Apesar do black-out mediático e do comportamento ameaçador dos governos europeus face a toda a dissidência, múltiplas manifestações pela paz ocorreram no fim de semana passado na Europa. Veja a notícia acima.
Entretanto, no cenário da guerra na Ucrânia, Bahkmut está de facto cercada. Esta cidade é o ponto chave das ligações no Donetsk e tem sido defendida pelo exército ucraniano, à custa de muitas centenas de mortes (diárias!) e de feridos. Muitos analistas militares, incluindo dos EUA, pensam que é um desperdício de homens, de material e de energia sem qualquer razão lógica. A guerra tem sido conduzida, do lado ucraniano, por políticos desde Kiev, onde Zelensky pousa como uma espécie de «herói de opereta». O chefe do estado-maior, o general Zelusny, tem tentado levar Zelensky e seu governo a tomarem medidas que protejam as suas tropas, encolhendo de dia para dia, dizimadas pela guerra de atrição, levada a cabo pelas forças russas. Mas, suspeita-se que o intuito dos conselheiros americanos, ingleses e de outros países da OTAN, que «aconselham» Zelensky seja, em primeiro lugar, o de obter o máximo desgaste político e militar no lado russo; não estão interessados na paz, que pouparia milhares de vidas de militares e civis ucranianos.
Se pensarmos bem, de facto a guerra no terreno será a verdadeira guerra e a guerra dos media, por mais influentes que estes sejam sobre as populações ocidentais, não têm nenhum efeito prático. Mesmo as ajudas muito concretas de todo o tipo da OTAN, financeiras, em peritos militares, em armas e em equipamento, têm muito pouco efeito. Os envios de material miliar, desde mísseis, a tanques, canhões, veículos de transporte, não têm muito efeito pois eles são destruídos com frequência, antes mesmo de serem utilizados em combate (detetados e destruídos nos locais de armazenamento, pelos russos)
Veja-se a crueldade dos dirigentes políticos da OTAN. Eles sabem a verdade, tão bem ou melhor que nós, só que inundam o espaço mediático de falsas informações que nunca são desmentidas nos media ocidentais, para convencer as pessoas comuns que a Rússia está a perder a guerra. Eles sabem que isso é falso, mas precisam de fabricar um falso consenso (e que não resulta de conhecimento esclarecido) sobre esta guerra, nos países ocidentais.
Creio que os militares mais realistas dentro dos países da OTAN começam a ficar nervosos. Pois, a guerra não é assunto para ser conduzido ao sabor dos caprichos políticos, por mais que seja um facto eminentemente político. Citando Von Clauzevitz, um dos estrategas militares que derrotou Napoleão: «A guerra é a continuação da política por outros meios». Porém, nenhuma guerra contemporânea pode (deve) ser chefiada por políticos.
Para além de todo o aspeto subjetivo, das simpatias ou antipatias (altamente subjetivas) que se possa ter, uma coisa é certa, nesta guerra: Putin abstém-se de interferir diretamente na condução das operações militares; o seu general em chefe, Gerasimov tem a sua confiança política, para levar a cabo as operações com vista ao objetivo político-militar de derrotar as forças armadas da Ucrânia e as da OTAN.
Os do lado oposto, da OTAN, estão a conduzir este infeliz país para um estado muito pior do que ele teria, se tivesse havido acordos em Março do ano passado em Istambul, entre as delegações russa e ucraniana. Mas este acordo foi interrompido, por um volte-face súbito de Zelensky, que se terá dobrado às pressões fortes de Boris Johnson, que visitou Kiev por essa altura.
No contexto militar geral atual, os verdadeiros amigos da Ucrânia (diferente de «amigos do regime ucraniano») são aqueles que lutam para que haja negociação efetiva de um cessar-fogo. É fundamental que os verdadeiros pacifistas pressionem os governos ocidentais para ajudar a criar as condições para uma paz, pois estes governos são os que insistem para a continuação da situação de guerra. O povo da Ucrânia não deve ser bode expiatório do imperialismo dos EUA e da OTAN.
O povo ucraniano e o povo russo, é que são importantes (nisto incluo os soldados, pois são o povo em armas). As considerações geoestratégicas de um e do outro lado, podem ser racionalizáveis, podem ter a sua lógica própria, mas elas não são - de modo algum - racionais. Porque o racional seria iniciar conversações de paz.
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(*) Consulte os mais recentes artigos desta série:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/11/cronica-da-iii-guerra-mundial-um.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/10/cronica-da-iii-guerra-mundial.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/10/terceira-guerra-mundial-economia.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/09/cronica-da-iii-guerra-mundial.html
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Artigos anteriores da série:
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Nem mais. A derrota da Ucrânia está iminente mas mesmo assim os EUA e a Europa recusam-se a promover acordos de paz.
Tenho alguma esperança que os alemães, sejam os primeiros a se fartarem e que os outros vão de arrasto.
É provável que a derrota militar do exército ucraniano esteja iminente. Temo que os da OTAN decidam reforçar os «mercenários» como tropas de combate de elite, para substituir as diminuídas e esgotadas forças militares do lado ucraniano.
Mas, Graça, não acredito que os alemães sejam os primeiros a fazer um volte-face, a não ser que haja uma espécie de revolução popular, que derrube o governo pró-OTAN, e a ministra Annalena Baerbeck, a mais fanática militarista, «ecologista» que conheço. Tudo é possível, mas eu não «conto com o ovo no cu da galinha»
Um grande abraço
Manuel
Não só os governos (qualquer que seja a cor) não «são nossos amigos», como também a media mainstream também não. Esta perdeu o estatuto de independência para se transformar nos órgãos oficiosos de propaganda dos poderes...
Se isto faz lembrar os regimes totalitários, então é porque há um cheirinho disso no ar!
https://consortiumnews.com/2023/03/02/caitlin-johnstone-media-muzzling-anti-war-protests/
A gravidade da situação é potenciada pelas posições da OTAN e dos EUA (e do Reino Unido)
https://www.youtube.com/watch?v=Jl4OyPwLF8w
Excelente trabalho em profundidade de John Helmer:
https://johnhelmer.net/so-long-pardner-when-military-strategy-revolutionizes-political-strategy-on-the-ukrainian-battlefield-inside-the-nato-alliance/
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