo substituído a pouco e pouco pelo feudalismo. Porém, algo da sociedade esclavagista permaneceu e teve um renovo, na sequência da expansão ultramarina de potências como a Espanha e Portugal, no século XV e XVI, às quais se juntaram a França, a Inglaterra, a Holanda, nos séculos seguintes. A utilização em massa do trabalho escravo apenas ficou confinada a algumas sociedades pós-coloniais, como os EUA onde, no Sul, uma mão de obra escrava se ocupava das penosas tarefas de uma agricultura orientada para a exportação de algodão e outras produções tropicais. Porém, no decurso do século XIX os interesses económicos do capitalismo industrial, expressos na ideologia liberal, forçaram a uma abolição da escravatura, na maior parte dos países. Portugal foi um dos primeiros a fazê-lo.



A ESCRAVATURA DA DÍVIDA

A forma moderna de escravatura chama-se dívida.
Ela não foi inventada nos tempos modernos, pois já existia na antiguidade; era frequente em sociedades arcaicas, alguém se entregar como escravo para saldar dívidas acumuladas, por forma a preservar a propriedade e, portanto, a subsistência da família, num tempo em que a agricultura era o modo de vida de quase toda a população. Porém, nos tempos de hoje ela tornou-se muito mais refinada e perversa. Vejamos como:
Os bancos centrais emitem papel-moeda, aliás sob forma eletrónica em grande parte, nos dias de hoje. Esse «papel» não tem contrapartida nenhuma, não tem a sustentá-lo nenhuma quantidade de metal precioso (ouro ou prata), o qual era diretamente usado como dinheiro durante mais de cinco mil anos, sendo depois armazenado nos bancos centrais e sendo possível obter o equivalente em ouro ou prata em troca de uma determinada soma em papel-moeda.  Este sistema funcionou nomeadamente, durante o século XIX e a primeira metade do século XX. Os grandes sobressaltos, como as guerras (guerra de secessão dos EUA, primeira guerra mundial e segunda guerra mundial) foram ocasião para os governos desvalorizarem forçadamente o dinheiro, por forma a obterem os abastecimentos em matérias primas, armas, víveres para continuarem a guerra. Fora desses períodos conturbados verifica-se uma estabilidade monetária (ausência de inflação) e uma expansão do comércio e indústria. O «padrão ouro» ou «padrão bimetálico» funcionou razoavelmente bem no período que vai do fim das guerras napoleónicas até ao início da 1ª Guerra Mundial.
Porém, o abandono progressivo da convertibilidade das moedas em ouro foi levado a cabo pelos governos no século XX, até à suspensão de Bretton Woods, por Nixon em 1971, que fechou a janela de convertibilidade do dólar em ouro (a 35 dólares a onça de ouro). Desde então, os bancos centrais e os bancos comerciais são as únicas entidades emissoras de «dinheiro-papel». Estas entidades criam dinheiro a partir de nada. São elas que detêm o verdadeiro poder. As pessoas têm de obter dinheiro a troco de trabalho ou de venda de bens, os quais são ao fim e ao cabo resultantes de trabalho, mesmo que seja por antepassados. Os banqueiros apenas têm de digitar uns números.
No caso dos banqueiros centrais, eles decidem, por exemplo, comprar títulos detidos pela banca comercial. Estes títulos são adquiridos ao valor nominal, mas isso não corresponde ao valor real. Assim, os bancos centrais ficam com uma carteira de ativos monstruosa, mas que será muito difícil, senão impossível, de reduzir. Por outro lado, os bancos comerciais recebem do banco central dinheiro «fresco» que pode servir assim para reequilibrar as suas contas.   
Quanto aos da banca comercial, quando eles estabelecem um empréstimo a um cliente, estão a criar dinheiro a partir de nada, ao digitarem uma soma na conta desse cliente. Através do sistema de reserva fraccionária, é legal os bancos emprestarem (segundo os casos) entre 10 a 30 vezes mais dinheiro que aquele que detêm em ativos. O que os bancos fazem legalmente é emprestarem aquilo que não possuem: esse ato é considerado crime se efetuado por uma pessoa «vulgar», dá direito a prisão…


HIPOTECA = PACTO DE MORTE

A palavra «mortgage» (hipoteca em Inglês) provém do francês arcaico e significa pacto (gage) de morte. Assim, uma pessoa compromete-se a restituir o que pede emprestado, nas condições do empréstimo, sob pena ficar devedora até à morte, ou seja, será condenada à escravidão, caso não cumpra o referido contrato.
Durante os últimos decénios, passou-se de uma economia de produção, no Ocidente, a uma economia da dívida: as pessoas ficaram dependentes do sistema bancário para tudo. O seu nível de vida foi melhorado durante a primeira parte do período (até aos anos oitenta do século XX) mas começou a estagnar e mesmo regredir a partir de então, para o conjunto dos países ditos «Ocidentais». Os salários estagnaram devido a uma contraofensiva do capital, nos anos Thatcher-Reagan, que se traduziu por uma «liberalização» /desregulamentação das relações laborais. As famílias da classe trabalhadora que tinham atingido um certo conforto material, tiveram de recorrer mais e mais ao crédito, a empréstimos, a hipotecas, para obterem bens duráveis e perecíveis que, entretanto, se habituaram a possuir. Por exemplo, o número de salários que um trabalhador necessitava para comprar a sua habitação nos anos cinquenta do século XX, era muito inferior aos que necessitaria hoje em dia, em média.  Mas esse sistema da dívida atingiu hoje em dia o paroxismo de muitas pessoas estarem sobre endividadas, com hipotecas para a casa, para o automóvel, para os estudos, para o consumo (cartões de crédito).

A EXPANSÃO DA DÍVIDA

Desde o abandono do sistema de Bretton Woods em 1971, a escravatura da dívida cresceu a um ritmo exponencial. Nos EUA, a dívida total em 1971 somava 1 700 milhares de milhões de dólares. Hoje, atinge mais de 67 000 milhares de milhões de dólares. No início do século XXI, era de 30 000 milhares de milhões de dólares, mais do que duplicou, nos 16 anos subsequentes. Se compararmos o crescimento da dívida com o do PIB, vemos que nos EUA, desde 1971, a dívida total foi multiplicada por 39 enquanto o PIB apenas foi multiplicado por 16. Isto prova que o aumento do nível de vida se fez à custa de uma falsa riqueza, uma riqueza que foi obtida por impressão monetária. Mas será isso um problema? Sim, é um problema pois essa dívida nunca desaparece, simplesmente ela é atirada para o dorso das futuras gerações. Os cálculos que se façam para os Estados Unidos, aplicam-se, e com resultados muito semelhantes, a outros países e para a economia mundial. Veja-se o quadro abaixo para ilustrar o fenómeno:



Dívida mundial: 2 quadriliões de dólares

A impressão maciça de papel-moeda criou esta dívida monstra. O aumento da «liquidez» (ou seja, impressão monetária) para resolver o problema, apenas vai manter e agudizar o mesmo. O efeito devastador desta destruição do valor da moeda vai repercutir-se, cada vez mais, nos anos seguintes: como a impressão monetária é o único instrumento de que os bancos centrais dispõem, vão continuar a fazê-lo, tanto mais que os governos ficam gratos de uma diluição do valor das moedas; com efeito, isso corresponde a uma diminuição do valor relativo das dívidas. Os Estados têm dívidas diversas, obrigações diversas, que se exprimem em unidades de moeda que têm de pagar, no futuro. Se essas unidades estão desvalorizadas e o Estado paga a soma em dívida, a dívida ficou saldada… em termos contabilísticos, mas não em termos reais. Suponhamos uma pessoa, que tem descontado ao longo da sua vida profissional determinadas somas para o fundo de pensões (seja o fundo do Estado ou privado, o problema mantém-se). A partir do momento da reforma, começa a auferir uma soma fixa, mas essa soma corresponde à restituição de somas investidas ao longo de decénios. No entanto, se fosse calculado o juro médio correspondente a essas somas em todos os anos descontados, essa pessoa teria agora uma pequena fortuna, muito mais do que aquilo que irá receber nos anos que lhe restam de vida. É assim – de forma fraudulenta – que o Estado se descarta das suas obrigações. Um dólar actual, relativamente a um dólar dos anos 70 do Século XX, vale um sexto ou menos… As outras divisas mundiais têm uma perda de valor ainda mais acentuada.

UMA SOCIEDADE SEM DINHEIRO-PAPEL

Os banqueiros e governos sabem que dependem da escravatura da dívida para se manterem. Mas, para isso ser possível, têm de obrigar as pessoas a manter o seu dinheiro dentro das instituições de crédito. A ofensiva contra o dinheiro líquido (=em papel) toma amplidão a partir do momento em que os Estados e Bancos Centrais enveredaram por uma aventurosa e criminosa experiência de multiplicação desenfreada do dinheiro em circulação. A isso se resumem os «Quantitative Easing» e outras medidas, cujo o objetivo é «gerir» o ingerível, ou seja, dar a ilusão de solvabilidade, de não haver bancarrota, quando na verdade, se se olhar através de um prisma realista, todo o sistema está falido.
Inventaram então a repressão financeira, ou seja, uma taxa de juro forçada, demasiado baixa, que não corresponde aquilo que existiria resultando da oferta e procura de capitais, ou seja pelo funcionamento capitalista clássico.  Assim, os juros de depósitos a prazo, sendo menores do que a inflação, as pessoas serão empurradas para arriscar o seu dinheiro no casino da bolsa… o que explica, em grande parte, o crescimento contínuo das mesmas, sem que haja real aumento do valor das empresas cotadas.
Mas para «honrar» os compromissos e dívidas da banca, era necessário que as pessoas não pudessem subtrair o seu dinheiro, não o pudessem levantar sob forma de papel, tivessem de obrigatoriamente usar meios eletrónicos para os pagamentos. A consequência é que num contexto de ausência de dinheiro papel, as pessoas não poderão fazer nada senão recorrendo a cartões de crédito e outros meios de pagamento, inteiramente controlados pelo sistema bancário. Para além da total perda de privacidade e confidencialidade, os bancos e os Estados procuram obter um controlo total, para taxarem a seu bel prazer os escravos. Os bancos poderão retirar – legalmente- somas (o juro negativo) tão grandes quanto seja preciso para sua manutenção… Os Estados poderão fazer um controlo total e «imposição dos impostos» que entenderem, sem qualquer possibilidade de fuga. As pessoas, muitas vezes pensam que os que fogem aos impostos são vilões e que o Estado é uma entidade virtuosa que zela por nosso bem. A verdade é que o Estado é um monstro frio e impessoal, que quer sempre devorar mais capital, ao fim e ao cabo, o produto do trabalho, do engenho, do esforço e da criatividade humanas.
A Suécia já está praticamente no estádio da sociedade sem «cash». A coroa sueca, como outras divisas, perdeu 99% do seu valor. Ninguém pode viver na Suécia sem fazer as suas despesas no quotidiano por meios eletrónicos.


Isto está em vias de acontecer com as outras divisas. 

CONFISCAÇÃO DOS RENDIMENTOS POR VIA FISCAL


No reino do Big Brother é muito conveniente o aumento insensível do nível de imposto, sem que as ovelhas, incautas, se apercebam: assim, há um século o imposto designado por IRS já existia, mas quase ninguém o tinha de pagar. Era apenas pago pelo 1% com maiores rendimentos. Os escalões foram-se mantendo, apesar da inflação, pelo que hoje em dia, quase ninguém deixa de pagar o IRS, por mais modesto que seja o seu rendimento real. Assim, em IRS (que atinge valores da ordem de 20% de rendimentos médios, mesmo depois de descontos diversos), IVA (com muitos bens comuns a 23% e apenas uma minoria com imposto reduzido), imposto sobre combustíveis (cerca de 80% do preço da gasolina é para impostos), IMI (valores de imposto para as famílias, os grandes detentores de imobiliário, desde as empresas de imobiliário, igrejas, partidos, etc. estão isentas), em impostos diversos… uma família média em termos de rendimentos e de despesa, paga aproximadamente 50% ou mais de impostos ao Estado, sobre o seu rendimento nominal. Se compararmos o mesmo índice há 50 ou 100 anos atrás, veremos que o crescimento da fatia de rendimento que é capturada pelos impostos aumentou muito mais do que o próprio aumento do rendimento disponível. Pode-se dizer, sem receio de errar, que os impostos excessivos são um meio de extorsão, porque a contrapartida em serviços públicos é cada vez pior, a qualidade está ausente, a sua universalidade deixa muito a desejar e verifica-se que o desmantelamento do «Estado social» atinge já um grau muito avançado, com entrega à gula privada de sectores inteiros (saúde, educação, transportes, estradas, etc…). É a escravatura da sociedade no seu conjunto, para benefício de uma pequena minoria de financeiros, com os acólitos que controlam o aparelho do Estado: estamos perante um novo feudalismo.

TODA A EXPANSÃO DE CRÉDITO TEM UM FIM

O aumento dos empréstimos dos Estados, principalmente nos países da OCDE («Ocidente») não poderá continuar indefinidamente. Chega um ponto em que a carga de juros aumenta para além da capacidade de pagamento dos Estados, caso esses juros sejam fixos. Caso sejam variáveis, os juros são artificialmente suprimidos por compra dos títulos de dívida pelo BCE (Banco Central Europeu) o que origina uma distorção enorme do mercado. Num sistema capitalista, o preço do dinheiro é um parâmetro fundamental. Se o dinheiro é demasiado barato, ou seja, se os juros para obter empréstimos são demasiado baixos, vai ocorrer uma má atribuição de capital pelos diversos agentes económicos: muitas vezes essa atribuição não será prudente, não será produtiva no médio-longo prazo… Em suma, haverá necessariamente uma má aplicação generalizada de capital. Que outra coisa se vê, senão isso? Veja-se os empréstimos das empresas cotadas em bolsa e que servem para compra das suas próprias ações em vez de servirem para expansão do seu negócio, para aumentar a sua capacidade produtiva. Veja-se o aumento especulativo absurdo do imobiliário em tantas cidades pelo mundo fora (São Francisco, Toronto, Nova Iorque, Londres, Berlim, Lisboa…etc.). Veja-se o afundamento da economia produtiva verdadeira, da que produz bens e serviços reais, enquanto surge uma economia totalmente fictícia, tanto em termos de valor acrescentado, como em termos de serviço real à comunidade; mas é esta pseudo-economia que é louvada, acarinhada e incentivada na média quotidianamente…
              
          

O Quadro acima reflecte o Mercado global de obrigações, emitidas pelos Estados, seja em dólares (note-se que vários países emitem dívida em dólares e não apenas os EUA) seja noutras divisas, seja o mercado de obrigações de Economias Emergentes (E.M.). Penso que este quadro resume a total desregulação dos sistemas económicos mundiais. Pensemos no que acontece com essas somas absurdas de dinheiro. Os Estados não as aplicam produtivamente. Mais dólares disponíveis significa maior despesa em armamentos, em actividades improdutivas, em desperdício e enriquecimento da cleptocracia que nos (des)governa.

 Quando rebentar a crise, os países vão impor controlo de divisas. Vão fechar todas as portas e janelas para impedirem os cidadãos de tomar medidas para preservar o seu dinheiro. Já têm o plano bastante avançado. O famoso «reset» de que tanto se fala, será provavelmente uma ocasião dos muito ricos e poderosos ganharem ainda maior controlo sobre as riquezas materiais.
Como dizia um dos primeiros banqueiros Rothchild: «Dêem-me o controlo da emissão de moeda e pouco me importa quem estará aos comandos do Estado»
Para não se ser esmagado por uma crise anunciada, a qual implicará num momento ou noutro, uma hiperinflação, a única salvaguarda é fugir de bens financeiros, investindo em bens reais: fazer um estoque de bens alimentares (conservas, cereais, massas alimentares, água), de medicamentos (quer usados cronicamente, quer esporadicamente). Investir em sistemas de purificação da água, geradores de eletricidade, combustíveis…Dispor de moedas em ouro e prata; dispor de uma soma em dinheiro-papel, para o caso de uma interrupção prolongada (ou um racionamento) do fornecimento do dinheiro nas máquinas multibanco (ATM).
Não servirá de nada tomar estas medidas em cima do acontecimento: os sistemas financeiros (incluindo as máquinas ATM) entrarão em colapso; as redes de distribuição de bens alimentares irão parar, num espaço de uma semana, se a crise atingir uma gravidade maior, etc. 
Portanto, as medidas apontadas só serão eficazes se tomadas antes desta crise vindoura estourar. Depois será demasiado tarde.

Não se deve ter a ilusão de que os que estão ao comando do sistema vão trabalhar para salvá-lo e nos salvarem também. Eles vão apenas garantir que a transição - inevitável, por tudo o que ficou acima exposto – seja feita em seu proveito próprio. O mínimo que podemos fazer é informar-nos, informar os outros de forma não alarmista, mas consistente, na esperança de que um número significativo de pessoas, tendo conhecimento, saber, sobre o que está sendo planeado, melhor se defenderão. Serão essas pessoas que estarão em condições de subsistir e construir uma nova economia, um novo mundo.